🐺 JK BÔNUS 🦊 200k
Anjo, meu tão amado anjo
Bem sei que estás
E eu, do brando o sono, hei de acordar
Para os teus olhos ver uma vez mais
O verdadeiro amor espera, uma vez mais.
- Ivo pessoa.
Agnes Salem
Primeira vida
Quem não gosta de um belo conto de amor, não é mesmo, criança?
Os nossos olhinhos brilham e chegam a quase sair faísca pelo tanto que o nosso estômago embrulha por um afeto que nem sequer ousamos sentir. Não é legal experimentar novos amores? Bom, hoje irei lhes apresentar um extremamente cativante.
Ora, tu não achastes que Hajun havia sido o primeiro amor de Jungkook, não é? Bobinho, óbvio que não. Mostrarei um muito maior, um que transcende outras vidas, um que está marcado na alma do alfa lúpus, não importa a vida em que ele esteja.
Inclusive na atual.
Mas, voltaremos ao princípio.
Jeon Jungkook havia nascido em uma época completamente desumana, onde era quase impossível de se viver sem morrer de fome e sede, isso graças ao Rei Park que governava apenas para os ricos e roubava dos pobres. Seus pais Jeon Gihun e Jeon Dongwon, ambos trabalhavam para a coroa tentando ganhar alguns trocados, por fim, só conseguiam pães adormecidos e um pouco de pele de cordeiro para se aquecer, ninguém se importava com os moradores do norte.
Gihun era um beta cheio de princípios e honra. Trabalhava como soldado para o Rei, enquanto Dongwon um ômega ficava na cozinha servindo a rainha e seus convidados. Isso claro até ela descobrir que um de seus empregados estava carregando um filhote, que horror, ela pensou. A possibilidade de alimentar outra boca era demais para si, então, ela o mandou embora alegando não suportar o cheiro de damasco que ele emanava pelo palácio.
Ele foi embora sem nem hesitar. Passou meses pedindo aos Deuses que fosse abençoado com um filhote, pois desde o seu casamento já haviam se passado três anos e nunca havia sequer carregado um herdeiro em ventre.
Aquele aroma de damasco era o maior presente que ele poderia receber, e por esse motivo, não ligou quando caminhou em passos rápidos para fora daquele lugar hostil. Seu filho jamais seria criado em meio a urubus e pessoas de má índole, daria um jeito de restar e de alimentá-lo sem a ajuda daqueles promíscuos.
Quando a noite caiu ainda naquele dia, Gihun chegou em sua cabana e sentiu uma fragrância diferente em seu esposo, chorou antes mesmo de olhá-lo. Eles se abraçaram vigorosamente e fizeram inúmeras juras de amor, não conseguiam conter a felicidade que era transbordar daquela maneira em um lindo bebê que chegaria em breve. O amor dos dois fez com que se tornassem três, e aquela era a matemática mais bonita da vida de um casal como eles.
Foram noites de agradecimento.
Dongwon se apegou a força de Afrodite por meses, agradeceu, chorou, ofereceu o seu filho a ela para que a Deusa o cuidasse e nunca o deixasse faltar nada. E quando finalmente Jeon Jungkook nasceu, eles deram uma grande festa no povoado com cabras e bodes que Gihun havia conseguido no castelo a fim de ofertar a Deusa do amor e da fertilidade.
Todos comemoravam a vida mesmo sabendo que dali em diante as coisas seriam agudamente mais difíceis. Afinal, quando se já é grande o suficiente para passar fome, se consegue dormir à noite toda apenas com copo d'água. Mas como uma criança iria resistir naquele infortúnio? Essa era a pergunta que o beta se fazia conforme seu esposo celebrava a chegada de seu filho.
No entanto, nos meses seguintes, o pai de Jungkook descobriu que jamais deixaria faltar o sustento para aquele bebê que o salvou tantas vezes. Com apenas oito meses de vida, o garotinho com dentinhos salientes era o único motivo para seu pai voltar para casa todos os dias, ele estava farto de ser pisado e humilhado pela coroa, mas com seu ômega sem trabalhar, não podia desistir do pouco que tinham, então, ele saía com o sorriso no rosto e com bastante medo de não conseguir voltar para eles.
Até que um dia, depois de se passar alguns anos, Jungkook comemorava seus dez anos de idade. O tempo voou para a família Jeon, mas ainda assim eles eram gratos por todos os dias que passaram se alimentando bem e com abundância. O pai do filhote continuava trabalhando para o Rei, já o ômega, cultivava a terra para ajudar não só a matilha que morava próximo, mas também as bruxas que estavam sendo mortas na época.
Jungkook gostava de ir com o pai ômega até às lavouras, adorava como as crianças brincavam ao redor do plantio, e ele se sentia livre em meio ao ar puro - o que era raro visto que não podiam sair com frequência.
Contudo, nesse mesmo dia de comemoração, todos os lobinhos presentes sentiram um aroma diferente nos arredores daquelas terras. Dongwon se aproximou do filho que estava um pouco assustado, e notou que o cheiro diferente que rodeava o lugar, era dele. Erva doce.
E ele ficou um tanto confuso, e também bastante tonto, não sabia ainda se o filho era beta, ômega ou alfa, mas com toda certeza não podia ser alfa. Ele era filho de um ômega e beta, não faria sentido.
Não demorou para que ele corresse até a própria tenda a fim de conversar com o marido. Jungkook parecia amedrontado com toda aquela movimentação, contudo acompanhou o pai sem questionar. Não fazia ideia do que estava acontecendo, mas ficou um pouquinho triste por não ter comemorado seu aniversário.
- Ficastes tonto? - Jeon Gihun perguntou ao marido após um tempo escutando o ocorrido. - Sabes o que isso significa.
- Ele é um alfa? - o ômega franziu o cenho olhando para o filho. - Está tudo bem, meu filhotinho. Papai só está confuso sobre o seu cheiro.
- Normalmente alfas tem aroma forte - o beta constatou. - Sinto algo como erva doce nele.
- E é erva doce - Dongwon alisou os fios lisos do pequeno. - Tens certeza de que ele não é um beta?
- Tenho - o Jeon mais velho respondeu. - E também não é ômega, Dong, precisamos esperar ele completar dezoito anos para ter respostas concretas. Por hora, melhor deixá-lo em casa para não aterrorizar as outras crianças, soube que os filhotes ficaram agitados com a presença dele.
- O perfume era realmente forte - o ômega suspirou um tanto cansado. - Vamos esperar que o tempo responda, de qualquer forma, vamos amá-lo ainda mais. - seus olhos não deixaram os do filho, esse que sorriu pequeno.
- Sim, nós te amamos ainda mais meu pequeno alfinha - Gihun sorriu para o filho e olhou firmemente para o marido a fim de passar aquilo que tanto lhe atormentava.
Talvez ele fosse um lupino, e só essa hipótese colocava todos em risco.
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Quando Jeon completou finalmente dezoito luas de sangue, a comemoração foi com bastante vinho e carneiros assados. Havia trabalhado bastante para conseguir tal feito, e estava satisfeito por poder alimentar bem aqueles que tanto o estimavam.
Seu corpo estava cada dia mais forte, seu abdômen trincado e seus músculos aparentes, isso tudo sem fazer muito esforço. Óbvio, ele suspeitava que era um lupino, mas teve a confirmação quando transmutou pela primeira vez naquela noite.
E foi algo surreal.
A lua estava cheia no momento em que seu corpo tremeu inteiro próximo ao riacho. Suas mãos encontraram o chão e a dor que irradiava pelo seu corpo o fez grunhir alto, sem ao menos entender o que estava de fato ocorrendo.
Foi poucos minutos até que a pelagem negra o tomasse por inteiro e um grande lobo de olhos amarelos aparecesse tão assustador quando deveria ser. Jeon Jungkook era um alfa lúpus, e naquela época, isso era pedir para morrer visto que os lupinos eram raros.
Na manhã subsequente, quando Jungkook chegou em casa, seus pais o aguardavam com uma fisionomia assustada logo que nunca haviam presenciado tal acontecimento. Conversaram sobre tudo o que ocorreria após aquele dia fatídico, e é óbvio, ele precisaria se esconder como se estivesse cometendo um crime.
- Eu não fiz nada, appa! - ele choramingou conforme observava os lumes dourados de seu pai beta. - Fui caminhar pela floresta até o riacho e aconteceu, sabes disso, tu estavas me observando de longe.
- Sim, estava - Gihun balançou a cabeça. - Eu e Dongwon presenciamos a sua transmutação e nos afastamos com medo do que poderia acontecer. Não queríamos te deixar sozinho, mas tu eras um lobo enorme, Jungkook. Ninguém seria capaz de te machucar, sábias bem se defender.
- No entanto, filho, o rei mandaria te matar se soubesse. Sabes bem o que ele pensa sobre lupinos, ele prende o próprio filho!
- Sim, Hajun é um ômega lúpus - Gihun o contou, e Jungkook arregalou os olhos. - Ele é o único ômega lupino de todo o continente, e seu pai é bem severo, não sei nem como não mandou matá-lo, acredito que seja porque ele só tem nove anos.
- Exato, ele é cruel - Dongwon suspirou audível. - Entendes agora a situação? Tu sempre será mais forte que os outros, filho. Serás temido, e isso nem sempre é algo bom. Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades e isso é realmente perigoso.
Após aquela conversa, Jungkook resolveu que nunca mais iria transmutar em sua existência. Ele havia assumido para si mesmo o trabalho de alimentar seus pais e dar uma vida confortável para os dois, logo que, ambos trabalharam para a coroa por anos e estava na hora de se afastarem daquele lugar tóxico que acabava com a felicidade de todos.
Por isso, ele começou a trabalhar honestamente como marceneiro ainda com dezoito anos, preparando e reparando móveis que deixava o aldeamento bastante feliz na época. Ele se esforçava para fazer tudo bem feito e as pessoas notavam. Todos já haviam se acostumado com o seu aroma peculiar, então, pararam de questionar a razão para que o alfa tivesse um cheiro tão promíscuo.
No entanto, o que o alfa lupus descobriu após meses trabalhando com vários lobos, é que o Rei era impiedoso, e ninguém, absolutamente ninguém podia abandonar o castelo carregando os segredos da família real consigo.
Nem mesmo os seus pais.
Em síntese, a rainha ordenou que todos os lobos que trabalhavam no castelo e saíram por alguma razão, deveriam morrer. Não importava de onde eram ou quem eram, eles precisavam sucumbir para que conseguisse dormir com a consciência limpa.
Obviamente ninguém poderia esperar um ataque daquela magnitude, todavia, Dongwon parecia estar sentindo que iria acontecer algo errado.
- Meu filhote - ele chamou Jungkook que estava sentado na sala esculpindo um soldado da realeza. - Podes vir aqui? Teu appa precisa de ajuda.
O alfa lupus ficou de pé e caminhou até o pai que segurava uma tigela de barro cheio de cordeiro assado e verduras fartas que Jeon tanto amava.
- Minha comida preferida? - ele arqueou o sobrecenho. - Estamos comemorando algo?
- A sua vida deve ser comemorada todos os dias, meu amor - o ômega sorriu triste sem saber o que estava acontecendo com os próprios sentimentos. - Coloque a tigela na mesa, teu pai irá demorar um pouco, mas enquanto esperamos por ele, posso te contar o milagre que foi a tua existência.
- Milagre? - o alfa se interessou pela história e correu para a sala de jantar ansioso para ouvir seu appa que tinha ótimas mensagens de vida sempre.
- Quando me casei com o seu pai, sofremos um acidente no mesmo dia enquanto estávamos na estrada indo em direção a nossa antiga tenda. O dia estava chuvoso, tudo estava alagado, e por alguma razão que até hoje desconheço, a carruagem que estávamos capotou, fazendo com que deslizassemos por um barranco, até estarmos no início do rio que quase nos leva pela correnteza - Dongwon comia calmamente sentado no chão conforme falava. - A pancada que sofremos foi assaz forte, tudo ficou destruído e se perdeu no meio do caminho, contudo, eu estava desacordado porque com a batida uma bagagem que estava de frente para mim dentro coche me atingiu em cheio, fazendo com que a madeira dura que se partiu entrasse em meu baixo frente, quase atravessando o meu corpo de um lado para o outro.
- A cicatriz abaixo de seu umbigo.. - Jungkook sussurrou.
- Sim, foi devido a isso - o ômega sorriu pelo filho ter lembrado. - Bom, eu sangrei bastante. Seu pai quase morreu de preocupação, ele chorava que soluçava, e como estava de noite, não tinha a quem buscar lá embaixo no barranco. Se quiséssemos ajuda, precisaríamos esperar amanhecer para encontrar alguém por aquelas terras. Estávamos no Sul, e ali não existia sequer uma pessoa para ajudar.
- E então? - o garoto até parou de comer.
- Uma bruxa apareceu - ele suspirou com a lembrança. - Até hoje não descobri o nome dela, e foi bastante estranho porque naquela época a dezoito luas de sangue atrás, os seres que utilizavam magia já eram caçados. Então tecnicamente, ela não poderia estar ali ou correria o risco de ser morta, mas ainda assim me ajudou de forma arrebatadora - Dongwon ouviu a porta abrir e Gihun passar por lá, porém não parou a história. - Quando ela me viu ensanguentado e seu appa chorando, percebeu que eu não poderia mais gerar filhotes. A mala havia acertado o ponto certo que impediria tal feito, e ela fez questão de nos explicar que me salvaria da hemorragia, mas eu jamais poderia carregar um herdeiro nosso.
- Appa.. - Jungkook engoliu a seco e olhou para seu pai beta, esse que sorriu pequeno conforme removia o sobretudo - Então como..
- Passei meses chorando por não conseguir finalmente dar um filhote ao seu appa. Era o sonho dele, formar uma família comigo e ter o fruto do nosso amor gerado e resguardado. No entanto, por mais que nós tentássemos, a bruxa havia sido bastante clara e não havia motivos para mentir. Por isso, me apeguei a Deusa da fertilidade, e ela me ouviu, acabei gerando o maior presente de minha vida que é tu, meu filho - Dongwon apertou-lhe as bochechas e o beta se aproximou para sentar e também ouvir aquela história.
- Quem é a Deusa da fertilidade? - Jungkook questionou pesaroso pela sua total ignorância sobre o assunto.
- Afrodite, filhote - o ômega respondeu sorrindo. - Não existia esperança de que um dia eu fosse gerar uma vida. Entretanto, na noite da lua de sangue quando todos estavam em meio a aldeia, eu ouvi uma música vindo da floresta e fui lá ouvi-lá curioso para saber quem estava cantando. E foi então que eu vi uma moça incrivelmente bonita. Seus cabelos eram ondulados, seu nariz arrebitado, seu vestido era branco feito com um tipo de um tecido nobre, e seu corpo estava tomado de jóias de ouro que reluziam naquele breu, chamando totalmente a minha atenção.
- E aí, appa? - o alfa ficou eufórico.
- Eu não sabia bem o que fazer, só sabia que estava completamente chocado com a visão que tinha. Seus lumes eram lilás incandescentes, e quando ela me olhou o sorriso em seu rosto foi imediato como se me esperasse a bom um tempo - Jungkook arqueou a sobrancelha e o ômega continuou. - Ela deu passos curtos até mim, parecia temer me assustar. E quando estávamos próximos o suficiente, a Deusa falou algumas palavras que até hoje não saem de minhas lembranças.
"Se tu és o escolhido, será agraciado nesta noite de lua sangrenta. Tu, carregará a nossa peça chave, a nossa esperança de que futuramente tudo se torne melhor. Esse filhote que tu irás conceber, terá um papel importante no universo a partir de sua maioridade. Ele terá grandes feitos, e quando chegar a hora certa, seja nesta vida ou nas próximas, será digno de tudo aquilo que almeja. Não o deixarei sozinho nessa caminhada, e nem alguns dos meus, ele se chamará Jungkook, nesta vida e nas outras, e na lua certa ele saberá o porquê disso, e também, o significado de seu nome.."
Ao fim daquela história que deveria ser a mais bonita de sua vida, vários soldados do rei invadiram a sua cabana a fim de matar aqueles que tanto amava. Jeon Dongwon e Jeon Gihun foram mortos na frente do filho que chorou copiosamente por um ano inteiro. Naquela noite, Gihun antes de morrer, jogou o corpo por cima dele para protegê-lo de qualquer ataque que pudesse sofrer. Foi assim que Jeon Jungkook perdeu os amores de sua vida, e se perguntou todos os dias dali em diante se merecia algo tão cruel daquela magnitude.
Afinal, onde estavam os Deuses que prometeram nunca deixá-lo só? O alfa se questionava.
E a partir daquele instante, o alfa lúpus de linhagem pura criado exatamente pela Deusa da fertilidade, parou de acreditar nos Deuses e nas divindades que todos diziam que os rodeavam. Parou de querer fazer apenas o que era certo, porque perder os pais daquela maneira não era certo, e mesmo assim, os deuses permitiram que acontecesse.
Jungkook com vinte e sete luas de sangue se tornou o alfa lupus mais temido de todos os tempos. Roubava para alimentar os pobres, mas também roubava para bater de frente contra seus próprios ideais.
Apesar de que, ele gostava da adrenalina de ser pego quase que todas as vezes. A coroa o caçava incansavelmente e ele não podia se importar menos com aquilo, não havia se prendido a nenhum ômega justamente para que ninguém ficasse na linha de fogo junto consigo mesmo.
No entanto, Park Hajun roubou o seu coração.
O poder que aquele ômega lúpus exalava pelos poros era quase algo divino, Jungkook sentia. Seu corpo entrava em combustão perto dele, e era de todas as formas possíveis. Ele se enchia de orgulho quando ele conseguia qualquer feito, e também, o amava com tanta devoção que se questionava algumas vezes se os Deuses que ele tanto odiava, haviam se lembrado de sua existência patética.
Encontrou Hajun em um estábulo qualquer e desde aquele momento se sentia responsável por ele.
- Me chamo.. - ele ponderou. - Apollo! - o ômega dolorido respondeu tentando soar convincente.
- Não conheço nenhum ômega por esse nome, quem é o teu dono?
- Tu - ele voltou a responder com dificuldade. - Agora sou teu.
- Não podes dizer isso, ômega, estou no controle agora mas o meu lobo pode acreditar em tuas palavras. Não tens ideia do quanto estou me segurando para não te atacar.
- Qual é o teu nome, senhor?
- Jungkook.
Mal sabiam que aquela conversa já estava predestinada há tempos..
O alfa que tanto foi amado na infância, se tornou ainda mais amado após conhecer Hajun. O ômega na época não fazia ideia de quem era e do poder que possuía, mas aquele amor que o consumia, foi entregue a Jungkook para que ele sentisse seu coração queimar junto a ele todos os dias enquanto vivessem.
E a sua vida foi breve pois Apollo morreu com apenas dezoito luas em sua primeira vida, e Jeon Jungkook o alfa lupus mais forte da época, não aguentou aquela perda pois seu coração se despedaçou.
Quando o lobo levantou após Agnes o derrubar dentro do castelo do rei Park, ele se viu sozinho sem a sua matilha e sem Hajun, esse que havia o enganado de uma forma medonha como ele já esperava. Apolo havia trocado a própria vida pela a de milhares de ômegas, e para que Jungkook fosse sincero consigo mesmo, ele chegou a conclusão de que seria egoísta, pois ele preferia salvar apenas o seu amor visto que não tinha mais ninguém.
Correndo atrás dos portões de ferro vendo os inúmeros corpos que havia matado para entrar ali, ele encontrou vários ômegas se preparando para deixar aquelas terras. E junto com eles estava aquele semblante choroso, que Jungkook não entendia, por isso perguntou a um deles o que estava acontecendo.
- Hajun deu a sua vida valiosa por nós, senhor, ele foi morto em praça pública como um traidor a alguns minutos atrás.
Jungkook sentiu o seu chão desabar naquele dia fatídico.
Seus joelhos cederam e ele caiu sem forças para continuar de pé, sentindo todo o ar de seus pulmões o abandonar.
Hajun morreu.
Não, Hajun havia sido morto.
Suas lágrimas rolaram através de seu rosto pálido pela notícia repentina, e ele fechou os punhos quando seu coração se rompeu deixando-o com uma dor excruciante em meio a aquele povoado que tanto o respeitava.
Ele decidiu que iria se despedir. Não existiria sequer uma pessoa no universo que pudesse o impedir de tal decisão. Portanto, ele correu até a praça onde um ômega havia o informado que ele estaria, correu como se a sua vida dependesse daquilo, e de fato dependia. Quando chegou onde o corpo sem vida de Hajun estava, notou que ao seu redor estava a mãe da Agnes, a bruxa ômega rainha, alguns soldados que sobreviveram, e o irmão beta de Hajun, Wonwoo, que era o único cabisbaixo diante daquela crueldade.
Hajun havia sido enforcado e permanecia na mesma posição.
Com o choro preso na garganta, Jungkook se aproximou dele e o tomou nos braços, tirando a corda do seu pescoço e o segurando forte contra o peito, deixando suas lágrimas limparem seu coração e sua alma.
Hajun estava gelado, seu rosto banhado pelas suas próprias lágrimas e seus lábios sem cor, o que fez Jungkook depositar um beijo casto na esperança de que ele sentisse.
Todos o deixaram sozinho naquele momento, ninguém ousaria se meter naquela despedida.
O ômega lúpus era jovem demais para ter aquele destino, e Jungkook, ah, Jungkook, esse estava sozinho no mundo mais uma vez, como se tivesse pagando por todos os seus pecados naquela vida.
Ali, segurando firme Hajun em seus braços enquanto chorava, ele se arrependeu de todos os roubos que havia feito em sua vida. Se arrependeu de cada facada que havia desferido em alguém, e de toda morte que carregava em seus ombros. Ele odiou pela primeira vez ter sido um bandido, um qualquer em seus anos de idade.
Gostaria de ter sido alguém para Apolo, ensiná-lo a colher uma rosa ao invés de empunhar uma espada.
Não entendia o porquê das coisas, mas sabia que amaria sua metade mesmo após a sua morte que ele faria acontecer em breve.
Em suma, após seu choro doído que durou algumas horas, ele decidiu que tentaria por alguns dias. Tentaria ser forte, tentaria salvar a todos como Hajun havia solicitado e rezaria pela alma daquele que amava com todo o coração até o fim de seus dias.
Mas Jungkook não foi forte o suficiente, e acabou tirando a própria vida na mesma praça e com a mesma corda. Ele se despediu de sua vida aos vinte e sete anos com uma dor intensa. Não sabia viver em um mundo onde sua alma gêmea não existisse, então partiu pedindo aos Deuses para que pudesse vê-lo outra vez algum dia.
Afrodite deixou cair uma lágrima de ouro pelo seu rosto bonito conforme olhava a cena lá de cima. Ela sentiu a dor de Jungkook pois também havia amado tão intensamente que seu corpo tremia apenas com aquele pensamento mais uma vez.
Ela o entendia, e foi por isso que lavou as mãos quando o alfa chegou a aquela decisão.
Assim sendo, o amor de Hajun e Jungkook estava escrito nas estrelas. Escrito por Eros que os flechou, por Afrodite que havia previsto tudo antes mesmo de seu filho, por Apolo que o encontrou e o jogou novamente à terra, e por Gihun Dongwon que assistiam tudo apreensivos e maravilhados ao mesmo tempo.
Afinal, a Deusa que eles tanto honravam havia prometido: ambos estarão na próxima vida de Jungkook, para amá-lo e cuidá-lo até o fim de suas quatro vidas.
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