🦊 Chapter Two 🐺
deixa o votinho e comenta
bastante tá? love u
🐺
Esse medo de perder,
não te deixa me olhar, esqueça o que
passou e tudo vai mudar, agora eu
posso ser seu anjo, seus desejos sei de cór,
pro bem ou pro mal você tem e não
vai se sentir só..
— Tânia Mara.
J I M I N
Passaram-se apenas dois dias desde que voltei para minha matilha, e que Taehyung havia dado o ar de sua graça em nossa aldeia que estava bem movimentada.
Eu estava sozinho em minha casa, apreciando as iguarias que minha mãe me fornecia por saber que não me sentia confortável com toda essa maldição descabida. Eu até fingi não estar extremamente triste por ter se tornado um ômega, mas meu interior estava inquieto, não conseguia me sentir eu mesmo por diversos momentos. O problema era o meu orgulho que estava ferido, tanto que evitava sair pelo povoado por saber que todos os alfas da alcatéia iriam apontar-me e julgar-me, principalmente por ainda estar morando com a minha mãe mesmo sabendo que os ômegas só podiam viver distantes de todos os alfas, — ao menos os que não fossem marcados claro, — mas eles estavam odiando o fato da minha presença e meu cheiro, ainda que estivesse no lugar onde sempre estive, era impossível não ouvir os murmúrios.
Jaebeom era o único que pisava em nossa cabana para trazer algumas notícias, Yoongi não tinha sequer saído de sua tenda pois cuidava do novo recém chegado, e isso fez os outros alfas trabalhem mais para cobrir seu turno nas fronteiras.
Yujin fez tudo de bom grado, tomou o seu posto, ajudou levando comida, explicou a situação para os outros alfas que moravam ao redor e sentiam o cheiro forte de morangos e cravos, mas ainda assim a situação estava cada vez mais difícil, principalmente com os ômegas que não entendiam o porquê de eu ter me tornado um lúpus e como isso era possível. Por isso pedi para que o beta marcasse uma reunião à noite em volta da fogueira, avisando certamente que eu iria contar tudo o que estava acontecendo. Jaebeom tratou de fazer o que lhe foi pedido, convidou todos os alfas, betas e deu a permissão para que os ômegas se juntassem a nós, inicialmente eles não acharam uma boa ideia mas eu prometi proteção, então eles ficaram felizes em participar.
Ninguém ouviu falar sobre o meu pai durante todos os preparativos para o encontro que teríamos, disseram que ele estava caçando devido ao inverno que estava se aproximando, mas a marca da minha mãe queimava vez ou outra como um aviso óbvio de que não era apenas aquilo que ele estava fazendo. Ela tentava passar a impressão de alguém forte e eu sabia que aquela ômega de fato era, mas a verdade é que o meu pai estava se deitando com outra pessoa, e isso fazia seu semblante ficar cada vez mais cansado por não estar conseguindo dormir a noite.
No entanto, ela não permitiu que eu saísse da aldeia, não queria que eu fosse atrás dele temendo que me fizesse algum mal visto que até então não tínhamos conversado, mas era impossível não se preocupar com o inverno que estava cada vez mais próximo. Eu como ômega lúpus talvez não sentisse tanto frio, mas ela com certeza sofreria, tanto por seu alfa não estar junto a si, quanto por sua marca que a deixava mais fraca, aquilo definitivamente precisaria ter um fim logo.
— Boatos e mais boatos ômega, está afim de saber das novidades? — sutil como uma rocha, Jaebeom se aproximou de mim quando estávamos arrumando as mesas para colocar as comidas de todos os nossos convidados, ele adorava me chamar daquela forma como se pudesse me rebaixar por aquilo, mas não era como se eu fosse esperar algum respeito.
— Se você me chamar de ômega mais uma vez, eu vou arrancar a única coisa que você pensa que te faz homem do meio de suas pernas, beta arrogante — rosnei me virando completamente para ele, e seu sorriso foi de canto a outro em seus lábios.
— Deveras tu és o ômega mais bonito do povoado, não tenho dúvidas, é só disso que os alfas falam ultimamente — como uma cobra sorrateira, ele desferiu o seu veneno. — Mas sobre as boas novas eu irei de atualizar mesmo que queira arrancar aquilo que um dia te satisfez.
— Não ouse me lembrar daquele episódio horrendo que era você tocando no meu lobo — ordenei voltando a colocar as tigelas próximo as comidas, já sentindo a noite cair e escurecer aos poucos. — Comece, beta.
— Yoongi está dormindo no chão de sua cabana, pois o ômega fica em sua cama vinte e quatro horas por dia — ele sorriu como se aquilo fosse um absurdo.
— Certíssimo, continue — dei passos até próximo da fogueira que já estava quase montada, e me agachei para deixar tudo em seu lugar.
— Você realmente acha isso normal? Não é possível que concorde com isso sabendo que ele é um alfa — parecendo indignado ele começou a pegar as toras de madeira para me ajudar ainda reclamando. — Ele ajuda o ômega a se banhar, o alimenta e o veste, faz seus curativos e ainda dorme no chão, como ele pode se humilhar dessa forma?
— Yoongi é e será um ótimo alfa para seu ômega, não tenho dúvidas — continuei o que fazia sem ligar para seus comentários ofensivos. — Agora você, Jaebeom, recomendo que nunca se envolva com um ômega, por favor, encontre um alfa que te trate exatamente como você trata os mais fracos.
— Você acha que Yoongi irá o marcar? — sua pergunta tinha uma pitada de segundas intenções e eu pude sentir de longe.
— Não sei, mas seus olhos ficaram dourados quando ele o viu a dois dias atrás, e eu só vi isso acontecer comigo quando eu entrei no heat, mas foi diferente — recordei ficando de pé e batendo as mãos em minha roupa para limpá-las, ele ficou de pé logo em seguida. — Não acho que ele teve um imprinting com ele, mas naquele dia quando ele sentiu o cheiro de outro alfa no recém chegado, ele teve que se afastar para se acalmar, queria que Taehyung se lavasse ali mesmo, o lobo dele ficou possesso.
— Eu soube — Jaebeom também me seguiu afastando-se de onde estávamos. — Ele sempre foi o defensor dos ômegas, não sei porque estou surpreso com as suas atitudes.
— Talvez porque tu gostas dele — a minha insinuação fez ele parar de andar momentaneamente, e isso só confirmou aquilo que eu já desconfiava. — Tudo bem, eu não vou contar, até porque tu fostes um bom amigo quando eu ainda era alfa, mas quero que saiba que esse seu ódio por ômegas ainda vai te afastar de pessoas que gostam de ti, me refiro a mim mesmo, e até daquele que tu desejas.
Então ele se calou visto que não havia nada para ser dito. Betas se apaixonarem por alfas em todas as alcateias era comum pois a maioria repugnava os ômegas, mas era óbvio que os alfas não tinham a mesma preferência de fato, pois seus lobos eram extremamente atraídos pelo aroma doce e gostoso que apenas os ômegas tinham, e isso só complicou as coisas para os betas que até tinham envolvimentos com muitos deles, mas na hora do rut e principalmente de marcá-los, seus lobos buscam os mais vulneráveis e isso os irritavam profundamente.
Yoongi durante todos esses anos que viveu ao meu lado em nossa alcatéia nunca havia se interessado verdadeiramente por alguém, ele sempre foi formidável com os ômegas da região, bem mais do que o aceitável aos olhos do nosso líder, mas nunca teve alguma pessoa que atraísse o seu lobo ao ponto de querer armar guerras para lutar pelo seu amor. Todos os ômegas da aldeia o respeitavam, todos gostavam de sua companhia e também de suas belas histórias de caçador, mas por mais que tentassem chegar junto dele para tentar algo, ele educadamente deixava claro que não buscava ninguém e que estava focado apenas no bem estar de todos. Talvez por isso Jaebeom esteja tão incomodado com o novo ômega amaldiçoado de nossa terra, o alfa havia sido tão receptivo e aprazível com o Taehyung, que até mesmo me causou estranheza de início, mas eu não esperava menos de alguém tão cortez.
— Ele deve se mudar em breve para a casa dos ômegas — o beta falou com um tom mais abrangente. — Tu sabes que na nossa matilha existe vários casais de betas e alfas, inclusive tem alguns carregando filhotes.
— Não estou dizendo que não pode dar certo, certamente é uma combinação excelente assim como todas as outras, mas pense em relação a mim então se é para comparar, eu preciso me apaixonar por um ômega, achas que conseguirei?
— Tu és obstinado, não será difícil — ele fez um elogio que foi completamente sem interesse pela primeira vez. — Todos os ômegas te respeitam e tem Taemin que quer conversar contigo, quando tu contar que voltará a ser um alfa em breve, todos eles ficarão aos seus pés como sempre estiveram, quem não iria querer o alfa lúpus filho do líder?
— Tu certamente quer — brinquei e vi ele gargalhar voltando a me ajudar com a mesa que estava quase pronta. — Contarei tudo para todos hoje e se der certo, iniciarei o meu plano que é melhorar a qualidade de vida dos ômegas.
— Acenderei a fogueira e ficarei ao teu lado, não terá discussões hoje, a sua voz prevalecerá.
Sorri ao notar que aos poucos ele voltava a ficar ao meu lado mas talvez tenha sido isso que a Agnes quis dizer com "você terá ajuda", meus amigos nunca me abandonariam, mesmo sabendo que o dever do Apollo é se sacrificar pelo seu povo.
T A E H Y U N G
O Alfa que estava comigo em seus aposentos nesse instante era alguém amigável, gentil, educado, cortesão e de boa índole, eu presumi.
Havia feito dois dias que estava embaixo de seu teto, tomando o espaço de sua cama e roubando a chance de que ele encontrasse alguém de seu interesse pessoal, mas ainda assim, ele não parecia se importar e cuidava de mim como se eu fosse uma jóia rara. Nós não nos falamos muito por duas noites, ele era bem calado e observador, e eu sentia vergonha por vê-lo dormir em um colchão no chão enquanto eu era mimado com os melhores tecidos e boa refeição, parecia mordomia demais para um ômega fraco e sem rumo, mas eu não ousava incomodá-lo.
De certo agora as coisas estavam um pouco diferentes, minhas feridas fecharam graças às ervas e os curativos que ele vinha fazendo. Claro que o meu lobo ajudou em boa parte pois nos curamos rápido se bem cuidados, mas todos os banhos que me dera, alimentos e panos quentes serviram para me sentir melhor, e eu nem sequer conseguia pensar em uma forma de agradecer.
Nesse exato momento eu estava com os lençóis cobrindo o meu rosto enquanto sentia meu sangue ferver de vergonha. O alfa estava tomando banho em sua banheira que ficava no mesmo cômodo onde estávamos, e contudo meu lobo precisava se controlar ao máximo para não olhá-lo como queria fazer todas as vezes que isso acontecia. Óbvio que eu não podia sair da tenda, e por mais que eu me sentisse melhor, Yoongi-ssi não permitiria, então ele me pedia para não olhar enquanto se banhava, precisava preparar-se a fim de ir até a reunião que o filho do líder havia marcado, e nós ainda nem havíamos conversado sobre tudo o que me aconteceu.
Eu mordi o lábio inferior e fixei meu olhar no tecido acima da minha cabeça, eu podia sentir seu cheiro de terra molhada por toda a cabana e aquilo fazia meu lobo estranhamente se tranquilizar. Durante a noite ele sempre deixava a sua presença bem forte a fim de me passar confiança, e aquilo funcionava de uma maneira assustadora caso queiram saber, era alheio a forma com que eu respondia a aqueles pequenos gestos, e ainda mais como ele agia calmamente sabendo disso.
— Meu céu, eu sei que não é uma boa hora para conversarmos sobre isso, peço que me perdoe se assim for de sua cortesia, mas antes que eu possa me conduzir até o Jimin, preciso saber o que aconteceu contigo — ouvi a sua voz rouca parecer esquentar o lugar e aquilo me aqueceu de uma forma avassaladora. — Sei que talvez precise de tempo, e se assim quiseres eu não irei voltar ao assunto, mas seria bom ter respostas para a nossa matilha, eles devem estar estranhando o nosso comportamento.
— O nosso comportamento, alfa? — franzi o cenho ainda ouvindo minha própria voz sair mais baixa do que o comum.
— Nunca trouxe um ômega para cá, e eles acham que tivemos um imprinting.
Meus olhos dobraram de tamanho rapidamente ao ouvir suas palavras meticulosamente, era claro que iam pensar isso de um recém chegado, principalmente sendo ômega, amaldiçoado e estabelecido em uma tenda de um alfa que parecia importante.
— Eu sinto muito, não quis trazer-te problemas alfa, se quiseres já posso começar a viver junto com os outros ômegas, não quero que carregues o meu cheiro por aí, isso pode te afastar de quem tu gostas — após a minha fala pude ouvir um pouco de água cair ao chão, então presumi que ele estava saindo da banheira enquanto falávamos, seu cheiro de intensificou pelo cômodo e eu respirei fundo fechando os olhos por um instante, tudo em meu corpo pareceu relaxar.
— Seu coração está batendo rápido, por delicadeza não se preocupe tanto com isso — seu pedido cauteloso me deixou de fato mais tranquilo, até que ele me puxou as cobertas, mostrando agora seu tronco nu visto que vestia apenas uma calça de linho clara que cobria suas partes devassas. — Você pode confiar em mim, sabes disso?
— Seus olhos estão dourados, alfa, eu sei que falas a verdade.
Meu lobo me arranhava por dentro de tão feliz por aquele acontecido, ter um alfa com aquela aura tão poderosa e com uma íris daquela cor só significava proteção, e aquela ligação ligeira e frenética me deixava um tanto desnorteado, mas extremamente contente como nunca antes.
— Quem era o alfa que te machucou, e quais razões ele usou para tal feito? — ele sentou ao meu lado da cama após a pergunta, e eu acabei sentado também voltando a refrear minha respiração descompensada.
— O alfa que me machucou se chama Junseo, ele é, bom, era da mesma matilha que a minha já que vim do Leste — ele rosnou baixinho dando a entender que já não estava gostando do rumo daquela conversa. — Ele é o braço direito do líder da matilha, e lá os ômegas não são bem tratados como tu bem sabes, e por alguma razão que desconheço, ele escolheu a mim para ser seu brinquedo particular. — meu rosto se contorceu pelo nojo ao ouvir minhas próprias palavras, e ele rosnou de novo, mas dessa vez mais alto. — Fique calmo, alfa.
— Eu vou parti-lo ao meio, ômega.
— Deixe-me continuar, senhor.. — o pedi e ele respirou fundo tentando conter-se. — Eu não o quis, o rejeitei, e foi então que ele pediu a permissão do líder para passar o rut comigo, e o alfa lúpus prontamente permitiu. Só que no dia marcado para que ele me tomasse como seu, eu fugi, ou tentei já que ele me alcançou e me espancou em meio a floresta.
— Ele te tocou? — sua voz era assustadoramente perigosa e eu sabia disso. — Ele fez algo que tu não quisestes?
— Eu.. eu não recordo bem, alfa, eu.. — dobrei as pernas e as apertei junto ao corpo em um abraço doloroso ao meu ver, meu lobo se recolheu ao ter lembranças daquela noite, e meu coração parecia querer sair do peito. — Eu senti algo escorrer pela as minhas pernas quando acordei no meio do nada, mas-
Minha fala foi interrompida quando o alfa levantou prontamente e rosnou tão alto ao ponto de toda a aldeia escutar, suas mãos se fecharam em punho, e eu tinha certeza que ele estava a ponto de caçar alguém, principalmente porque tinha o cheiro do meu agressor em seus sentidos desde o dia que cheguei. Meus ouvidos doeram pelo o som, e eu apertei os olhos incomodado por um instante, mas quando notei que ele poderia de fato sair rumo ao leste, fiquei de pé de prontidão, quase pulando em sua frente para não deixá-lo sair daquela maneira.
— Me escute alfa, me escute — segurei seu rosto com ambas as minhas palmas e pude ver de perto suas íris completamente douradas deixando seus fios claros ainda mais atrativos. — Tu não podes ir atrás dele sozinho, por favor eu suplico que não me deixes, pelo os deuses fique comigo, sim? Yoongi, volte para mim, não deixe que seu lobo assuma.
— Ele te tocou enquanto tu estavas vulnerável, merece a pior das mortes — seu lobo falava com uma voz grave assustadora que possivelmente iria aterrorizar toda a matilha, mas singularmente não me afetava, ao contrário, meu lobo se sentia acolhido. — Eu preciso matá-lo ômega, não me importo com as consequências.
— Yoongi, se tu fores assim e me deixastes aqui, pode existir outro alfa que me faças mal, não vedes? Por mim, por obséquio não tornes a me deixar só, prometo que terás a vingança que teu lobo tanto deseja, mas não hoje, sim? Podes ficar um tempo comigo após a reunião de teu líder?
Minhas mãos subiram até seus braços fortes e eu acabei os apertando sem quebrar o contato visual que tinha consigo, sua respiração ficou ofegante por um instante e eu sabia que ele lutava contra seus instintos para que não fizesse alguma besteira que viesse a se arrepender depois.
— Ficarei, meu céu — seus olhos voltaram à coloração normal, e só então eu pude respirar aliviado.
Soltei seus braços e engoli a seco quando notei que ele ainda me olhava sem escrúpulos, reparei também que a nossa distância era menos de um palmo de tão próximos, então acabei dando dois passos para trás sentindo as minhas bochechas corarem, notando seu abdômen definido bem visto sob a luz da vela que iluminava a tenda.
— Então fugistes? — ele pigarrou saindo de minha frente e indo até a cômoda onde estava as suas roupas já separadas. — Encontraste a bruxa na floresta?
— Depois do que fez comigo, ele voltou para a matilha e mandou me caçarem por todo o território para que eu não fugisse, por sorte naquela noite não tinha ninguém vigiando a fronteira do Norte, então eu passei por lá antes que pudesse me perder por estar em outras terras — voltei a sentar na cama enquanto o observava se vestir. — A bruxa me pegou no meio do caminho para cá, e lançou a maldição que eu fosse preso à minha matilha.
— E tu não fostes? — ele me olhou enquanto passava a camisa pelo os braços fortes.
— Eu estava desesperado, não me sentia preso a aquela matilha maldita, odiava o fato de ter que viver com todos aqueles monstros impiedosos, então quando ela me alcançou eu só sabia pedir por clemência e misericórdia, talvez tenha sido por isso que ela me prendeu ao Sul.
— Aqui não é um bom lugar para ômegas — ele continuou se arrumando. — Por isso Jimin marcou uma reunião com toda a matilha essa noite, ele precisa explicar o que aconteceu consigo próprio, e depois contar como você chegou até aqui — suas palavras saiam com cuidado e eu sabia que ele omitia a forma como os ômegas viviam para me proteger. — Tu vistes que ele também foi amaldiçoado?
— Vi, ele agora é um ômega lúpus, não consigo pensar em miséria maior.
— Não fales assim, não é vergonha ser ômega e ele sabe bem disso — ele parecia falar a verdade e isso fazia meu coração bater rapidamente. — Talvez por isso tenha sido escolhido, ele possivelmente tem um propósito nessas terras.
— Não falo sobre ser ômega, falo sobre ter sido um alfa lúpus que foi amaldiçoado, querido — ele me olhou parecendo surpreso com o apelido e só então notei o que falei, por isso olhei para meus próprios dedos esperando que ele esquecesse tal feito. — Espero que a matilha o aceite, ele parece alguém bondoso.
Em silêncio o alfa em minha frente balançou a cabeça em concordância, suas mãos ágeis vestiam peças finas que só mostrava o quanto ele era nobre e respeitado pelo seu povo, tanto pelo modo que agia, como pelo luxo que ostentava. Seu casaco de couro escuro deu o toque final em suas vestimentas, a espada que carregava parecia afiada e pronta para qualquer luta, e eu só sabia assistir sabendo que ele precisaria sair em breve, não gostava muito de ficar sozinho mas também não era como se pudesse pedir para que ficasse, ele tinha responsabilidades e eu não era uma delas.
— Tenho mais uma pergunta, ômega.
— Faça. — o pedi.
— Quando foi o seu último heat? — o vi comprimir os lábios ao fim da pergunta e quis sorrir por tal desconforto.
— Faz três meses, só irá acontecer novamente daqui a noventa dias — deixei claro o tempo correto para que soubesse quando iria acontecer. — É normal alfas perguntarem isso por aqui?
— Estou perguntando porque quando acontecer tu não poderás usar supressores, e acredito que no leste também não te davam tal coisa — o ollhei atento para que ele explicasse o que seria feito então. — Quando seu heat chegar não vai ter alfas interessados porque eles só se interessam com os próprios rut, espero que daqui a três meses isso mude visto que Jimin se tornou um ômega e talvez as coisas venham a mudar, mas se não mudar..
— Quem ajuda os ômegas, então? Eles sofrem até o final do cio?
— Alguns dão sorte e são levados até às cabanas no meio da floresta por algum alfa que não conseguiu se controlar, mas normalmente sou eu que ajudo.
— Tu? — deixei o choque me invadir. — A todos? — desviei o olhar quando ele tentou ler-me.
— Não é como se eu pudesse deixá-los sofrer, então faço o que posso.
— Quantos ômegas são no total? — voltei a olhá-lo deixado que ele me intimidasse por alguns segundos. — Deve ter centenas de ômegas, tu não pode dar conta de todos.
— Está dizendo que meu lobo não seria capaz de tal conduta, meu céu? — já vestido e pronto para sair, Yoongi deu passos até mim e sentou ao meu lado com os olhos oscilando para o tom escarlate, o que denunciava o desejo em seus atos. — Acredite, eu dou conta.
— Hum — deixei escapar um murmúrio recusando-me a olhá-lo de novo.
— Não acreditas? — pude notar a zombaria em sua voz. — Tu acreditarás daqui a três meses.
— Talvez eu dê sorte e encontre um alfa que não se controlou — deixei meu pensamento escapar enquanto olhava para o outro lado do cômodo, e senti sua presença pesar dentro do quarto.
— Não deixarei isso acontecer — sua voz era grave e eu entendi que não era um pedido.
— Tu pode estar ocupado com outro, alfa, talvez nem perceba visto que estarei morando com os outros em alguns dias.
— Está querendo ir para lá tão cedo? — ele pareceu surpreso. — Jimin te explicou como funciona?
— Yujin me contou que eu precisaria viver lá em menos de uma semana — soltei o ar que prendia ainda sentindo o meu lobo nitidamente possessivo em relação a Yoongi. — Se quiser posso ir amanhã mesmo, já me sinto melhor e não quero atrapalhar-te. — voltei a encará-lo e ele parecia atordoado. — Vai que algum ômega entra no heat e você precisa sair correndo pela noite, não quero empatar o que precisas fazer.
— Não precisa deslocar-se para lá — ele avisou. — Pode viver aqui comigo, explicarei a situação para a matilha em poucos minutos.
— Não sou seu ômega, senhor, não posso morar contigo e sabes disso — odiava parecer ingrato mas eu sabia bem o que aquilo significaria. — Eu me tornaria um alvo fácil sem ser marcado, todos os alfas iriam me querer também em suas tendas e isso me colocaria em risco.
Ele rugiu e levantou-se como se eu estivesse o contrariando.
Meu lobo estava alegre pelo convite inesperado, mas eu não poderia aceitar aquilo sabendo das consequências. Em algum momento o alfa precisaria formar uma família, ou teria um imprinting com alguém, e estar em sua casa só iria atrapalhar as coisas dado que não era uma boa coisa conviver com um ômega não marcado. Claramente Yoongi não estava pensando direito, ou o seu lado protetor estava o cegando, mas eu não poderia me cegar, iria para o lar dos ômegas o mais rápido possível.
— Vista-se — ele grunhiu ainda de costas para mim. — Vou te levar comigo para a reunião, e lá resolvemos isso.
— Não tem o que resolver, pode ir e contas o que te falei sobre o leste e a maldição, mas não viverei contigo.
— Estás me rejeitando? — ele voltou a me fitar com um semblante indecifrável e eu realmente não entendia o motivo daquela pergunta, eu sabia bem o que significava rejeição para nós, uma vez um ômega renegava um alfa ou vice e versa o lobo jamais poderia voltar a se aproximar, e era por isso que Junseo me espancou em meio a floresta, ele estava completamente fora de si quando me violentou depois de ser rejeitado.
— Não estou te rejeitando, não faria algo assim e tu sabes — me levantei para que ficássemos de frente um para o outro. — Tu sentes como o meu lobo fica perto de ti, e eu sei que é correspondido quando tu dormes a noite e chama pelo o meu nome, querido, mas eu cheguei tem apenas dois dias e eu sou grato por tudo o que fizestes por mim, não quero machucar-te.
— Não terei como te proteger se ficares com os outros — ele revirou os olhos parecendo preocupado. — Não o tempo todo e eu ainda me preocupo com o alfa que te machucou, ele pode vir até aqui para te procurar.
— Tu sabes o cheiro dele, eu te contei e você já sentiu em mim — ao fim da minha fala ele rosnou odiando o rumo da conversa. — Ele não irá me fazer mal, tu não deixará.
— Fique — seus olhos atingiram novamente o tom dourado e eu soube que ele não me deixaria partir tão facilmente, ele se sentia responsável e aquilo era completamente honroso. — Não deixarei te faltar nada, irei caçar e te deixar aquecido no inverno, trarei a melhor pele para ti e cuidarei para que fique satisfeito quando necessário. Não te tocarei sem a tua permissão Taehyung, eu respeito você e tudo o que tu passastes.
— Eu sei que sim — dei dois passos para frente invadindo seu espaço pessoal e seus olhos voltaram a coloração escarlate, seu cheiro adentrou em meus sentidos quando ele o espalhou por toda a cabana e eu sabia que era um aviso nítido para que eu não me aproximasse mais. — Não quero que tu fiques dormindo no chão, nem que fique desconfortável quando for tomar banho, eu entendo que queira cuidar de mim mas tu já fizestes demais, deixe-me cuidar de ti agora, sim? Quero que fique bem aqui, e eu estarei bem por lá.
Ele bufou no mesmo instante que iria se afastar, mas eu segurei seu rosto novamente com ambas as mãos o prendendo no lugar, seus olhos ficaram presos aos meus e eu pude sentir um calafrio passar por todo o meu corpo por aquela ligação momentânea.
— Sei onde te encontrar, alfa — o avisei espalhando agora o meu próprio cheiro. — Se algo acontecer eu irei te procurar sem demora, não quero que te preocupes.
— Os ômegas podem ir a reunião agora a noite, vamos comigo, não quero te deixar sozinho — ele mudou de assunto e tirou minhas mãos de seu rosto como se tivesse irredutível em sua própria decisão. — Estarei lá fora, trouxe roupas novas para você e estão dentro da cômoda, escolha algo que te agrade e cubra seus braços por causa do frio, conversaremos sobre isso depois.
E assim ele saiu da tenda, me deixando abismado e boquiaberto por todas as decisões que estava tomando por mim.
E foi aí que eu entendi que para protegê-lo de mim e de si mesmo eu precisaria ir até aquele que tinha poder para fazê-lo entender o quão errado aquilo era, e bom, seria na reunião que eu conversaria com o ômega lúpus, esperando que ele ajudasse seu amigo e seu gênio protetor.
J I M I N
Ao redor da fogueira estava toda a matilha do Sul esperando que eu enfim falasse o que todos estavam esperando, alfas de um lado junto aos betas, e os ômegas do outro próximo onde eu estava. Yoongi e Yujin os olhavam procurando algum incômodo ou algo do tipo, mas até então estava indo tudo bem.
Deixei alguns alfas na fronteira prometendo que os veria em breve para repassar a informação, mas possivelmente já sabiam o que havia acontecido visto que eram os preferidos de meu pai, e como ele ainda não desfrutou de nossa presença, imaginamos que estaria sendo acobertado por eles por alguma razão desconhecida, mas não me importei por hora.
Os ômegas marcados e seus alfas chegaram pouco depois trazendo os filhotes as nossas vistas, tiveram que fazer uma varredura antes para saber se tudo estava seguro, e então no minuto seguinte completaram o nosso povo, sentados em minha volta e comendo a ceia que havíamos servido. Minha mãe sempre ao meu lado me encorajava a falar, mesmo sabendo que seria bombardeado com perguntas que talvez não tivesse respostas, e naquela noite fria em meio às árvores eu sabia que precisaria ser o Apollo que os ômegas precisam, eu seria a tal voz que eles iriam escutar afinal.
— Chamei todos vocês aqui para falar sobre a minha situação atual que muitos de vocês já sabem, ou imaginam. Espero que possam me ouvir de mente aberta, porque eu continuo sendo quem sou e isso não irá mudar — dei passos até ficar próximo a fogueira, e assim todos pareceram ter uma boa visualização. — Como vocês sabem e essa marca no meu pescoço deixa claro, eu fui amaldiçoado por uma bruxa que se esconde na floresta. Nós ouvimos essa lenda desde pequenos quando ainda éramos inocentes, e acabamos não acreditando que os boatos eram verdadeiros, mas são, e só descobrimos agora porque até então ninguém havia tentado fugir de nossa aldeia. A bruxa Agnes queria me prender à alcatéia, mas isso não seria possível comigo sendo um alfa lúpus como bem sabem, então, ela acabou me transformando em ômega lúpus para conseguir tal feito.
O falatório começou e as vozes dos alfas eram estridentes, eles repetiam que não era possível e que não existia ômega lúpus, que no mínimo eu estava mentindo para parecer mais forte e isso irritou Yoongi que gritou para que todos calassem a boca.
— Não preciso mentir para vocês porque não quero o mal de ninguém aqui, ao contrário, eu continuo sendo o mesmo Jimin que sempre fui, e possivelmente assumirei o papel de líder um dia assim como o meu pai.
— Não mesmo — um dos alfas que seguiam o meu pai ficou de pé assustando até o seu próprio ômega que segurava o filhote em seus braços. — Você está achando que seremos uma matilha guiada por um ômega qualquer? Precisamos de um alfa lúpus, você não será o líder assim!
— Eu sou um ômega lúpus! — gritei para que todos pudessem ouvir, e alguns ômegas se assustaram pelo poder da minha voz, talvez não os machucasse, mas com certeza era bem mais forte que a de qualquer um. — Eu sou filho do regente e eu irei sim assumir a matilha, se alguém tiver algum problema com isso irá ter que lutar comigo e me matar para tirar a regência de mim. — começou o falatório novamente e dessa vez dei um fim voltando a falar. — A minha maldição não é para sempre, se eu me apaixonar por um ômega e cumprir o meu propósito, ela acabará e assim posso voltar a ser alfa e marcar meu companheiro.
— Sua maldição não é permanente? — ouvi Taehyung perguntar e com isso alguns alfas rosnaram em reprovação.
— Quem rosnar para ele novamente, vai descobrir que mais afiada que a minha língua, é a espada que eu empunho — Yoongi se colocou na frente do ômega com cara de poucos amigos, e foi o suficiente para iniciar um novo debate.
— Não Taehyung, a maldição não é permanente. Não tem um prazo, só preciso fazer o que a bruxa ordenou e ficará tudo bem — tratei de respondê-lo sabendo que provavelmente falariam dele e de sua situação também.
— Agora abrigamos ômegas de outra matilha? — Jackson que até então estava calado, perguntou. — Ele está claramente amaldiçoado, por que não morreu já que fugiu de casa?
— Ele está preso a nossa matilha, está em casa agora e não irá para lugar algum — avisei o fazendo ficar ainda mais bravo. — Sei que não confiam nele, mas eu confio, e sei que vocês confiam em mim ou então não teriam saído de casa arriscando suas vidas para estarem aqui. Até porque, por mais que tenham homens nas fronteiras, vocês sabem que não é cem por cento seguro, algum alfa pode tentar roubar terras, pegaria todo mundo aqui desprevenido e teria muitas mortes.
— Confiávamos quando você era um alfa — um alfa já de idade comentou. — Agora você não passa de um ômega fraco com promessas absurdas.
— Afinal, o que a bruxa quer que você faça além de arrumar um ômega? — Youngjae o líder da caça perguntou parecendo calmo com todas as revelações.
— Ela quer que eu ajude os ômegas a terem tudo o que precisam, igualdade principalmente, seremos um povo unido como nunca antes — expliquei e vi novamente todos confusos. — Basicamente farei mudanças por aqui, e vocês terão que se adaptar e mudarem também, farei de nós uma alcatéia forte e um exemplo a ser seguido.
— Ilusão e mais ilusão — ouvi uma voz ao longe e notei que o meu pai estava se aproximando quando todos ficaram de pé. Ele estava como sempre acompanhado de alfas de sua confiança, e a minha mãe que escutava ao longe acabou correndo para ficar em minhas costas, talvez pelo medo que sentia de seus atos cruéis. — Decepção e mais decepção, quando isso irá parar afinal?
Abrindo passagem para que ele pudesse chegar mais próximo de mim, todos deram passos para trás sabendo que assistiriam uma discussão de família que não poderia acabar bem, outrora estava decidido a responder todas as questões que tivessem, mas agora eu só queria que aquele homem entendesse que a situação não era minha culpa.
— Preciso que me escute — o avisei e ele gargalhou na minha frente.
— Ômega lúpus? Você agora é uma vadia — ele cuspiu as palavras cruzando os braços frente ao corpo com o tom de autoridade de sempre. — Vi você implorar na floresta para ser fodido, a maior vergonha que eu já passei.
— Não tem o direito de falar assim comigo, eu ainda sou o seu filho, o que queres de mim?
— Você viverá como ômega que é a partir de hoje, irá morar com todos os outros e eu não quero sentir o seu cheiro perto de minha tenda — sua voz de alfa machucou os meus tímpanos e eu levei as mãos ao ouvido apertando os olhos pela dor. — Ômega fraco! Acha que é assim que poderá liderar uma matilha um dia? Um grito apenas e você vai ao chão como uma pena de tão frágil que é.
— Pare, está machucado os ômegas que estão aqui — Yujin avisou dando um passo à frente, mas só serviu para ele notar a presença deles ali.
— Quem deixou vocês saírem e se juntarem a nós como iguais? — novamente ele voltou a gritar, só que dessa vez muito mais forte e eu tive que me conter para não ir ao chão. — Voltem para o lugar de vocês e não ousem sair de lá.
— Senhor, tem ômegas marcados aqui, seus alfas estão a ponto de te atacar, por favor não use a voz — Jackson o pediu, e ele acatou o pedido quando olhou em volta e viu as famílias unidas.
— Por que estão aqui? Saíram de suas casas para ouvir um ômega? Ora, por favor, voltem para seus ninhos e deixem que com o meu filho eu me resolvo bem.
— Chegou um ômega novo em nossa matilha, conta para nosso líder Yoongi, que você já o tem em suas garras — a voz era que Chan que também era um dos homens de meu pai.
— Ômega novo? — seus olhos buscaram Yoongi e ele conseguiu ver que o homem escondia alguém atrás de si. — Interessante, mostre-me ele.
— Não — ele respondeu sem ao menos pensar.
— Agora — meu pai rosnou e o alfa nem ao menos se mexeu.
— Eu tive um imprinting com ele — sua voz alta assustou a todos, sua mentira pôde ser ouvida a quilômetros de distância. — Ele não irá a lugar nenhum.
O olhei rapidamente e pude ver seus olhos dourados novamente por breves minutos, ele não deveria ter mentido para meu pai porque ele era esperto demais para ser enganado. Sabia bem que um imprinting era ligação de almas, então Yoongi precisaria marcá-lo como seu para que pudessem viver juntos.
— Um imprinting? Que ótimo — ele deu passos pequenos até que estivesse próximo onde o alfa estava, podia sentir o cheiro do medo de Taehyung assim como eu próprio sentia. — Então quando seu ômega entrar no heat da próxima vez, irá marcá-lo para que possa viver aqui, caso contrário, irei matá-lo por você ter me desafiado em vão, você entendeu? — sua voz era nítida e clara para que todos pudessem presenciar a sua promessa, Yoongi sequer mostrou surpresa com seu pedido pois entendia que havia sido uma ordem, mas a minha preocupação era com Taehyung, ele iria querer aquilo? Tinha se passado apenas dois dias desde sua chegada.
— Eu entendi — o alfa respondeu com toda bravura que tinha.
— Porém enquanto isso, ele ficará junto com os outros ômegas e eu não quero reclamação quanto a isso, se até o meu próprio sangue ficará lá, não é um ômega comum que morará na sua tenda — os olhos de Yoongi se tornaram ainda mais assustadores mas ele não disse nada, talvez porque Taehyung apertou sua mão que estava fechada em punho e eu pude ver de longe sua tensão, ele não queria uma briga e nem eu esperaria por uma, odiava o fato de não poder fazer nada, precisava matar o regente antes.
— Já terminamos aqui? Precisamos voltar para a floresta se quisermos comida e peles para o inverno — novamente Youngjae falou. — Espero que resolvam isso ou briguem pelo poder, porque eu já tenho muito para me preocupar.
Aos poucos todos foram deixando a roda que havíamos criado em torno da fogueira, ficando apenas eu, minha mãe e meu pai que acabou dispensando seus homens para que pudéssemos ficar a sós. Yoongi levou Taehyung de volta para sua tenda e Yujin tratou de cuidar dos outros ômegas para que ficassem bem até chegarem no abrigo. Mas foi naquele instante que eu soube que Agnes estava certa, eu precisava matar o meu próprio pai se quisesse ter chance de salvar os ômegas e a mim mesmo.
— Ômega, vá para casa e deixe-me a sós com o meu filho — ele olhou para a minha mãe que estava de cabeça baixa e deu a ordem. — Espero que tenha sentido minha falta — seu sorriso amarelo me deu ânsia.
— Jimin, tu ficarás bem? — sua mão tocou em meu braço e eu respirei fundo sentindo seu cheiro para me acalmar.
— Irei, pode ir — sorri para que ela pudesse se sentir melhor, e logo em seguida fez o que o líder mandou sem ao menos olhar pra ele.
Soltei o ar quando o vi de braços cruzados e com um semblante macabro, odiava sentir medo da sua presença forte que me deixava ainda mais vulnerável, mas não era como se eu pudesse fazer algo.
— Agora que estamos a sós, quero que saiba que jamais deixarei o meu lugar para ti, treinarei o melhor alfa da alcatéia para assumir o seu lugar.
— Isso é o que vamos ver — cruzei também os braços frente ao corpo e ele sorriu amplo usando seu deboche demasiado.
— Agora vá para a sua nova casa e leve o novato, não quero ouvir mais o teu nome então não cause problemas. Serei benevolente por saber que estás amaldiçoado e não pode sair para outro lugar, mas se me desafiar, irei açoitá-lo como já fiz com os outros ômegas.
Ele não me deu direito de resposta, virou-se e foi em direção a minha antiga tenda tratando aquele assunto como algo banal. Eu senti meu estômago revirar enojado com os seus atos, tratava seu único filho com desdém mesmo sabendo que precisaria de um substituto um dia, não me deu direito a uma explicação ou algo do tipo, e ainda me expulsou de casa como se eu fosse descartável.
Olhei para o céu escuro e fiz uma promessa sendo iluminado apenas pela luz da fogueira, eu, o Apollo destruiria cada um que ficasse em meu caminho, e tinha apenas três meses para decidir o que fazer e como fazer, precisava ser antes do meu próprio heat, e até lá eu planejaria como matar o meu próprio pai.
J U N G K O O K
Um mês depois
A noite havia chegado e com isso Hoseok pausou os treinos para que os alfas e betas pudessem se alimentar, os dias estavam se passando depressa e nós precisávamos treinar o nosso povo para roubar as terras do Sul.
Namjoon estava em seu rut já fazia três dias, e como Seokjin era o responsável pela alimentação, as coisas ficaram difíceis para nós visto que ele estava com seu marido. Tivemos que alimentar todos que lutariam na tomada do povoado, e por mais que eu estivesse cansado, o orgulho permitia que eu ficasse de pé dando ordens aos meus, e também para a matilha do leste que havia se juntado completamente ao Norte, éramos mais fortes e mais rápidos, então, não havia o que temer.
Minha cabeça pesava ao fim do dia e eu fazia a mesma coisa de sempre, sentava em um tronco de árvore qualquer e olhava para o céu na espera do grande dia que estava por vir, o sonho dos meus pais se realizaria e eu poderia viver em paz por bastante tempo, governando o Norte, Leste e Sul para que o meu povo ficasse cada vez mais seguro.
— Eu preciso de um ômega — me tirando de meus pensamentos, Hoseok sentou ao meu lado segurando um cantil que possivelmente carregava vinho, o suor escorria pela as suas têmporas e eu imaginava sobre o que ele estava falando
— Sinto cheiro de um ômega em você, nem um banho tomou Hoseok — fiz uma careta mostrando nitidamente meu nojo e ele soltou uma risada sem humor, sua vida sexual estava bem ativa ultimamente.
— Não tenho culpa que você encheu nosso povoado de novos ômegas do Leste, irei experimentar um por um — ele tomou o líquido de sua garrafa e tornou a olhar para o céu sem esperar de fato uma resposta. — Mas e você? Precisa de fato marcar alguém.
— Não preciso, preciso de terras e alimento, os ômegas eu deixo para tu que pareces se divertir — ouvi ele sorrir novamente e me dei por satisfeito dado que sabia bem que ele não iria insistir como Seokjin.
— Tu tens a minha idade, mas eu sou meses mais velho, então alfa, procura pensar em uma família quando já tivermos o nosso lar, você pode ter filhotes e ser também um bom pai — sua última frase me fez franzir o cenho porque até então jamais havia pensado na possibilidade, eu até tinha tido vontade de marcar alguém e ter uma vida a dois, mas para um alfa lúpus é mais complicado do que se imagina arrumar um par.
— Difícil ter um imprinting — comentei o vendo me olhar curioso. — Uma ligação de almas não acontece com frequência.
— Às vezes me esqueço que tu és um lúpus — sua voz cansada me atingiu e eu o olhei como se o avisasse sobre o descanso. — Eu sei, tu vai ordenar que eu vá descansar, mas só quero que saiba que está tudo acontecendo como planejamos. Os ômegas estão bem alimentados e aquecidos, não vamos deixá-los desprotegidos, os alfas e betas que estão treinando estão cada vez mais fortes e as armas estão ficando prontas, tu decides quando partimos.
— O plano continua o mesmo, iremos daqui a duas luas cheias, sabes que cuidado nunca é demais e eu coloquei alfas nas fronteiras, estão criando um padrão para que possamos quebrar ao invadir.
— Um mês já se passou, vamos juntar mais alimento e peles, certamente tu irás reinar sobre a matilha do Sul em breve — ele voltou a beber e eu continuei olhando para o céu.
Pensar em poder ocasionalmente me dava aflição pois eram lobos demais, lembro-me que o meu pai por mais que tivesse sido um bom líder teve que lutar diversas vezes com o seu povo pelo poder, afinal, quem não queria ser o alfa regente para ter algumas poucas mordomias? O problema é que não existia tantos alfas com gene lupino, e só nós podíamos reger um povo visto que éramos mais fortes, destemidos, e com o poder de transmutação, mas tanto poder assim trazia grande responsabilidade como o esperado, e sem amigos ou homens que os respeitassem as coisas não andava, sorte minha que sempre deixei claro o quanto queria o melhor para todos eles.
[...]
O sol já estava alto quando acordei com o barulho de Seokjin mexendo em minhas coisas, normalmente ninguém ousaria acordar o líder da alcatéia, principalmente quando esse — no caso eu — havia passado a noite de vigia andando pelo povoado, entretanto o Kim mas velho parecia não ligar, e por mais que eu quisesse reclamar, seu cheiro de amoras silvestres me acalmava como ninguém antes.
O problema é que seu cheiro de amoras agora estava misturado com o cheiro predominante de madeira do carvalho branco, e eu sabia que era o cheiro do meu braço direito, o que entregava que Seokjin não havia sequer tomado banho para poder me visitar.
— O que está fazendo? — perguntei assim que consegui me sentar na cama um tanto preguiçoso, minhas pernas doíam por ter andado demais pela madrugada e eu poderia jurar que só havia dormido poucas horas.
— Procuro por uma camisa tua, o lobo de Namjoon rasgou todas as roupas que eu vesti nesses quatro dias — ele suspirou frustrado mexendo em minha cômoda.
— E queres que ele rasgue as minhas?
— Ele vai sentir teu cheiro e lembrará que tu és nosso filho, aí não rasgará e eu ficarei vestido por uns minutos — eu quis rir de sua fala, principalmente porque o lobo de Namjoon não ficaria nada feliz com o cheiro de outro alfa em seu corpo, mas ele parecia entender o que estava fazendo, então não quis me meter.
— Ele está dormindo? — a minha pergunta fez ele confirmar levemente ainda entretido. — Aproveite e tome um banho, vá comer alguma coisa porque quando ele acordar não vai querer esperar.
— Conheço bem o meu marido, não te preocupes — ele tirou três camisas brancas e fechou o gaveteiro parecendo satisfeito. — Levanta-te e vai comer também, precisas ficar forte pois segundo Hoseok o treino será árduo hoje, e sem falar que teremos notícias do povoado do Sul, parece que Junseo estava nas fronteiras pela madrugada.
— Uma das ômegas do Leste me contou que esse alfa foi o responsável pela fuga do ômega que conversamos a uma Lua atrás, segundo ela, ele torturou o rapaz, talvez ele esteja procurando por ele.
— E se esse ômega estiver no Sul, o que iremos fazer, Jungkook? Nós vamos tomar suas terras, e consequentemente Junseo é um dos nossos agora, ele irá conosco e eu não quero ter um alfa que tortura ômegas vivendo com o nosso povo, principalmente se ele encontrá-lo por lá — ele se aproximou de mim parecendo preocupado, e era claro que defenderia os ômegas com unhas e dentes já que era o responsável pelo os nossos.
— Não te preocupas, Jin, tu bem sabes que não irei deixá-lo chegar perto do ômega caso o encontre, principalmente porque sou seu líder agora, não sou como seu antigo alfa que o deixava fazer o que quisesse — e isso era a maior verdade que já ousei falar. A Agnes foi clara sobre o Apollo, então eu sabia bem que a libertação dos ômegas estava próximo.
— Confio em ti, te criei bem — ele sorriu me vendo bocejar enquanto ousei coçar os olhos pelo sono. — Agora tome um banho e vista-se, seu espião chegará em breve e eu não estarei aqui, precisas cuidar de tudo sozinho.
— Ele me dará boas informações sobre o Sul, tenho certeza que será de grande ajuda.
— Sim, com certeza será — sua afirmação foi a última coisa que ouvi, dado que o ômega saiu de minha vista logo em seguida me deixando só em minha cabana.
Suspirei ouvindo o barulho dos ômegas do lado de fora da tenda, a maior parte do falatório era dos filhotes que brincavam livres pelo povoado em meio ao sol que dava o ar de sua graça, o clima frio não desapareceu denunciando que apesar da luz que nos presenteava o inverno estava cada vez mais próximo, e isso me deu forças para levantar e ir ver como tudo estava, Hoseok que me ajudava enquanto Namjoon estava em seu rut devia estar cansado, e eu precisava ditar o que fazer para que enfim o dia começasse.
Fui em direção a minha banheira e tratei de tomar um banho, a água quente me mostrava que Eubin havia deixado tudo pronto mais cedo e eu sabia que a ômega estava me rondando querendo alguma coisa, possivelmente algo que eu não poderia dar.
Não deixei que esses pensamentos me tomassem por muito tempo, visto que pesada é a coroa que carrego, assim, me apressei em sair de água e vestir-me para ir até o campo de treinamento na floresta, havia muito para ser feito ainda e eu precisava saber das novidades que rodeavam entre as matilhas.
Com uma calça de linho escura e uma camisa de botões branca, sai de meu casebre e pude ver as crianças correndo atrás de passarinhos e borboletas que os rodeavam enquanto pulavam. Os ômegas conversavam animados e os betas pareciam arrumar os animais para a refeição, tudo parecia em paz como todos os dias, então logo dei passos em direção a mata sabendo exatamente onde o meu fiel amigo estava.
— Viu que deixei tudo pronto para o seu banho, alfa? — como esperado, Eubin me alcançou, e estava bonita como os raios de sol.
— Bom dia para tu também, ômega — sorri sem parar de andar e ela continuou me acompanhando com um sorriso no rosto. — Sim, eu vi, agradeço a dedicação mas volto a dizer que não precisava — tentei ser sutil para que não pensasse que eu estava a rejeitando, e ela fez um bico inconsciente, algo que eu já esperava visto que sempre fazia quando contrariada.
— Tu sabes que gosto de te mimar — ela andou em minha frente e me parou de supetão. — Estás se alimentando direito? Perdeu peso nesses dias que se passaram.
— Estou bem, não deves se preocupar com isso — a avisei um pouco mais firme e ela entendeu o que eu quis dizer, por isso saiu de minha frente, mas continuou a andar ao meu lado.
— Jinnie me informou que tu precisas de um ômega, então, eu achei que deixando tudo no teu gosto, poderias pensar em mim como uma de tuas pretendentes — seu cheiro de jasmim se intensificou, e eu tive vontade de rir porque Seokjin realmente não para de me arrumar pretendentes.
— Tu bem sabes que apesar dos esforços de meu hyung, eu não busco ômega algum para mim nesse instante, mas — pausei a frase quando parei de andar e me virei para ela, seus olhos vidrados em mim denunciava o quanto seu lobo estava atraído. — Se algum dia eu viesse a procurar, não precisaria olhar na aldeia toda para te encontrar, tu seria a única que meus olhos iriam buscar.
Seu sorriso se alargou e eu sabia que ela estava satisfeita com a resposta. Apesar de não sentir-me atraído por Eubin, ela era a única que passava o heat comigo, e tomava conta de mim em meu rut, isso desde quando eu ainda era um garoto que não conhecia muito bem o meu próprio corpo. Seokjin a instruiu para que ficasse ao meu lado nesses momentos, e ela de bom grado aceitou, nos fazendo mais próximos de qualquer um, e por não gostar de ninguém até o presente momento ela com certeza seria minha escolha caso eu precisasse me casar, mas claro, meu coração me pedia insistentemente para que eu esperasse.
— Acredito em ti meu líder, por isso, deixarei você cuidar do nosso povo agora já que cuidei de ti ao menos um pouquinho — sua voz sempre doce e acolhedora alcançou-me. — Não tardes a ir almoçar, deixarei sua comida em sua tenda para quando retornastes.
Sorrindo de forma calorosa, Eubin se afastou e me deixou a olhando até que desaparecesse entre as árvores, o clima estava agradável e as folhas balançavam pelo vento gélido, tudo estava agradável, menos a minha vontade de vingança que me corroía e me fazia ter apenas um propósito.
Andei até sentir o cheiro de menta que conhecia de longe, Hoseok apareceu repentinamente perto de mim e eu o abracei de lado, esperando que ele fosse rápido em me contar tudo o que já sabia.
— Nosso informante chegou, ele trouxe novidades sobre o líder da matilha do Sul e também sobre o seu filho — eu sorri por saber que eles nem ao menos desconfiavam do ataque. — O alfa te espera logo ali na frente, lembre-se que ele é um traidor de seu povo, não se deve confiar cem por cento. — confirmei com a cabeça e voltei a andar ao seu lado, seu rosto arranhado mostrava que estava empenhado nos treinamentos, mas eu deixaria para conversar sobre isso depois.
— Jeon — ouvi a voz do alfa informante que estava agora bem em minha frente, ao lado estava os nossos homens usando espadas e tacos de madeira, lutando e treinando para ficarem cada vez mais fortes e isso levantou consideravelmente meu ego. — Como está? — sua mão buscou a minha e logo a apertei forte dando a entender que eu é que começava as conversas por aqui.
— Estava à sua espera, Youngjae — soltei sua destra, notando a presença de Hoseok ainda ao meu lado. — Quero que me conte tudo o que sabes, serás muito bem recompensado.
— Pensei sobre a minha recompensa e acho que será tranquilo para ti, mas falarei logo sobre as notícias recentes — sua voz era a animada, parecia ter algo de diferente acontecendo. — Uma lua atrás o Park líder da matilha discutiu com o filho em meio a todo nosso povo, ele deixou claro que não deixará o próprio sangue reger nossa gente mesmo depois de sua morte, e falou sobre treinar outra pessoa para comandar no futuro.
— O filho dele não era um alfa lúpus? Ele deveria assumir, claro, se Jungkook não fosse matá-lo — Hoseok perguntou tão confuso quanto eu.
— O filho dele tentou fugir a algum tempo pela floresta, então a bruxa o amaldiçoou o fazendo se tornar um ômega — meus olhos dobraram de tamanho com a informação, nunca havia se escutado tal coisa tão bizarra.
— Um alfa que se tornou ômega? Não pode ser — minha voz se tornou um fio.
— Nós também não acreditávamos até ver com os nossos próprios olhos, ele convocou uma reunião e se apresentou contando sua história, em seu pescoço à uma marca selando a maldição, então não tem como estar mentindo.
Em minha mente rondava muitas coisas, mas a principal era: não matamos ômegas. A idéia inicial era entrar no povoado do Sul e matar o líder e seu filho para que não se tornasse o próximo regente, mas agora, só restava matar um pois seu próprio sangue sendo ômega não seria capaz de reger um povo.
— Então só precisaremos matar o líder, Jungkook — falando cheio de confiança Hoseok constatou o óbvio. — Isso será muito mais fácil.
— Sim será — o alfa informante contou cruzando os braços frente ao corpo. — Eu ficarei dando informações até que sua matilha consiga invadir o povoado, venho novamente em poucos dias, continuem treinando porque está cada vez mais fácil.
— Falastes que já sabe o que queres de pagamento pela tua ajuda, o que é, Alfa? — também cruzei os braços como se o desafiasse, desde o início eu sabia que se precisássemos de alguém de lá de dentro teríamos que pagar caro pelo silêncio, mas odiava ameaças silenciosas, e era o que ele estava fazendo me olhando daquela forma desafiadora.
— Quando tu assumistes o poder de meu povo, gostaria de sua bênção para casar-me com o ômega filho do futuro ex regente — suspirei por achar que seria algo complicado e horrendo, mas era só o alfa querendo marcar o ex alfa lúpus que agora estava amaldiçoado.
— Se ele estiver de acordo não vejo porque não, comece a cortejá-lo e assim que eu estiver sob o poder, será a primeira coisa que farei, seu casamento será em meio a três matilhas — a minha promessa foi selada com um aperto de mão novamente e ele pareceu bastante satisfeito com a minha palavra.
Hoseok pareceu achar estranho o seu pedido pois eu conhecia seu rosto e todas as suas feições, mas ele não disse nada. Permaneceu ao meu lado até que o alfa fosse embora, e quando Yuri apareceu novamente para encaminhá-lo até a fronteira, foi que ouvi meu fiel companheiro soltar o ar, ele parecia mais tranquilo, mas não tão certo do que falei.
— Não podes prometer casamento assim, Jungkook, não conheces o ômega, não sabes como funciona sua maldição, ele era um alfa lúpus, tu achas que ele se casará com um alfa? — ao fim de sua pergunta o olhei fixamente o vendo no mesmo instante abaixar a cabeça.
— O que queres dizer com isso? Meus pais eram alfas, tens algum problema com isso Hoseok? — dei dois passos à frente a fim de deixar minha presença ainda mais forte, e ele engoliu a seco, seu coração bombeava sangue rápido demais e eu sabia que ele tinha errado sem querer.
— Não foi isso que quis dizer e tu sabes, estou dizendo que não conheces ele e como está lidando com isso, não saberia lidar se fosse eu, como eu poderia ser um ômega? Meu lobo seria retirado de mim e morto, entendes isso? É complicado, Jeon.
Ele estava certo.
Mas eu precisava pensar como um líder, não poderia me preocupar com casamentos agora sendo que a minha maior preocupação era o inverno e a invasão. Quem quisesse se casar após isso poderia fazer o que quiser, eu não iria me meter em algo que não era de minha conta.
— Deixei claro que era apenas se o ômega quisesse, ele não irá ficar muito feliz comigo depois que seu pai for morto e eu não irei me meter, a não ser que ele não queira, fique tranquilo Hoseok, eu continuo o mesmo. — minha explicação pareceu o deixar mais tranquilo visto que ele me olhou mantendo um sorriso pequeno, ele não costumava me confrontar e sempre se mantinha calmo, o que me deixava calmo também e era por isso que estávamos juntos a tanto tempo.
— Agora que nos resolvemos, quero que fique para o treino e mostre como se faz, depois vamos comer alguma coisa, temos sessenta dias pela frente e precisamos deixar tudo preparado para tomar o que é seu.
Sua mão apertou o meu ombro e eu confirmei que ficaria para ajudá-lo, não tinha dúvidas de que nós venceríamos, mas o que Agnes me contou ainda deixava o meu lobo acanhado. Segundo ela, iríamos enfrentar uma batalha um dia e precisaríamos da ajuda do Apollo, eu não sabia quem era, onde estava, e quando ele viria me encontrar, mas eu sabia que juntos com os lobos do Sul chegaríamos a ter alguma chance.
Talvez após tomar o nosso novo lar ela voltasse a falar comigo em meio a floresta para me dar respostas, mas enquanto não acontecia, eu iria ajudar o meu povo no que fosse necessário, a vingança era um prato que se comia frio, mas eu iria fazer essa luta ferver rente os meus dedos e a minha nação.
Dois meses depois..
Continua.
🐺
Por deeeee próximo capítulo é a invasão, o que acharam????
Eu estou ansiosa demais sério pqp vem ai o encontro e o bônus da Agnes já está sendo escrito aaaaaaa
Ainda continuo insegura com a minha escrita, se estiverem gostando ou não também me avisem tá? Fico feliz com comentários e votinhos.
Dessa vez não teve betagem pq minhas aulas começam amanhã, mas se acharem errinhos por favor fiquem a vontade para me avisar, agradeço muito.
Muito obrigado pelo os 3k, agradeço a assistência aqui e no twitter, de verdade mesmo, se puderem indicar para um amigo ficarei grata muito mesmo
Agora estou indo, prometo voltar em breve
Amo vocês
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