🐺 Chapter Twelve 🦊
Olá, cheguei! Por favor comentem bastante, e saibam que esse capítulo é chatinho porém necessário. O próximo tem dedo no c* e gritaria, e esse aqui é a explicação do que irá rolar. Obrigada pela assistência, e pela divulgação que estão fazendo. Volto em breve com o próximo, que vem cio, vem invasão e uma surpresa assustadora! <3
☪️
Peço tanto a Deus
Para esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus
— Vanessa da mata.
T A E H Y U N G
🐺
Fazia algumas horas desde que havíamos chegado nas terras do Sul, e é claro, fomos então em direção a nossa tenda sabendo que teríamos uma longa conversa sobre a minha evasão e a causa dela. Hoseok e Yoongi caminharam ao meu lado durante todo o itinerário em silêncio, e pude constatar que o sol havia aparecido e alumiado a mata, um recado bonito de que a primavera se aprofundava entre nós.
Namjoon seguiu caminho com Chanyeol e o recém-chegado até a morada dos ômegas, prometendo nos dar notícias sobre o rapaz assim que ele se acomodasse. Jaebeom foi encaminhado para informar a todos que teria uma reunião com o líder à noite em meio a aldeia, e por fim, Jungkook e Jimin — ou apolo, como queiram chamar — decidiram repousar antes de partir em direção à ilha dos puros. Eles passaram a madrugada, acordados tentando salvar um ao outro, e aquilo sugava uma energia absurda, por isso, não discutiram e foram em rumo a cabana deles para que pudessem dormir um pouco.
Nesse instante, eu permanecia deitado esperando Yoongi que estava conversando com alguns alfas do lado de fora sobre a proteção de nossas terras. Hoseok estava na cabana, sentado de frente para mim em uma poltrona de lenho. Seus olhos estavam fixos nos meus e eu não conseguia quebrar aquela ligação porque adorava a forma arrebatadora como ele me olhava, mesmo que eu pudesse sentir a raiva de seu lobo no momento, tinha asserção que ele estava chateado com o meu sumiço.
— Estás com fome? — ele perguntou sem esconder o seu descontentamento. — Acredito que Yoongi traga alguma coisa para ti quando entrar, não te preocupes.
— Não é isso que me preocupa — revirei os olhos com a constatação do alfa e ele só me olhou ainda mais profundamente. — Tu pareces zangado e sei que tens motivos, mas não sei lidar com o seu lobo possesso assim. Podes ao menos controlar a sua presença? Não iremos conversar direito dessa forma.
— Sabes o quão preocupado fiquei? — ele me questionou apreensivo. — Passei por cima das ordens de Jungkook e nem sequer pensei nas consequências que seriam invadir as terras do Tikvá, terras essas que não poderíamos entrar devido a um acordo. Não consigo entender a tua motivação para tal coisa, Taehyung.
— Eu sei — suspirei esgotado e um tanto atônito. Odiava a forma com que ele falava comigo, mas odiava ainda mais saber que ele estava certo. — É complicado. Só que tem uma explicação para isso, apesar de que eu também não consigo entender bem.
— E qual é? — ouvi Yoongi indagar assim que entrou na tenda. O alfa carregava uma bandeja de frutas que pareciam frescas e logo colocou sob o meu colo quando se aproximou. Seu cheiro característico circulou pelo casebre, e pude ver Hoseok respirar fundo deixando com que a presença do outro o acalmasse um pouco. A conversa seria longa, longa e complicada de se explicar.
— Obrigado — agradeci com um sorriso e ele sentou de frente para mim na cama, seus olhos felinos estavam estreitos e eu entendia bem a gravidade da situação — Irei começar a falar sobre mim, absolutamente tudo o que ambos precisam saber. Eventualmente demore um pouco..
— Temos todo o tempo do mundo para ti, meu mar — Hoseok suspirou se arrumando melhor na poltrona — Estamos aqui.
— Tudo bem — larguei a bandeja ao meu lado e me acomodei melhor para discursar — Nasci no dia 30 de dezembro 1995, atualmente tenho vinte e seis luas, fui criado pela minha avó beta que foi morta em um confronto com o líder do Oeste na época. Eu tinha dezesseis luas quando tudo ocorreu, e até então não tive mais ninguém por mim, visto que a minha mãe fugiu assim que vim ao mundo, e o meu pai, bom, ninguém jamais soube quem era. Vivi sozinho em uma tenda até completar dezoito luas, e quando isso aconteceu, meu cio chegou pela primeira vez. No Leste as coisas são diferentes do Norte e do Sul, lá não existe tendas dos ômegas na floresta ou alfas dispostos a ajudar. Só existem duas formas de se passar o cio. Uma é estar sozinho sofrendo em silêncio em algum lugar dentro da brenha, outra é indo até o líder regente e pedindo para que ele destinasse algum de seus lobos para tal tarefa. Só que a segunda opção não era viável, se o lobo escolhido marcasse o ômega ele não teria responsabilidade alguma. Possivelmente iria culpar o instinto ou algo do tipo, como sempre faziam e era algo rotineiro.
— Marcar ômegas e descartar era algo corriqueiro? — Yoongi franziu o cenho ao findar a própria frase — Então eles morreriam, não é? Se o alfa marca um, e depois outro, o primeiro ômega morre.
— Sim — respondi dando os ombros — Eles não ligavam, afinal, os ômegas eram tratados como lixo por lá, tudo graças a Junseo que se aliou ao líder. Ele odiava os ômegas. E claro, tinha uma razão na época que eu não sabia — pausei respirando em tal grau profundo demais para só então recordar das coisas que se passou — Junseo era apaixonado por um beta, e isso a alcateia inteira sabia. Porém, logo após ter se declarado, ele entrou no cio e foi aí que todo o inferno no Leste começou. O alfa quando estava nesse período buscava incansavelmente os ômegas, e isso era algo que todos já esperavam, era como se o beta não fosse o satisfazer e isso era algo que não se podia modificar.
— Existem casais beta e alfa, inclusive o gene dos betas permitem que eles gerem filhotes, meu céu — Yoongi cruzou os braços um tanto túrbido — Foi algo referido ao cheiro? Aqui os casais conseguem lidar com isso.
— Tu sabes que é diferente. Os casais fazem isso por amor, os betas são diferentes dos ômegas. O aroma, os feromônios, tudo, e é claro que os alfas costumam buscar os ômegas nesse período. Entretanto, Junseo ao invés de tentar lidar com isso como qualquer cara normal, ele resolveu crucificar todos os ômegas como se tivéssemos culpa de alguma coisa. Então, ele buscou o líder da matilha e desferiu o seu veneno sobre todos os ômegas da região, sendo assim, todos eles precisaram passar o heat sozinhos sofrendo, enquanto os betas eram proibidos de oferecer qualquer tipo de ajuda.
— Esse cara tem sérios problemas.. — Hoseok resmungou fazendo uma careta estranha.
— Então, depois disso tudo, decidi que seria melhor realmente ficar sozinho. Tinha temor de ser marcado ou abusado, e sempre me escondia quando esse período chegava. Até que um dia o Junseo me notou, e foi bem no momento em que eu tentava me encobrir em meio a floresta. A sua raiva só aumentou quando notou que eu não estava sozinho, e, nessa altura..
— Espera — Yoongi se remexeu na cama e me observou meticuloso, parecia um tanto hesitante — Como assim não estava sozinho?
— Aí é que chega a resposta para o que tu me perguntastes — apertei os lábios tentando conter a vergonha e ambos notaram — Na época conheci um alfa que me ajudava em absolutamente tudo o que eu precisava. Para ser sincero, só consegui resistir naquele lugar devido a ele que me protegia de completamente tudo. Quando o meu cio chegou naquele dia em questão, ele se ofereceu para ajudar, seria a primeira pessoa com quem eu me deitaria, contudo, Junseo nos pegou e ameaçou matá-lo se me tocasse — suspirei quando notei a sobrancelha arqueada dos alfas que esperavam a conclusão da história — Eu era apaixonado por ele, tá!? Jamais me deitaria com alguém que eu realmente não gostasse. E por gostar tanto dele, foi que resolvi ficar sozinho, pois, não arriscaria a sua vida de tal forma. Então, a primeira ligação que tive foi com ele, meus instintos pediam para que eu o protegesse, porém.. Não foi tão forte quanto foi com o Jimin.
— Certo — Hoseok suspirou me olhando um tanto receoso — Quem era o alfa?
— Focaste apenas nessa parte? — Yoongi sorriu negando repetidamente com a cabeça — Estou mais interessado em saber o motivo da ligação dele com o Jimin.
— Quero saber o nome do alfa, pois, ele era do Leste — Hoseok resmungou revirando os olhos — Adivinha onde estão os alfas do Leste agora? Exatamente, nas nossas terras.
— Oh — o alfa pareceu se dar conta disso — Diga-me meu céu — ele me olhou novamente — Como o alfa se chama?
— Hum! — ponderei um pouco antes de decidir se contaria ou não — Não irão atrás dele, não é?
— Óbvio que não, é apenas curiosidade — Hoseok sorriu mostrando os dentes.
— Não pensas que iremos atrás dele apenas por ciúmes, não é? — Yoongi buscou a minha mão sem quebrar o contato visual — Afinal, tu nem gosta mais dele.
— Ou gosta? — Hoseok silvou, o que me lembrou um gatinho bravo.
— Eu me apaixonei por Yoongi no primeiro momento que o vi — confessei inquieto sentindo as minhas bochechas esquentarem — E o meu corpo inteiro clamou por ti, Hoseok, mesmo depois de meu heat. Achas mesmo que tenho espaço no meu coração para mais alguém? Tenho tudo o que quero dentro desta tenda.
O alfa marrento sorriu após a confirmação que tanto queria. Já Yoongi, esse me olhou tão profundamente que eu poderia jurar que em algum momento daquele dia ele me devoraria sem pressa.
— Como ele se chama, meu céu? — novamente o alfa me questionou.
— Vernon — suspirei decidindo confiar — Ele era um dos caçadores de nossa matilha.
Hoseok franziu o cenho e Yoongi o olhou por um instante. Eles pareciam conversar entre si em puro silêncio, no entanto, isso foi rápido, logo voltaram a atenção para mim.
— Isso ainda não explica a tua ligação com Jimin, meu anjo — Yoongi soltou o ar que prendia e mordeu o lábio inferior antes de continuar — Tu mesmo dissestes que a tua ligação com esse alfa não era nem parecido com essa que tu tens com Apolo, literalmente colocastes a tua vida em perigo tentando salvá-lo.
— Foi puro instinto — rebati.
— Sabemos — Hoseok ficou de pé rapidamente e caminhou até a cama. Ele sentou-se de frente para mim, bem próximo a Yoongi que parecia ter a mesma linha de raciocínio — Mas isso faria mais sentido se fosse com um de nós dois, entende? Por exemplo, estamos ligados. Se algo acontecer à Yoongi, tu vais até o fim do mundo para ajudá-lo porque existe amor, e vai além disso, é uma ligação de almas. Agora com Jimin não existe nada além de amizade, uma amizade que ainda não foi construída por conta dos atuais acontecimentos na matilha. Ninguém teve tempo para nada desde que Jungkook tomou as terras do Sul, e ainda assim tu pareces pronto para defender o ômega de qualquer coisa.
— Eu me sinto assim em relação a ele — confessei muito desordenado — Não consigo imaginá-lo ferido, pois, meu coração se enche de aflição. Talvez com o Vernon tenha sido apenas a paixão ou a empatia, mas com o Jimin é como uma necessidade, não consigo colocar em palavras.
Com isso, ambos os alfas balançaram a cabeça sabendo que não poderiam falar muita coisa. Eles não sabiam a razão, não sabiam o que pensar, pois, definitivamente era algo assaz curioso. Afinal, não é comum ter esse tipo de sentimento em relação a alguém que não tem nenhum laço afetivo a longo prazo, então, o que poderia ser?
— Vou procurar saber sobre isso em algum momento — Yoongi falou deixando sua apreensão aparecer — E tu, Taehyung, não irá mais fazer o que fez hoje, entendeu? Por ninguém. Se sentir essa vontade louca de proteger o Jimin, me conte ou conte a Hoseok. Podemos ajudar e acredite, faremos todo o possível para mantê-lo vivo. Agora tu, ficará aqui onde está seguro. Isso não está em discussão.
Hoseok balançou a cabeça concordando com o outro alfa, e eu apenas entendi o nível de sua preocupação. Me coloquei no lugar dele por um segundo e vi que certamente eu ficaria bastante angustiado pela sua segurança em risco, principalmente em meio a esse caos.
Por essa razão, decidi não rebater de toda forma. Voltei a pegar a bandeja e fiquei um tanto pensativo quando me deixaram sozinho por alguns minutos. Jimin é um Deus. Um Deus que veio à terra para salvar os ômegas da escravidão. Como eu poderia ter algum tipo de ligação com um ser divino? De onde vinha essa vontade excruciante de protegê-lo?
J I M I N
A noite caiu apressadamente no nosso povoado, e o céu estava tomado por estrelas que iluminavam as nossas terras dando novamente aquela falsa impressão de paz de todos os dias. Depois de tudo o que aconteceu em tão pouco tempo, comecei a duvidar daquela sensação visto que sempre acontecia algo para que aquela tranquilidade se afundasse, e naquele instante não parecia ser diferente, mesmo com a serenidade do lugar que estava de fato silencioso.
Assim que decidimos descansar naquele dia, Jungkook e eu dormimos até o sol nos deixar, fui o primeiro a acordar depois de ter um sonho espantoso e perturbador que continuava rodeando a minha mente.
Nele, eu estava cercado por bruxas que me prendiam com uma força inteiramente sobrenatural para que eu não conseguisse me soltar. Meus olhos estavam tomados pela cor lilás esbraseante, e o meu poder era tamanho que a floresta onde estavámos tremia sob os nossos pés como se eu tivesse conseguido recuperar a minha aptidão.
Era a força que eu tanto buscava. Possivelmente a espada havia estornado o meu poder na hora da necessidade, mas para ser bastante sincero, eu não estava naquele momento olhando as estrelas pela janela por ter tido um sonho que me mostrava que eu iria recuperar tudo novamente. Foi o que aconteceu depois disso. O sonho me mostrava Jungkook de joelhos perante alguém que eu não conseguia enxergar pela escuridão. Seus olhos estavam presos aos meus e a minha agonia entregava que aquela batalha havíamos perdido.
Rápido como um sopro, ele foi ao chão depois de ter a sua garganta cortada assim como ele fez com o meu pai. Meu grito foi tão intenso em meio aquele povo que todas os bruxos ali presentes voaram longe como se uma força os atingisse e os derrubassem de uma vez, reflexo esse do meu poder. Chorando e inteiramente tomado pelo medo, eu me aproximei do alfa que estava morto à minha frente completamente banhado pelo próprio sangue. Meu corpo tremia, meus joelhos cederam, e quando notei, já estava grudado em seu corpo balançando sem parar como se tentasse acordá-lo mesmo sabendo que isso não iria acontecer.
Eu gritava por Ares. Implorava ao Deus dos alfas que não levasse novamente Jungkook de mim, no entanto, sabia que não receberia réplica alguma. Pois, tudo o que acontecia tinha um motivo maior, sempre existia uma razão para o universo levar alguém em determinada hora, e mesmo sabendo disso eu permanecia gritando o seu nome como se minha vida dependesse daquilo.
Foi aí que acordei em um pulo, notando que a minha respiração estava acelerada e o meu coração parecia que ia sair do peito de tão forte que batia. Ao meu lado, Jungkook dormia tranquilamente abraçado ao meu corpo, com as pernas jogadas em cima das minhas, e a calmaria em suas afeições me ajudaram a tranquilizar para que ele não sentisse o cheiro do meu medo.
Por isso, agora eu me encontrava olhando para o céu na esperança de que aquilo fosse apenas um pesadelo que mostrava bastante de minha covardia. Na vida anterior morri primeiro, e por mais que tivesse sido uma escolha minha para que os ômegas fossem libertos, não poderia pensar em ironia maior do que ver Jungkook se sacrificando nesta vida para fazer o mesmo.
Isso seria angustiante demais.
Doloroso e cruel, algo que eu sequer conseguia imaginar sem deixar escapar uma ou duas lágrimas grossas que banharam o meu rosto naquela noite calorosa e bonita.
— O que aconteceu? — senti as mãos quentes de Jungkook segurarem os meus braços assim que ele se pôs por trás de mim sem que eu percebesse. Meus olhos fecharam no mesmo momento, e o seu perfume circulou pelo ambiente como se ele soubesse exatamente do que eu precisava — Estás bem? Dói em algum lugar?
— Sim — abri os olhos quando sua respiração quente resvalou sob a minha nuca que se arrepiou pelo contato — Meu peito dói.
— Seu coração? — ele me virou no mesmo instante com um olhar preocupado e um semblante obscuro — Diga-me o motivo. Estás doente? Um Deus fica doente?
— Um Deus fica preocupado e temeroso — desci os olhos para os seus lábios entreabertos e voltei para os seus lumes que acompanhavam os meus movimentos — Posso te pedir uma coisa?
— Qualquer coisa — ele foi rápido em responder.
— Não morra, Jungkook — levei ambas as mãos ao seu rosto e ele segurou em minha cintura só para me ter mais perto — Prometa-me que jamais irá se sacrificar. Que não irá se colocar em uma situação que não poderá vencer, que nunca e em hipótese nenhuma se colocará em um perigo tão grande que nem eu mesmo poderei te salvar, nunca Jungkook. Por motivo nenhum, apenas me prometa.
— Sabes que eu não posso te prometer isso — o alfa suspirou e fechou os olhos quando sentiu o carinho que eu fazia em sua bochecha — Se tu estiveres em perigo, eu não irei apenas ficar de braços cruzados esperando a tua morte. Então, Park Jimin, tu que deves prometer isso. Para a sua segurança e para a minha, não se coloque em um perigo tão grande. Se fizestes isso, não irei ter opção alguma, a não ser tentar te salvar.
— Mesmo que isso signifique a tua morte?
— Sim — ele nem sequer pensou. — Essa seria a única forma válida de morrer. Tentando te salvar.
Minhas mãos abandonaram seu rosto e voltei a fechar os olhos tentando descobrir algum modo de fazer com que aquilo jamais ocorresse. Talvez fosse apenas a minha imaginação idiota me colocando em uma circunstância onde eu estava vulnerável e triste, mas eu não iria pagar para ver. Precisava encontrar a Agnes o mais breve possível, tinha certeza que ela me acalmaria diante de meu medo, ou ao menos me diria o que fazer.
— Ei — ele me chamou e eu abri os olhos encontrando sua sobrancelha arqueada e um sorrisinho brotando em seus lábios — Por que um Deus todo-poderoso está me pedindo algo assim, hum? Pensei que tu irias me salvar até de um arranhão, não és um ômega protetor? — ele umedeceu os lábios obtendo conhecimento de que eu acompanhava aquele gesto.
— Não brinques dessa forma, não consegues sentir o aroma do meu medo?
— Sim — ele me puxou mais até estar colado em seu corpo — É uma delícia inclusive.
Soltei uma risadinha e bati a mão em seu peito como um aviso para que ele não passasse dos limites. Sabia que ele estava apenas tentando me animar, só não sabia ao certo se existiria algo que conseguisse tal feito por hora.
— Julguei que estavas chateado com todo o lance das minhas memórias, minha mudança de personalidade, meu poder e o resto. Sabe, eu realmente pensei que tu gostavas mais do Jimin irritadinho que tinha vontade de te matar durante o dia inteiro, todos os dias.
— Pois é, agora tu me pede para não morrer — ele mordeu o lábio inferior antes de voltar a sorrir — Quais as vantagens de se apaixonar por um Deus?
— Bom.. — entrei no seu jogo e ele aproveitou para limpar o meu rosto que continuava molhado pelo choro recente — Tem todo o lance de ser desavergonhado e destemido.
— Desavergonhado é? — o alfa olhou para o meu pescoço e voltou a íris até minha boca — Mostre-me o quanto tu estás descabido, senhor Deus todo-poderoso.
— Achei que quisesses pensar.. sabe, sobre todo o ensejo de ter sido feito para mim, minha alma gêmea e tudo mais..
— Bom, pensei sobre isso conforme te salvava da morte certa no Tikvá — o alfa soltou a minha cintura para levar a destra até o próprio cabelo, e alisou devagar para trás, tão vagarosamente que eu senti ciúme de seus fios — Decidi que não poderia perder mais tempo em relação a ti, sabe, ficar se fazendo de difícil é complicado quando se tem um Deus em minha cama.
— Tu não conseguirias de qualquer forma — dei os ombros — Senti o quão entusiasmado tu estavas quando me movimentei para ficar de pé.
— Sentiu? — Jungkook apertou os olhos como se duvidasse — E como tens certeza de que tu era a razão para tal?
— Não me provoque — minhas mãos apertaram seus braços fortes e ele fez uma careta ao sentir um pouquinho de minha força — Matarei qualquer ômega que tu estejas cobiçando.
— Por favor não morra — ele sorriu genuinamente — Tu és o único em meus sonhos, chega até ser um tanto irritante.
— Ah, é? — agora eu que apertei os olhos — Achei que gostasse daquela ômega, como ela se chama mesmo? — prensei os lábios como se pensasse atentamente.
— Eubin? — ele sussurrou observando as minhas expressões.
— Oh! Então tu pensas nela? — soltei seus braços e ele me puxou para ele ainda segurando um sorriso — Não irá sorrir assim quando estiver cavando uma cova — arqueei a sobrancelha deixando o meu humor aparente e ele gargalhou jogando a cabeça para trás, o que fez o meu lobo se derreter de amores.
— Ela é a ômega que está cuidando de sua mãe — me lembrou e bufei automaticamente — Não seja tão ciumento, Apolo. Quem se envolveria com um alfa que tem como um ômega, um Deus?
— Certamente alguém que quer falecer — dei as costas para o alfa e ele deu uma risadinha conforme me abraçava — Vamos decidir o que fazer agora para poder ir até à ilha?
— Estava pensando em te amarrar nu em minha cama — ele falou baixinho em meu ouvido — Sabe, findar essa tensão sexual.
— Quando eu quis, tu me deixastes duro dentro de uma banheira — recordei do episódio anterior e o alfa rosnou me fazendo sentir seu peito tremer.
— Certamente Youngjae não faria isso — o alfa levou os lábios até a minha orelha e deixou uma mordida. Virei mais a cabeça para lhe dar espaço e ele sorriu deixando um beijo molhado — Tu és realmente desavergonhado.
— Aquele alfa jamais me teria, sabes disso.
— Sim, a não ser que ele quisesse falecer — sua resposta foi a mesma que a minha e neguei balançando a cabeça devagar. — Agora sobre à terra dos puros, o que pensas em fazer?
— Estava pensando em levar Namjoon, Hoseok e Yoongi conosco.
— Por quê? — me virei para ele novamente e sua íris dourada chamou a minha atenção — Não é arriscado? Sabes que não colocaria a vida deles em perigo.
— Quero levar Taehyung e Seokjin. À terra dos puros só é vista pelos puros de coração, como ambos nunca mataram ninguém, pelo menos acho, então eles conseguem me acompanhar. Setu estiveres conosco e os alfas deles também, não haverá problema algum, tenho fé em tua força.
— Não confio em te deixar entrar sozinho lá de qualquer maneira — Jungkook deu os ombros — Não posso mesmo ver nada?
— Não — confirmei o que antes foi dito — Porém, posso pedir a Ares quando chegar lá. Ele é o Deus dos alfas, então pode liberar o acesso a ti e aos outros. Só não sei se ele fará visto que me odeia, e odeia-
— A mim? — ele murmurou parecendo indignado — O que fiz para um Deus me odiar?
— Nasceu — prendi um sorriso e ele se encheu de indignação — Não fique assim, se te consola ele também odeia que eu tenha descido à terra — novamente minhas mãos buscaram os seus braços fortes como se fosse impossível ficar longe.
— Então iremos até um Deus que nos odeia para tentar recuperar os seus poderes?
— Sim — dei os ombros — E isso precisa ser o mais breve possível. Vamos aproveitar que anoiteceu e ir até lá, é mais fácil nos escondermos assim, e depois do que aconteceu no Tikvá, acho difícil eles atacarem por hora.
— Eles devem estar ocupados planejando algo.
— Exato, e também devem pensar que não sairemos tão cedo de nossas terras. O ego sempre foi o problema daquele povo.
Jungkook balançou a cabeça e me abraçou brevemente, deixando seu queixo repousar em meus fios ruivos e bagunçados. Seu cheiro de erva-doce parecia amaciar totalmente o meu lado indomável, e eu me sentia no lugar mais seguro do mundo quando estava em seus braços. Óbvio, parecia confuso nossa relação, mas desde quando recordei as minhas memórias, tive ideia de que me acostumar com tal coisa seria difícil.
O alfa me provava ser cada vez mais forte perante toda aquela situação. Eu só precisava que ele aguentasse firme, e me seguisse até que conseguíssemos liberar todos os ômegas daquela situação precária, mesmo que a demora fosse nossa pior inimiga.
[...]
Demorou em torno de uma hora para que todos estivessem prontos.
Taehyung ficou entusiasmado com o passeio e Seokjin bastante abelhudo, nenhum dos dois havia chegado nem perto de onde ficava de fato a ilha, e era comum a excitação de ver algo novo, apesar de que os alfas estavam bastante preocupados.
Chanyeol apareceu antes que pudéssemos sair e nos deu notícias do ômega recém-chegado. Segundo ele, Baekhyun ainda estava um pouco amedrontado com a nova vida onde ele era livre para andar onde quiser e comer o que quiser, e isso me deixava feliz, porém, bastante aterrorizado com o tanto de coisa que ele havia sido privado de fazer. O Beta que ficou responsável por ele disse que lhe deu banho e tratou de suas feridas, o que nos deixou mais aliviados, pois, no momento não conseguiríamos lidar com nada além do nosso plano atual. Assim, seguimos até a fronteira, deixando Jaebeom e Youngjae discutindo quem ficaria no comando. Óbvio que o beta petulante venceu, e como seria apenas algumas horas supõem que eles ficariam seguros.
O barco que pegamos era o maior que tínhamos e dava para acomodar bastante gente. Segundo Jungkook, aquele tipo de embarcação se chamava Trawler e eles usavam bastante para pescar e manter seu povo farto. Ele havia trazido do Norte no dia da invasão, e serviria para que não fossemos atacados facilmente, visto que Hoseok e Yoongi levavam armas para nos defender.
Em minhas costas a espada das almas permanecia intocada. Não sabia bem o modo de canalizar o poder, mas tinha convicção de que Ares e Hefesto sabiam. Nem sequer tinha certeza se ambos iriam me auxiliar, mas usaria a tática que Agnes me ensinou conforme conversávamos na floresta. Ameaça, com certeza ameaça sempre funcionava, e não era como se eu tivesse outra opção.
— Vem — Jungkook me chamou e estendeu a mão para que eu entrasse no barco. Assim fiz, deixando os anseios de lado — Tem certeza que quer ir até lá? — ele me perguntou notando o meu desconforto repentino.
— Não te preocupes, soldado. Tudo ficará bem ao amanhecer.
Mais uma vez ele franziu o cenho confuso pelo apelido. Não falou mais nada além de prosseguir até a cabine do barco, e ficar ao lado de Namjoon que nos levaria até o lugar certo, visto que ele tem um ótimo senso de direção. O alfa suspirou antes de tomar o controle e iniciar o trajeto, não parecia contente por estarmos nos arriscando, mas sabia no fundo, que era o único jeito, não tínhamos tanto tempo quanto imaginávamos ter.
— Jiminie — Taehyung sussurrou assim que sentou ao meu lado. Seus olhos brilhavam pela ansiedade e eu quis sorrir pela sua animação — Como é lá? Eu verdadeiramente poderei ver?
— Estou curioso também — esse foi Seokjin que resolveu sentar logo à minha frente em um barril improvisado — É como um santuário ou algo do tipo? Tem casas ou tendas?
— Não — sorri pequeno ao relembrar — À terra dos puros é como uma ilha trivial na primeira vez que a vemos. Entretanto, lá em meio às árvores existem pontos fixos de poder, que podemos usar para ajudar a nossa criação e aos animais geralmente. Existe um Deus responsável por cada coisa, nada fica fora de controle. Existe também um tipo de castelo de pedras, conseguimos ver tudo lá do alto.
— Oh, espera — Taehyung franziu o cenho — Tu és dirigente dos ômegas, então, existe o responsável pelos alfas e betas, correto?
— Sim. Ares Deus dos alfas e Hefesto dos betas.
— Então, existe um responsável pelas bruxas? — Seokjin continuava confuso e confirmei voltando a explicar.
— Existem Deuses responsáveis pelo domínio da terra. Pelo poder fornecido para que as bruxas pudessem usá-los de seus ancestrais. É bem complicado, na verdade explicar, mas basicamente os primeiros bruxos do universo usaram a magia dos Deuses, que eles forneciam na natureza. Depois disso, eles criaram uma ligação para que seus filhos, netos, bisnetos pudessem ter a fonte desse poder, então começou a ser canalizado de seus ossos. Por exemplo, a Agnes é bruxa, pois, era filha de uma, mas assim que a sua mãe morreu, ela pôde ter acesso ao seu poder, ficando ainda mais forte depois de ofertar os ossos à natureza.
— Céus — Taehyung comentou assustado — Parece bem complicado mesmo.
— Quem são os Deuses que liberam a energia necessária? — o ômega em minha frente voltou a questionar — A Agnes ainda tem acesso a esse poder?
— Existem vários Deuses que exercem esse papel. Por exemplo, Ares é o Deus da guerra. Então ele doa uma pequena parte de seu poder para que exista equilíbrio na bondade. Héstia, a Deusa do fogo, também libera uma parcela de sua energia para que possam usar o fogo em rituais e sacrifícios no geral. Eros, o Deus do amor, libera força para que possam trabalhar em prol da justiça. Enquanto Hélios, cedia o domínio do Sol, e Ártemis cedia o domínio da Lua. Atena Deusa da sabedoria oferecia coragem de disciplina, então todos estão ligados de certa forma, pelo menos para o bem de nossa criação — suspirei adorando relembrar os tempos de paz — Agora a Agnes tinha acesso a esse poder até alguns anos atrás, porém, ela fez uma magia que foi contra o poder da natureza, e acabou sendo punida por isso. Hoje, ela é sim uma bruxa poderosa, mas graças ao poder de sua mãe que era realmente forte.
— O que ela fez? — Taehyung perguntou curioso.
— Ela se ligou a um alfa, mesmo sabendo que não podia, e que ele ficaria preso junto a sua maldição.
— Espera, espera aí! — Seokjin abriu a boca um tanto escandalizado — Esse alfa está vivo até hoje?
— Sim, está. Eles precisam quebrar a maldição caso queiram ter uma vida feliz e próspera.
— Como quebra? — novamente, Tae perguntou um tanto envergonhado — Me desculpe por questionar tanto, estou realmente ansioso.
— Está tudo bem, gosto de poder conversar sobre isso — sorri o deixando mais confortável — Eu preciso morrer para que ela fique livre, e só então, ela poderá morrer também.
— Mas Jimin.. — Seokjin murmurou com medo que alguém ouvisse — Isso não te faz um alvo dela? Ela pode querer te matar.
— E ela quer — dei os ombros — Mas por hora, ela precisa que eu salve os ômegas primeiro, depois disso é que ela tentará algo contra mim.
Taehyung mordeu o lábio inferior um tanto amedrontado, já Seokjin parecia ter centenas de perguntas. Óbvio que eu me disponibilizei para responder as suas dúvidas, e ele sorriu como se tivesse uma questão na porta da língua a bastante tempo.
— Me conta um pouco sobre a criação de todos nós.. — foi o que ele pediu animado e ansioso.
A realidade sobre a melhor criação dos Deuses é que lamentavelmente a história foi contada de geração em geração pela metade. Os Deuses nunca se importaram efetivamente com isso, afinal, tudo no universo funcionava nos seus conformes devido a nossa força. Entretanto, às vezes penso que seria benévolo se todos eles soubessem o que verdadeiramente aconteceu, e naquele instante eu teria possibilidade de pelo menos fazer com que duas pessoas soubessem da verdade.
— No princípio de tudo, nós Deuses estávamos entediados. Olhávamos lá de cima para à Terra, e Conseguíamos mirar somente os animais brincando livres, o dia e a noite que sinalizavam o início e o final de um ciclo, as árvores e à terra dando de comer para os inocentes e pequenos insetos, e tudo aquilo definitivamente era bom. Entretanto, quando todos resolvemos finalmente depois de séculos nos reunir em um mesmo lugar, decidimos criar pessoas, a nossa própria imagem refletida na tal humanidade, todavia não fomos todos a favor dessa ideia. Desde já, sabíamos que se isso realmente acontecesse era claro que cada um teria sua própria personalidade e opinião. Consequentemente o conceito de tê-los em nossas terras, em nosso firmamento, se tornava algo assustador, pois, sabíamos que eles não iriam seguir nossas regras. Dessa forma, isso se tornou algo divertido de se pensar para Zeus.
— Espera — Taehyung franziu o cenho — O mundo não foi criado pelo caos? Pela confusão e pelas trevas?
— Bom, isso foi bem antes e é uma história bem conhecida. Estou falando sobre depois da vitória de Zeus, o Deus dos céus e da humanidade.
— Ok, continue — Seokjin bateu palminhas, fascinado — Adoro essa história.
— O problema é que por alguma razão Zeus começou a odiar a humanidade. Ninguém nunca soube a razão, mas quando isso aconteceu ele decidiu que colocaria um lobo dentro de cada um. Assim, foram criados os alfas que são os lobos definidos como mais fortes. Os betas que iriam se assemelhar melhor aos Deuses, e os ômegas que seriam considerados vulneráveis e submissos. Óbvio que aí existiriam os lupinos que teriam o poder da transmutação, mas isso seria um castigo, pois, um lobo é um ser irracional e mortífero.
— Espera! — Taehyung levou a mão à boca rapidamente deixando seu choque aparente — Então tu és filho dele! Apollo, pelos Deuses, tu és…
— Sim — deixei um sorriso escapar pela sua reação espontânea — Sou filho dele.
Seokjin arregalou os olhos e ficou reflexivo por alguns minutos. Sua curiosidade parecia não ter sido sanada e esperei que ele questionasse mais alguma coisa.
— Então.. — ele começou devagar — As bruxas vieram depois? Elas não possuem categoria, tipo, não são lobos.
— As bruxas foram criadas justamente porque à Terra era muito poderosa. Era claro que ninguém gostaria de dar esse tipo de poder para os lobos, pois, eles eram movidos pelo instinto. A primeira bruxa criada foi da linhagem da Agnes, ela se chamava Bridget Salém, e Ártemis foi quem a gerou a milênios atrás — suspirei quando notei a dúvida estampada no rosto dos dois — Eu sei que ambos guardam bastante perguntas. Como, por exemplo: existe inferno? Para onde as almas vão após a morte? Existem outros seres poderosos? Existem demônios e vampiros? Estou certo?
— Sim — Seokjin suspirou massageando as têmporas dando a entender que sua cabeça já começava a doer — É bastante informação para um dia só, vamos conversar melhor quando voltarmos?
— Também gostaria de conhecer melhor seu mundo, Jimin — Taehyung sorriu — E a propósito, como devemos te chamar agora que tens tuas lembranças? Apollo ou Jimin?
— Para todos de nossa matilha e família sou Jimin nessa vida. É estranho às vezes porque em minhas memórias eu me chamava Hajun, mas Park foi o nome que a minha mãe, ômega escolheu. Então, sou Jimin para ti, certo, Taehyung? Somos todos família, aqui, e isso te inclui, Seokjin.
Assim, ambos sorriram satisfeitos por hora. Sabia bem que existiam dúvidas e mais dúvidas sobre o universo onde vivíamos, e eu estava pronto para respondê-los e tirar todas as dúvidas que eles tivessem, porém, a cada segundo nos aproximamos mais da ilha Apolo, e eu precisava pensar em como agir defronte aos meus irmãos.
[...]
Quando se passou em média quarenta minutos desde que estávamos navegando, fiquei de pé para poder ditar o quão longe ainda estávamos. A lua era nova naquela noite e as estrelas estavam enfeitando o céu azul, uma bela paisagem para se observar, ainda mais quando já estávamos próximos das terras divinas.
Avisei para Jungkook que estava avistando as árvores e a areia, e Taehyung pulou em minha frente de modo a ver com seus próprios olhos o templo dos Deuses. Seokjin não foi diferente, e logo notei a mudança de expressão dos dois, que foi de curiosa a assustada em menos de um segundo, com direito a olhos arregalados e murmúrios sem sentido.
A ilha era de fato bastante bela para quem podia vê-la. Logo de cara conseguimos notar que era revestida de um poder celestial, por isso, ao redor de toda a ilha existia uma espécie de bolha branca, que era o que escondia aquele lugar. Lá dentro nunca era noite, sempre estava claro e bonito, como se não houvesse tempo ou hora. Na entrada também havia um tapete, cor de ouro que seguia até dentro da floresta indicando o caminho para o castelo de pedras.
Existia um lago e estátuas que lembravam o Olimpo e todo o poder que exercemos. Não tinha sequer um animal por ali e muito menos Deuses circulando, eles ficavam sempre reclusos no castelo onde podiam ver de tudo, ou precisavam ser invocados, e eu sabia bem como fazer.
— Paramos aqui? — Namjoon perguntou notando a cara de surpresa do marido — Isso é tão injusto! Eu queria poder ver. — ele resmungou esperando a minha resposta.
— Sim, pode parar aqui, estamos bem em cima.
— Iremos ficar aqui? — Yoongi perguntou quando se pôs ao meu lado — Não quero que se machuque, não é melhor que eu vá contigo?
— Consegues enxergar?
— Não — o alfa revirou os olhos, um tanto debochado — Mas sei que tu podes dar o teu jeito, deixe-me ir contigo.
— Tu não terias forças para lutar contra um Deus de qualquer maneira, Yoongi, mas, não vou deixá-los aqui, pedirei permissão assim que entrar — me virei para olhar meu alfa que estava com os olhos fixos em um ponto específico — Jungkook? Você-
— Eu consigo ver — ele disse sem comoção, mas parecia transtornado.
— Consegue? — deixei a minha expressão confusa brotar e ele me olhou de repente — Sério? Tipo, consegue mesmo?
— Sim — ele suspirou e deu os ombros — Pensei que era coisa da minha cabeça, mas agora de pertinho vejo o quão excêntrico isso é. Digo, toda essa parte onde eles não conseguem ver e eu sim. Será que existe qualquer razão?
— Provavelmente — lhe passei confiança mesmo que eu mesmo não tivesse — Entramos eu, Seokjin, Taehyung e você. Pedirei a alguém que esteja lá dentro para liberar a entrada dos outros, precisamos ser rápidos, pois, não quero encontrar ninguém do tikvá aqui fora quando sairmos, e também temos a reunião com a alcatéia, não esqueça.
— Certo, vamos fazer isso — o alfa tomou coragem e voltou a olhar para a ilha, parecia abismado e um tanto melancólico. Isso, me causou certa estranheza.
[...]
Normalmente os Deuses só pisavam na ilha por duas razões: ou algo estava errado com a sua criação, ou eles poderiam querer respirar um pouco diante de toda a responsabilidade que os rodeavam. A maioria das vezes era a segunda opção, e foi por isso que assim que eu, Seokjin, Taehyung, e Jungkook pisamos na areia da ilha, encontramos de cara Ares, sentado em uma rocha descansando.
O Deus estava com suas vestes tradicionais brancas, feito de seda que cobria apenas metade de seu tronco. Seus pés estavam descalços e seus olhos permaneciam fechados conforme parecia apreciar o sol que só atingia a ilha visto que não existia mudança no clima, ao seu redor não existia ninguém, então supus que ele estava sozinho apreciando a brisa, mesmo sabendo que ele havia sentido a nossa presença.
As folhas das árvores faziam um bagulho agradável, não dava para sentir cheiro sequer além da maresia. Tudo ali me lembrava de casa, e foi imediato o meu sorriso quando lembrei dos tempos em que passei ali.
— É muita audácia, não é? — a voz grave do Deus atingiu os nossos sentidos mesmo que ele estivesse um tanto longe de nós. Ele nem sequer nos olhou — Como se não bastasse vir até aqui, ainda trouxe ômegas junto dele. Será possível que eu tenha que ter tanta paciência assim? Logo eu, o Deus da guerra! — ele movimentou as mãos como se explicasse aos céus.
— Não seja tão grosso — pedi carregando um sorriso — Eu estava com saudades — soltei uma risadinha esperando que ele explodisse de ódio.
— Saudades — ele repetiu um tanto emburrado ainda de olhos fechados enquanto caminhávamos até ele — Se sentisse saudade de teus irmãos, não teria nem ao menos nos deixado aqui para início de conversa. Ora, quem já se viu. Um Deus cair na terra para ir atrás de um alfa.
— Sabes bem que não foi por essa razão que desci, Ares. Não seja tão boçal.
— Não tenho interesse em saber o pretexto, tenho asserção que envolve ômegas e eu não sei o que eles fazem aqui! — ele retrucou se virando completamente e apontando para nós.
— Oh, eles? — me virei para mirar Taehyung, esse que estava atrás de Seokjin pelo terror que sentia — Eles são a minha família. Aquele que está com uma fisionomia assustada é o Taehyung, o outro que parece que vai voar em seu pescoço é o Seokjin. Logo à frente deles está o-
— O alfa que te fez cair — o nojo em sua voz era notável — Sinceramente, Apollo, eu nem imagino o motivo da tua visita, mas espero que vá embora imediatamente.
— Uma pena, pois tu não mandas em nada aqui — retruquei sorrindo e ele revirou os olhos começando a se assentar na rocha, o que fez Jungkook se pôr apressadamente em minha frente.
— Haha, ele é protetor não é? Como um lobo selvagem — o Deus cantarolou.
— Criação tua, devo lhe recordar — toquei no braço do alfa para que ele soubesse que estava tudo bem, e Jungkook nem ao menos me olhou, continuou com os filhos fixos no Deus em sua frente — Vim até aqui para te perguntar uma coisa. Conforme mais rápido me responder, mais depressa vou embora.
— Diga — Hefesto me surpreendeu quando veio caminhando em meio ao tapete de ouro. Seu corpo estava envolto ao fogo e as suas vestes escuras não eram atingidas, visto que ele tinha todo domínio — Quanto tempo, meu irmão.
— Olá — dei-lhe um sorriso assim que ele parou em minha frente — Diga-me que sentiu saudades.
— Não foi tanto tempo assim, fiquei te observando vez ou outra — ele confessou — Pareces bem, e pareces um ômega.
— Bom, trabalho da Agnes caso queira saber — dei os ombros observando o Deus devolver-me o sorriso — Preciso de tua ajuda, da tua e a de Ares.
— Pois é problema seu — Ares respondeu parecendo alheio a conversa — Não irei ajudar em nada, tu não és minha obrigação e eu estava querendo paz aqui. Se não tiver, irei embora.
— Fale — Hefesto pediu sem se importar com os resmungos atrás dele — O que buscas aqui?
— Primeiro queria que liberassem a entrada de Hoseok, Yoongi e Namjoon que estão lá fora. Eles não conseguem ver a ilha, mas garanto que todos possuem o coração mais benevolente do que o de qualquer outro alfa que conheci na terra.
— Puff — Ares novamente revirou os olhos — Tu não sabes resolver as tuas coisas, sozinho? Já tem gente o suficiente aqui dentro, e posso lhe afirmar que é melhor que eles continuem lá fora, acredito que existam alfas ruins por aí querendo te pegar.
— Pronto, liberei — Hefesto sorriu sem se vincular com o que o outro disse.
Eu sorri sabendo que ambos viviam em pé de guerra com qualquer assunto que existisse.
Olhei para trás momentaneamente e notei que Namjoon, Yoongi e Hoseok já entravam na ilha um tanto receosos. Seus passos eram firmes apesar de que as afeições vacilavam um pouco, entre rancor e medo, afinal os Deuses ainda eram algo desconhecido para aquele povo, E como eles não davam tanta assistência há um bom tempo, existia raiva alimentada por bastante tempo.
— Agora, podes começar a falar — Hefesto pediu controlando o seu poder — No que podemos ajudar?
— Acredito que tu saibas onde está armazenado o meu poder. Eu descobri há pouco tempo, visto que tive as minhas memórias recentemente, e segundo Agnes eu preciso de ajuda para libertar e reconquistar aquilo que sou. Porém, eu não faço ideia do que fazer, sabes bem que desci à terra para salvar os ômegas da escravidão e sem esse poder eu não consigo. Sei que mesmo sem eles, sou mais forte do que os outros por ser um lúpus, mas não é o suficiente para essa batalha.
— Imaginei que seria isso — ele suspirou parecendo pensativo — Tive a certeza quando notei a espada em tuas costas, nela está armazenado todo o teu poder. Bom, todo o poder que Hajun utilizou, logo que teu corpo de ômega não suportaria toda a tua energia.
— Hum — Ares resmungou — Se veio até aqui por essa razão, pode voltar. Não podemos fazer nada.
— O quê? — abri a boca um tanto atônito e Hefesto confirmou aquilo que eu não sabia.
— O teu poder foi armazenado aí, logo após a sua morte. Ele foi absorvido pela terra para que ninguém pudesse usá-lo além de ti. O problema é que para que consigas retomar a força que lhe pertence, precisas ter um motivo, uma razão, algo tão forte que faça com que a espada lhe devolva aquilo que tem direito. Como, por exemplo, tu precisas estar em grande perigo, algo que o universo entenda que se tu não tiveres o teu poder imediatamente a tua vida será ceifada. Entendes?
— Eu preciso estar em grande perigo — engoli a seco lembrando de quando fui encarcerado no Tikvá — Mas recentemente eu..
— Eu sei — Ares desceu da rocha e caminhou até nós parando ao lado de Hefesto que impôs um limite com o braço para que ele não ultrapassasse — Sentimos quando Tikvá estava contigo em suas terras. Porém, aquilo ali não foi o suficiente para a espada, afinal, sabíamos que Jungkook daria um jeito de te salvar. Ela só irá liberar o teu poder se tu estiveres a ponto de morrer, quando não existir mais solução.
— Quando não existir mais ninguém que possa me salvar.. — completei a sua fala e ele confirmou com um semblante ainda raivoso.
— Sinto muito, Apollo. Queria poder ajudar de alguma forma — esse foi Hefesto que definitivamente parecia mais calmo com o passar dos anos.
Tentei pensar em alguma saída, conforme fixava os meus olhos em uma das árvores que balançavam com o vento. Sabia bem o que Ares queria dizer. Eu entraria na batalha como Ômega, e só então em algum momento antes de minha morte é que eu receberia o poder que precisava para acabar com tudo de uma vez. Isso até pareceria reconfortante por um lado, pois, eu definitivamente seria o ponto chave de uma luta que definitivamente precisaria do meu poder, mas, por outro lado, isso era bastante perigoso, pois, em um segundo apenas eu poderia ser morto, e não daria tempo de receber todo aquele poder que me pertencia na terra.
— Sim, é exatamente isso que tu pensaste — Ares me puxou de meus pensamentos — Tu podes morrer caso não dê tempo, e, nessa altura, seu plano acaba antes mesmo de ser concluído.
— Podes ao menos fingir que está do meu lado por um segundo? — resmunguei sentindo a minha cabeça começar a doer pelo tanto de possibilidades.
Hoseok e Namjoon estavam logo atrás de Jungkook e pareciam pensativos com a circunstância. Todos nós nos olhamos por breves segundos, e suspirei entendendo que não havia nada que pudéssemos fazer.
— Eu.. — ouvi uma voz baixinha logo atrás de mim, e quando olhei, notei que era Taehyung que tentava falar algo, mas foi parado por Yoongi que o olhou um tanto apreensivo.
— Taehyung? — o chamei curioso com a sua fala — Quer proferir algo?
— Posso? — ele arregalou os olhos quando notou ser o centro das atenções — Não quero atrapalhar.
— Fale, ômega — Hefesto pediu, recebendo um rosnado baixinho de Yoongi que não gostava nada daquilo.
— É que.. — ele levou a mão à boca tomado pela confusão — É que eu pensei que se ambos ajudassem doando metade de seus poderes, as coisas poderiam ser bem mais fáceis na batalha.
— Oi? — Ares deu um passo à frente, e Jungkook rosnou para que ele não se aproximasse mais — Silêncio, malcriado. Se eu estalar o dedo, tu morres.
— Não o ameace! — me coloquei na frente do alfa e Ares sorriu arqueando a sobrancelha.
— Parem! — Hefesto quase gritou já sem paciência — Deixem o ômega falar, que inferno.
— Taehyung? — chamei para que ele continuasse.
— O poder do Jimin, quer dizer, Apollo está recluso em uma espada. É uma quantidade pequena de poder visto que ele não pode suportar muito, mas é o suficiente para ele entrar e ganhar uma batalha contra inúmeros alfas e betas que aprisionam vários ômegas por vários anos seguidos. Então, pensei que se os Deuses pudessem fazer o mesmo, colocar um pouco de seu poder ou aprisionar em uma arma, ou seja lá o que for e der para alguém de sua confiança usar durante a luta, iriam ser três pessoas com poder de Deuses e isso claramente faria a batalha ser ganha.
— Espera, espera aí! — Ares gargalhou como se a ideia fosse absurda — Tu queres que eu coloque uma parcela de meu poder em uma espada, entregue a um mortal, para que ele use da forma que bem entender?
— Não! — Taehyung aproximadamente gritou com o Deus sem perceber — Óbvio que não é para entregar um mortal qualquer, esse poder não pode estar em mãos erradas. Entregaria ou doaria esse poder a alguém de sua confiança, alguém que tu começarias a observar a partir de hoje para saber se é digno de participar e ganhar essa luta. Então quando tu decidistes, ajudaria com um pouco do teu poder que para ti não é nada, e assim que a batalha cessasse o poder seria resignado a ti novamente, pois, serviria apenas para ajudar ao seu irmão.
Por vários minutos a única coisa que podemos ouvir, foram os barulhos dos galhos das árvores balançando com o vento, que com certeza foi gerado pela raiva de Ares visto que normalmente ali não tinha tempo ou espaço como foi dito antes. Seus olhos estavam presos a Taehyung, e quando olhei para o ômega de modo a saber se ele estava assustado ou intimidado, encontrei seus olhos presos também ao Deus, o que me deixou desarranjado com a situação em si.
Yoongi e Hoseok pareciam assustados pela coragem repentina do ômega, mas não disseram nada. A ideia de Taehyung com certeza seria algo a ser estudado com cautela, pois, se fosse viável com certeza nos ajudaria bastante na hora da luta, e assim os Deuses se envolveriam para ficar ainda mais justo.
— E então? — Hefesto questionou olhando para Ares — Isso pode ser feito?
— Tu ômega — Ares não respondeu como se estivesse enfeitiçado olhando para Taehyung sem ao menos picar — Tu és filho de quem?
— Filho? — o ômega pareceu perturbado — De minha mãe, oras.
— E teu pai? — ele deu um passo à frente, e Hoseok foi rápido em ficar ao lado de Yoongi para que o Deus não se aproximasse mais.
— Não sei — ele deu os ombros — Por que a pergunta?
— É Ares — cruzei os braços sem compreender seu jogo — Por que o interesse em um ômega?
— Não posso mais ficar curioso? — ele bufou voltando a atenção a mim — Irei pensar sobre a ideia dele, e entro em contato quando julgar se é hora. Porém, se eu não encontrar ninguém digno, não posso fazer nada além de te ver morrer pela segunda vez.
— Ou pode dar a santíssima trindade dos ômegas — Seokjin respondeu completamente sem escrúpulos — Jimin é um ômega e terá seus poderes de volta. Passa metade do teu poder para Taehyung, e Hefesto para mim. Assim, lutaremos em prol dos ômegas.
Ouvimos um “não” sincronicamente de Namjoon, Jungkook, Yoongi e Hoseok que não pareciam nada felizes com a ideia. Óbvio que Seokjin não deu a mínima e esperou a resposta dos Deuses, essa que veio com uma risada de zombaria.
— Sim, claro que irei passar meus poderes para um ômega — Ares prendeu os lábios em um sorriso oblíquo — Já estão fantasiando demais, vão embora.
— Tu precisas me auxiliar e sabes disso — voltei a dirigi-lo a palavra e ele cruzou os braços frente ao corpo novamente — Sabe muito bem que existirão várias mortes nesse confronto, e tudo bem, sei que tu não se importaria caso eu viesse a sucumbir, mas a tua criação? Matarei todos os alfas que entrarem no meu caminho. Não só os alfas, mas os betas também.
— Isso é uma ameaça? — seu corpo ficou rijo por uns instantes — Sabe que posso reviver todos.
— Eu sei — dei os ombros — Sou conhecido por ser um Deus justo, da cura, da justiça e da lei. Tu não pensas que é justo matar os alfas que matam vários ômegas todos os dias? Para mim, é justiça. Pense como quiser.
Com um sorriso, me virei para ir embora. Queria fazer bastante coisa na ilha intitulada como minha, mas deixaria aquele ponto de vista adentrar nos dois primeiro para que eles pudessem me ajudar. Pois, para ser sincero, esse pensamento de aniquilação de todos os alfas que ficassem contra mim me assustavam. Principalmente por saber que todas as cidades onde haviam escravidão dos ômegas, tentariam se curvar diante de mim e de Jungkook. Mas isso não poderia suceder. Quem garantiria que não existiria uma rebelião depois?
Eles poderiam tentar se unir a nós apenas para poupar as suas vidas medíocres. Entretanto, ninguém poderia confiar em tais seres imundos de tal forma. Eles tratavam os ômegas como lixo, e de uma hora para outra mudariam tão facilmente? Não, isso não poderia ocorrer.
Foi pensando nisso que deixamos a ilha e fomos em direção a nossa matilha novamente.
Entrando no barco notamos que as estrelas ainda iluminavam o céu, e possivelmente daria tempo de conversar com todos os lobos sobre a nossa próxima invasão. Precisávamos imediatamente tomar as terras do Oeste.
Não apenas para que pudéssemos fazer o ritual da lua, também, visto que a ligação de todos os lobos era importante. Porque era a última coisa que precisaríamos antes de invadir todas as cidades de modo a salvarmos todos os ômegas em cativeiro.
E Isso demandava tempo e coragem, pois, Junseo estaria lá com eles, e o líder Lee Byeongho não era nada fácil de lidar.
[...]
O retorno até o sul foi tranquilo, logo que aos arredores não havia nenhum alfa engraçadinho querendo morrer.
Assim que pisamos em nosso povoado, todos estavam em volta de uma fogueira esperando o nosso retrocesso para que pudéssemos dar início a uma conversa difícil. E claro, Jaebeom havia arrumado comida para todos, de modo que alfas, betas e ômegas comecem juntos durante a espera e aquilo me deixou mais despreocupado, pois, todos estavam juntos e seguros, coisa que eu desejava desde minha vida anterior.
Namjoon sentou em um dos troncos e levou Seokjin ao seu colo, esperando que eu e Jungkook ficássemos no meio para assim começar a desferir as ordens. Hoseok, Taehyung e Yoongi fizeram o mesmo ao lado de Namjoon, eles pareciam ansiosos com o que seria dito e eu estava da mesma forma, inteiramente nervoso.
— Certo — Jungkook pigarreou antes de começar — Odeio deixar todos aqui no escuro, então irei começar a contar os nossos próximos planos e o que iremos fazer. Sei que a maioria conhece a história de Apollo, e o que ele fez a milênios atrás, mas precisam saber o que irá ocorrer a partir de agora. Jimin era um alfa lúpus e agora é um ômega assim como em sua vida passada. Ele veio aqui, sendo o Deus que é, para libertar todos os ômegas da escravidão e sabemos que não são poucos. Aqui, temos como exemplo os ômegas do Leste que chegaram a pouco tempo. Eles foram espancados, desrespeitados e agora estão em um lar seguro, e todos nós os tratamos como eles definitivamente merecem serem tratados.
— Porém — comecei a falar notando o rosto aflito de cada um deles — A diferença, é que o líder do Leste cedeu a liderança para Jungkook em um ato completamente inesperado. Não existiu luta alguma, ou nenhuma morte. Ele apenas se curvou diante do líder de vocês, e foi apenas isso. Entretanto, nós agora precisamos das terras do Oeste e como Hoseok contou-lhes, iremos invadir-lá para tomar tudo o que eles têm, e como sabem, o líder Lee Byeongho precisa morrer assim como o meu pai morreu, para que Jungkook seja líder daquele povo e acabe comandando todas as terras de nosso povo.
— Posso saber o motivo? — Youngjae questionou em meio a todos — Estou apenas curioso.
— Iremos salvar todos os ômegas das quatro cidades. Tikvá, Colosis, Teronia e Elnora — Jungkook respondeu — Isso significa que iremos amparar vários ômegas feridos, totalmente machucados e violentados, e precisamos de bastante espaço para isso.
— Não apenas espaço — olhei para Jungkook e ele confirmou — Precisamos também de alimento. Precisamos de tendas, de lobos propícios a ajudar, precisamos de todos envolvidos nisso ou não dará certo. Vai ser uma luta árdua, pois, quando invadimos a primeira cidade, as outras irão ficar em alerta, e com isso, iremos precisar da lealdade do Oeste, da lealdade e extensão. Precisamos tomar tudo o que elas possuem, principalmente os ômegas de lá.
Os murmúrios começaram e olhei para Jungkook, esse que parecia esperar por mim. Ele possivelmente não sabia se eu gostaria de contar absolutamente tudo, mas eu precisava confiar em meu povo, ou, nada sairia do lugar.
— Eu jamais colocaria a vida de todos em risco, sabendo de suas famílias, sei que todos aqui tem por quem lutar, e eu também tenho. Cada um que está aqui é a minha família agora, somos apenas um, e tenho poder de sobra para isso, pois, como um Deus posso garantir que essa luta será ganha, mas não de maneira tão fácil. Será a base de sangue, suor e lágrimas, e uma luta justa em equipe — engoli a seco quando notei que todos estavam assustados com tudo o que iria acontecer — Eu sei, eu também sinto medo. Não pensem que porque sou um Deus, não fico em pânico com o que está por vir. Pois, se eu morrer antes de todos serem libertos, o que irá acontecer, hum? O que será daqueles ômegas que estão agora amarrados, com fome, com sede e com frio? Eles precisam de nós, eles precisam de uma vida digna.
— Eles precisam de nós — Jungkook repetiu — E como referência, uso o Baekyun que chegou, tem poucas horas e está aqui junto de todos como um igual, mesmo não sendo de nossas terras — todos que ouviram se viraram para o ômega que estava sentado ao lado de Chanyeol, ainda bastante contundido — Diga-lhes, Baek, como se sente?
O ômega olhou para o chão por um breve instante, e quando voltou a nos olhar, estava com os olhos cheios de lágrimas demonstrando o tamanho de sua dor.
— Eu me sinto vivo pela primeira vez em anos — às lágrimas desceram conforme ele falava baixinho — Não sei o que seria de mim se o Jimin não tivesse me salvado. Talvez eu aguentasse mais um pouco, mas acabaria como vários ômegas encarcerados que estavam por lá. Mortos. Alguns tiraram a própria vida usando os próprios lençóis, outros apanhavam até que não aguentassem mais. E sei que todos aqui sabem o que acontecem naquelas cidades, mas acreditem, não é nem 1% do que imaginam, é bem pior.
— Conte a todos — Jungkook pediu — Eles precisam saber o que está acontecendo por lá.
— Apenas se conseguir, Baek — o olhei notando que estava recente demais tudo o que aconteceu — Se julgas que não consegues, está tudo bem.
— Eu consigo — o ômega se arrumou melhor no tronco onde estava sentado — Quando nasci e descobriram que eu era ômega, me jogaram ao léu assim como todos os outros. A minha infância foi regada de abusos que eu não irei contar, pois, sei que todos aqui entendem o que estou falando — ele pausou para respirar fundo — Quando entrei no meu primeiro cio fui jogado no calabouço para satisfazer quem aparecesse. Fui usado diversas vezes por alfas em seus rut, e sem falar sobre ser torturado apenas por diversão. Alguns ômegas preferiram limpar o castelo a fim de terem um pouco de alimento, outros trocaram água por sexo, ou favores desse tipo. Os banhos são baldes de água que eles jogam na cela quando o odor começa a importunar, e se reclamamos de fome, eles jogam barro ou pedras dizendo que aquele é o alimento que merecemos.
— Já chega — implorei sentindo o meu peito doer, e Jungkook foi rápido em me abraçar pedindo para que eu fosse forte. Eles precisavam saber o que estava acontecendo em terras distantes, contudo, era angustiante demais de se ouvir, quase um martírio.
— Os alfas e betas engravidam os ômegas quando querem, marcam eles e quando o filhote nasce, descartam o ômega como se não fosse nada. Fora que a minoria precisa limpar as tendas deles, cozinhar, oferecer o próprio corpo e muitas vezes caçar o próprio alimento. Fazíamos tudo isso pedindo um pouco de comida a cada três dias. Era apenas para sobreviver e eu me envergonho tanto disso, sinto tanto nojo de mim que passei duas horas tomando banho na cabana desse beta — ele apostou para Chanyeol — Esfreguei tanto o meu corpo que me feri e ele teve que me parar, pois, não era a minha pele que estava suja, e sim a minha alma.
— Não é culpa sua, anjo — o beta ao seu lado segurou as suas mãos — Jamais seria culpa sua, e está tudo bem agora. Não estás mais sozinho, certo?
— Entendem agora? — Jungkook perguntou deixando um beijo casto em minha cabeça — É por isso que precisamos guerrear, isso não é vida. Eles não merecem isso, não merecem viver assim apenas por serem ômegas. A maioria aqui é acasalado, tem filhotes ômegas. É assim que querem viver? E se um dia as terras deles invadirem as nossas e me matarem? O que acontecerá com os nossos ômegas? Precisamos fazer alguma coisa!
— E rápido — Jaebeom respondeu ficando de pé — Antes quando o pai do Jimin era vivo, eu tinha um ponto de vista diferente do que tenho agora. Deixei com que ele me contaminasse com aquele papo de ser superior aos ômegas, então fui rude quando Apolo se tornou ômega. Agora, meu pensamento em relação a isso mudou drasticamente. Somos iguais, pelo menos aqui todos somos família. Eu morreria pelo Jimin, ou por qualquer um que está aqui. Por favor, pensem no nosso povo, vamos à luta, isso é uma súplica. Pois, eu sei que Jungkook tem poder o suficiente para obrigar a todos que estão aqui, mas ele é um bom líder, está dando escolha. Ele quer que entendam a situação e o quão grave ela é, então apenas o sigam. Vamos fazer a diferença nesse caso.
— Então temos escolha? — Youngjae perguntou olhando para Jaebeom.
— Tu não tens, alfa asqueroso. Quase me matastes na fronteira quando traístes o Sul para ficar ao lado de Jungkook, pensas que esqueci? Quase matou Chanyeol, e ainda matou mais quatro de nós. Então, não, tu não tens escolha. Vai lutar ao meu lado, e se protestar corto a sua garganta para que tu vejas que foi estupidez tua não ter me matado.
O silêncio pairou por uns instantes. A presença de Youngjae era tão forte que minha cabeça doeu momentaneamente, todavia não era maior que a aura dominadora de Jaebeom que permanecia de pé de braços cruzados. Ele não cederia ao alfa, e isso estava nítido a algum tempo.
— Então — Hoseok ficou de pé vendo que todos ainda estavam engolindo a recém descoberta — O treinamento começou, mas Jungkook quis explicar o motivo para todos. Essa é a razão, iremos lutar a favor dos ômegas. Teremos três luas para nos aprontar, e todos os alfas e betas estarão ao nosso lado, sem exceção. Sei que o líder deu opções, mas eu não dou. Sou um alfa marcado, e jamais deixaria o meu ômega ou até mesmo o meu alfa nas mãos daqueles assassinos. Lutem pela família, lutem pela qualidade de vida e tenham empatia com o próximo. Iremos nos ligar assim que a matilha do Oeste for tomada, e então, daremos início ao nosso plano.
Com isso, a nossa reunião teve um fim.
Todos os lobos pareciam apreciar a ideia depois do relato de um ômega que sofreu por anos, e para ser bastante franco, Jungkook tinha razão. A nossa vida a partir daquele momento, contava com o tempo, pois, se todas às quatro cidades se unissem para tomar as nossas terras, eles poderiam povoar muito mais, e acabar matando mais ômegas e escravizando todos nós de uma só vez. Principalmente agora que eu descobri que para ter o meu poder de volta, precisaria de um gatilho muito grande, teria que pôr a minha vida em risco e isso com certeza o alfa não aprovaria.
Em síntese, respirei fundo, pois, sabia que havia uma abundância grande de lobos ao nosso lado. Iria ser difícil, árduo, um tanto perigoso e bastante comovente afinal. Salvar todo aquele povo, e abriga-los seria definitivamente o meu propósito sendo cumprido.
Precisamos ter competência, e ser, a resistência.
☪️
Eu não queria dizer nada não, mas ainda não tivemos hot namjin, né? Análise rs
Eita que vem outra invasão, e eu tô com o cu na mão sabendo que a espada só é ativada quando ele está em perigo aff!
Gente o vernon rs sendo ex crush do taetae hmkk
Junseo tá quietinho né? Tenho é medo rs
Bom, é isso. Obrigado a quem deixou votinho e comentou, prometo que volto rapidinho pq tô curiosa pra cacete.
LOVE U
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