🦊 NAMJIN 🐺 BÔNUS 100K
Às vezes me pergunto se, eu viverei sem ter você, se saberei te esquecer
Passa um momento e eu já sei, você é o que eu quero ter, inesquecível para amar
Mais que uma história pra viver, o tempo parece dizer, não, não me deixe mais
Nunca me deixe
Quanto mais longe possa estar
É tudo o que eu quero pensar
Não, não me deixe mais
Porque eu te quero aqui
Inesquecível em mim.
#AMarcaDaMaldição
S E O K J I N
Dezenove anos atrás..
O dia estava inteiramente acinzentado.
Lembro-me bem do aroma de carne sendo assada em meio à aldeia, do barulho dos filhotes correndo entre árvores, e das reclamações do líder Jeon Yongsun que estava inquieto com uma possibilidade de invasão.
Minha mãe remexia em meus fios conforme ouvíamos o líder tagarelar sobre a rivalidade com o líder do Sul. Park Seojoon era descrito como um homem perverso, sem escrúpulos e assaz intimidador quando queria. Ele não escondia de ninguém o quanto queria as terras do Norte para si, mesmo que isso significasse assassinar toda a matilha que com certeza não se curvaria diante dele.
Por mais que meus pais não quisessem acreditar em tal ação, assim que a noite caiu, eles me colocaram para dormir. Me alimentaram, me aqueceram e deram um beijo em minha testa como se aquilo fosse uma despedida silenciosa. Naquele dia eu não brinquei com o Jungkook — meu melhor amigo —, muito menos com Namjoon, que era meu inimigo mas eu tratava feito gente. Não nos vimos como fazíamos diariamente desde muito novinhos, e esse foi o pretexto para que eu abrisse os olhos assim que meus pais deixaram a nossa tenda. Eu estava intrigado demais para dormir.
Meus pés quentinhos tocaram o chão gélido e acabei por dar um pulinho pela sensação térmica que arrepiou o meu corpo. A adrenalina subiu quando entendi que levaria boas broncas se fosse pego saindo de nossa tenda, mas o sossego daquela noite estava me deixando completamente atormentado.
Abri a passagem de relance e observei por alguns minutos para ter convicção que os meus pais não voltariam. Não havia absolutamente ninguém em meio às cabanas e aquilo não era algo normal de se acontecer. Suspirei tomando valentia e sai de dentro do cubículo com o plano de ir encontrar Jungkook, tinha asserção de que ele sabia o que estava acontecendo, mesmo tendo apenas oito anos de idade.
Aquela era a parte legal de ser filho do dirigente. Na minha mente de criança, o Jungkook se sentia incessantemente em uma batalha. E indiscutivelmente nada poderia ser mais comovente do que aquilo, a sensação de pegar uma espada e proteger o seu povo, era claro que era de fato algo honroso.
Minhas passadas eram longas, tinha pavor de que alguém me pegasse. Sabia que possivelmente Jungkook estaria sozinho, especialmente porque se algo estava acontecendo, os dois pais alfas dele estariam nas fronteiras lutando juntos. Então, não medi esforços para subir os batentes de seu casebre conforme o medo de alastrava, a brisa fria fazia o meu manto azul claro voar vez ou outra, eu o apertava contra o meu peito torcendo para ele estar em casa.
— Kookie? — minha voz era trêmula, entendia bem a circunstância que havia me metido.
— Entra, Jinie hyung — em um murmúrio infantil, ele pediu.
Assim que toquei na porta e a empurrei, encontrei Jungkook inteiramente vestido de preto. Sua camisa de gola alta escura cobria seu pescoço e seus braços finos. A calça de linho era quase maior que o seu corpo magro, e em seus pés estava uma bota que havia ganhado em seu aniversário. Parecia pronto para uma guerra, isso, se não fosse um filhotinho catarrento.
Ao seu lado estava Namjoon enroupado da mesma forma. Ele sendo um ano mais novo que eu, tinha apenas dez anos de idade e um olhar profundo. Ele revirou os olhos quando me viu e eu fiz questão de fazer o mesmo.
— O que estão fazendo? — cruzei os braços notando que eles planejavam sair — Onde pensam que vão?
— Não pensamos, ômega, nós vamos! — Namjoon refutou.
— Vão é? — sorri sem humor, testando-o a paciência — E eu deixei?
— Desde quando mandas em mim? — o alfa ardiloso também cruzou os braços.
— Desde que tu nasceu, não sabias? — pisquei deixando o meu cheiro circular no ambiente, e o alfa cobriu o nariz apressadamente, segundo ele, odiava o meu cheiro.
— Eca, Jinie, vai embora!
— Não — voltei a olhar para o Jungkook — E tu? Cadê os teus pais? Não me digas que eles saíram e te deixaram com esse.. esse..
— Alfa! — o garoto estufou o peito.
— Miniatura de alfa — soltei uma risadinha quando o ouvi rosnar.
— Eles foram para as fronteiras, hyung. Precisamos ir até lá, sinto que algo está errado.
— Meus pais também saíram.. — engoli a seco tentando entender o que estava acontecendo.
— Sua mãe ômega? — Namjoon me surpreendeu com a pergunta — Por que o seu pai arriscaria levar ela para um lugar funesto? Segundo o líder Jeon, o líder Park está tentando tomar as nossas terras.
— Tu achas que eu sei? — dei alguns passos para frente até estar mais próximo dos dois — O que os líderes disseram? Seus pais, Jungkook, falaram algo mais?
— Não, hyung, só que hoje poderia ocorrer a mudança de líder. Não entendi bem.
Entretanto eu, um ômega de onze anos de idade, sabia bem como era feita essa troca de líderes.
O pai do jungkook poderia falecer, isso significava que o meu pai havia levado a minha mãe para longe apenas para protegê-la. Possivelmente ele pensou que me deixando na nossa cabana afastada, nenhum mal me aconteceria, particularmente por existir outros ômegas ao redor. Mas ainda assim, não fazia sentido na minha cabecinha inocente.
— Precisamos elaborar alguma coisa — Jungkook quebrou o silêncio — Vamos até o núcleo da matilha, sei que deve ter lobos lá.
— Não — respondi sentindo meu coração acelerado — Tu és o próximo líder, precisa ser protegido.
— Mas hyung, eu estou preocupado..
— Tu só tens oito anos, se queres notícias, deixa que eu trago, tudo bem? Vou até lá e volto e alguns minutos, não saia daqui.
— Não! — Namjoon gritou quando me virei para sair, isso me fez dar um passo para trás pela voz dele que ainda não sabia dominar — Ou vai nós três, ou não vai ninguém, Seokjin.
— Quem tu achas que é para querer mandar em mim? — o olhei de relance e ele tinha os punhos fechados — Eu sou mais velho.
— E eu sou um alfa — ele rebateu sabendo que a idade não importava e sim a classe — Escolha, vai ou fica?
— Namjoon, Jungkook só tem oito anos!
— Todos somos crianças aqui, não sei se tu percebeu. Não deveríamos sair, mas tu saiu e veio até aqui, desobedeceu primeiro.
— Não briguem — Jungkook pediu baixinho apertando os dedos frente ao corpo.
— Namjoon, eu vou e tu fica!
— Eu vou e os dois ficam Seokjin, e não se fala mais nisso — ele revirou os olhos mais uma vez e passou por mim indo em direção a porta — Não saiam daqui, não querem brigar comigo.
— Pois eu vou assim que tu sair — bati o pé no chão tentando transparecer minha raiva.
— Já chega! — Jungkook gritou, e sua voz fez o meu corpo tremelicar. Namjoon foi veloz em me segurar antes que eu caísse sob meus pés — Hyung.. — o alfa menor se assustou com a meu comportamento — Me desculpe.. eu.. eu.. — seus olhos se encheram de lágrimas quando ele se jogou contra mim em um abraço acanhado — Eu não queria.
— Todo mundo precisa ficar calmo — Namjoon falou olhando para Jungkook — Está tudo bem, és um lúpus, não fique tão irritado, certo? Iremos até lá agora, juntos e descobriremos o que houve. Só fique tranquilo.
E foi assim, com essa decisão audaciosa de três crianças, que presenciamos a luta mais selvagem de nossas vidas.
Foi a pior noite entre todas as outras, e também, foi a noite que nos uniu. Não pela força do amor, ou pela força do ódio. Mas pela perca, pela morte, pelo luto e pela escuridão que ficou pairando em nós três no mesmo momento, sem dó e nem compaixão.
A matilha estava totalmente destruída. Várias tendas estavam pegando fogo, e dava para ver corpos no chão, de ômegas, betas e até mesmo os alfas que defendiam o nosso povo. O chão estava banhado em sangue, e o odor de carne queimada me fazia questionar se era o corpo de alguém sendo carbonizado, logo que todos estavam irreconhecíveis.
Fui rápido em tapar os olhos de Jungkook para que ele não visse tamanha atrocidade, mas o garoto teimoso e birrento queria ver o que havia acontecido. E foi aí, que notamos a presença de um alfa que estava vindo em nossa direção segurando uma espada que pingava sangue. Namjoon se colocou na nossa dianteira como se pudesse servir de escudo, mas a risada do homem cortou a aldeia inteira como se fossemos as pessoas que ele queria encontrar.
Jungkook tremia sob meus braços. Ele me abraçou tão rápido e forte que até eu mesmo consegui sentir o terror passando por suas veias, foi a nosso primeiro vínculo, e o mais doloroso.
— Jeon Jungkook… — a berro do homem nos alcançou assim que ele parou a poucos metros — És tu o próprio líder? — seus olhos pretos completamente tomados pela ira me assustou até que eu senti a mão de Namjoon tocando meu pulso em um aperto firme. Ele sequer quebrou o contato com o homem à nossa frente, continuava como escudo, um escudo pequeno e corajoso.
— Quem és tu? — a voz de Namjoon não vacilou — És do Sul?
— Me chamo Park Seojoon, criança. E não irei esmigalhar, nem a ti, e nem a eles — o homem sorriu um tanto macabro — Passe-me o Jeon filho e eu irei embora, só quero ele, e tudo ficará bem.
— Hyung.. — Jungkook choramingou abraçado em meu corpo.
— Ele não irá a lugar nenhum, senhor — o alfa respondeu cruzando os braços — Deixe-o em paz, já fizestes muito por aqui.
— Verdade — o alfa lúpus deu os ombros — Matei os teus pais, senhor Kim, não é? E também, um dos pais do Jeon atrás de ti. Não duvido nada que tenha matado também os pais desse ômega de cheiro ruim, também é um dos Kim, não é? Estão todos órfãos.
— O cheiro dele não é ruim — Namjoon rosnou e eu fiquei desordenado com a afirmação — E os meus pais estão bem, não acredito em ti, vá embora!
— Tu és um alfa audacioso, garotinho. Seria um ótimo guerreiro, se eu não fosse te trucidar agora mesmo.
E com essa fala o alfa se aproximou para completar aquilo que havia anunciado.
Não havia muita coisa que três crianças pudessem fazer além de correr, contudo não era uma boa ideia. Por ser um lúpus, ele poderia transmutar e atacar por sentir que a presa estava fugindo. Então não nos restava alternativa, além de esperar a morte iminente.
O alfa empurrou Namjoon com bastante força e o pequeno alfa foi ao chão. Ele tentou ficar de pé, mas a espada foi apontada para mim e ele parou com aqueles olhinhos arregalados e a respiração ofegante.
Nenhuma criança deveria passar por algo tão aterrorizante, sentia que se saíssemos com vida, iríamos carregar danos psicológicos pelos anos em que vivêssemos.
— Aqui está quem eu queria, Jeon Jungkook, irei ser rápido.
— Hyung, não.. — Jungkook chorava copiosamente enquanto soluçava e aquilo fazia meu instinto de proteção ascender absurdamente. Nunca entendi bem a conexão que eu tinha com aquele pequeno alfa, mas naquele instante eu só queria protegê-lo, então eu fiz o que o meu coração pedia.
— Mate nós dois, não irei soltá-lo!
— Não! — Namjoon rosnou e tentou ficar de pé, mas então a espada foi apontada para ele.
— Parem com isso, crianças. Eu preciso voltar para a minha família, está tarde. Prometo que será rápido.
— Tu matas crianças inocentes, como ousa dizer que voltará para a sua família? — Namjoon perguntou tentando prender as lágrimas — Tu és uma desonra como líder, uma vergonha como alfa!
Ao fim de sua frase, ele viu o líder Park empurrar Jungkook com força até que o seu corpo fosse arremessado para trás e ele caísse batendo a cabeça no chão. Eu acabei o soltando pelo susto, e foi aí que então, Seojoon teve a oportunidade de fincar a espada no meu abdômen até que o meu grito atingisse os seus sentidos e eu também caísse no chão segurando o corte profundo.
Depois disso o que veio a seguir foi muito rápido. Um dos pais de Jungkook apareceu por trás do alfa lupino e o jogou no chão com tamanha força que a espada voou de seu encalço. Jeon Hanseo chorava copiosamente conforme desferia socos no rosto do líder do Sul, e aquilo me fez compreender que o nosso líder Jeon Yongsun havia sido morto pouco tempo atrás.
— CORRAM! — ele pediu em meio ao choro. Sua mão segurava com força o pescoço do Park Seojoon e ele olhou de relance para mim, transbordando preocupação e ternura, tinha certeza que Jungkook jamais esqueceria aquela cena — Cuidem do ômega, por favor! Namjoon, não deixe os dois sozinhos.
— Papai! — o pequeno líder gritou enquanto Namjoon tentava me arrastar para longe dali. O cheiro do meu sangue era forte, e eu não conseguia ponderar direito no que fazer, só queria estancar aquele rio vermelho para que não acontecesse coisa pior — Hyung, o meu pai.. PAPAI!
— Jungkook, não grite! — Namjoon pediu enquanto olhava para trás a fim de achar um lugar para se esconder. Sabia que a curandeira não estaria disponível naquele instante, não sabia sequer se ela estava viva — Se gritar mais, ele virá atrás da gente e nós iremos morrer. Vamos ficar na mata. É o único jeito de não nos encontrarem.
— Ele precisa da senhora choi ou de quem estiver desimpedido para ajudá-lo. Eu irei até lá! — o garotinho respondeu apreensivo — Ele está sangrando muito, hyung, eu preciso fazer alguma coisa.
— Tu não sairá de perto de mim, Jungkook. Não irá me deixar sozinho, entendeu? — a minha voz estava tomada por um timbre melancólico. Eu tentava com todas as minhas forças não chorar, sabia que ômegas eram conhecidos como seres fracos e chorões, contudo bastava Jungkook berrando sem conseguir parar as lágrimas. Precisava ser forte por ele, não podia pensar na morte dos meus pais agora, nem sequer sabia se era verdade ou não.
Por essa razão, entramos na floresta conforme Namjoon me arrastava visto que não conseguia nem colocar o pé no chão. A dor que eu sentia era tamanha que cheguei a ficar desacordado algumas vezes, até que pudéssemos finalmente descansar em meio as folhas, abaixo de uma árvore que nos escondia bem.
Namjoon passou ambas as mãos nos cabelos conforme andava de um lado para o outro. Meus olhos lacrimejavam pelo pavor da morte, mas não havia nada que estivesse ao nosso alcance. Só podíamos esperar e tentar paralisar o sangue.
— Aqui — Namjoon chamou a minha atenção e logo o olhei — Eu sei que o ideal era obstringir o sangramento com panos limpos, mas a minha camisa vai ter que servir — ele foi rápido em remover o tecido do corpo e logo pressionou sob meu baixo ventre, o que me fez soltar um gemido sôfrego baixinho.
— Namjoon, e se nos encontrarem aqui? E se realmente mataram os nossos pais? — Jungkook voltou a falar novamente à beira de uma crise de ansiedade — Como iremos fazer sozinhos? E Seokjin hyung? Ele precisa de cuidados e não podemos sair daqui.
— Tenha calma — o alfa pediu — Fique de joelhos aqui próximo de mim, ou irão te ver.
E essa foi a pior noite das nossas vidas. Os pais de Jungkook foram mortos, e ele teve que lidar com responsabilidades cedo demais. Pouco tempo depois, ainda na floresta, meus olhos se fecharam lentamente segundo ia sentindo toda força do meu corpo desvanecer. Sentia também o carinho inocente em minha cabeça, que Namjoon fazia como se aquilo fosse aliviar a minha dor. O alfa também deixou o seu cheiro mais forte na tentativa de me fazer dormir, o que me deixou um tanto atordoado, claro, e eu como criança nem sabia o porquê.
O alfa lúpus líder do Sul ainda passou um bom tempo caçando Jungkook. Mas sempre que ele estava próximo demais, eu removia o pano que Namjoon segurava para que o cheiro do meu sangue disfarçasse o dele. Ele chorava abraçado a Namjoon incessantemente quando via a profundidade do meu corte, e nisso, se passaram horas até que fossemos encontrados por alguns ômegas que buscavam filhotes desaparecidos.
Recordo-me também da preocupação de Namjoon que em nenhum momento saiu do meu lado. E também ouviu claramente quando a senhora choi sussurrou:
— Esse ômega jamais será capaz de gerar um filhote — a senhora suspirou limpando um machucado enquanto conversava com outra ômega — Que os Deuses possam olhar para ele algum dia, e que seu companheiro entenda que tudo o que ele fez foi por amor, isso deve bastar.
Depois disso adormeci por longos sete dias, e quando acordei, Jungkook sorriu genuinamente fazendo meu coração dar algumas batidas fora do compasso. E apenas isso foi o bastante para que o meu lobo tivesse a asserção. Valeu a pena, e eu faria tudo de novo se fosse necessário.
🐺
12 anos atrás...
A lua de dezembro estava vermelho sangue, e eu completava exatos 18 luas, o que me deixava excepcionalmente contente visto que era a estação que minha mãe tanto falava.
Fazia exatos sete anos de catástrofe, e por mais que eu tentasse esquecer tudo o que havia se passado, sabia que aquela noite sangrenta fazia parte de mim. Perder os pais não é desfrutável, ainda mais quando eles são mortos agressivamente em um confronto por terras.
O corpo dos meus pais foram encontrados juntos, abraçados, debaixo de uma árvore que cortava a fronteira. Chorei por exatos trinta dias depois que acordei, e até hoje, a lua sangrenta me lembra aquele episódio sanguinário que deixou o nosso povo assombrado e sem rumo.
Jungkook estava com quinze anos de vida e estudava todos os dias para assumir a matilha. Eu, Namjoon e o garoto passamos a morar sob o mesmo teto, visto que era mais fácil para a aldeia nos alimentar. Todos os alfas, betas e ômegas ficaram responsáveis por nós três, vez ou outra ouvíamos cochichos de pessoas preocupadas com o nosso psicológico que ficou bastante abalado, mas após tudo aquilo resolvemos ficarmos juntos.
Óbvio que eu e Namjoon praticamente nos odiávamos, mas o que fazíamos era por Jungkook, estão estava tudo bem.
— Hyung! — ouvi Jungkook gritar ao longe em meio a mata e logo o notei correndo em minha direção. Ele estava com os dois braços para trás escondendo algo, e ao seu lado vinha Namjoon com a cara amarrada — Feliz aniversário, hyung! Feliz, feliz, feliz! — ele saltava de um lado para o outro entusiasmado demais, todos os anos eram assim desde.. bom, tu sabes.
— Não corra, tu vais cair — avisei antes que o alfa tropeçasse e ele quase ia se estabacando no chão — Viu só? Tu ias caindo.
— Hyung, hyung! — ele se ajoelhou assim que ficou em minha vanguarda. Eu estava sentado em um tronco grande de árvore no meio da aldeia, e Namjoon se pôs ao lado do garoto também de joelhos me olhando com certo receio — Eu fiz isso aqui para ti, feliz aniversário. Eu te amo abundantemente, hyung.
Dei um sorriso colossal quando notei o pequeno objeto em minhas mãos. Era um cavalheiro em cima de um cavalo feito da árvore do carvalho branco, — que inclusive lembrava o cheiro do Namjoon, mas eu não comentei nada sobre isso. O alfa lúpus esculpia a mão a maioria de suas armas, e era por isso que aquilo me deixou ainda mais alegre, sabia que ele certamente demorou dias fazendo o presente de tão bom grado, e os meus olhos se encheram de imediato.
— Sabes que não precisava, não é? — toquei seus fios com a minha mão livre e puxei sua cabeça, deixando um beijo próximo a sua testa, o que fez o garoto sorrir ainda maior — Obrigado, filhote. Eu também te amo.
— Namjoon hyung também tem algo para ti, não é hyung? — o alfa lúpus bateu no ombro do rapaz, esse que olhou para ele apavorado — Vamos hyung, não seja medroso.
— É Namjoon, não seja covarde! — deixei uma risadinha quando notei seu revirar de olhos.
— Feliz aniversário, hyung — o lobo tirou de dentro do bolso do sobretudo um filtro dos sonhos, algo que ele também havia feito a mão e que eu não esperava ganhar.
Anos se passaram e eu continuava tendo pesadelos horríveis que me fizeram ficar com insônia por bastante tempo, e foi por isso que eu deixei escapar uma lágrima fujona. Namjoon foi rápido em capturar com o polegar, pois ele afirmava que odiava me ver chorar. E assim, a minha noite estava completa, com as companhias certas e com um bolo feito de batata doce com frutas vermelhas que estava uma delícia.
Quando fomos para nossa tenda e Jungkook pegou no sono, Namjoon sorrateiramente se colocou ao meu lado próximo a lareira e soltou o ar criando uma névoa passageira pelo frio que se alastrava.
— Teu cheiro está mais forte — ele comentou sem me olhar — Procurei saber o motivo, e Seokjin…
— Eu sei — fechei brevemente os olhos antes de fitá-lo com coragem — Meu primeiro cio está próximo. Acredito que de amanhã, não passe.
— E o que tu irás fazer? — ele me encarou deixando aparente sua preocupação — Não podes ficar aqui dentro porque Jungkook é um lúpus, e também porque estou aqui.. eu sinto muito.
— Vou ficar na tenda dos ômegas, oras. Como todos os outros ômegas, o que tu esperava? Não é culpa tua, quando teu cio chegar também não irá poder ficar aqui dentro. É normal, Namjoon. Sabíamos que esse dia iria chegar.
— Eu sei — ele voltou a olhar para o fogo — Mas se tu ficar lá.. sozinho..
— O que tem? — franzi o cenho confuso.
— Pode aparecer algum alfa — consegui vê-lo engolir a seco.
— E esse não é o propósito? — ele me olhou sobressaltado, deixando seus olhos dobrarem de tamanho — O que foi? Achas que eu prefiro passar dias morrendo de dor? Não mesmo. Não irei me lembrar de nada de qualquer forma, então pode ser qualquer um.
— E se alguém te machucar? — ele rosnou as palavras — Tu pareces que não pensa!
— Não irei estar pensando, Namjoon. Irei estar sentindo bastante coisa, mas pavor não é uma delas.
Ele rosnou enraivecido e saiu da tenda, com as mãos presas em punho e sem se importar com o horário já tardio. Revirei os olhos e olhei para Jungkook que dormia despreocupado em meio a aquela agitação que era eu e Namjoon.
Mal sabia que mais tarde, no outro dia, também à noite, Namjoon iria me encontrar dentro da tenda em que eu estava no meio da floresta.
Ali ele me amou pela primeira vez, e eu nem sequer tentei impedir quando os nossos olhos se encontraram pela primeira vez, na cor verde cintilante.
🐺
Meses atrás,
antes da invasão
ao Sul.
A floresta estava inteiramente enfeitada para o casamento. Rosas brancas desabrocharam por toda parte, e no chão, havia pétalas vermelhas que faziam um tapete formoso em meio a grama verdinha. Era o dia do meu casório, e eu estava nervoso como nunca estive. A matilha estava toda reunida sentados nos bancos que mais pareciam troncos de lenha mal cerrados, e mais à frente, Namjoon estava ao lado de Jungkook esperando a minha boa vontade de caminhar até o altar improvisado. Isso se eu não tivesse travado pela ansiedade.
Minhas vestes eram brancas como a neve, e meu cabelo estava perfeitamente alinhado para a ocasião. Namjoon vestiu a tradicional vestimenta preta e vermelha que passou pela linhagem de sua família. Seus cabelos platinados com mechas roxas estavam para trás, lhe dando uma fisionomia ainda mais assustadora. Ele estava lindo, e me esperava tão impaciente quanto eu.
— Vamos? — Jungkook me assustou e eu nem o vi chegar ao meu lado. Uma hora ele estava ao lado de Namjoon, na outra, em minha frente me olhando com curiosidade — Quer fugir? Eu te ajudo.
— Não — segurei em seus ombros e ele se aproximou mais um tanto abelhudo — Não consigo respirar.
— Certo, olhe para mim — ele segurou o meu queixo me vendo puxar o ar com bastante complexidade — Vamos contar como sempre fizemos. Faça tudo o que eu fizer, finja que não tem ninguém aqui, apenas nós dois.
E assim, ele começou a contar conforme seu peito subia e descia, assim como o meu. Meus olhos transbordaram porque eu não conseguia parar de pensar que eu iria estragar tudo antes do casamento, mas estranhamente o exercício funcionou rápido e tranquilo, como se o aperto que sentia no meu peito antes fosse embora de boa vontade. Engoli a seco sentindo a ardência na minha goela me alcançar, os olhos de Jungkook brilhavam de uma forma diferente e ele sorriu quando notou que o meu desespero foi se esvaindo aos poucos.
— Ele estava assim também — se referindo a Namjoon, Jungkook falou baixinho me confidenciando um segredo — Tu demorou um pouco, então ele achou que havia desistido.
— Nunca — balancei a cabeça tentando conter o meu temperamento melancólico — Jamais faria algo assim, sabes que eu o amo.
— Eu sei e ele também — o alfa lúpus limpou as minhas lágrimas com atenção para não borrar a maquiagem — Ele só está ansioso, parece que é a primeira vez que ele irá te ter.
— Me sinto assim — suspirei pela milésima vez sentindo meus batimentos diminuírem aos poucos — Não acredito que vou me casar com ele.
— Eu que não acredito, tu vives implicando com ele e vice e versa.
— O amor é assim, Jungkook — dei os ombros e o coloquei ao meu lado para que pudéssemos entrar — Eu implico porque o amo, e porque não consigo ficar longe dele por muito tempo. Não posso imaginar uma vida sem ele, e é por isso que irei receber sua marca hoje. Já sou ligado a ele, a minha alma o reconheceu como meu.
— Para a felicidade de todos — o alfa sorriu — E só para entregar Namjoon, quero que saibas que ele disse a mesma coisa. Tu és tão dele quanto ele é teu, e ao menos essa história está tendo um final feliz, não é? Depois de tudo.
— Sim, temos até um filhote marrento — brinquei e ele revirou os olhos assim como Namjoon fazia — Viu? Idênticos.
E em meio a sorrisos frouxos, o alfa lúpus líder da alcatéia do Norte — e meu confidente — me entregou a Namjoon no altar, apertando as mãos como se lhe entregasse seu bem mais valioso. Ele também deixou um beijo em minha testa antes de se afastar, e ali se iniciou o ritual para a nossa união. Sob uma lua vermelha assim como nosso primeiro beijo e primeira noite de amor, simbolizando nosso encontro de almas e o nosso carinho que era regado de cumplicidade desde sempre, até o fim dos tempos.
— Talvez eu seja um tanto ruim com as palavras, mas eu queria te dizer como sinto depois de todos esses anos. Nós vivemos momentos difíceis, momentos esses que eu jamais irei esquecer. Tentamos sobreviver após uma tragédia que nos uniu, e também, a saudade que apertava o nosso peito e aperta até hoje. Eu não sei como seria a minha vida sem você, Seokjin, definitivamente não consigo supor o que seria de mim. Tu continuamente fostes aquele que me levantava e me cuidava, com certa brutalidade confesso, mas com todo aquele amor excepcional que me deixava noites acordado pensando em como seria um "nós dois." O primeiro beijo foi a confirmação do quanto nós nos queríamos, embaixo de uma árvore tomada de neve enquanto comíamos uma maçã congelada que tu teimava para que eu viesse a descascar. Depois de anos tivemos a nossa ligação, e como eu fui feliz naquele dia. Saber que tu era meu foi algo que deixou o meu lobo em êxtase durante semanas e eu nem sequer conseguia esconder. Todo e qualquer momento ao teu lado foi mágico e eu nem consigo descrever com palavras o quanto eu sou apaixonado por ti e por tudo que tu se tornou. Tu és um ômega tão honrado que às vezes eu me pergunto o que eu fiz para merecer alguém tão sublime assim. Sempre fostes o motivo da minha euforia, Seokjin. O pretexto das minhas lutas diárias contra eu mesmo até que eu me achasse digno de ti. Tu tens a minha melhor versão, e eu sou um cara sortudo por poder lhe entregar todo o meu coração e o meu amor. Te agradeço e agradeço aos Deuses por ter me escolhido. Irei te fazer o ômega mais feliz do mundo, e cuidarei de ti para que jamais falte nada em nosso ninho. Te prometo que estou entregue a ti e somente a ti e será assim até o meu último suspiro. Eu te amo, meu Jinie. E irei até amar até o fim da minha vida.
Com isso, o nosso casamento aconteceu, e eu recebi a minha marca, a marca que eu tanto ansiava receber de alguém que me ama além do que o universo pode pressupor.
E até o meu último suspiro, irei ser de Kim Namjoon, o alfa marrento que me jurou devoção perpétua em seus votos e em nossa cama após uma noite intensa de amor.
❤️🔥
OS 100K DO CAÇULA 🤏🏻
Obrigada pelo suporte e apoio, prometo que volto em breve com um capítulo bem cheio de amorzinho e barraco como a gente gosta :(
Deixa o votinho se gostou porque os namjin é a própria perfeição juro
LOVE U
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