🦊 Chapter Seventeen 🐺

[Capítulo sem betagem]

Por favor,
comentem bastante
e deixem o votinho
se gostarem <3

Você é bem como eu
Conhece o que é ser assim
Só que dessa história
Ninguém sabe o fim.
Lulu Santos.

J I M I N

O aparecimento de Eros em nossas vidas iria modificar drasticamente o destino das coisas. Primeiro na luta que seria uma ajuda extra para desencarcerar os ômegas, segundo em seu próprio casamento visto que daria a luz a um semi deus e isso seria definitivamente um pretexto para uma guerra, terceiro que sua força excepcional ajudaria vários casais da matilha que buscavam incansavelmente um filhote, e quarto, bom, era o Eros.

Não dava para prever o que aquele cabeça oca iria fazer.

Seu pedido de qualquer modo havia sido simples, ele precisava possuir as suas lembranças de volta. Não de sua existência passada, visto que era a primeira vez em que ele descia a terra, mas sim as suas recordações como Deus. Ele precisava relembrar de tudo desde antes de decidir descer atrás de mim, até seu nascimento, e isso me intrigava um pouco, estava curioso para saber o que a sua participação na terra queria dizer.

Hoseok e Yoongi caminhavam ao meu lado calmamente conforme Taehyung nos acompanhava até a Agnes. Ele estava hesitante, seus olhos permaneciam alarmados e sua respiração entregava que estava com medo. E era para estar, de qualquer forma, sua individualidade estava prestes a mudar, lembranças que nunca havia tido prestes a voltar, e fora que surgiria várias questões.

Como as que ele tinha agora.

— Eu tenho uma pergunta — Taehyung falou baixinho enquanto caminhávamos. — Se eu sou o tal Eros, e ele aparece sempre que eu estou em perigo, posso saber por que ele não deu as caras quando Junseo me pegou na floresta?

— Eu não faço a mínima ideia — dei os ombros efetivamente túrbido. — O que aconteceu naquele dia que tu fugistes?

— Junseo entrou no calor, tentou me hostilizar no povoado do leste, mas eu escapei. Corri para a mata mesmo sabendo que ele iria correr atrás de mim, depois disso, só lembro de ter acordado no meio da mata todo sujo..

— Tu desmaiaste, não é? — perguntei e ele confirmou acenando com a cabeça. — E fostes em direção ao Sul?

— Ao Norte — ele me corrigiu. — Só que a Agnes me encontrou no meio do caminho, e também os alfas do Leste já estavam se misturando com a matilha do Jungkook. Tive pavor de ir até lá e encontrar Junseo de alguma maneira. Por isso, mudei o itinerário e fui rumo ao Sul.

— Eu acho que tu só ficastes preso ao Sul por ser um Deus, Taehyung. Nenhum ômega tem escolha quando é amaldiçoado, a Agnes os prende em suas matilhas de origem. Tu, ao invés de ficar preso ao Leste, ficou recluso ao Sul. E isso nunca fez sentido, agora eu entendo — o olhei notando sua testa franzida em total confusão. — Tu és Eros, Taehy. Tem autoridade para permanecer onde quiser, quando quiser e na hora que quiser. Ninguém pode dizer a um Deus o que fazer, nem mesmo a Agnes tem domínio suficiente para isso.

— Tudo faz sentido agora.. — o ômega resmungou baixinho conforme andava. — Então, eu pedi para ser conduzido até a Agnes? — seus lumes passearam pela floresta entregando sua desordem.

— Sim, irei explicar tudo quando chegarmos lá. Não te preocupes.

Ele balançou a cabeça em concordância, e assim seguimos até a Agnes, esperando que ela nos encontrasse, logo que nunca sabíamos onde ela estava.

Caminhando em silêncio pelas árvores, passamos pelo córrego e fizemos uma pausa na travessia da ponte. Taehyung parou de caminhar quando encontrou uma borboleta amarela, ele parecia maravilhado mesmo com toda aquela escuridão. O dia nem sequer havia amanhecido.

— Ele vai deixar de ser doce assim? — Hoseok me questionou baixinho enquanto observavamos o ômega. — Yoongi me contou que tu não mudastes quase nada, então, fiquei curioso sobre o que irá suceder agora.

— Eros é alguém valente, Jung. Ele é íntegro, um pouco rebelde se quer saber, contudo totalmente cativante. Taehyung não perdeu sua essência, nossas situações foram diferentes. Eu era um alfa lúpus, criado para liderar. Quando tive as minhas lembranças de volta isso permaneceu, continuei precisando reger o meu povo, e aqui estou eu, firme como uma rocha — o expliquei ainda acompanhando os movimentos graciosos de Taehyung. — Agora se queres saber o que esperar, eu te direi. Quando ele recordar o quão poderoso é, não existirá sequer um alfa nesse mundo que o segure. Na batalha a poucos minutos atrás, quase matei todos de uma só vez, e acredite, eu me segurei muito para não mostrar um por cento do meu poder. Eros pode explodir o planeta inteiro com o estalar de dedos, Hoseok. E ele nunca foi referência de paciência, como o Taehyung é. Estou de fato curioso para ver como será a sua nova personalidade, pois eu não faço a mínima ideia.

Yoongi cochichou próximo ao ouvido de Taehyung para que pudéssemos voltar a caminhar e o ômega sorriu, abraçando o alfa, o dizendo o quanto estava orgulhoso por ele não ter se machucado na luta. Ele fez o mesmo com Hoseok e logo se pôs ao meu lado, dava para sentir o temor dos alfas, estavam visivelmente aterrorizados com a ideia da mudança do ômega.

Após alguns minutos caminhando, notamos a presença da Agnes que usava uma maquiagem forte e um vestido todo preto que ia até em baixo, cobrindo seus pés. O sorriso da bruxa foi enorme quando nos viu, seus lábios com um batom roxo escuro estavam definitivamente marcados, ela parecia pronta para um ritual macabro e eu sabia que planejava alguma coisa.

— Bem vindos, meus pequenos — ela caminhou até nós pisando firme nos galhos soltos ao chão — Estava esperando a tua visita, Jimin. Vejo que conseguiu restabelecer os teus poderes, quer me agradecer? — seu sorriso cresceu mesmo que eu conseguisse sentir o medo em sua voz.

— Tu quase matou Jungkook, Agnes. E quase me matou também, não ache que esquecerei isso.

— Foi necessário — ela constatou. — Tu precisavas de teus poderes, não havia outra maneira, sabes bem disso.

— Iremos conversar sobre isso posteriormente — a cortei, recebendo um revirar de olhos. — Queremos falar contigo sobre Taehyung e sobre Eros, acredito que já saiba de algo, eu suponho.

— Desconfiei no instante em que Yoongi me contou sobre a marca que ele recebeu da natureza — a bruxa olhou para Taehyung, e ele se escondeu atrás de Hoseok. — Do que precisam?

— Eros quer as memórias dele de volta — ela me olhou assustada. — Ele confia em ti para tal feito, então, faça o que ele ordenou. Tenho muito o que fazer agora no Sul, e com certeza o meu cio voltará em poucas horas, não posso perder tempo aqui, tu sabes melhor do que eu.

— Claro — ela balançou a cabeça concordando. — Taehyung, quer me perguntar algo antes de começarmos? Irá doer um pouco, então..

O ômega a olhou vacilante.

— Eu.. — ele engoliu a seco olhando para os dois alfas. — Eu acho que estou carregando um filhote, achas que isso pode machucá-lo?

Os alfas se entreolharam com os lumes arregalados e aquilo me fez rir. Eles definitivamente não sentiam o aroma do ômega naquela ocasião, mas Taehyung parecia ter sentido, e aquilo não me surpreendia tanto.

— Teremos um filhote? — Yoongi o puxou lentamente pelo braço, e em questão de segundos os três estavam em uma bolha só deles como se conversassem por pensamento. — Taehyung, tem certeza disso?

— Sim, eu senti hoje na batalha — ele confidenciou. — Estava tão apavorado que não tive tempo de ficar contente, eu só estou anestesiado até agora. Entretanto, eu quero o nosso filho bem, e não sei se isso vai machucá-lo ou não.

Yoongi sorriu pequeno e Hoseok suspirou deixando um carinho singelo no rosto do ômega. Sabia que eles estavam explodindo de felicidade, conseguia sentir os feromônios rodeando a floresta inteira, no entanto, eles tinham noção que não era hora para celebrar. O poder de Taehyung precisava ser libertado, e poderia ser um risco para aquela criança.

— Machucar? — Agnes cruzou os braços. — Ora, Taehyung, se esse filhote vingar será a ruína do planeta terra, acredite, a primeira coisa que Eros fará quando tiver as suas memórias de volta é matar esse feto em teu ventre.

Com isso, Hoseok e Yoongi se puseram na frente do ômega como uma barreira de proteção.

— Ele não o fará — disse tentando acalmar os ânimos. — Eros já sabe que carrega um filhote, e se ele quisesse isso, teria feito sem ao menos pensar. Não seja ridícula, Agnes, só faça o que te foi ordenado.

— Essa criança será um semideus, Jimin. Tu já vistes um semideus metade lobo? Não. E por quê? correto. Todos foram mortos, e pelos próprios Deuses, tenho a sensação que sabes disso — sua fala me deixou apreensivo. — Tu não achas que os Deuses permitiriam isso, não é? Eles engravidavam ômegas, betas, e depois, apenas matavam o filhote porque não queriam lidar com o tal problema.

— Mas.. — Taehyung prensou os lábios tentando não chorar com o esclarecimento.

— Olha, deixa eu te explicar uma coisa — Agnes o olhou e parecia majestosamente incomodada com o tópico. — Os Deuses não possuem almas gêmeas. Nenhum deles, nulo! Apolo porventura foi flechado por ti, essa é a única explicação plausível. De resto, nenhum dos deuses se envolve com a própria criação, afinal, isso seria excessivamente nefasto e grave, então eles evitam passar muito tempo na terra.

— E Hoseok e Yoongi? — Taehyung saiu de trás do esposo e se pôs cara a cara com a bruxa. — Tivemos um imprinting, nossas almas foram ligadas, nosso amor foi selado pela natureza.

— Sim, ele foi — Agnes suspirou. — Posso tocar em ambos? — ela olhou para os dois alfas. — Darei a réplica em poucos segundos, só preciso tocar nos dois, será rápido e indolor.

Os alfas se olharam antes de consentir com a cabeça.

A bruxa deu alguns passos para frente e levou os dígitos até os braços dos dois alfas. Ela os apertou enquanto fechava os olhos, e quando os abriu, sua íris estava lilás esbraseante, certamente tinha a resposta.

— Agora tudo está claro — ela sorriu pequeno e se afastou para voltar a encarar Taehyung. — Hoseok e Yoongi eram almas vazias, ômega. Eles não possuíam almas gêmeas, e se tu não tivesse aparecido na vida deles, era muito possível que eles permanecessem sozinhos até o fim de suas vidas.

— Não possuem? — Taehyung franziu o cenho desordenado e a bruxa somente confirmou.

— Quando tua alma é arremessada a terra para que possas vivenciar tua primeira existência, teu nome é adicionado ao livro da vida, assim como o livro do destino, onde fica os nomes de quem irá te acompanhar em tua jornada. Essas pessoas aparecem em todas as suas vidas, que no caso são quatro. — ela o explicou calmamente. — A primeira vida é a vida de semear, é a vida mais relevante que os deuses te oferecem. Nela tu precisas fazer o bem sem olhar a quem, precisas cuidar do o próximo como cuida de si mesmo, e fazer com que a tua alma continue sendo luz. A segunda vida é a vida que tu irá regar. Irá trabalhar para ganhar um próprio sustento, irá ser grato por tudo aquilo que os deuses estão te oferecendo, e assim por diante. A terceira vida é a de colher, e a quarta vida é a que tu irá aproveitar a colheita, as mais almejadas. Contudo, a sua alma gêmea te acompanha em todas elas, entende? Desde a sua primeira vida, o problema é que às vezes acontece isso, é bem comum na verdade. Hoseok e Yoongi nasceram sem almas gêmeas, e foram ligados ao Eros por ele ser o Deus do amor. Tu, Taehyung, também não tinha ninguém, era uma alma vazia, tu fostes como um ímã para os dois, e agora estão aqui, casados e esperando um semideus.

Olhei para os três que estavam atônitos e pude constatar que eles estavam tão assustados quanto Jungkook estava a horas atrás. Essas mudanças bruscas, repentinas, de uns meses para cá estavam acontecendo na vida de todos, e não existia uma forma de cessar.

Acabávamos unicamente seguindo em frente, esperando que um dia tudo fosse acertado de uma vez.

— Podemos agora? — Agnes estalou o pescoço e soltou os braços como se estivesse se preparando. — Não tenho a noite toda, e eu ainda busco respostas sobre o que aconteceu nas terras do Oeste.

— Tu não me respondeu — Taehyung falou inabalável. — Isso irá ferir o meu filhote?

— Não — Agnes revirou lumes, entediada. — Quem vai ferir o teu filhote são os deuses, não eu. Agora, vamos logo com isso, Eros precisa surgir para explicar o que está fazendo aqui.

Suspirei naquele premente porque por mais que eu não acreditasse que Eros pudesse de fato fazer mal a um filhote, sabia que isso não se aplicava a todos os outros deuses que tinham uma opinião bem dura sobre o tema.

Alisei as costas de Taehyung com ternura para que ele soubesse que eu estaria ali a todo instante, e ele me sorriu lúgubre, talvez com medo temendo pela vida de uma criança que estava sendo gerada. Hoseok e Yoongi se afastaram um pouco por mais que ambos odiassem a ideia do filhote em risco, pois naquele dia não existia algo que pudessem fazer, eles se calaram e esperaram.

Kim Taehyung sabia que era o que devia ser feito, então, se ajoelhou diante da Agnes com toda a ousadia que existia em seu ser, e fechou os olhos, torcendo para que aquilo acabasse o mais depressa possível.

A bruxa então tocou-lhe a cabeça fechando os olhos e respirou denso antes de iniciar. Taehyung sentiria uma dor absurda, e aquilo me deixava um tanto preocupado.

— Ele vai ficar bem? — Yoongi cruzou os braços e deixou seu semblante apreensivo surgir. — Meu ômega está esperando um filhote, Jimin, um filhote! — o alfa sorriu ao me fitar e eu retribui tomado pela euforia.

— O seu deus, Yoongi, não apenas seu ômega — mordi o lábio para tentar conter uma gargalhada quando ele levou a mão até a boca entendendo a grandiosidade que aquilo significava. Ele se relacionava com um deus, uma divindade. Possivelmente estava se sentindo como Jungkook se sentia.

Um tanto privilegiado, até.

— Que pecado, Jimin — ele sussurrou ouvindo uma risadinha de Hoseok. — Coloquei um deus de joelhos para me.. céus.

— Não quero detalhes, poupe-me por favor — deixei um tapa forte em seu ombro e ele sorriu quiçá por lembrar da cena.

Todavia a conversa morreu quando as árvores começaram a balançar pela força do vento, e Taehyung soltou o primeiro grito.

As mãos da Agnes estavam na cabeça do ômega e ela se ajoelhou ficando da mesma altura para terminar o que começou. Sua boca sussurrava palavras desconexas e conforme ela pronunciava as sentenças, o corpo magro de Taehyung tremia sob seu toque, fazendo meu coração estreitar por ter passado pela mesma coisa meses atrás.

Eros revirou os olhos com força quando a primeira recordação o atingiu. Pude sentir interiormente suceder tudo aquilo o que ele estava recordando, sua força se alastrava pela brenha lentamente e isso me deixava em estado de ligação com ele, mesmo que ele não soubesse ainda.

— Junseo, pare com isso!

O corpo de Taehyung foi arremessado bruscamente no chão quando o alfa o alcançou em meio ao bosque. Seus olhos estavam completamente molhados pelas lágrimas que reprimia, e seu perfume insuportavelmente delicioso. Ambos estavam no cio naquela noite, e o alfa não deixaria passar a perfídia que o ômega havia cometido.

— Achas que eu não te vi com o Vernon?! Sua puta desprezível! — chegando mais perto, Junseo puxou Taehyung para cima e deixou uma bofetada forte em sua face, essa que cortou o seu lábio, por ter entrado em contato com seu anel de ferro. — Tu serás meu! Apenas meu! Pare de tentar fugir e faça seu papel de ômega, Taehyung!

— Me deixe em paz! — o ômega rosnou baixinho e se debateu para que o alfa que agora o segurava forte pela cintura, o soltasse. — Me solta, Junseo, eu não te quero!

— Não?! — a mão do alfa escorria pelas costas do menor até agarrar onde tanto queria. — Tira a roupa, agora. Vai ser por bem ou por mal, eu irei acabar contigo.

Taehyung chorava compulsivamente só de imaginar ter aquele alfa asqueroso tocando todo o seu corpo. Entretanto, seus lumes se tornaram lilás por poucos segundos conforme Junseo ainda puxava as suas vestes, e quando o alfa o encarou, encontrou o ômega em estado de transe.

— Me solte — ele pediu firmemente, e Junseo estranhamente o acatou sem refrear o olhar. — Se ousar me tocar novamente, eu irei te massacrar tão rapidamente que tu só saberá quando a tua alma estiver no inferno.

O alfa não respondeu. Seus lábios estavam semi abertos e seu coração batia acelerado enquanto olhava para o ômega em sua frente. Ele estava diferente, dava para perceber, sua aura parecia incandescente de tão poderosa e ele sentia que havia algo errado.

— Vá embora e não olhe para trás. — novamente Taehyung disse em um tom sarcástico. — Se me desobedecer, o castigo será épico e tu se arrependerá amargamente do dia em que me encontrou.

O corpo de Taehyung tremeu ainda mais forte quando Agnes soprou sob sua cabeça, a ventania estava cada vez mais intensa e tivemos que nos segurar um nos outros para que não fossemos levados pela força que Eros emanava. Me perguntava se aquele corpo conseguiria conter todo aquele poder, mas tinha asserção de que ele tinha um plano em relação a aquilo, afinal, suas lembranças eram a chave para todo o seu domínio.

Levou alguns minutos até que tudo se acalmasse outra vez.

Taehyung desmaiou no momento em que a bruxaria da Agnes cessou. Hoseok e Yoongi foram rápidos em pegá-lo no colo para que não se machucasse.

O céu se iluminava aos poucos e entendemos que o dia estava começando naquele meio tempo que estávamos ali.

— Tudo certo, podem ir com ele para casa — a bruxa ficou de pé e bateu as mãos no vestido que usava. — Quando ele acordar, tragam-no aqui. Possivelmente ele irá ansiar me ver, encontrarei ambos logo mais a noite.

— Não posso — a avisei. — Sinto que meu cheiro está ficando mais forte outra vez, então só conseguirei te ver daqui a sete dias. Eros não virá sozinho, pedirei para que me espere. Até lá, segure a sua indiscrição.

— Mas.. — ela deu um passo à frente e eu franzi o cenho pelo seu comportamento incerto. — Os bruxos que estavam na batalha, pode me explicar?

— Tu não sabias da presença deles? — arregalei os olhos com a constatação.

— Não, Jimin. Até então eu achava que só existia a mim, afinal, o teu pai, o rei na vida passada havia ordenado a morte de todos os clãs. Não sobrou ninguém, todos foram queimados, eu mesma procurei por meses antes de minha maldição.

— Também não tenho explicação para isso — alisei os meus fios com cuidado, observando Yoongi segurar Taehyung com mais força para se colocar ao meu lado. — Procurarei saber o que aconteceu, e quando vier até aqui com Eros te contarei o que descobri. Por hora, aguarde ansiosamente o meu retorno. Precisaremos de um ritual da lua, e também, iniciaremos a estratégia para a invasão das quatros cidades.

Agnes concordou silenciosamente mesmo que estivesse muitíssimo confusa. Não se via um bruxo sequer a séculos, desde a minha partida, então era mais do que aceitável sua desconfiança em relação ao líder do Oeste. Não tinha como ele enclausurar seres que eram claramente mais fortes que ele, a não ser que existisse algo bem maior que isso.

Hoseok e Yoongi caminharam para longe dali a fim de irmos para as terras do Sul receber todos os ômegas que viviam aprisionados. Andamos em passos largos e começamos a colocar nossa mente para funcionar. Em poucas horas Eros estaria em nossa presença, carregando um semi deus e pronto para uma nova batalha.

Era o que eu esperava.

[...]

Quando por fim chegamos nas terras do Sul, tudo estava uma verdadeira bagunça. Tinha comida para todo lado, ômegas machucados sendo atendidos por curandeiras, alfas e betas novos que se curvaram diante de mim e de Jungkook, e claro, um Jeon sem camisa, suado e completamente furioso.

Pude ver a movimentação de seus braços definidos enquanto cortava a lenha para esquentar a todos. Namjoon o acompanhava lado a lado, e Hoseok e Yoongi aproveitaram para ir até a vivenda deixar Taehyung na cama por enquanto.

Seokjin caminhou lentamente até mim.

— Então és tu, o Deus ômega líder do Oeste? — Jin apertou os olhos e sorriu como se adorasse a ideia. — Ah, eu adoro tanto os ômegas no poder, me sinto incrivelmente prazeroso.

— Tu és incrivelmente vistoso — o disse, e ele concordou como se soubesse disso a tempos. — Está tudo bem por aqui? Onde estão os bruxos que apareceram?

— Está — ele suspirou fundo. — Jaebeom e Youngjae estão com eles por enquanto. Jungkook não confia em deixá-los sozinhos, e achou melhor te esperar. Taemin e Eubin ficaram responsáveis pelas ervas, estão cuidando de todos os ômegas, conforme Yuri, Yujin, e Yeosang cuidam dos nossos novos lobos.

— Sabem onde colocar os ômegas? Temos espaço o suficiente?

— Jungkook abriu a fronteira com o Norte, então temos gente indo e vindo. Ele decidiu construir mais cabanas pela floresta, irá iniciar amanhã às construções, isso levará um tempinho, porém dará certo.

— E a minha mãe? — meus olhos buscaram os de Seokjin que parecia preocupado. — Ela não melhorou?

— Não, permanece da mesma forma. Eu ia te contar ontem, mas devido a invasão esperei até hoje. Jimin, algo precisa ser feito, isso já faz meses.

Respirei fundo e soltei o ar por saber precisamente o que fazer. Bastava que eu a tocasse agora que tinha os meus poderes, e tudo ficaria bem outra vez. Entretanto, ela era cabeça dura. Dizia que todos precisavam passar por aquela dor quando perdiam um companheiro, seria difícil convencê-la de fato, mas eu o encontraria em breve para que não sofresse mais.

— Jin, pode me fazer um favor?

— Claro, diga-me.

— Não estou me sentindo bem, acredito que seja o meu heat. Irei para a cabana agora, e deixarei Jungkook terminar tudo aqui. Quando ele finalizar, tu podes avisá-lo para que ele me encontre lá? Acredito que ele não vá sentir porque Agnes enfraqueceu a nossa ligação, então..

— Vá tranquilo — ele sorriu deixando um aperto forte em meu ombro. — Tome um banho e o espere, conversamos quando retornares.

Balancei a cabeça em concordância e caminhei até a cabana sentindo o meu corpo inteiro aquecer. O céu mantinha-se em cores alaranjadas, bem claras, dando um ar ainda mais bonito para o dia que amanhecia lentamente de forma encantadora.

Passei pelo aldeamento e subi os batentes de minha morada, até estar finalmente dentro de casa. Larguei minhas vestes brancas pelo chão, e caminhei até a banheira que coincidentemente estava cheia me esperando, o que deveria ser trabalho de Seokjin. Fechei os olhos quando afundei e deixei meu corpo relaxar sob águas geladas e cheirosas. Me perguntava quando iríamos finalmente ter paz, queria tanto conversar com Jungkook sobre nós dois, tinha tantas dúvidas.

Minha destra alisou a minha nuca devagar a ensaboando com delicadeza. Todos os pelinhos do meu corpo se arrepiaram com aquele pequeno contato, e eu sabia que meu cio estava começando. Seria a primeira vez que passaria o meu cio com os poderes de Apolo e isso me assustava um pouco.

Assustava porque na vida passada Hajun tinha controle disso. Ele escolhia se queria ter o heat ou não, e o meu corpo estar em chamas daquela maneira me deixava levemente atordoado. Eu poderia simplesmente parar aquilo? Mas a verdadeira pergunta era: eu queria parar?

Quebrando a minha linha de raciocínio, pude ouvir a porta ranger quando Jungkook adentrou no cômodo. Seu corpo estava tomado pelo suor e seus pés estavam descalços. Pelos deuses, talvez ele tivesse corrido até em casa após o aviso de Seokjin. 

— Estás bem? — sua fala estava cortada, talvez por estar sem ar. — Não senti coisa alguma, fiquei apreensivo.

— Estou bem — notei a curiosidade em seus olhos e deixei escapar uma risadinha. — Estou me sentindo quente, mas é só isso. Sem dores até então, se começar te avisarei.

— Posso tomar banho contigo? — o alfa mordeu o lábio inferior e removeu a camisa sem ao menos receber uma resposta. Ele sabia que eu o queria, meu corpo clamava pelo dele tão fortemente que chegava a doer.

— Me mostre o que tem para mim, líder Jeon.

Ao final da minha frase, Jungkook removeu suas últimas peças de roupa e adentrou de frente para mim dentro da banheira, sem sequer tirar os olhos do meu corpo de tão hipnotizado. Seu membro ereto chamou a minha atenção e eu lambi os lábios querendo me deleitar naquela grossura colossal, meu libido estava a beira do abismo, já fazia um bom tempo desde a última vez.

— Lembra da promessa que me fizestes? — sua fala me fez mirar novamente em seus olhos.

— Promessa? — arqueei a sobrancelha.

— Pedistes as terras do Oeste e eu te dei.. — suas mãos buscaram as minhas pernas e ele alisou com carinho. — Agora, eu quero aquilo que prometeste me dar.

Os lumes cor de carmim me mostravam o quanto ele me queria. Talvez a minha íris estivesse da mesma maneira, porque foi só os dígitos de Jungkook subir um pouquinho mais, para que eu ficasse duro igual a uma pedra.

— Prometi findar essa tensão sexual após a invasão, não esqueci disso, meu amor — alcancei as suas mãos para que ele tocasse em cima de meu falo denso e ele observou atentamente. — Olha só como tu me deixas, Jeon. Duro e desejando os seus toques, o que fizeste comigo?

— Fui seu amor desde a vida passada, eu presumo — seu sorriso se alargou e a ponta de seu dedo raspou em minha fenda, o que me fez arquear. — E também, tu me deixas ainda mais louco, Jimin. Desejo estar dentro de ti o dia inteiro, todos os dias. Quero te sentir tão forte e molhado como tu és, me pergunto se tu te sentes assim também.

— Jungkook.. — gemi seu nome quando sua palma segurou meus centímetros todo de uma só vez. Sua mão fazia um movimento lento de sobe e desce, e foi o suficiente para que a minha mente ficasse nublada. — Quero tanto que se enterre em mim, soldado. Por favor, faz o que tu quiseres, preciso tanto de ti.

Meus olhos se fecharam e o meu pescoço pendeu para trás quando ele apertou mais forte, me masturbando com intensidade. Minha respiração ficou cortada, meus músculos contraíram, e minha lubrificação começou a escorrer ainda dentro da banheira.

O aroma de lírios e mel estava no pico naquele momento.

Quando abri os olhos o vi levantar me puxando para ir consigo, e o deixei que me levasse até a cama sem ao menos o contrariar. Chegando lá, ele me deitou cuidadosamente, sem se importar com as gotas que ensopava o lençol, parecia faminto. Seus dedos adoravam o meu corpo como ele adorava os Deuses, e o meu suspiro foi a última gota para ele, que se pôs de joelhos entre as minhas pernas para começar a me chupar com volúpia.

Os lábios de Jeon subiam e desciam conforme ele me molhava inteiro com a sua saliva, podendo sentir o gosto agridoce do meu pré gozo em sua boca. Suas mãos fortes apalparam a minha bunda e ele me ergueu um pouco tomando tudo de mim, os gemidos eram automáticos visto que não conseguia de maneira alguma segurar, e ele parecia se deleitar pela forma que me deixava completamente entregue.

— Jungkookie.. — o chamei e ele entendeu o que eu queria. Seu tronco foi içado e o seu membro pincelou a minha entrada antes que ele se abaixasse novamente para me beijar com extrema paixão — Humm, isso é tão bom..

— Bom é te ver contorcendo buscando a mim, minha vida. Eu poderia te chupar e te foder até que tu nunca mais se esquecesse.

— Jamais te esqueci, Jungkook. Nunca.

O alfa voltou a me beijar e quando sua língua enroscou na minha, ele empurrou lentamente seu falo duro na minha entrada, me fazendo gemer dentro de sua boca. A lubrificação ajudava e quando mais ele estocava, mas o meu corpo esquentava, tão vigorosamente que me arrepiava inteiro com o contato. 

O corpo de Jungkook se movimentava com habilidade conforme me beijava. Podia sentir seu fôlego descompensado e seu lobo grunhir por ter finalmente conseguido o que tanto almejava.

— Meu, meu, meu — ele repetia enquanto estocava apressadamente. Seu membro espesso alcançava lugares extraordinários e eu não conseguia ao menos deixar os olhos abertos. A sensação era inebriante demais, parecia que minha veias estavam queimando, sedentos buscando um orgasmo, era alucinante.

— Só teu, Jungkook, só teu..

Seus lábios selaram o meu pescoço e a sua língua desceu do meu maxilar até o pomo de adão. Suas mãos apertavam forte a minha coxa, e o suor de seu rosto pingava em meu peito me deixando impregnado pela sua paixão.

Jungkook gozou violentamente quando atingi o meu clímax, me levando ao ápice junto com ele pela segunda vez seguida. O nó foi formado e ele caiu rente ao meu corpo inteiramente cansado e satisfeito, assim como eu estava, mal sabia ele que eu havia sentido saudades todos os dias.

— Isso foi.. uau — deixei escapar dos meus lábios e ele soltou uma risadinha.

— Isso foi rápido — ele me olhou carregado de humor. — Não podes me julgar, passei um tempão sem te tocar.

— Foi rápido e gostoso, não te preocupes — deixei um beijo em sua testa e ele me encarou como se me analisasse. — Como te sentes?

— Eu me sinto revigorado, incrivelmente completo. Tenho a ti, tenho minha matilha, as terras que precisávamos e os ômegas resgatados. Fora isso iremos iniciar os nossos planos, e para ser sincero estou ansioso para que tudo isso acabe.

— É? — perguntei e ele confirmou rapidamente. — E por quê? Achei que gostavas de adrenalina.

— E gosto — ele me puxou de ladinho para que não o machucasse, e nos deitamos de conchinha. — Só que desde quando nos conhecemos, não pudemos fazer nada do que eu havia planejado. Não tive tempo para te cortejar, nem para te levar a um piquenique, para nadar na cachoeira ou qualquer outra coisa que te fizesse enxergar os meus atributos. Eu queria tanto te levar para algum lugar bonito, só para firmar isso que temos que já é bem intenso.

— Eu sei, eu também queria. Só que..

— Eu sei — ele foi rápido em responder. — Não podemos, pelo menos não agora. Eu compreendo. Estou apenas te contando como estou me sentindo em relação a nós dois, Jimin. Eu sei que gosto de ti, e não tenho dúvidas que esse sentimento é correspondido. Eu só queria mais, entende? Queria sentir que tu és verdadeiramente meu, assim como sou inteiramos seu.

— E eu sou, Jungkook. Não apenas pelo imprinting, mas também porque tu és a minha alma gêmea, entende? Estava predestinado, desde a minha vida passada.

O alfa beijou o meu ombro e suspirou, eu entendia bem o que ele queria dizer, queria algo firme.

— Tu quer me marcar? — a minha pergunta o fez ficar rígido de súbito. — Isso te deixaria mais seguro?

— Não quero te marcar por segurança — ele resmungou saindo de dentro de mim. — Quero te marcar porque quero uma vida contigo, quero ser teu esposo, teu companheiro até o fim de nossos dias.

— E eu também quero isso, Jungkook — me virei para ele quando o senti se afastar. — Ei, olha pra mim — segurei seu rosto com as duas mãos a fim de trazê-lo de volta. — Eu sou um Deus, meu amor, e na vida passada eu não sabia disso. O que aconteceu foi que tu me marcastes também, e quando morri, tu morreu junto. Eu não faço a mínima ideia do que aconteceu, se realmente tu fez o que fez porque não aguentou a dor da marca, ou se foi porque por ser um deus, a dor era ainda mais excruciante. Eu definitivamente não sei. Eu só não queria te prender agora porque eu não sei o que vai acontecer daqui em diante, meu soldado. Eu posso morrer amanhã, porque ser um deus não me torna imortal aqui na terra e te perder uma vez foi doloroso o bastante, amor. Eu não quero sentir isso de novo, a dor do imprinting é forte mas não tanto quanto a da marca.

— Tu não irá sucumbir, pare com isso — Jungkook me abraçou forte, alisando as minhas costas com um cuidado imenso. — Sente como o meu lobo fica ao ouvir isso? Eu não suportaria te perder, Jimin, prefiro morrer do que viver a minha vida inteira sem ti.

— Foi isso que tu pensastes na outra vida — fechei os olhos ao constatar que nada havia mudado. — Então vamos nos esforçar para que nenhum de nós morra, certo? — o olhei novamente. —  Vamos viver, Jungkook. Temos tanto ainda para aproveitar, precisas me levar a um piquenique antes.

— Iremos antes de salvar todos os ômegas, eu te prometo.

Sorri com a sua fala e deixei um beijo molhado seus lábios avermelhados. Ele voltou a me abraçar forte, e eu retribui, esperando que aquela promessa fosse cumprida um dia.

— Mas e o teu cio? — ele me questionou confuso. — Acabou já?

— Hum.. — me afastei um pouco e o observei curioso. — Eu posso controlar agora que tenho os meus poderes.

— Significa que podemos dormir um pouquinho? Precisamos cuidar da matilha em poucas horas.

— Sim, vamos descansar. Terei mais de ti na hora que eu quiser, não é? — seus olhos transbordavam sede e seu sorriso se alargou de imediato.

— Sim, na hora que tu me quiseres.

Com isso nos arrumamos na cama molhada mesmo e decidimos que a arrumação ficaria para depois. Apagamos no minuto seguinte, esperando que quando acordássemos as coisas estivessem melhores. Bom, ao menos um por cento, visto que não éramos nem um pouco otimistas.

T A E H Y U N G

Minha cabeça doía.

A primeira coisa que senti quando despertei foi a luz do sol vindo de colisão ao meu rosto pela fresta da janela que ficava de frente a minha cama.O dia amanheceu e a minha memória foi retornando aos poucos, o que me fez recordar do filhote que estava esperando.

Coloquei a mão na barriga por puro instinto.

Como se também lembrasse dos meus dois maridos, olhei para o lado encontrando Hoseok sentado no colo de Yoongi, na poltrona ao lado da cama. Eles me observavam com um aspecto hesitante, e eu sorri tentando apartar aquele clima pesado que havia se formado.

— Bom dia — minha voz saiu um pouco mais grave do que o normal, e Yoongi franziu o cenho, enquanto Hoseok arregalava os olhos.

— Bom dia?! — Yoongi perguntou. — Meu céu, estás bem?

— Sim — bocejei conforme me arrumava na cama. — Inclusive, queria dizer que meu céu e meu mar foi o que me fez apaixonar pelos dois. Como pode dois alfas serem tão fofinhos? Arg, eu amo os dois, muito muito.

Hoseok se engasgou com a saliva de inesperado.

Yoongi bateu nas costas do alfa e me olhou um tanto fascinado. Sabia que eles teriam um milhão de dúvidas, e para ser sincero, eu esperava ansioso por esse momento.

— Ama? — Hoseok perguntou abismado.

— Ué, óbvio que amo. Casei com os dois, ambos são os meus maridos.

— Sim, mas tu és um Deus e nós somos.. — Yoongi falou baixinho como se eu não pudesse escutar.

— São meus — pontuei de adjacente. — Eu amo os dois com todo o meu coração, e acreditem, eu nunca senti esse sentimento tão forte assim. E olhem que eu sou o Deus do amor! — quase gritei com indignação. — Mas agora que encontrei o meu lugar, me sinto completo. Tanto tu Yoongi, quanto tu, Hoseok, são tudo pra mim. Meu universo inteiro, quase literalmente já que bom, o universo é meu — sorri quando Hoseok voltou a tossir.

Os alfas me observaram por alguns minutos em silêncio, então, deixei com que eles pensassem direitinho, visto que era coisa demais para engolir. Óbvio que eles deveriam ter dúvidas sobre céu e inferno, a criação, lendas e tudo mais, contudo, não foi sobre isso a primeira pergunta que me fizeram.

— Não é pecado transar com um Deus? — a pergunta veio de Hoseok. — Sabe, são seres divinos, puros, límpidos. Me sinto um canalha por ter tirado sua pureza..

— Hoseok, eu sou o Deus do desejo, do erotismo, do sexo..

Foi a vez de Yoongi tossir compulsivamente.

— Olha, se querem perguntar qualquer coisa, perguntem. Eu prometo que irei responder qualquer assunto — decretei firme e me arrumei melhor na cama, olhei fixamente para eles e senti que finalmente iríamos conversar sobre tudo isso.

— Primeira pergunta — Yoongi ditou. — Ainda sente o mesmo por nós dois? Tipo, o amor não acabou?

— Sinto o mesmo, o amor não acabou e estamos casados.

— Certo, segundo — Hoseok brandou meio acanhado. — Estás esperando o nosso filhote?

— Sim, estamos esperando o nosso primeiro filhote — sorri, lembrando que carregava um bebê. — Inclusive isso é tão estranho, nunca pensei que isso pudesse acontecer. Porque sim eu imaginei que poderia engravidar alguém caso quisesse, agora carregar um filhote? Essa é novidade para mim.

Ambos concordaram que deveria mesmo ser estranho para um Deus.

— Nosso filhote.. — Yoongi começou. — Tu irás matá-lo?

— O quê? — arregalei os olhos com a pergunta. — Por que está me perguntando isso? É óbvio que não irei matá-lo, por que eu tocaria em um inocente? Ele é nosso filho, fruto do nosso amor.

Novamente eles se olharam parecendo realmente perdidos, sentia pena por ter causado toda aquela confusão, no entanto, queria mesmo dar todas as respostas.

— Agnes nos falou que os deuses iriam querer matá-lo por ser um semideus, não lembra disso? — ao fim da pergunta, Hoseok ficou de pé e sentou ao meu lado. Yoongi fez o mesmo caminho e se pôs ao lado de nosso marido, de frente para mim. — Tem certeza que as tuas memórias estão intactas?

— Eu não lembro bem do que aconteceu na floresta, mas sim, a Agnes está certa — soltei o ar que nem sabia que prendia, apenas para voltar a explicar. — Antes de descair a terra, eu descobri que o meu pai, Ares, estava tendo um caso com uma ômega do Leste. Só tive acesso a essa informação porque consegui sentir a presença de um semideus no planeta como se aquilo fosse normal, e olhem que não era, tivemos várias conversas sobre isso ao longo dos milênios e chegamos a conclusão de que era extremamente proibido engravidar nossa própria criação. A razão era que um semideus nasce com poderes assim como nós, bom, não tão fortes, mas o suficiente para iniciar uma guerra. Ele poderia escolher entre viver aqui ou na ilha Apolo, e se escolhesse aqui, temíamos que o poder subisse demais a cabeça até que o semideus acabasse com tudo. Temendo represálias, eu decidi cair exatamente no ventre da ômega que carregava aquele filhote. Assim, eu o substitui, tirando o meu pai de uma bela enrascada.

— Espera, então tu és um semideus? — Hoseok franziu o cenho.

— Não, eu caí como Deus. O semideus que habitava no corpo da mulher que me gerou, foi devolvido aos céus para que eu pudesse assumir o seu lugar. Bom, por ser um Deus eu tive mordomias, obviamente, mas o intuito era realmente apagar aquele erro que Ares cometeu.

O incômodo nos olhos de Yoongi foi imediato.

— Nosso filhote é um erro também? — sua pergunta fez a minha boca se abrir em puro choque.

— Não, minha lua — sorri quando toquei seus dedos. — Nosso filhote é o nosso milagre, entende? Eu estou muito feliz carregando esse presente do universo.

Hoseok segurou as nossas mãos juntas e sorriu contido. Seus olhos pareciam dizer tanto, mas a sua boca permanecia fechada. Não era necessário palavras.

— O que os deuses farão quando descobrirem sobre isso?

Mordi o lábio e encarei os nossos dígitos por alguns segundos. A pergunta de Yoongi era difícil de ser respondida, mas ambos precisavam saber dos riscos que corríamos.

— Provavelmente tentarão me levar de volta para o olimpo. E se isso funcionar, o filhote não irá resistir.. — os dois alfas suspiraram ao fim da frase. — Mas não deixaremos isso acontecer, não é? Vamos lutar, certo? — conseguia sentir a esperança crescer dentro do meu ser e foi súbito o sorriso dos dois. Eles só precisavam que eu lutasse, e era francamente o que eu queria fazer.

— Prometi te proteger, Taehyung — Yoongi falou baixinho. — Ou Eros, não sei bem como tu queres que eu te chame.

— Meu céu está ótimo — brinquei e ele mordeu o lábio inferior sustentando um sorriso. — Mas sim, continuo sendo o Taehyung, o ômega por quem tu se apaixonantes, meu alfa.

— Tua aura está tão diferente — foi a vez de Hoseok comentar. — Consigo sentir tua força pelas minhas veias, tua atitude, tua coragem.

— Bom, acho que tem a ver com a eventualidade de eu estralar os dedos e o mundo ser aniquilado. Fora isso, tudo igual.

Hoseok gargalhou e deixou um beijo molhado nas costas de minha mão. Yoongi rapidamente imitou o gesto e deitou a cabeça no ombro do maior, sem cortar o contato visual comigo.

— Vai ficar tudo bem, não vai? — ele me questionou. — Sei que agora tu irás para a batalha e isso me preocupa, por mais que tu sejas capaz de destruir o universo inteiro, tu és o meu universo, Taehyung. Isso não mudou.

O sentimento que cresceu dentro de mim após as suas palavras fez o meu coração palpitar rápido demais. Certo, como Eros, agora com todas as minhas lembranças, as coisas estavam sim um pouquinho diferentes. Começando pelo simples fato de estar apaixonado por dois alfas, um Deus, uma divindade que caiu na terra para lutar ao lado de Apolo. Isso soava quase como uma piada sem graça, porque por mais que eu tivesse feito o que fiz para ajudar os ômegas, sabia que a melhor de nossas criações eram um bando de selvagens.

Contudo, olhando para Hoseok e Yoongi juntinhos na minha frente transbordando preocupação e amor, me fazia questionar tudo aquilo o que eu havia aprendido ao longo dos milênios sobre aquele povo que eu tanto julguei.

— Eu te amo, meu rei — suspirei quando senti seu lobo se revirar de alegria. — E a ti também, meu sol, como eu jamais imaginei amar alguém antes.

— Isso vindo de ti significa tanta coisa — hobi voltou a suspirar pesado. — Eu ainda não consigo nem raciocinar sobre tudo o que aconteceu depois dessa batalha, me desculpe se pareço distante, eu só não consigo colocar em palavras o que estou sentindo.

— Estás feliz com o nosso filhote?

— É uma mistura de euforia com preocupação — ele revelou. — Desde o início eu não entendia bem como foi que eu cheguei até a ti no dia da invasão ao Sul. Nós, minha matilha de nascença no caso, combinamos que não íamos perder o foco durante a batalha, pois sabíamos que poderia existir algum ômega no meio da floresta, e mesmo assim, depois de todo o sermão sobre ter cuidado, o teu cheiro me atraiu como o inferno, me puxando tão forte que eu senti medo pela primeira vez na minha vida — seus olhos agora derramavam sinceridade. — Acredite Taehyung, eu nunca quis marcar alguém da forma que eu fiz. Planejava cortejar um ômega, levá-lo para conhecer todos os lugares bonitos nesse mundo, iria fazê-lo se apaixonar tão bravamente que tudo iria expandir quando o nosso amor fosse selado, no entanto, eu senti tudo isso de uma só vez quando te vi dentro daquela tenta. E hoje, depois de descobrir quem tu verdadeiramente és, fez bastante sentido para mim. Eu não me importava se tu eras do Sul ou não, eu só queria te amar pelo resto da minha vida até o dia que me fosse permitido.

— Sol.. — sussurrei antes de sentir os lábios dele cobrir os meus em um selinho rápido e molhado.

— Estava pensando nisso também antes de tu acordar, meu céu — Yoongi alisou o lado direitinho de meu rosto em um carinho singelo. — Assim que te vi molestado daquela maneira foi como se todo o meu corpo entrasse em combustão. Tu não faz ideia de como foi difícil não ir até o Leste matar aquele filho da puta que te machucou, e eu nem sequer entendia aquela necessidade absurda. Cuidar de ti era como se eu finalmente recebesse um pouco de ar puro, teu cheiro rondando minha casa me deixava a ponto de te marcar e eu nem conseguia dormir direito pensando na possibilidade. E quando Hoseok te marcou, eu juro que tentei sentir raiva. Assim que eu o vi eu queria rasgá-lo ao meio, parti-lo, dilacerá-lo, porém, era tarde demais, ele havia me domado também. E isso era tão confuso, eu sabia dos meus sentimentos por ti, mas quando vi Hoseok era como se tudo estivesse certo pela primeira vez em minha existência. Ele já era meu, Taehyung, tão meu quando tu eras. E agora, sabendo que éramos almas vazias, eu consigo compreender a beleza do nosso amor.

— Somos únicos — comentei me aproximando mais pela necessidade de tê-los por perto. — Me abracem, por Zeus, preciso sentir os dois agora mesmo.

Com isso ambos me abraçaram deixando um beijo molhado um de cada lado do meu pescoço. As marcas das mordidas quase cicatrizadas me davam arrepios quando os sentia por perto, conseguia tranquilamente entender o que era aquela ligação magnífica que os lobos falavam que tinham por anos um com os outros, e o meu coração ficava cheio de alegria e paz por estar daquela maneira que nunca imaginei estar.

Após vários beijos e carícias trocadas, resolvi que não seria a hora de conversar sobre o meu poder ou batalhas futuras. Meu lobo interior pedia incansavelmente para que eu permitisse que Yoongi e Hoseok se acostumassem primeiro com aquela mudança repentina.

Afinal, aquela conversa que tivemos foi bastante superficial comparado as coisas que viriam pela frente. Principalmente com Ares, meu pai, que não permitiria um semideus andando pela terra livremente.

AGNES

O céu estava claro quando sai de dentro da caverna onde eu e Donghae nos encontrávamos desde o início de nossa maldição.

Sabia que ele iria surgir a qualquer momento visto que a lua cheia não estava mais no céu, tinha certeza de que ele iria me explicar o porquê de não ter me contado que existiam bruxas e bruxos lá fora, logo que ele tudo sabia e tudo ouvia.

Não conseguia pensar em sequer uma razão.

Afinal, eu poderia ter sido liberta de minha maldição, não é?

Se bem que, o alfa seria quem mais perderia com isso. Sua vida estava ligada a minha e ele sabia que no momento em que eu estivesse livre, os meus dias acabariam pois eu mesma daria um fim nesse ciclo cansativo.

De certo, eu compreendia que a maldição que minha mãe jogou era forte demais. Não criando expectativa, mas eu tinha certeza de que se alguém forte o suficiente, ou até mesmo um clã se dispusesse a me ajudar, decerto achariamos uma maneira de finalizar aquela tortura insana.

Mas como se eu nem ao menos conseguia compreender o que estava acontecendo? Bruxas e bruxos foram extintos do planeta, o rei pai de Hajun — Jimin em sua vida passada — havia mandado acabar com todos por não aceitar seres mais poderosos que os lobos.

E aí reaparece vários de uma vez? Não, isso claramente não podia ser bom.

— O que estás fazendo, minha rainha? — olhei para o lado rapidamente e encontrei Kang Donghae me encarando curioso. — Achei que te encontraria lá dentro, o que aconteceu?

O alfa se aproximou para me beijar, porém acabei dando um passo para trás como um aviso de que algo estava errado.

— Bruxas e bruxos apareceram na luta de Jungkook e Byeongho — comentei e o vi ficar nervoso no mesmo instante. — A pergunta é: como?

— Eu não sei — ele mentiu.

Conseguia sentir o clima mudar drasticamente quando seus dedos se apertaram frente ao corpo. Sabia bem quando ele mentia, o conhecia como a palma da minha mão, ele não poderia me enganar, não de frente para mim daquela maneira.

— Não minta! — exigi. — Por que não me contou?

— Por que não era da sua conta, Agnes — ele refutou transtornado. — E nem da minha, o que nós poderíamos fazer? Eles estavam nas mãos do líder Lee e das quatro cidades.

— Oh, é, e tu só resolveu me contar isso agora? — bati o pé no chão tomada pela raiva e uma ventania forte começou como se o meu poder começasse a se desprender de mim. — Sabes o que Jungkook pensou de mim? Sabe o que Jimin pensou?

— Tu nem sequer se importa com Jimin, quer matar ele a todo custo!

— Eu preciso! — gritei inconformada. — Sabes bem como funciona a minha maldição. Eu preciso do sangue dele, preciso que ele volte para o olimpo, não é porque eu quero, Donghae, por mim, Apolo permanecia na terra até o fim dos tempos, mas eu preciso descansar! E não venha me chamar de egoísta, porque egoísta foi ele quando não lutou por mim depois de sua morte. Ele poderia sim ter me livrado dessa agonia, mas deixou com que todos me castigassem depois de passar meses o ajudando em tudo o que eu podia. Me arriscando!

— Eu sei — ele falou em meio a um suspiro. — Eu sei, amor. Conheço a sua história inteira.

— E mesmo assim me negou essa informação? Ora, de que lado tu estás? Eu poderia ao menos tentar sair disso. Tentar ser livre pela primeira  vez, ao menos..

— Tu não buscas ser livre, Agnes, a morte é o que tu queres.

— E eu não posso escolher morrer? — a ventania parou quando o puxei pela camisa de botões preta que trajava. — Me diga, tu gosta de me ver aqui?

— Claro que não! — ele segurou as minhas mãos com força. — Eu só não podia fazer nada em relação a eles. Tem vários espalhados pelas quatro cidades, e não faço ideia de como isso aconteceu. Não sei de onde vieram, mas estão acorrentados e presos em masmorras. Fora que quando não fazem o que eles querem, maltratam seus filhos, seus parentes, não é algo fácil.

Fechei os olhos com força imaginando tamanha dor.

— Não poderíamos ajudá-los nem se quiséssemos, minha vida. Entretanto, Jimin está com eles agora, e ele é o único que pode fazer alguma coisa. O que nos resta é esperar para ver o que irá acontecer, tudo bem? Precisas se acalmar.

— Acalmar — soltei uma risada irônica. — Não é tu que está preso aqui nesta floresta sem saída.

— E a maldição do Seokjin? — ele questionou e franziu a testa. — Estás pensando mesmo em fazer o que dissestes?

— Sim — esqueci o outro assunto por hora pois tinha planos futuros. — Me digas, tu conheces a história de Eros e Psiquê?

Donghae arqueou a sobrancelha e eu sorri pela sua curiosidade.

— Quem não conhece? — ele agarrou a minha cintura e eu permiti que ele acreditasse que a raiva havia passado. — Mas o que isso tem..

— Tem tudo, meu jovem milenar alfa. Eros já fez uma mortal se tornar imortal uma vez. E nitidamente, o sentimento entre Eros, o amor, e Psiquê, a alma, não fôra o suficiente.

— Não entendi..

— Tu irás entender em breve — sorri grande quando o vi tentar se afastar, mas o puxei para ainda mais perto a fim de fazê-lo tremer sob meus braços. — Não tenhas medo, Kang. Irei esperar a batalha final acontecer, e se daqui para lá a minha maldição não tiver sido quebrada pelos bruxos que pisaram nessa terra, Kim Seokjin entenderá o motivo de tudo isso.

— Pode ao menos me contar? — ele choramingou quando o apertei mais forte em um abraço doloroso demais.

— Kim Namjoon e Kim Seokjin tiveram papéis importantes na vida passada de Jungkook, alfinha. Nada mais justo que nesta vida, eles sejam o motivo de sua queda.

☪️

Deixe suas teorias aqui:

Eu tava com saudades aff vem aí show dos nossos meninos, animados? Quem for de natal, RN, nos encontramos no cinema ein!!!

Sobre AMDM teremos o bônus da vida passada de Jungkook. Vem aí informações valiosas rs

A segunda fase da obra começa no capítulo DEZOITO. Vamos começar com tudo mds, estou ansiosa também.

Obg por esperarem e também por cada comentário e votinho, amo vcs ok?

Volto já

❤️

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top