🦊 Chapter Twenty-Five 🐺
Capítulo sem betagem
Se encontrarem erros, podem
me avisar, tá? obg por estarem aqui <3
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Mas hoje dou valor de verdade
Pra minha saúde, pra minha liberdade
Que bom te encontrar nesta cidade
Esse brilho intenso me lembra você
Histórias, nossas histórias
Dias de luta, dias de glória.
J I M I N
2 dias para a invasão
A trilha rumo à Ilha dos Deuses era tranquila, sem motivos para receios.
A superfície da água estava tranquila, e o dia se apresentava ideal para a navegação, com tudo parecendo estar em harmonia.
Ademais, furtamos discretamente um dos iates de Jungkook com o intuito de pôr fim a uma guerra que estava prestes a se resolver, e é provável que ele fique aterrorizado ao descobrir.
Contanto que eu cuide da sua segurança, está tudo certo; ele pode se comportar da maneira que desejar.
Durante a jornada, Taehyung expressava seu descontentamento com o Moros, considerando-o bastante irritante. Isso se agravava pelo fato de ele ter solicitado que transportássemos dois ômegas até a ilha Apollo, sendo que a única pessoa em que tínhamos total confiança era Seokjin. Passamos horas debatendo sobre em quem deveríamos confiar. Contudo, Taehyung decidiu chamar Baekhyun, o ômega que havia sido resgatado de uma daquelas regiões sujas e perigosas. Ele aceitou sem hesitar e agora estava ao nosso lado em uma aventura cujos resultados nos deixavam apreensivos.
Pouco adiante, depois de longos minutos, nos deparamos novamente com a ilha da mesma forma como a deixamos. As árvores se moviam suavemente, e a expressão de Baek era de pura incredulidade ao ver aquele pequeno pedaço de terra surgir de maneira tão misteriosa diante de nós. Seokjin, sem hesitar, desceu primeiro e começou a observar a paisagem quase intocada. Era tão bela que, de repente, uma sensação de alegria tomou conta de nós por estarmos ali. Tudo parecia puro, claro e extremamente acolhedor, e eu me senti em casa, como em todas as outras vezes que pisei naquele lugar.
Claramente, a alegria se dissipou assim que Ares surgiu, com os braços cruzados, nos observando a certa distância.
— Eu mereço — Taehyung fez uma expressão de desdém.
— E eu mereço ter um filho ômega com dois alfas? — Ares gritou de longe e Eros soltou uma risadinha quase infantil. — Ora, seu! Tens noção do quanto estou falado por todos os lugares? És realmente um sem noção mesmo.
— Quando pegava todos os ômegas do universo inteiro ninguém falava nada, não é? — o ômega caminhou em passos lentos pela areia e observou a grandeza da ilha por breves segundos — Ah, eu realmente estava com saudades desse lugar. Da última vez que vim aqui, não me lembrava do quão acolhedor e prazeroso era esse ambiente.
— Hum — Ares se aproximou, nos vendo descer da embarcação. — Estão fazendo o quê aqui?
— Queremos conversar — ditei ajudando Baek a descer. — E é urgente, será que pode chamar Hefesto? — deixei um sorrisinho escapar e ele franziu o cenho.
— É sobre a matança que pretendes fazer?
— É sobre o que tu podes fazer para evitar a matança — Taehyung respondeu cruzando os braços igual ao pai fazia.
— E quem disse que quero evitar? — o Deus sorriu pequeno e virou-se de costas para caminhar até o centro da ilha. — Estou deixando Apollo decidir o que fazer, não irei interromper sua decisão.
— É, mas existirá consequências — Hefesto apareceu de repente, e arrancou um gritinho de Baek que quase caiu pelo susto. — Perdão, pequeno, não o vi. — o Deus sorriu.
— Oh — o ômega engoliu a seco. — Está tudo bem.
— Sim, a consequência é que irão me punir, já estou sabendo disso — revelei. — Porém, não quero irritar ninguém, quero apenas meus ômegas a salvo. Não tenho interesse em iniciar uma guerra com os outros Deuses — caminhei em passos rápidos acompanhando os outros. — Deixem-me apenas dar uma ideia para que ajudem, assim, estará tudo bem.
— Não, não estará — Ares retrucou sabendo bem o que iria acontecer. — Tu matarás todos os alfas e betas porque não poderá deixá-los viver, sabe bem que eles podem matar ômegas novamente, e tudo se iniciaria de novo.
— Então mudem a natureza deles, digo, apenas a parte ruim — bufei frustrado. — Ou então, apenas resolvam. Eu preciso tirar todos de lá, e se não conseguir por bem, será então da forma que eu achar melhor.
— Dissestes que já estava sabendo do plano de punição — Hefesto se sentou em uma pequena rocha e cruzou as pernas. — Diga-me, quem te contou?
— Moros — dei os ombros mesmo sabendo que era para ter revelado apenas em último caso. — Ele está do nosso lado, então, o destino estará presente. A questão é que eu acho injusto a falta de interesse de ambos em relação a algo tão grave, como podem ver tudo aquilo acontecer com os ômegas sem ao menos sentir um pingo de remorso?
— Apollo, quem permite que isso aconteça é o próprio destino — Hefesto argumentou.
— Não, não é — Taehyung rebateu. — Eles só fazem isso porque estão completamente viciados em poder, luxúria, um pecado tão grande que me dá náuseas. Isso tudo porque o criador deles não ligam para o que fazem ou deixam de fazer, senão, todos os alfas seriam iguais, e felizmente meus maridos são perfeitos.
— Maridos, como pode usar essa palavra no plural? — seu pai revirou os olhos.
— Acha um absurdo que eu tenha dois maridos, mas acha sensato ômegas escravizados? — o ômega deu dois passos para frente e encarou o pai. — Que tipo de monstro se denomina, Ares?
Ares e Taehyung se encararam por um tempo, o silêncio era extremamente desconfortável, e Hefesto parecia se divertir com aquela luta pelo poder. A questão, é que Eros tinha o amor todinho do mundo dentro de si, isso o tornava mais forte, Ares era pura guerra.
— Se viestes até aqui é porque tens um plano, Apollo — acabando com o clima, Hefesto ficou de pé. — Revele-o.
— Moros me pediu para trazer dois ômegas, acredito eu que ele gostaria que tu e Ares dessem uma parcela de poder para eles, assim, poderão participar da luta e nos ajudar a salvar os ômegas. No entanto, isso só resolve uma parcela do problema. Conseguiríamos tirar todos de lá, mas os alfas e betas continuariam os mesmos.
— Dar poder de um Deus a um ômega? — Ares gargalhou alto, tão alto que parecia um trovão. — Está brincando? — seus olhos se tornaram lilás. — Porque ele próprio não faz isso? Como ousa querer dar poder a um ser irracional?
— Tu é o único irracional aqui — Eros fechou as mãos em punho. — Entenda, não estamos suplicando.
— Estamos sim — falei repentinamente, e Eros me olhou assustado. — Precisamos de ajuda, não estamos aqui para brigar ou ficar discutindo sobre algo que está prestes a acontecer, apenas estamos pedindo ajuda. Por favor, nos ajudem.
Seokjin e Baek se assustaram após a revelação do poder, mas resolveram ficar em silêncio porque em uma batalha contra os Deuses eles não venceriam, isso era óbvio. Mas aquilo fez ambos sentirem um frio da barriga, eles de fato iriam participar da batalha? Não deixava de ser extremamente assustador.
— Apollo, é tão importante assim para ti? — Hefesto cruzou os braços. — Diga-me, o que ganhas com isso? Sei que tens piedade e empatia pela situação deles, sente a dor de todos eles, mas me refiro a ganho pessoal.
— Eu não sou o Ares que só ajuda esperando algo em troca — o respondi duramente. — Eu quero apenas viver em paz ao lado do meu marido, da minha família, como ômega ou alfa, como um lobo ou um Deus, apenas quero amar e pertencer a esse lugar. Porém, não consigo dormir direito sabendo que tem inocentes chorando, tremendo de frio, com fome, com sede. Há meses eu vou ao banheiro durante a madrugada colocar tudo para fora que comi o dia inteiro, porque não me sinto digno de comer, vestir, de sequer andar livre perante minha alcateia. Eles estão sozinhos, será que não vê? — deixei uma lágrima escapar e vi os olhos de Hefesto se encherem de água. Finalmente algum sentimento afinal. — Então, se for necessário implorar, está tudo bem pra mim — fiquei de joelhos na areia, e Ares se assustou dando um passo para trás. — Por favor, me ajudem. Por favor, só por favor sintam algo em relação ao meu povo, os meus ômegas estão sofrendo!
— Jimin.. — Eros chamou, sua voz parecia quebrada.
— Sinto sua dor a quilômetros de distância — ao longe, com uma voz completamente acalentadora, estava Ártemis, minha irmã gêmea. Suas vestes eram azuis, um vestido de tecido fino que balançava com o vento. Em sua cintura existia uma espécie de cinto de ouro, destrancando ainda mais a sua pureza — Não precisa suplicar ao Ares, eu mesma vou ceder metade dos meus poderes a quem quer que tu queiras. Os ômegas são sua responsabilidade, meu irmão, mas a compaixão, a empatia, o amor pela nossa criação é dever de todos. Se Ares se sente superior por cuidar de um bando de alfas que está matando essa gente apenas por diversão, nós já sabemos de onde vem tanto ódio. Venha, levante-se — com todo carinho a Deusa se aproximou e rodeou os braços ao redor de meus ombros para me levantar. — Sei que fazes isso por amor, mas não se deixe cair dessa maneira. Tu és extremamente forte, ninguém é capaz de te vencer em uma batalha, então nunca mais se ajoelhe perante outro Deus. Se quiser iniciar uma guerra contra eles, terá meu apoio, mas não se mostre fraco dessa forma, és forte, meu irmão. Lute pelo seu amor, mas não se humilhe perante a guerra.
O cheiro de rosas circulou pelo local e eu respirei mais tranquilo sabendo que era a maneira dela de me acalmar perante tal situação. Olhei para Ares e ele revirou os olhos, então ali eu soube que nunca tive verdadeiras chances para obter a ajuda deles, uma pena, pois eu não teria mais escolhas.
— Bom, agora que essa aí se meteu, não precisas mais de nossa ajuda — Ares deu os ombros. — Por favor, faça como quiser.
— Para quem devo dar os meus poderes, Apollo? — Hefesto ficou de pé e se aproximou de mim. — Meus betas estão envolvidos, e não quero que continue dessa maneira, irei te ajudar — sua mão apertou o meu ombro, e eu sorri em resposta.
— Estás maluco? — Ares fez o vento ficar mais forte, balançando as árvores de forma ameaçadora conforme ouvia-se ao longe trovões extremamente altos indicando que uma tempestade se aproximava. — Eu sou o Deus da guerra! — o Deus exclamou completamente tomado pela raiva.
— E não quer ajudar? — Eros sorriu. — Não passa de uma piada.
Ares negou com a cabeça parecendo incrédulo pela afirmação do filho, e notou que Ártemis tocava com carinho no ombro de Seokjin enquanto Hefesto tocava em Baek fazendo aquilo que ele não havia concordado em fazer.
— Isto é ridículo! — Ares fez o chão tremer e um raio enorme cortou o céu. — Vários alfas irão morrer, porque se importar com esse povo tão irracional!?
— Por mim — Eros disse por fim, deixando seus ombros caírem conforme olhava tristemente para seu pai. — Estou cansado de brigar, está me forçando a continuar com isso, porquê?
— Eros.. — o Deus da guerra engoliu a seco.
— Eu sou o amor, Ares — ele sorriu triste. — Sempre fiz com que esse sentimento fluísse perante todos, e até perante a ti mesmo durante um bom tempo. A terra precisa de paz como nunca precisou antes, não tem como viver neste mundo com toda injustiça, mortes, escravidão, não tem como existir amor aqui.
Ares o observou, sentindo seu próprio coração bater rápido.
— Não posso existir em um lugar onde o amor não existe, onde a arte não é bem cuidada, onde a paixão não consome os corações de quem me busca. Sabes bem que minhas flechas de chumbo causam ódio, repulsa e aversão, jamais atingi ninguém após entender que esse lugar já está passando por guerras demais. Guerras essas que tu, como Deus, poderia abrandar. Minhas flechas de ouro eu escondi a fim de usar em todos os seus alfas, mas acho que isso seria um favor pra ti, então não farei. Deixarei que prove que ainda é meu pai, apesar de todas as nossas batalhas que foram muitas.
Observamos de longe a conversa que Ares e Eros estavam quietos pois não era hora de se meter. Sentíamos a tensão no ar e tínhamos a certeza de que talvez fosse exatamente aquilo que precisávamos para enfim conseguirmos a sua cooperação, talvez fosse aquilo que Moros se referia.
O destino sempre tinha razão.
— Sabes que essa guerra é algo que vai além dos nossos poderes, não é? — Ares questionou ao filho. — Sabes bem que não posso fazer nada!
— Só tu podes fazer, não me venhas com mentiras — Eros gritou, deixando seu peito transbordar todo aquele sentimento de impotência. — Podes colocar no coração deles, implantar o amor novamente, fazer com que enxerguem que aquilo é errado. Tem várias formas de fazer isso funcionar!
— Jin.. — sussurrei quando notei que ambos os ômegas estavam inconscientes. — Eles vão ficar bem, não é?
— Claro — Hefesto deu os ombros ainda encarando a conversa em nossa frente. — Quando acordarem serão uma espécie de semideuses, é algo sem precedente, então, cuidado.
— Eu os ajudarei — observei Baek também desacordado, parecia bem mais corado e gordo do que o dia em que o resgatamos. — Tem algo que precisamos saber sobre os poderes?
— Sim — o Deus dos betas suspirou. — Pegarei de volta assim que a guerra se findar. Eles possuirão o poder de cura, conseguirão trazer almas de volta e o nível de força será bastante alto. Só basta ter cuidado, e ensiná-los antes da batalha a controlar todo esse poder. Eles podem fazer uma catástrofe, então, use as últimas horas que restam antes da invasão para que possam impor limites, ou irão se autodestruir.
Concordei silenciosamente e observei a batalha onde Eros e Ares permaneciam. O Deus da guerra nunca foi de dialogar, e estar quebrando a cabeça com o filho, mostrava que aparentemente, mesmo que pouco, ele se importava.
— Não entendo o que fazes nesse meio, nunca fostes de se importar com a nossa criação — Ares olhava no fundo dos olhos do filho ômega. — Diga que isso não tem nada a ver com a Psiquê.
— Tem a ver com os meus alfas, com os ômegas que sofrem, com a família que quero criar nesse mundo, com o amor, nosso tempo, nosso universo, não é só sobre mim!
— Estás me pedindo para destruir uma nação de alfas! — o Deus da guerra gritou.
— Estou pedindo para salvá-los — o ômega rebateu. — Salvá-los deles mesmos, e de mim.
Ares fechou os olhos e os apertou, parecia frustrado.
Taehyung por sua vez, revirou os olhos pois sabia que estava perdendo tempo.
— Olha — o ômega começou. — Se não quiser ajudar, está tudo bem. Só não atrapalhe e não se meta depois que eu começar, pois não irei parar até ter uma terra limpa e confiável e sabes disso.
Ártemis, que observava atentamente, sorriu ao avistar a conversa. Ela sabia bem que se existia alguém que poderia quebrar o Deus da guerra, esse seria o Deus do amor.
— Faça o que bem entender, só.. — Ares parecia atordoado. — Me deixe fora disso.
Eros revirou os olhos e caminhou em passos firmes até de volta a embarcação, deixando-nos todos para trás devido a sua ira e chateação perante o pai e suas decisões. Era mais comum do que parecia, afinal, eles nunca se deram bem mesmo. Mas apesar disso, sinto que dessa vez ele esperava apoio daquele que lhe tanto devia compreensão.
— Vem, te ajudo a levar os ômegas para o barco — Hefesto se dirigiu a Seokjin e o colocou no colo com facilidade, o levantando do chão apenas com uma mão. — Pegue o outro e venha, Jimin, não é muito bom estar aqui com esse desequilibrado, principalmente após uma briga com o filho. É certo que essa ilha tremerá em breve.
Suspirei fundo e levantei Baek para que saíssemos logo dali. Tinha esperanças de que Ares atendesse o nosso pedido, afinal, Moros nos pediu para estar ali e era difícil pensar que o destino tinha de fato cometido um erro. Então, talvez o tempo desse um jeito e sua opinião mudasse dentro do tempo que nos restava, ou então, de fato existiria um mundo livre de muitos alfas em poucas horas.
Acabamos colocando os ômegas deitados na embarcação, e eles seguiam desacordados.
Hefesto se afastou e prometeu conversar com Ares quando a sua pequena paciência se mostrasse novamente, e Eros nem sequer deu sinal de contentamento. Acredito que ele tinha coisas demais para falar, mas a guerra sempre acharia o amor mais fraco, então ele resolveu se calar para mostrar a ele mesmo o quão forte poderia ser.
Saímos rapidamente da ilha e ficamos longos minutos em silêncio até chegarmos na fronteira de nossas terras. Taehyung parecia pensativo, perdido em meio aos próprios devaneios, nem sequer notou que na entrada do Norte, estava Hoseok e Yoongi de braços cruzados parecendo de fato bem chateados.
Ao lado deles estava Jeon, com as mãos dentro dos bolsos de seu casaco, os olhos presos nos meus e o dente mordendo o lábio inferior. Eu sabia que ele queria me matar, sentia seu lobo possesso de raiva, o que de fato não era novidade alguma.
— Taehyung.. — eu chamei baixinho quando paramos em nossas terras. — Eu acho que tu tens dois problemas.
O ômega olhou para trás e sorriu quando viu os maridos com aquela presença esmagadora esperando por si.
— São uns gostosos, não são? — ele mordeu o lábio e soltou um beijo para eles, que negaram em conjunto como se não aceitassem o carinho. — Estão com raiva.. — ele constatou e me olhou. — Eu sei como resolver isso, só preciso de algumas horas.
— Cala a boca — gargalhei indo em direção aos ômegas. — Temos trabalho a fazer, não é hora de ficar em cima de dois alfas, Taehyung.
— Quando essa guerra acabar, eu não sairei de dentro da minha tenda por duas luas — ele revirou os olhos e veio me ajudar a levar os ômegas para a terra firme. — Não me procurem, e quem precisar de ajuda, que desprecise. Estou farto dessa guerra, preciso de um tempo com meus maridos e não tenho.
— Achas que tenho? — o olhei e ele bufou frustrado. — Vamos, também estou na esperança de acabarmos logo com isso.
— Eu pego o Seokjin — Eros segurou o ômega com força e colocou-o por cima do ombro. — Menos chance de Hoseok querer me matar.
Sorri com sua fala e levantei Baek para que pudéssemos sair.
Ao colocar os pés na areia, Jungkook veio em minha direção parecendo preocupado. Ele estava tão ocupado com a matilha e o treinamento, que eu não encontrei oportunidade para contar-lhe sobre o sonho com Moros, o que lhe deixava sem saber o que estava acontecendo.
Ele parou de frente a mim e farejou, provavelmente procurando por sangue ou resquícios de luta. Ele suspirou forte quando não encontrou nada, e olhou para o ômega que estava desacordado em meu ombro.
— Posso saber o que está acontecendo? — ele cruzou os braços, parecia de fato um líder.
— Seokjin e Baek receberam poderes de Artemis e Hefesto para nos ajudar durante a luta — entreguei o ômega em seus braços e ele o segurou fortemente, voltando a atenção para mim. — Estão desacordados porque é o que ocorre quando recebemos uma grande parcela de poder, quando acordarem, precisarão de algumas horas de treinamento para aprenderem a se controlar. Logo após, estaremos prontos.
— Jimin, esse poder pode matá-los? — ele apertou os olhos parecendo desconfiado.
— Bom, iremos treiná-los — sorri para parecer mais certo. — Não irá matá-los, porém precisamos mesmo ensiná-los.
— E o Namjoon, marido de Seokjin, está sabendo disso? — sua voz era tão ameaçadora que todos os pelos do meu corpo ficaram eriçados.
— Bom, eu não sei se ele chegou a comentar antes de sair… — olhei para Taehyung, e ele não parecia ter uma conversa mais fácil. — Mas ele só descobriu na ilha que iria receber os poderes, então..
— Apollo — o olhei assustado pela forma que ele me chamou. — Eu sei que tu és um Deus, que sabe de todas as coisas, que toma decisões para salvar o teu povo, e que nos ama acima de tudo e todos — ele pontuou e respirou fundo, parecendo tentar se acalmar. — Mas essas decisões precisam ser tomadas em conjunto. Principalmente quando se é casado com alguém. Tem noção de como Namjoon ficará quando souber que tu escondeu isso de Seokjin e o levou para receber poderes, que ele ainda terá que aprender a controlar? Amor, eu não posso te proteger da fúria dele, porque ele estará na razão. Tu pensas em todos, eu sei, mas ele pensará apenas no ômega dele. Me colocas em uma posição difícil, porque eu sei que tu consegues se defender de qualquer coisa, mas eu vou acabar discutindo com Namjoon para ficar ao teu lado.
— Eu.. — mordi o lábio sentindo a preocupação me atingir.
— Eu sei — ele rosnou baixinho. — Sou teu alfa, sei que tu tens mania de fazer as coisas sem perguntar a ninguém, possivelmente é o teu lado alfa ainda, ou até mesmo o fato de ser um Deus, mas se fizestes isso no meio da batalha, poderemos perder muitos dos nossos. Precisa aprender a trabalhar em equipe, Park Jimin, e isso é uma ordem.
— Me desculpe — senti meu coração bater rápido por saber que ele estava certo. — Prometo que não farei isso novamente, e pode deixar que falo com Namjoon.
— Não, eu conversarei com ele quando chegarmos — ele decidiu. — E tu, tem mais alguma coisa que preciso saber?
— Moros pediu para que eu levasse dois ômegas de confiança até a ilha — suspirei um pouco frustrado. — Apenas isso, como Taehyung estava comigo e tu estavas ocupado, então…
— Nunca estou ocupado quando o assunto é o meu marido, sabes bem disso — ele retrucou. — Vamos, temos muita coisa para fazer ainda. Cuide deles quando chegarmos, e eu irei conversar com Namjoon e cuidar das bruxas.
— Tudo bem, só.. — observei seus olhos atentos a mim. — Me desculpe, eu só pensei em agir.
— Tudo bem — o alfa fechou os olhos momentaneamente. — Só fiquei preocupado.
Dando os ombros, ele se virou para que pudéssemos caminhar de volta ao povoado. Taehyung nos seguiu junto ao Yoongi que agora carregava Seokjin, e Hoseok que se pôs ao seu lado como o grande escudo que era. Ele estava sério, provavelmente tinha tido a mesma conversa, então o silêncio foi desconfortável, mas não havia explicação e sabíamos disso. Precisávamos urgentemente trabalhar essa coisa de falar antes de tomar decisões.
J U N G K O O K
Ao chegar na matilha, todos estavam se preparando da maneira que lhes foi ordenado. Os ômegas preparavam medicações juntos aos curandeiros das aldeias, os betas criavam armas pontiagudas de madeira e os alfas permaneceram treinando para aumentar nossas chances diante do que iríamos encontrar nas cidades vizinhas.
Namjoon estava à frente dos alfas como havia lhe pedido para fazer, mas foi só entrar em seu campo de visão, que ele pôde notar Seokjin no colo de Yoongi e seu semblante mudou no mesmo instante.
Seus passos eram largos, e ele parecia farejar assim como eu havia feito mais cedo. Mas não encontrou nada, e ele foi logo dando os braços para receber o ômega quando parou de frente ao alfa de Taehyung.
— Me dê — ele ordenou quando puxou o ômega para seus braços com carinho. — O que aconteceu? Ele está bem? Não senti nada, ele está machucado?
— Ele está bem — o respondi e ele me olhou confuso. — Precisamos conversar, mas ele não está machucado. Leve-o até sua cabana e o deixe lá, Taehyung ficará com ele até segunda ordem. Colocarei Baek na minha tenda e Jimin ficará de olho, nos encontramos aqui em poucos minutos.
— Certo — ele não contestou.
O alfa seguiu para a tenda e fiz o mesmo carregando Baek pelo centro do povoado. Sentia os olhares dos ômegas confusos diante da cena, mas sabia que apesar da maneira errada que aquilo começou, seria de grande ajuda quando acordassem.
Jimin não falou nada, apenas adentrou em nossa casa e se sentou a fim de esperar o ômega despertar. Dei uma última olhada nele, e de fato parecia arrependido, o que era bom, sabia que ele queria fazer a coisa certa, mas já estava na hora de contar seus planos visto que não estava sozinho nessa.
Sussurrei um “volto em breve” e sai da tenda pois sabia que Namjoon teria diversas perguntas. Não queria que ele ficasse chateado com Jimin, então faria o meu melhor para explicar o ocorrido.
— Está puto, é? — Jaebeom surgiu ao meu lado e caminhou me seguindo como se estivesse curioso diante do cenário recente. — Ouvi dizer que tu estavas carregando um ômega no colo, matando um dos nossos, Jungkook? Tu é terrivelmente selvagem de verdade.
— Não matei ninguém — revirei os olhos. — Vá perguntar a Jimin que ele te conta o que aconteceu.
— Não quero — ele deu os ombros. — Estou perguntando ao meu líder, bora, me conte logo.
— Seokjin e Baek receberam poderes do divino — observei a aldeia em busca de Namjoon. — Agora, saia. Vá fofocar com Jimin, preciso resolver algumas coisas.
— Tu também não serve nem pra contar uma fofoca — o beta resmungou baixinho. — E porque que eu não fui escolhido para ter poderes? Eu acho isso um absurdo, mas tudo bem, né? Eu sou só um beta mesmo. Sem poderes. Sem destino.
— Youngjae! — chamei quando vi o alfa passando próximo ao vilarejo. — Pega teu beta e leva daqui antes que eu o mate — rosnei alto e Jaebeom abriu a boca assustado, parando de supetão.
— Mas é um ogro mesmo — ele bateu o pé com força no chão. — Tomara que tu-
— Jae! — o alfa dele o parou rapidamente ao seu lado, com um semblante totalmente assustado. — Não faça isso, pelos céus!
Não entendi o motivo de tal surto, mas não tinha tempo para questionar. Ainda tínhamos que ver a questão dos bruxos, de como estavam se preparando, principalmente agora com a Agnes seguindo-os e os ajudando. Fora as notícias que viriam das quatros cidades com o infiltrado, qualquer informação seria de grande ajuda, precisaríamos de todo o apoio possível para liberar aqueles que tanto sofriam.
Parei de frente ao casebre do Namjoon, e ele não demorou ao sentir minha presença. Seus olhos confusos fitaram os meus assim que ele saiu, e eu tive a certeza de que Taehyung já tinha contado grande parte do que de fato aconteceu.
— Sinto muito — disse-lhes assim que o notei tão desnorteado. — Eu não sabia que isso iria acontecer, mas Jimin me contou que foi um pedido do próprio Deus do destino. Aparentemente ele os pediu dois ômegas confiáveis, de imediato ele soube que o Jin seria um deles.
— Eu não queria o meu ômega no meio disso tudo, Jungkook — ele rosnou ainda um pouco desconexo. — Mesmo com poderes, o que me garante que ele não vai se machucar? Grandes poderes pedem uma grande responsabilidade, e ele não sabe de absolutamente nada sobre o quão letal pode ser.
— Ele vai aprender, acredite em mim — segurei em seus ombros lhe passando total confiança. — Seokjin é o ômega mais forte que eu conheço, sabes disso, ele pode ser pior que o Jimin.
— Ele.. — sua voz vacilou um pouco. — Ele já se machucou demais em batalhas, não quero que ele se machuque de novo.
— Eu não permitirei dessa vez — o prometi. — Ele é tão importante para ti, como também é para mim. Não iremos permitir que nada aconteça, está bem? Posso colocá-lo junto contigo na invasão, mas apenas se prometer que cuidará de si mesmo, e que prestará atenção durante toda a luta. Tenho medo que fique tão preocupado com ele, que perca o foco.
— Quero ficar com ele — Namjoon engoliu a seco. — Não suporto a ideia de que ele esteja em outra cidade, preciso dele ao meu lado.
— Tudo bem — suspirei um pouco aliviado. — Mas as próximas horas serão importantes para que ele aprenda tudo sobre seus poderes, certo? Taehyung ficará com ele até que tenha a certeza de que está tudo certo. Assim que a batalha se findar, os poderes voltarão para os antigos donos.
— Bom — ele buscou as minhas mãos. — Deixe alguém encarregado de cuidar de Baek durante a luta, certo? Não podemos deixá-lo sozinho em meio a isso tudo.
— Chanyeol ficará feliz em acompanhá-lo, pode ficar tranquilo — o puxei para um abraço. — Por favor, não fique chateado com o Jimin. Eu fiquei.
— Não ficarei — ele me apertou mais forte. — Nunca tive dúvidas que ele só está tentando ajudar de todas as maneiras. Queria que tivessem me contado para que eu não tivesse esse susto, mas se estás me dizendo que ficará tudo bem, eu acredito.
Sorri em meio ao seu abraço e fiquei quieto sentindo o coração dele bater desgovernado pelo medo. Estar dentro do abraço daquele alfa, curava feridas que eu nem imaginava que ainda existiam. Era puro cuidado, e eu sabia disso.
— O que fará agora? — ele me soltou devagar. — Verá a Agnes e os outros?
— Sim, vou chamar Jaebeom para ir comigo — olhei ao redor procurando aquele beta irritante. — Deixe com Taehyung o trabalho de cuidar de Seokjin e vá até Youngjae e Yoongi, eles estão treinando os alfas. Verifique também se Hoseok já finalizou as armas que iremos utilizar.
— Tudo bem, não podemos parar agora — ele assentiu. — Lembre-se de verificar Eubin.
— Espero que ela tenha morrido — sorri e me virei o deixando chocado sozinho.
[...]
O caminho dentro da floresta foi rápido, os bruxos se reuniram bem perto da matilha para que pudessem transitar livremente pelo povoado.
Dentro da mata existia um círculo enorme criado por eles, onde pedras marcavam alguns pontos, deixando tudo esteticamente muito formoso. Caldeirões, velas, frutas e morcegos também faziam parte da estética, a maioria deles possuíam íris vermelhas, algo assustador se querem saber.
— Tenho é medo deles me cozinharem vivo — Jaebeom quase pulou quando viu a água esverdeada de um caldeirão pular dentro do grande recipiente negro, ele se agarrou em mim e eu o empurrei, fazendo-o chamar um palavrão feio durante a nossa passagem. — Odeio bruxaria! Nunca sei o que esperar desse povo, tá repreendido.
— Pois saiba que adoramos a sua presença — Magnus, um dos bruxos, falou quando parou em nossa frente de braços cruzados.
— Oh — Jaebeom sorriu sem graça. — Todos gostam de mim, de fato, é complicado ser popular.
— Por isso que se escondes dentro desta casca? — o bruxo o olhou de cima a baixo. — Deve ser difícil fingir durante todo esse tempo que és um ser tão fraco assim.
— O que? — o olhei rapidamente e voltei a atenção ao bruxo que carregava um sorriso. — O que quer dizer com isso?
— Quer dizer que todo bruxo é louco como eu mesmo já tinha pensado! — Jaebeom gritou, o olhando de forma inexplicável. — Cuidado, Magnus, meu líder pode entender errado e eu posso resolver isso de forma rápida.
— Eu não estou entendendo nada, alguém pode explicar? — encarei os dois enquanto travavam uma batalha em silêncio. Pareciam conversar pelo olhar, apesar de saber que isso era impossível.
— Não é nada — por fim, o bruxo respondeu. — Não dizer que o mais forte sempre é fantasiado de mais fraco? Pois bem, foi isso que pensei quando vi esse beta.
— Pois saiba que eu sou o mais forte de todos aqui nessa matilha — ele brincou, jogando os cabelos para o lado. — Penso seriamente em tomar o poder do Jeon aí, só porque ele é alfa, acha que pode mais do que eu.
— Esse aí é forte e idiota — respondi o bruxo, que gargalhou com a minha fala.
— Ridículo, alfa ridículo — ouvi o beta resmungar.
— Mas e então, o que vieram fazer por aqui? — Magnus perguntou.
— Queremos saber os seus planos, como está o andamento dos feitiços para a invasão.
— Bom — ele caminhou até o meio do círculo, e o seguimos até o ponto de poder. — Criaremos uma grande barreira assim que todos estiverem dentro das quatro cidades. Essa barreira vai impedir que qualquer um tente fugir, até que tudo esteja acabado. Precisaremos de no mínimo cinco bruxos dentro de cada cidade para que levantem o bloqueio, assim eles participarão ativamente da batalha pois não poderão sair. Eles ficarão responsáveis por resgatar nossos familiares que estão presos naquele lugar. Acredito que seja melhor, assim, os lobos poderão focar apenas nos ômegas.
— Pode contar conosco caso precise de ajuda, sabem disso, não é? — minha pergunta o fez sorrir.
— Estamos juntos nessa, Jungkook — ele olhou para Jaebeom. — E que o destino nos ajude.
— Amém — Jaebeom respondeu fazendo uma reverência antiga.
— Ah, que bom que ele chegou — Agnes apareceu e novamente Jaebeom pulou com o susto. — Jungkook, estava te esperando. Precisamos resolver algo antes da invasão.
— Ótimo, o que seria?
— Suas lembranças da vida passada — a bruxa sorriu. — Precisa se lembrar.
— Por qual motivo? — Jaebeom franziu o cenho. — Eles perderam na vida passada.
— Não, o Jimin conseguiu — ela o lembrou. — Só que ele morreu no processo. Isso fez com que eles ganhassem. A questão é que não queremos que isso aconteça novamente, por isso, precisamos que Jungkook se lembre de absolutamente tudo.
— Mas ele não vai sofrer? — o beta refutou. — Vai acabar lembrando do luto, da dor que sentiu, em prol de quê? Não entendo.
— Não precisa entender — Agnes deu os ombros. — Acredite em mim, Jungkook, realmente precisas lembrar.
Olhei para Jaebeom e ele não parecia muito certo daquilo, entretanto, ultimamente tudo possuía uma explicação, era difícil negar alguma coisa sabendo que essa “coisa” poderia mudar tudo durante o resgate.
— Acho melhor conversar com o Jimin antes — falei ainda incerto com o plano que acabara de ouvir. — Ele precisa saber que isso irá acontecer, para só então concordar.
— Não dá tempo, Jeon — Magnus suspirou. — Precisa ser agora, porque tu irá apagar durante algumas horas, e sabes bem que quanto mais cedo ficar de pé, melhor para todos os envolvidos. Afinal, só temos dois dias.
— Isso não muda nada — Jaebeom voltou a rebater. — Não faz sentido trazer as memórias dele de volta, não tem nada lá que ajude.
— Tu não podes afirmar isso — Agnes revirou os olhos. — Ou pode? Se puder, fale agora.
— Não, eu não posso — o beta deu um passo para trás. — Façam o que quiserem, eu mesmo não darei mais minha opinião. Só acho que Jimin deveria saber ao menos, afinal, o primeiro amor dele terá as lembranças de volta.
— Não apenas ele — Agnes explicou. — Quando começarmos, uniremos forças para que Yoongi também se lembre. Assim como Hoseok que está em sua segunda vida, Namjoon e Seokjin também. Queremos que todos se lembrem de como aconteceu a batalha anterior, para só então podermos começar essa atual. Não podemos cometer erros, Jaebeom, precisamos de toda ajuda possível.
Com isso, decidi que faria o certo por todos aqueles que precisavam de fé. Não sabíamos se aquilo de fato mudaria alguma coisa, mas precisaríamos tentar para só então descobrir depois. Com certeza eu iria me arrepender de não ter tentado, então, era melhor me arrepender de tentar.
— Podemos começar? — Sarah apareceu ao lado de Morgana, Janete e Selena. — Será rápido, Jeon, não se preocupe.
As bruxas que acompanhavam Magnus e Agnes se posicionaram ao redor do círculo. Seus olhos estavam lilás, o que lembrava Jimin, e isso me deixava extremamente apreensivo. Jaebeom se afastou para assistir de longe aquilo que aconteceria em poucos instantes, mas acenou dizendo que ficaria ao meu lado até aquilo acabar. Sabíamos que teríamos novas respostas com essas lembranças, mas isso só nos deixava ainda mais aflitos.
Quando as tochas de fogo se acenderam, e o vento forte começou a balançar as árvores, outros bruxos apareceram e começaram a falar línguas estranhas. Ao redor deles conheci Zephyr e Kael, bruxos que perderam seus filhos durante o domínio daqueles alfas desprezíveis. Eles seguravam recipientes com água e flores e de olhos fechados repetiam as palavras que Agnes e Magnus lhe pediam.
— Sit praeteritum te ad praesens — Agnes repetia. — Cor tuum admoneat te de omnibus, quae hic habes.
— Que o seu passado reapareça diante de seus olhos — foi a vez de Magnus — Que suas lembranças sejam devolvidas para que novas escolhas possam ser feitas.
As vozes ficaram mais fortes, novas línguas, novos feitiços, tudo era entoado como um mantra em minha cabeça. Meu corpo tremeu e meu joelho cedeu, me fazendo cair no chão fortemente. Senti minha íris mudar de cor, e meus olhos rolaram. O vento forte que fazia fez o meu corpo cair ao chão, e cada pedaço meu começou a ferver.
Podia sentir o grito entalado na minha garganta, meu lobo se contorcia em agonia e meu peito parecia que ia explodir pelo aperto forte.
Era a dor do luto.
— Não me deixe! — o corpo sem vida de Hajun estava em minhas mãos, enquanto seu rosto era banhado pelas minhas lágrimas. — Não faça isso comigo! Por favor, amor. Não me deixe, eu não vou aguentar. Eu não vou.. eu..
Dor.
— AH! — o grito que dei fez os pássaros voarem pelas árvores. Eu conseguia ver o céu. — AH!
— Agnes! — ouvi Jaebeom gritar. — Pare com isso, vai matá-lo!
Os bruxos continuaram com as palavras que eu não entendia, e minhas mãos buscavam apoio, porém só encontravam folhas secas no chão.
— Lembre dos seus pais, Jeon! — Magnus gritou. — Pense neles, seus pais!
— Arrrg! — minha cabeça rodava, sentia meu corpo inteiro ser pressionado contra o chão.
Dongwon se apegou a força de Afrodite por meses, agradeceu, chorou, ofereceu o seu filho a ela para que a Deusa o cuidasse e nunca o deixasse faltar nada. E quando finalmente Jeon Jungkook nasceu, eles deram uma grande festa no povoado com cabras e bodes que Gihun havia conseguido no castelo a fim de ofertar a Deusa do amor e da fertilidade.
— Ele está lembrando — Agnes sorriu. — Está dando certo!
"Se tu és o escolhido, será agraciado nesta noite de lua sangrenta. Tu, carregará a nossa peça chave, a nossa esperança de que futuramente tudo se torne melhor. Esse filhote que tu irás conceber, terá um papel importante no universo a partir de sua maioridade. Ele terá grandes feitos, e quando chegar a hora certa, seja nesta vida ou nas próximas, será digno de tudo aquilo que almeja. Não o deixarei sozinho nessa caminhada, e nem alguns dos meus, ele se chamará Jungkook, nesta vida e nas outras, e na lua certa ele saberá o porquê disso, e também, o significado de seu nome..”
— Afrodite — o nome da deusa deixou os meus lábios.
Ao fim daquela história que deveria ser a mais bonita de sua vida, vários soldados do rei invadiram a sua cabana a fim de matar aqueles que tanto amava. Jeon Dongwon e Jeon Gihun foram mortos na frente do filho que chorou copiosamente por um ano inteiro. Naquela noite, Gihun antes de morrer, jogou o corpo por cima dele para protegê-lo de qualquer ataque que pudesse sofrer. Foi assim que Jeon Jungkook perdeu os amores de sua vida, e se perguntou todos os dias dali em diante se merecia algo tão cruel daquela magnitude.
— Não! — meu corpo tremeu e meus dedos ficaram gelados.
Ele se despediu de sua vida aos vinte e sete anos com uma dor intensa. Não sabia viver em um mundo onde sua alma gêmea não existisse, então partiu pedindo aos Deuses para que pudesse vê-lo outra vez algum dia.
Afrodite deixou cair uma lágrima de ouro pelo seu rosto bonito conforme olhava a cena lá de cima. Ela sentiu a dor de Jungkook pois também havia amado tão intensamente que seu corpo tremia apenas com aquele pensamento mais uma vez. Ela o entendia, e foi por isso que lavou as mãos quando o alfa chegou a aquela decisão.
Assim sendo, o amor de Hajun e Jungkook estava escrito nas estrelas.
Escrito por Eros que os flechou, por Afrodite que havia previsto tudo antes mesmo de seu filho, por Apolo que o encontrou e o jogou novamente à terra, e por Gihun e Dongwon que assistiam tudo apreensivos e maravilhados ao mesmo tempo.
Afinal, a Deusa que eles tanto honravam havia prometido; "Ambos estarão na próxima vida de Jungkook, para amá-lo e cuidá-lo até o fim de suas quatro vidas.”
— Seokjin e Namjoon — e quando seus nomes saíram dos meus lábios, meus olhos se fecharam.
J I M I N
— Tem algo errado.
Baekhyun estava sendo treinado por mim assim como o meu marido havia ordenado. Já haviam se passado horas desde que o vi pela última vez, e só então no início da noite foi que senti uma pontada forte em meu peito.
— Estás bem? — o ômega me segurou antes que eu caísse ao chão e me colocou sentado em cima do colchão com toda delicadeza. — Jimin, quer que eu chame alguém? O que está conhecendo?
— Não sei — respirei fundo e senti o lobo de Jungkook inquieto como se estivesse machucado. — Meu marido, onde está Jeon?
— Não sei, quer que eu vá procurá-lo? — o ômega parecia tão apreensivo quanto eu, mas a sensação era desesperadora. Meu lobo não sabia o que estava acontecendo, mas sentia que Jungkook estava machucado, tão machucado e acanhado que me dava calafrios.
— Eu não sei — fechei os olhos e me concentrei para encontrá-lo. — Posso achá-lo, me dê apenas um momento.
— Não precisa — Taehyung apareceu com Seokjin desacordado no colo, e o deitou do meu lado com um semblante preocupado. — Aconteceu o mesmo com Namjoon, Yoongi e Hoseok. Acho que as bruxas têm algo a ver com isso. Senti a agonia dos dois e fui correndo atrás deles, quando cheguei lá estavam apagados. Deixei ambos em casa, e quando voltei.. ele estava assim. Namjoon está na tenda de Youngjae agora, acreditamos que foi o que aconteceu com Jungkook.
— As lembranças.. — sussurrei baixinho. — Será que-
— Foi exatamente isso que aconteceu — Taehyung confirmou. — Quando Yoongi acordar, ele será o seu irmão. Quando Seokjin e Namjoon acordarem…
— Os pais de Jungkook — engoli a seco.
— E Hoseok? — Baek questionou um pouco perdido. — Eles estão lembrando da vida passada, não é?
— Sim, mas sobre Hoseok não sabemos nada — encolhi os ombros. — Iremos descobrir, só.. não entendo o motivo da Agnes ter feito isso agora.
— Com certeza tem alguma explicação — Eros sentou ao meu lado. — O que faremos agora?
— Baek já está pronto — vi o ômega sorrir. — Ele é tranquilo, então foi fácil ensiná-lo. Como está Seokjin?
— Aprendeu bastante coisa, mas não acho que tenha sido o suficiente. Agora com esse impacto emocional, não faço ideia do que fazer. Quando acordar, a primeira coisa que vai querer fazer é ver Jungkook.
— É — alisei meus próprios braços a fim de aliviar os arrepios que sentia. — Amanhã é o último dia que temos, Taehyung. Não tem o que fazer, precisamos mesmo resolver tudo isso.
— Eu sei — o ômega suspirou. — Eu vou deixar Seokjin aqui, acredito que tu sejas a melhor pessoa para lidar com ele quando vier a acordar. Baek vem comigo, iremos esperar meus alfas me darem o ar da graça. Youngjae está esperando Jaebeom chegar com Jungkook, então seu marido ficará lá com eles até que queira te encontrar.
— Isso está uma bagunça — esfreguei o rosto e tentei não surtar com os acontecimentos recentes.
— Está, mas vamos conseguir lidar — ele deu os ombros. — É só questão de tempo.
Concordei silenciosamente com ele, e Baek o acompanhou enquanto me deixava a sós com Seokjin. O ômega parecia ter um sono tranquilo, apesar de saber que quando acordasse, sua vida com certeza teria um propósito diferente do que tinha antes.
Fiquei de pé e fui até a janela para ver o céu a fim de ter o conforto que precisava. Tinha medo de como Jungkook retornaria após receber suas lembranças, mas esperava fielmente que ele não sofresse tanto quanto eu sofri por lembrar de sua morte.
T A E H Y U N G
1 dia antes da invasão
Quando a lua chegou ao ápice no céu e tudo se acalmou em meio ao povoado, eu sabia que faltavam apenas algumas horas para a invasão.
Yoongi foi o primeiro a se mexer na cama, ao lado de Hoseok que dormia pacificamente. Seu corpo se espreguiçou durante alguns minutos, e quando enfim suas lembranças voltaram, ele se sentou rapidamente buscando por mim dentro de nossa tenda.
Seus olhos estavam assustados, sua boca meio aberta e seu coração batia tão forte que eu conseguia escutar. Suas mãos tremiam um pouco, e eu fui rápido em ir até ele para segurá-lo enquanto suas memórias o maltratavam.
— O que aconteceu? — ele me perguntou baixinho, notando Hoseok dormindo ao seu lado. — Eu, meu céu, estou com algumas lembranças e..
— Wonwoo? — o chamei pelo nome em sua vida passada, e o vi engolir a seco balançando a cabeça lentamente como se soubesse do que eu falava. — És tu, meu rei?
— Sim — ele sorriu pequeno, suas bochechas coraram. — Agora entendo porque me chamastes assim.
— Como está? — alisei seu rosto e senti sua pele arrepiar. — Se sente bem?
— Estou um pouco tonto, mas estou bem — sorri, deixando um beijo na palma de suas mãos. — O hobi também apagou?
— Sim, provavelmente acordará com as lembranças da vida passada dele.
— E nós sabemos da história? — sua pergunta me fez franzir o cenho.
— Na verdade, não — o olhei momentaneamente. — Sei que ele não foi o amor da sua vida passada porque tua alma era vazia, mas isso não quer dizer que ele não estava presente.
— Entendo — ele suspirou parecendo cansado. — Lembro do meu irmão Hajun, da sua morte, do quão doloroso foi.
— Eu sei — apertei suas mãos tentando passar um pouco de conforto. — Lembra-te de mais alguma coisa, meu rei?
— Lembro de quando vim a assumir o reinado, de como foi difícil manter a promessa que fiz a Hajun sobre os ômegas, e lembro… — ele pausou alguns minutos. — De como morri.
— E como foi? — minha pergunta fez com que seus olhos ficassem dourados, tão lindos como sempre. Ele observou novamente Hoseok na cama, e voltou a me encarar.
— Foi o Hoseok.
J U N G K O O K
Quando abri os olhos depois de longas horas preso dentro do meu próprio corpo, senti a presença de várias pessoas dentro da tenda em que estava. Sentei rapidamente a fim de encontrar quem eu tanto queria, e dei de cara com Namjoon assustado me olhando, com os olhos marejados e o cenho franzido.
Meu coração bateu mais forte, meu corpo inteiro pareceu conhecê-lo de imediato. Não apenas o cara que me criou até os dias de hoje, mas o meu pai, de minha vida passada, a vida que tanto sofri com sua ausência.
Ele ficou de pé e eu levantei ainda me sentindo um pouco tonto. Esperei que ele chegasse mais próximo de mim, e ele sorriu quando parou de frente a mim como se me conhecesse por completo.
— Oi, meu filho — a lágrima escorreu pela sua bochecha, e o instinto me fez capturá-la com o polegar.
— Oi, pai.
— Eu vou me matar — Jaebeom gritou dentro da tenta chorando como se o mundo fosse acabar, e nós rimos juntos de suas loucuras. Nos sentíamos iguais, só não conseguimos colocar para fora tão fácil.
— Eu sinto muito — Namjoon falou buscando as minhas mãos. — Me perdoe por ter te deixado, eu fiz de tudo para salvá-lo naquele dia.
— E me salvou — eu sorri deixando a lágrima enfim cair. — Fiquei vivo por alguns anos após a sua morte, me perdoe por não ter conseguido te salvar.
— Eu te amo — Namjoon falou facilmente e meus olhos se arregalaram tão rápido quanto suas palavras. — Desculpe, mas eu sou seu pai. Agora que sei disso, vou falar todos os dias.
— Eu também te amo, pai — sorri um pouco sem jeito. — Obrigado por estar aqui novamente, sou muito mais feliz sendo seu filhote.
O abraço veio em seguida e eu senti todo o amor do alfa me envolver em uma bolha surreal de sentimento. Já havia sentido algumas vezes, afinal, ele sempre foi o meu pai, apenas tivemos a confirmação disso.
— E Seokjin? — o perguntei e ele sorriu animado.
— Está lá fora, não para de chorar desde que acordou — ele suspirou. — Então vá com calma, tá? Tenho medo que ele tenha fortes emoções, está com os poderes de um Deus, lembra?
— Ah, sim — concordei com ele. — Ele pode me matar, né?
— Sim — ele deu os ombros.
Jaebeom correu para chamar Seokjin, e quando coloquei meus pés fora da tenda, ao seu lado estava Jimin que carregava um sorriso que eu lembrava bem.
— Oi — ele disse baixinho, como se estivesse com medo dos próprios pensamentos.
— Oi — não sabia bem o que falar, mas deixaria para depois.
— Venha aqui — Seokjin abriu os braços e eu me deixei abraçar mais uma vez, sabendo que aquele abraço sempre foi o meu lar, nunca existiu dúvidas. — Ter a certeza de que tu de fato é o meu filhote, deixou a minha vida muito melhor, não tens noção. Sempre me senti dessa forma, mas me lembrar disso, saber com total certeza é algo sublime. Não consigo nem colocar em palavras.
— Me sinto da mesma maneira — sorri aproveitando cada pedacinho de sentimento.
— Não quero jamais atrapalhar esse momento lindo e etc, mas só temos amanhã para nos preparar — Jaebeom chamou a nossa atenção. — Então, que tal deixarmos essa conversa para depois, ein? Namjoon e Seokjin sempre foram os seus pais mesmo, terão todo o tempo do mundo para se amarem e afins. Vamos sobreviver primeiro, aí voltamos a esse momento, pode ser?
— Odeio ter que concordar com ele, mas estamos sem tempo — Youngjae rosnou baixinho quando recebeu um tapa do beta. — Amanhã a esse horário já estaremos em meio ao caos.
— A essa hora amanhã, todos os ômegas já estarão libertos — Apollo sorriu e ninguém teve dúvidas de que de fato ele falava a verdade.
[...]
Antes que pudéssemos voltar a planejar a luta, Jimin me puxou até em casa com a desculpa de que precisava de ajuda.
Meus passos eram largos para acompanhá-lo, e quando enfim chegamos em nosso casebre, ele trancou a porta e me olhou assustado, como se quisesse respostas.
— Tu se lembras de tudo? — seus olhos brilharam em expectativa.
— Sim, desde o dia que me entendi por lobo.
— E aí? — ele se aproximou mais. — Me conte, Seokjin me falou que não podia ter filhotes.
— Sim, foi Afrodite — apertei os lábios e o vi arregalar os olhos.
— Ele me contou, mas eu precisava da confirmação — o ômega roeu a unha pelo nervosismo. — Foi ela que escolheu o teu nome e te deu a vida, aparentemente sabia sobre nós.
— Ela é Afrodite, Jimin — sorri pela sua inocência. — Ela sabe de absolutamente tudo.
— Eu sei! — ele quase gritou de nervoso. — Tu acha que ela tem algum plano ou algo parecido? Tipo, ela não é alguém confiável, sabe? E ela te deu a vida? A primeira vida!
— Não faço ideia, amor — me aproximei e o abracei para que ficasse um pouco menos eufórico. — Eu só sei que ela ajudou ao Seokjin, e eu estou aqui. Se ela fez por bondade do coração, ou com algum motivo oculto, eu não sei. Sou grato ao menos.
— Tudo bem — ele cedeu e me apertou mais. — E sobre a tristeza, está conseguindo lidar?
— Sim — deixei um beijo em sua cabeça e me afastei. — Eu sabia que seria doloroso, pois só de imaginar me doía. Mas estás aqui, comigo, finalmente posso te amar como eu queria.
— Eu te amo muito — o ômega deixou um selinho em minha boca e sorriu. — Estou feliz que o meu primeiro amor esteja aqui.
— Também estou — rosnei por saber que precisávamos ir. — Vamos, amanhã é o grande dia.
— Finalmente — ele me puxou até a porta. — Depois disso, eu quero ser muito bajulado. Com passeios e flores.
— Te darei o mundo, Park Jimin.
N A R R A D O R A
Dia da invasão
Hoseok acordou ouvindo uma discussão muito alta do lado de fora de sua tenda. Ele olhou para os lados e não encontrou nem Taehyung e nem Yoongi, então resolveu ir até lá ver o que estava acontecendo. Sentiu sua cabeça rodar, mas seguiu até a porta, seus dedos quentes no chão frio lhe deram uma sensação horrível, mas a curiosidade falou bem mais alto.
Quando finalmente olhou para fora, encontrou o dia amanhecendo e Yoongi simplesmente empunhando uma espada contra Taehyung como se fosse matá-lo.
— Mas o que diabos! — Hoseok não entendia o que estava diante de seus olhos. — O que está acontecendo aqui? — ele desceu os degraus da entrada de sua casa, e se colocou de frente a Taehyung como se precisasse defendê-lo, mesmo sem saber o que estava havendo ali.
— Hoseok, se afaste — Taehyung pediu tentando o empurrar, mas ele permaneceu no mesmo lugar como uma rocha.
— Eu só vou sair daqui quando entender o que estão fazendo — a voz do alfa saiu mais grave que o normal, e Yoongi quis rir, não era possível aquilo estar de fato acontecendo.
— Olhe para mim — Yoongi focou nos olhos de seu alfa. — Me diga do que se lembra.
— Eu… — Hoseok olhou para trás a fim de ver Taehyung, depois voltou a atenção a Yoongi. — Eu não sei, tu está na minha memória, mas não consigo ter clareza em meus pensamentos. Sei que és o meu alfa, mas..
— Estou falando de nossa vida passada, Hoseok — o alfa grunhiu. — Não de agora, de antes. Tente, irá se lembrar. Me chamo Wonwoo.
— Wonwoo.. — o alfa repetiu e franziu o cenho por um momento, mas depois de longos segundos, ele conseguiu se lembrar e arregalou os olhos — Ah, pelos Deuses.
— Agora podemos continuar de onde paramos.
— Eu não aguento isso, estou falando sério — Taehyung grunhiu atrás de mim, e ficou ao meu lado. — Yoongi, eu te amo, Hoseok também, mas a minha paciência está no limite. O que se passou na vida passada, ficou lá! Não adianta trazer isso agora, porque nada vai mudar.
— Entendes que ele me matou? — Yoongi rosnou ainda segurando a espada.
— Entendes que tu o ama, Yoongi? — Taehyung caminhou até o alfa que ainda tinha os olhos presos em Hoseok. — Olhe para ele, e diga para mim o que sente.
— Ódio! — ele rosnou, e Hoseok deu dois passos para trás. — Ele me matou! É o mesmo rosto, não entendes?
— Sim, eu entendo — Eros tentou tirar a espada da mão de Yoongi, mas ele foi mais rápido em se afastar. — Meu amor, tu não irá machucar Hoseok.
— Se tu acredita mesmo nisso.. — ele ainda fitava Hoseok com tamanha fúria, que o alfa sentia passar uma descarga de energia por todo o seu corpo.
— Eu.. — Hoseok engoliu a seco. — Eu..
— Eu o quê? — Yoongi rosnou mais alto. — Ande, fale!
— Eu te amo — Hoseok soltou como se aquilo fosse óbvio. — Me perdoe, eu não me lembrava disso até segundos atrás. Eu, eu não sou o mesmo. Eu amo a ti com todo o meu coração. Não sei o que dizer para que essa raiva saia de dentro de ti, mas eu jamais te faria mal algum, Yoongi. Tu és a minha vida, não existe sequer um pedaço de mim que não seja teu!
— Tu amas o Yoongi, mas e o Wonwoo? — ele deitou a cabeça para o lado parecendo confuso. — O que tu sentes, ein?
— Yoongi, eu te amo, mas estás acabando com toda a minha paciência — Taehyung o avisou.
— Ele só ama o Yoongi, por conta de tu — apontou a espada para Taehyung. — Tu é o único culpado, se parar para pensar nisso. Esse lobo me matou, ele destruiu o meu reinado. Foi por conta dele que todos os ômegas foram escravizados, porque ele me matou! Aí agora vem o Deus do amor, e une duas almas sem amores. Me ligasse a um alfa que me odiava na vida passada, que eu mesmo odiava. E agora, eu vou conviver com ele, lembrando do dia de minha morte. Sabendo que Hoseok me matou, simplesmente porque queria tomar o meu trono!
— Eu não queria o teu trono! — Hoseok rebateu. — Eu queria outra coisa, mas não posso dizer que eu de fato era alguém do bem, porque não era! Eu queria de fato algo, mas não era o teu trono.
— E o que era, ein? Ouro? — o alfa gargalhou em fúria. — Poder? Ômegas?
— Ele queria a ti — Eros respondeu, escutando o coração de ambos batendo rápido demais.
— Ahn? — o alfa olhou para o ômega. — Não tem como, Taehyung. Não tínhamos almas gêmeas!
— Não mesmo — o Deus deu os ombros. — Mas isso não me impedia de o atingir com uma flecha, e ele se apaixonar por ti.
— Me atingiu com uma flecha? — Hoseok o olhou confuso.
— É que quando Yoongi assumiu o reino, eu estava o observando pois fazia pouco tempo que Jimin tinha morrido, que seu pai também, que tudo aquilo que tinha acontecido. Então, volta e meia eu dava uma olhada em como estava as coisas. Entediado, costumava flechar pessoas para que se apaixonassem e pudessem ter lindas histórias de amor. A questão é que por não ter uma alma gêmea, Wonwoo podia se casar com quem quisesse. E para assumir o trono, ele casou. E o que aconteceu depois?
— Eu surtei — Hoseok respondeu e engoliu a seco.
— Hoseok gostava de ti, meu amor, desde quando pisou no palácio como um dos filhos do cozinheiro de teu pai. Só que ele não podia se aproximar, pois tu era intocável.
— Assim como Hajun — Hoseok lembrou.
— Exato — Taehyung sorriu. — Eu assisti tudo de camarote, assim como todos os romances que aconteciam naquele palácio. A questão é que a história dos dois me atraia mais, porque era um amor impossível, e eu como Deus do amor queria poder ajudar. No entanto, Wonwoo não se atraia por alfas.
— Não mesmo — Yoongi abaixou a espada.
— Eu sei, e então eu pensei que seria uma boa ideia flechar Hoseok. Mas não foi, porque tu como rei nunca deixaria sua esposa para ficar com um alfa. Fora que não podia, pois corria o risco de perder o trono.
— Então.. — Yoongi engoliu a seco.
— Então, eu tentei flechar a ti, mas Moros não permitiu. Disse que eu estava interferindo demais na vida de todos, e pediu para que eu esquecesse essa história.
— Mas.. — Hoseok franziu o cenho e olhou firmemente para Taehyung. — O que tu fizestes, meu mar? — seu semblante era triste.
— Pela primeira vez, eu atingi alguém com uma flecha chumbo — ele admitiu parecendo arrependido. — Se quer culpar alguém por tua morte, Yoongi, esse culpado sou eu.
— Atingiu-me? — Yoongi engoliu a seco.
— Não, devolvi o ódio ao Hoseok.
[...]
Oi, que saudades daquiii
Próximo cap vai ter a invasão, e vai sair rapidinho como dito lá no insta tá?
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