🐺 Chapter Fourteen 🦊

oi deixa o votinho pfv :(

Você não me quer de verdade
No fundo eu sou tua vaidade
Eu vivo seguindo teus passos
Eu sempre estou presa em teus laços
É só você chamar, que eu vou
Alcione.

N A R R A D O R A

28 anos atrás..

— Apollo, tu não podes decidir isso!

A voz de Ares surgiu como um trovão mediante a ilha onde os Deuses se encontravam, seu corpo estava sonegado por um tecido delgado e cândido que deixava o próprio tronco amostra, e em sua cabeça, havia uma coroa pesada nas cores preto com vermelho, que se assemelhava a um elmo, um de seus acessórios preferidos quando estava prestes a ingressar em uma guerra. 

Sua íris na coloração lilás deixou todos ali presentes assustados, visto que não era corriqueiro o Deus se embravecer de tal forma singular. Acontece que Apollo naquele dia em questão, havia removido uma alma que estava vagando na terra, cumprindo sua punição, sem autorização do Deus dos alfas, e ele estava a ponto de lutar com o seu próprio sangue para que ele parasse de ser tão imprudente.

— Onde ele está? — ele questionou Apolo assim que parou de frente para si — Ande, diga-me!

— Não é da sua conta, Ares — o Deus das artes, da justiça e da cura respondeu, sabendo que sofreria represálias pela sua postura — Eu fiz o que achei correto fazer, portanto, tu podes protestar à vontade, ou podes conversar comigo sem iniciar uma briga.

— Se tu não quisesses brigar não tinha feito isso sem autorização, pois eu sei bem de quem é a alma, seu inconsequente. Tu não podes alterar o rumo das coisas por uma paixonite, achei que tivesse decretado isso quando começaste a procurar por ele — sua voz estava alterada e com total razão, o Deus tentava incessantemente compreender os pontos de Apolo, contudo, sem sucesso algum pois não entrava em sua cabeça que um Deus pudesse ser tão desajuizado.

— Eu sou o Deus dos ômegas, Ares, posso escolher fazer o que eu quiser e achar certo. Então, não tente me repreender por isso. Sinto-me culpado a anos por ter deixado ele vagar por tanto tempo, sendo que ele fez o que fez porque não aguentou ficar sem mim. Tu jamais irias entender esse sentimento, não é? Só sabes o que é ira e rancor.

Algumas horas antes de terem iniciado essa discussão, Apollo estava mais uma vez olhando para a terra, sentindo seus olhos celestiais varrerem o horizonte a fim de encontrar aquele que tanto amava. Quando o encontrou foi extraordinário o sorriso que deu, seu corpo tremeu apenas por vê-lo à frente de seus olhos mais uma vez, e foi quase por instinto quando ele tentou pela milésima vez fisgar a sua alma para que pudesse ajudá-lo de alguma maneira.

No entanto, por uma razão inesperada e desconhecida, ele conseguiu, depois de anos tentando feito um louco algum contato. Seus dedos capturaram aquela alma inteiramente quebrada e ele quis chorar posto que notou a sua circunstância tênue, odiava a forma como tudo havia acabado e odiava ainda mais ter sido em vão, logo que todos os ômegas haviam voltado a serem escravizados e ele estava sem forças para tentar mais uma vez.

Entretanto, portar o amor de sua vida em mãos era algo sublime e inimaginável. Ele poderia jogá-lo na terra para arriscar ter uma segunda chance novamente, poderia ousar salvar os ômegas de novo e ter uma existência completa e feliz, e também, poderia estabelecer uma nova rebelião com os seus irmãos por decidir fazer isso mais uma vez, mas isso era o de menos para ele.

E foi assim, sem cogitar abundantemente, que ele arremessou a alma do alfa na terra para que ele desse prelúdios a sua próxima vida antes de cumprir o castigo pelos seus erros. Ele não se arrependia de fato, e esperava que Jungkook pudesse perdoá-lo um dia, porque o seu amor egoísta não permitia com que ele ficasse distanciado nem um instante sequer e prontamente iria encontrá-lo assim que tivesse oportunidade.

— E o que tu achas que acontecerá? — Ares soava enojado e Apollo não podia se importar menos — Ele não irá lembrar de ti quando renascer, não irá recordar da vida passada, e se tu pensas em ir também, saiba que igualmente não terá esse poder.

— Eu sei — o Deus suspirou notando que nada seria fácil daquela vez — Porém, ainda assim eu preciso arriscar, os ômegas estão sofrendo sem a minha presença e eu sou o único que pode de fato fazer alguma coisa.

— Poderia ao menos fingir que não está indo atrás dele — Hefesto que a algum tempo ouvia de longe se aproximou, vestindo suas típicas vestes vermelha cor de sangue e com a Íris lilás assim como o Deus da guerra — Sabes que se tu cair, irá viver como eles mais uma vez, não é? Da última vez, fostes morto em praça pública como um miserável.

— Farei o possível e o impossível para não ser sacrificado dessa vez, acreditem. Mas se porventura eu vier a sucumbir de novo, prometo-lhes que não irei renascer novamente. Essa será a minha última vida junto a minha criação.

Hefesto e Ares não pareciam confiar bem nas palavras de Apollo,  afinal, eles sabiam como ninguém o que era ser apaixonado pelo seu próprio povo. Além disso, desde o início dos tempos, aquele que ali estava, querendo reviver mais uma vez, era insolente o bastante para arriscar ficar sem os próprios poderes.
Apolo adorava a liberdade que aquilo lhe trazia, mesmo que se tornasse excessivamente vulnerável

— Se tu queres mesmo ir, não serei eu a impedir esse ato ridículo — Ares resmungou odiando não poder interferir na situação — Todavia, saiba que não irá contar comigo para nada, se tu és o Deus dos ômegas, então se vire com eles na terra.

— Não finja que não gosta deles tanto quanto eu — Apollo resmungou revirando os olhos — Agora mesmo estava te procurando por todo lado, fui até a ilha e voltei para o olimpo, olhei por toda parte. Onde tu estavas?

— É, eu também te procurava, Ares — Hefesto revelou se pondo ao lado de Apollo — Se não estavas aqui ou na ilha, para onde tu fostes?

— Não é da conta de ninguém — o Deus bufou e cruzou os braços em defesa — Fui respirar, não posso?

— Respirar na terra? — prendendo o sorriso, Apollo debochou notando o rosto de Ares ficar um tanto quanto vermelho — Conte-me, o que fazia lá? Estava observando os seus alfas, ou..

— Ou? — Hefesto o olhou esperando que completasse.

— Ou os meus ômegas?

— Isso é uma blasfêmia! — a voz de Ares soou por todo pátio onde estavam, e fez os pilares de concreto tremerem pelo seu ato genioso — Achas que eu iria atrás deles? Eu sou um Deus, jamais me envolveria com seres inferiores.

— Sei — Apollo arqueou a sobrancelha e sorriu jubiloso com a descoberta — Pois saiba que será sempre bem vindo em meu lar, lá embaixo. Se quiseres, posso te apresentar algum ômega e-

A fala do Deus foi cortada quando ele viu Ares desaparecer na frente de seus olhos, tão rápido quanto um raio de Zeus. Hefesto gargalhou e Apollo continuou sorrindo satisfeito por ter tirado 1% da paciência do Deus da guerra, que tanto o incomodava, e logo suspirou fundo sabendo que em breve encontraria aquele que tanto estimava.

— Vai mesmo se tornar ômega mais uma vez? — Hefesto o perguntou depois de alguns segundos em silêncio — Não quero te ver morrer novamente, é angustiante demais.

— Eu preciso salvá-los daquele martírio, tu sabes, não tenho escolha. Só irei aguardar um pouco, pois quero renascer quando Jungkook já estiver no colo de sua mãe, para que nada dê errado.

E assim, foi determinado que pouco tempo depois, Apollo voltaria para a sua criação a fim de acabar com todo aquele sofrimento maquiavélico. Claro que existiria contratempos, como esquecer que era um Deus poderoso, esquecer que Jungkook existia, e também, o maior obstáculo deles que foi nascer alfa, um presente excêntrico de Ares que se meteu em seu nascimento. Óbvio que seria resolvido posteriormente por Agnes, que jamais deixaria aquilo passar, mas ainda assim existiria a tribulação, e isso seria como uma dívida para com a bruxa.

Ares e Hefesto acompanharam o nascimento de Apollo de perto e o viram receber o nome de Park Jimin, sendo coroado o próximo líder de uma alcatéia de lobos. No entanto, naquele mesmo dia que o alfa lupus pequeno chorou pela primeira vez, Ares sentiu um arrepio em sua espinha de imediato, e acolá soube, que o Park pai do Apollo, aquele que comandava as terras do Sul, seria o malfeitor que mataria os pais de Jungkook naquela vida e isso jamais seria ignorado.

"Não te deites com o inimigo."

[...]

Um dia antes da invasão
no Oeste.

Os lobos do Sul, Norte e Leste gostariam muito de proferir que estavam calmos e confiantes com a batalha que se aproximava. Entretanto, essa não era a realidade de nenhum dos alfas e betas que estavam preparando armas artesanais durante todo o dia, pois todos achavam aquela invasão repentina demais, especialmente, porque não conseguiam enxergar as razões para tal confronto. Eles sabiam que os ômegas estavam sendo escravizados e que precisavam das terras do Oeste, mas ainda assim, não lhes pareciam convidativos.

Quando Jungkook resolveu conquistar as terras do Sul, havia uma grande motivação por trás de sua atitude, e seus fiéis lobos, o apoiaram a cada passo que dava. No entanto, agora que tinham mantimentos e espaço o suficiente para todos, tudo o que a matilha queria era sossego, estavam acomodados com a situação nas quatro cidades, e para alguns deles, isso não era assunto para se meter.

O costume era algo terrível, afinal. Mesmo que soubessem o que acontecia com os ômegas mas cidades vizinhas, do quanto eles eram maltratados e mortos a cada dia que passava, a soberba e a falta de empatia perante aquela situação era bastante visível. Jungkook pedia para que eles arriscassem as suas vidas, e não parecia algo tão atrativo visto que nas terras do Oeste eles faziam o mesmo com os ômegas e possivelmente matariam qualquer um que ousasse chegar perto.

Na noite anterior Jimin havia dado um sermão sobre amor ao próximo, e isso causou alguns sorrisos críticos daqueles que odiavam os Deuses. Desde o início Jungkook sabia que seria difícil lidar com novos lobos de outras cidades, o pessoal do Leste não pareciam tão amigável, apesar de querer o ritual da lua tanto quanto Norte e Sul.

— Essa luta é necessária, não pensem que vamos colocar a vida de todos em risco à toa! Os ômegas merecem uma casa e um prato de comida, tanto quanto todos os outros aqui merecem. Não sejam mesquinhos e insensíveis. Quando todos estiverem seguros, tudo valerá a pena, tenhamos fé!

Depois disso, não houve retaliação, e o céu logo clareou como se até a natureza andasse ansiosa, por isso quase ninguém dormiu para se preparar para o trabalho, a terra iria finalmente ser desapropriada no dia seguinte, e todos tinham com o que se inquietar. Naquele iminente, a matilha estava no meio da aldeia providenciando tudo para os lobos que ficariam. Isso significava comida suficiente e água do rio o bastante. Jungkook não queria os ômegas saindo das tendas para a proteção deles, não sairiam das cabanas até que ele chegasse, e como foi uma ordem direta de seu líder, todos deveriam obedecer.

Hoseok treinava com Jaebeom, Yoongi e Youngjae próximo a floresta dando-lhes as últimas informações. Não era apenas uma luta por terras para os alfas marcados, eles também queriam a cabeça de Junseo e fariam de tudo para conseguir.

Enquanto isso ocorria, Jimin estava sentado em um tronco de árvore próximo a sua tenda com os olhos presos no céu azul. Suas vestes eram na cor bege clara, que lhe dava um ar ainda mais divino, pelo contraste com o seu cabelo ruivo e os seus olhos que permaneciam na coloração arroxeada. Sua espada permanecia pendurada em suas costas sendo presa por um suporte que Yoongi lhe deu, e seus pés descalços faziam um desenho involuntário na areia conforme se perdia naquela imensidão que eram as grandes nuvens.

O Deus estava tão concentrado na visão que tinha, que nem sequer notou a presença de seu alfa se aproximando em passos lentos para não assustá-lo. Jungkook apreciava o devaneio lindo que tinha de seu ômega ali imenso a grandiosidade que era o firmamento, se perguntava se ele poderia enxergar além do que os olhos podiam ver, mas naquele momento só queria observá-lo respirar tranquilo mesmo sabendo que por dentro a preocupação o corroía.

Ele queria poder arrebatar aquela inquietude de seu peito, queria que seu amado não se sentisse acanhado daquela forma com medo do que poderia acontecer com seu povo, mas até ele mesmo estava se sentindo daquela maneira. Não havia o que fazer, eles precisam agir.

Com isso o alfa intensificou o cheiro de erva doce a fim de atrair os pensamentos do ômega para si, e não demorou para que Jimin o encontrasse ali parado o observando descaradamente. O alfa usava sua típica calça de linho preta e nenhuma camisa, e céus, era de fato uma bela visão para seus olhos cansados.

— Uma moeda de ouro pelos teus pensamentos divinos — o sorriso de Jungkook cresceu gradativamente com a fala, e Jimin suspirou um tanto atônito com a sua beleza.

— Irei te contar, mas irei fazer o teu sorriso cessar e isso me dói um pouco. — com a voz desgostosa, o ômega abaixou a cabeça ficando acanhado perante o alfa, e Jungkook estranhou, deixando o sorriso morrer de fato para caminhar e se sentar ao lado de Apollo, esperando que ele explicasse o que houve.

— Conte-me, o que aconteceu?

— Eu tive um sonho ruim novamente, e dessa vez foi com Taehyung — seus olhos que antes estavam presos ao chão se elevaram para encontrar o de Jungkook preso em si, ele busca a coragem para contar, odiava estar naquela situação — Sei que parece tolice, e também sei que não deveria me preocupar tanto, mas é impossível não ficar atento a isso.

— Me dê detalhes, Jimin, é importante.

— No sonho Taehyung havia sido sequestrado por alguém que eu não conseguia ver o rosto. Ele foi dopado e levado pela floresta até a fronteira, onde existia um barco esperando por ele e pelo lobo que o levou. Não teve desfecho, eu acordei no momento em que eles chegaram lá, e Jungkook, foi assustadoramente real — ele concluiu, sentindo as próprias mãos tremerem.

— Estás tremendo — o alfa segurou-lhes a mão e franziu o cenho estranhando aquela reação. A ligação de Jimin e Taehyung com o tempo foi ficando mais forte, e não existia explicação para aquele fato, a não ser família — Preciso que respire fundo, meu anjo. Não te aflijas dessa maneira por algo que não ocorreu, ficaremos atentos a partir de agora. E outra, o teu primeiro sonho tem lacunas enormes e também foi real, não lembras?

— Meu sonho contigo? — os lábios do ômega foram presos entre dentes para que pudessem parar de tremer, e Jungkook achou o ato adorável — Alfa, foi ainda mais genuíno, não brinque com isso.

— Me contastes que eu estava cercado de bruxas por todo lado, todavia, a única bruxa que sobrou nessas terras foi a Agnes. E eu tenho certeza que ela não tem poder assaz para gerar bruxos falsos, minha vida, não tens porque se preocupar — seus dedos longos e calejados fizeram um carinho singelo nos dedos miúdos do ômega que era tão macio quanto veludo. Óbvio que Jimin não era bobo nem nada, sabia bem que sonhos de Deuses nunca eram apenas sonhos.. eram sempre avisos ou premonições — Agora sobre Taehyung, o que queres fazer? Se contá-lo pode assustá-lo, achas coerente contar a Hoseok e a Yoongi?

— Quero relatar aos três — o ômega suspirou com os olhos agora na coloração normal presos nos dedos entrelaçados — Taehyung precisa saber porque se algo suceder ele estará advertido. E certo, pode ser que não aconteça nada, mas a precaução nunca é demais, não concorda? — Jeon balançou a cabeça concordando silenciosamente — Eu ficarei com ele durante toda a batalha, só preciso que ele saiba, e não sei explicar a razão.

— Não precisas de esclarecimento, tua vontade será feita e pronto. Irei chamar Hoseok e Yoongi e tu contas tudo em detalhes, certo? Tenho certeza que eles irão te ouvir e ficar em alerta depois disso.

Jimin o olhou novamente e concordou, dando-lhe um sorriso triste que quase cortou o coração do alfa que odiava vê-lo preocupado. Queria poder protegê-lo e guardá-lo para que ele não soubesse da maldade do mundo, no entanto ele era um Deus, não era como se ele não soubesse de tudo que é ruim existente no planeta visto que ajudou a criá-lo.

Por conseguinte, o alfa se apressou em ir até próximo a floresta atrás dos alfas de Taehyung para avisá-los. Não demorou muito pois a sua inquietude fez com que ele andasse depressa, até que ambos se assustaram com a sua presença que estava pesada condigno a sua preocupação, e logo os seguiram, a fim de compreender o que estava de fato ocorrendo.

Jaebeom e Youngjae ficaram em meio a matilha ajudando os ômegas que preparavam tudo para se resguardar durante a tomada de terras. Isso envolvia até Baekhyun, o ômega que havia sido resgatado das terras do Tikvá, ele havia ficado na casa do Chanyeol, o beta caridoso que o ajudava em basicamente tudo e não estava sendo diferente naquele momento, ambos estavam juntos distribuindo sorrisos por onde passavam.

Vários filhotes corriam mais a frente, próximo onde Jimin estava e ele sorriu adorando a baderna. Era completamente apaixonado pelos filhotinhos lindos da aldeia que enfeitavam aquele povoado de amor, e era quase impossível não sorrir diante de tamanha inocência e grandeza. Com certeza era a parte mais bela de toda sua criação.

Enquanto aguardava os alfas chegarem, Apollo observou uma pequena ômega que deveria ter por volta de cinco luas de sangue de idade, segurar um pequeno pássaro em mãos, que parecia realmente machucado. Ela sussurrava que iria ficar tudo bem, e logo depois formava um bico enorme parecendo de fato chateada e triste, seus olhinhos estavam marejados e antes que caísse a lágrima ela limpava um tanto bruta, Jimin sorriu grande perante aquilo, ela era extremamente fofa e amável.

— Ei — ainda de longe Jimin a chamou sabendo que escutaria bem, e foi imediata a resposta quando a ômega o olhou parecendo confusa — O que aconteceu com ele? — o ômega apontou para o passarinho.

— Aquele palerma do Vernon estava caçando na floresta, e aí, o passarinho se assustou e caiu do ninho. Olha — ela levantou as mãozinhas pequenas — Ele é miúdo e está machucadinho, não irá sobreviver — novamente a menina choramingou.

— Vernon é o líder da caça do Leste, não é?

— Sim, alfas são burros — ela resmungou arrancando uma gargalhada de Jimin — Minha omma que disse! — a ômega retrucou.

— Sua omma está absolutamente certa — o Deus quis apertar as bochechas daquele serzinho minúsculo e cheio de compaixão, mas a ômega estava alguns passos de distância, e ele estava extremamente preguiçoso naquela manhã — Olhe, eu irei te ajudar, certo?

— Como? — ela franziu o cenho voltando a olhar para o pobre pássaro.

— Vamos pedir ajuda a minha irmã — o Deus sussurrou como se fosse um segredo e a menina arregalou os olhos voltando a olhá-lo — É minha irmã gêmea, e ela é uma Deusa que ama caçar e tudo o que envolve a vida selvagem.

— Tu tens uma irmã que parece contigo? — a ômega o olhava maravilhada — Eu sempre quis uma irmãzinha, mas minha omma diz que meu appa é muito atarefado e iria deixá-la sozinha com nós duas.

— Bom, somos irmãos mas brigamos às vezes. Então, não é tão bom quanto pensas.

— E como ela se chama? — seu sorriso aumentou em expectativa.

Ártemis — Apolo respondeu esperando a reação da menina que veio rápido com uma tosse e um esbugalhar de olhos — O que foi? — o ômega sorriu prazenteiro adorando a reação.

— Minha omma me falou dela! — a pequenina exclamou olhando para o pássaro — Ela é a deusa da natureza, oppa. Tem a habilidade de transformar a si mesma e aos outros em animais, curar doenças e controlar a tudo em nossa volta! Ugh, ela é super poderosa!

— Sim, ele é! — Apollo exclamou extasiado com a reação genuína — Mas então, vamos pedir a ela?

— Como fazemos isso? — um biquinho se formou conforme ela voltava a olhar para a divindade — Meu appa disse que ela está no céu — seus olhos alcançaram a imensidão azul — Não tem como pedir alguma coisa, ela não vai ouvir.

O passarinho se remexeu alvoroçado, possivelmente com a asinha quebrada e a garota quase chorou, resmungando que não poderia chorar pois era uma ômega forte. Jimin com toda a sua sabedoria olhou para a floresta, e bem além dela, estava Árthemis o olhando com um sorriso de canto a outro. Sabia que só de mencionar o nome de sua irmã ela apareceria, pois era assim que funcionava um com o outro, cumplicidade.

A Deusa da floresta deixou uma lágrima grossa escorrer pelo seu belo rosto e seu cabelo branco voava pela ventania que deixava as árvores balançarem sossegadamente. Seus olhos estavam presos aos de Jimin, e logo sua íris ficou lilás, entregando o tamanho de seu poder naquele instante.

Apollo sabia o que aquela lágrima significava. Sua irmã nunca foi a favor dessa sua ideia descabida como ela falava, de te tornar um mortal. E dessa vez era a primeira vez que ela o via de forma humana, desde que desceu a terra para cumprir o seu dever.

— Peça para ela, que eu tenho certeza que ela irá te ouvir — com a voz embargada e com o peito cheio de saudade, o ômega ditou, ainda segurando o olhar para aquela que tanto estimava — Porém, tem que ser com vontade, certo? Diga-lhe que ele irá morrer se ela não fizer alguma coisa, afinal, o pássaro é criação dela, não é?

A ômega concordou e olhou para o céu de forma sentimental, pedindo calmamente e bem baixinho que a Deusa mais poderosa do mundo — segundo ela — não deixasse o pobre pássaro morrer por conta de um alfa burro.

Árthemis ao longe sorriu mais uma vez e balançou a cabeça em confirmação como se dissesse a natureza que estava tudo bem, e tão rápido quanto curou o animalzinho, ela desapareceu deixando algumas folhas caírem no chão. E onde pisava, nasceu rosas vermelhas, um belo presente para seu irmão que era Deus das artes. E aquela, era a astúcia mais bela que sua irmã criou.

Na mão do filhote, o pássaro se levantou balançando as asas e cantando bonito antes que pudesse bater as penas e voar. A garota que antes chorava abriu um sorriso imenso, e a gratidão no seu olhar fez Apolo suspirar fundo, sabendo que o mundo seria de fato melhor se a inocência de todo aquele povo fosse restaurada.

Radiante, a ômega correu de volta para a aldeia possivelmente para contar para a sua omma, e com isso, Jimin percebeu que os alfas se aproximavam com uma carranca enorme na face, extremamente preocupados com o rumo daquela conversa.

— Jimin — a voz de Yoongi era quase uma súplica e ele sabia disso — O que aconteceu?

A conversa em torno daquele sonho durou pouco tempo, visto que não havia tido tantos detalhes. Hoseok ficou muitíssimo confuso, enquanto Yoongi ficou obviamente receoso. Ambos haviam deixado Taehyung em casa pela manhã e com aquela conversa decidiram que seria melhor contá-lo. Era melhor precaver, pois se acontecesse qualquer coisa, ele estaria ciente antes e poderia fugir ao sinal de qualquer perigo por perto.

Portanto, quando o diálogo acabou, Hoseok e Yoongi foram até a cabana atrás de Taehyung para que pudessem lhe contar o que Jimin havia lhes dito. Óbvio que o ômega os acompanhava, também na presença de Jungkook que caminhava ao seu lado, afinal, não era fácil engolir aquele tipo de assunto, especialmente porque era um comunicado grave de possível perigo.

E andando em passos grandes e rápidos, todos chegaram na cabana onde Taehyung deveria estar, mas assim que Yoongi entrou, não encontrou nada, nem sequer sinal do ômega lá dentro.

Hoseok assim que ouviu de seu alfa que não havia sinais de seu ômega, foi rápido em correr nos arredores atrás de Taehyung começando a ficar tenso. Tudo bem, era costumeiro o ômega andar pelo vilarejo junto com Taemin e Eubin logo que havia criado amizade com ambos, mas ele sempre avisava antes de ir até a floresta ou ao riacho, e aquele não era um bom dia para passeios.

O alfa foi rápido e lembrou de Vernon e de sua sem vergonhice em buscar o alfa para levá-lo até a mata, entretanto, havia visto o lobo caçando a poucas horas atrás com outros alfas da matilha, então era óbvio que ele não poderia junto com ele, a não ser que quisesse morrer.

— Hoseok — Jungkook chamou assim que parou na dianteira do amigo alfa, seu peito subia e descia rápido pela corrida anterior e ele parecia angustiado — Um filhote viu alguém saindo com Taehyung de dentro de tua tenda, segundo ele, era um homem alto e forte, de cabelos pretos e com um cheiro "bom."

— Vernon é loiro — ele constatou rapidamente.

— Não foi o Vernon. Eu pedi para que ele fosse caçar hoje cedo, a fim de deixar os ômegas alimentados durante a tomada de terras. Não faz sentido ele levar o Taehyung para ver animais sendo mortos, e não bate com a descrição de qualquer maneira — Jungkook constatou.

Yoongi surgiu ao lado de Namjoon, Seokjin e Jimin que tinha uma fisionomia vacilante. A todo instante o Deus lembrava do sonho que tivera, e de como estavam sem respostas diante da situação.

— Qual o aroma? — Yoongi questionou o líder — O filhote disse?

— Não — um rosnado baixo soou de seus lábios e ele foi rápido e cruzar os braços frente ao corpo — Mas isso pode ser qualquer coisa, não tem como adivinhar algo desse tipo.

— Depende — Jimin chamou a atenção de todos para si — O filhote era um alfa?

— Sim — o líder confirmou.

— Normalmente cheiros de alfas são enjoativos para outros alfas, mesmo que sejam filhotes ainda. Se o cheiro do alfa era agradável para o pequeno, tinha que ser algo que ele sente com frequência e que por isso não estranhe.

— Tipo o quê? Pode ser qualquer coisa — Yoongi resmungou sentindo seu peito apertar com a hipótese.

— Tipo grama molhada — Jaebeom apareceu ao lado de Youngjae, esse que ficou em silêncio observando tudo — Eu não estou dizendo que foi o Junseo, mas a mata está molhada devido a chuva. Se for algo rotineiro que o filhote sinta todos os dias, o cheiro é esse.

Os olhos de Jungkook encontraram os de Youngjae e o líder exalava fúria pelos seus poros. Jimin ficou até tonto subitamente pela presença esmagadora, mas sua mão se fechou com força no pulso de seu alfa para rogar que ele ficasse calmo ou iria vomitar. Óbvio que ele sabia que aquele alfa havia soltado Junseo e tudo só poderia ser culpa dele. Mas aquela não era a melhor hora para tocar naquele assunto, principalmente porque Yoongi estava a ponto de matar qualquer coisa que visse pela frente, e bem que poderia ser Youngjae pela sua traição.

— Explica de novo o que tu vistes no sonho, Jimin — Namjoon pediu sem saber bem o que estava acontecendo — Podes dar detalhes?

— Não teve detalhes! — o ômega manhou sentindo seu peito comprimir — Só vi ele sendo levado por alguém, até a fronteira das terras do Leste.

— Leste? — Hoseok deixou seu semblante hesitante aparecer — Lá não é o caminho mais fácil para chegar nas cidades de Elnora e Colosis? Não faz sentido. Se fosse o Junseo, ele levaria Taehyung para o Oeste — ele gesticulou com as mãos, um pouco impaciente.

— Talvez — Jaebeom pensou um pouco antes de olhar para Youngjae — A não ser que ele saiba da invasão às terras do Oeste. Temos um traidor entre nós?

— Não olhe para mim — o alfa rosnou alto dando um passo para trás — Tu mesmo dissestes que Hoseok e Namjoon deixaram claro nas terras do Tikvá que invadiriam as terras do Oeste! Óbvio que os alfas de lá avisaram ao líder Lee, eles não são burros — sua constatação foi aceita por Jungkook, que bufou alto lembrando do acontecido.

— Ele tem razão — Seokjin suspirou olhando para o beta — Fora que ele passou esse tempo inteiro ao seu lado, Jaebeom, está até morando em sua cabana para provar fidelidade. Se ele tivesse encontrado o Junseo, tu saberias.

— Hum — o beta revirou os olhos para o alfa que ainda o olhava indignado — Eu que não sei, ele pode ter passado o cio com o Junseo — seu sorriso no final fez o alfa se aproximar, apertando forte seu braço quase como se fosse atacá-lo — Estas bravo, Jae?

— Eu ia responder-te quem eu queria pegar no meu rut, mas eu vou ficar calado para não socar essa tua cabeça de vento no chão!

Jaebeom sorriu grande e deu a língua ao alfa, esse que revirou os olhos antes de soltá-lo. Era mais que claro quem o alfa queria, afinal, no dia de seu rut, o beta sofreu para colocar o alfa fora de casa, visto que ele o prendeu contra a parede e começou a instigá-lo. Uma história para outra hora, eu presumo.

— Precisamos de uma saída — Seokjin alisou os cabelos com os dedos de forma aflita — Não podemos ficar de mãos atadas dessa forma. E se isso tudo for um plano do líder Lee para que o Jungkook não invada as terras dele? Ele pode ter pedido ao Junseo para fazer isso, sabem bem como aquele alfa asqueroso é.

— Não acho que seja isso — Youngjae revirou os olhos — Lee é confiante demais, tem um ego enorme. Possivelmente está torcendo para que Jungkook apareça por lá, a fim de provar a todos que a matilha dele é a melhor. Não tem porque sequestrar alguém no processo, entendam.

— Então ficaremos aqui? — Hoseok quase gritou impaciente — Precisamos de uma solução, agora. Já.

— Eu tenho uma — Youngjae voltou a falar recebendo olhares apreensivos — Porém, não irão desfrutar do que eu tenho a dizer.

Jaebeom olhou para o alfa apavorado e viu em seus olhos aquilo que ele imagina. Ele iria contar. Sentiu profundamente que esse tempo em que ele havia passado com alfa, o homem realmente tinha mudado bastante as suas perspectivas em relação aos ômegas, e aquele momento só provava isso, pois ele iria contar algo que de fato poderia lhe matar, para salvar alguém que ele nem sequer conhecia direito.

Se isso não fosse um pingo de empatia, ele não sabia o que era.

— Fale logo, sem rodeios — Yoongi deu um passo à frente, sentindo um bolo se formar em sua garganta de imediato.

Jaebeom se pôs na frente de Youngjae e aquela atitude fez o alfa sorrir, porque oras, ele era mais forte do que o beta em relação a músculos. Todavia, achou bonitinho.

— Eu soltei Junseo no dia em que tu e Hoseok o prenderam na cabana dentro da floresta — fazendo exatamente como Yoongi pediu, o alfa soltou, observando o momento em que ambos arregalaram os olhos — Eu sei que o que fiz foi errado, e eu me arrependo agora visto que o ômega foi sequestrado. Não faço ideia se realmente foi ele, ou não, mas se tiver sido eu posso consertar isso se ambos permitirem.

Ao fim de sua frase, o que veio a seguir foi rápido demais até mesmo para Jungkook que era um alfa lupino. Yoongi que estava mais a frente empurrou Jaebeom com tanta força que o beta voou para longe, quase batendo em uma árvore que ficava no meio da aldeia.

Hoseok pulou em cima de Youngjae tão forte, que ambos rolaram no chão querendo controlar o domínio, e assim que pararam, o alfa marcado ficou por cima do alfa traidor, e começou a desferir socos pesados, que fez com que o rosto de Youngjae sangrasse de imediato pelo corte grande feito por suas garras afiadas. O estrondo das batidas eram altas e Jaebeom ainda tentou intervir de algum modo, porém, Yoongi prendeu-lhe pelo pescoço impedindo que o beta fizesse alguma coisa naquela altura.

— Eu vou te matar! — Hoseok descarregava toda a sua raiva conforme socava o alfa em meio ao chão de areia. O que estava por baixo tentava se desvencilhar, mas era impossível visto que o outro o prendia com o peso do próprio corpo.

— Jungkook! Jungkook! — o beta gritou atraindo a atenção do alfa que ainda estava chocado com a velocidade dos amigos — Pare ele! — Jaebeom exclamou — Por favor, Jungkook, ele pode ajudar, ele conhece o Junseo e confiam nele! Por favor, faça alguma coisa!

— Eu não-

— AGORA! — o grito de Jaebeom fez o líder arquear a sobrancelha como se o questionasse com qual autoridade ele ousava berrar com o próprio regente. Contudo, o beta definitivamente tinha razão, afinal, Youngjae tinha a confiança do alfa abusador e ele poderia de fato auxiliar.

Com um suspiro alto, Jungkook acenou com a cabeça para Namjoon, a fim de tirar Hoseok em cima do alfa machucado que estava levando uma corça. Ambos se aproximaram e separaram aquela briga que não levaria a lugar nenhum naquele premente, precisavam encontrar Taehyung e estavam apenas perdendo tempo, pois Youngjae e sua situação poderia aguardar, agora o ômega em risco, não.

— Me larga! — Hoseok grunhiu tendo os braços de Jungkook o apertando pela cintura, suas presas estavam prontas para arrancar a cabeça de Youngjae e todos sabiam disso — Estás defendendo ele? A culpa disso tudo é dele!

— Tenha calma — Jimin pediu após respirar fundo, e olhou para Yoongi, suplicando silenciosamente para que ele soltasse Jaebeom e assim, ele fez — Precisamos agir agora, não podemos continuar com essa discussão, por hora. Resolvemos as nossas diferenças quando Taehyung estiver aqui, enquanto isso, vamos focar em encontrá-lo, por favor.

— Diga o que tu podes fazer, Youngjae — Jungkook olhou para o alfa contundido, que agora tinha Jaebeom ao seu lado observando seus ferimentos — Se quiser se redimir, a hora é agora.

O alfa levou a destra até a boca e limpou o sangue que pingava, conforme encarava Hoseok de uma forma intensa. O líder da caça das terras do Sul odiava tudo o que aconteceu depois que Jungkook assumiu as terras, mas aquilo ele não podia contestar, sabia que estava errado e que era o único culpado.

— Posso ir até as terras do Oeste a cavalo. Encontrarei o líder Lee e lhe perguntarei sobre Junseo, e procurarei saber sua localização. Se ele não estiver por lá, é bem provável que o sonho de Jimin esteja certo, mas só poderemos saber se eu for até lá, e sou o único que pode fazer isso.

— Eles confiam em ti? — Jaebeom questionou assim que teve a sua atenção.

— Sim, Junseo falou de mim para o líder do Oeste, afirmando que eu era seu amigo. Ele não iria desconfiar de nada, irei e voltarei o mais rápido possível — o alfa voltou a atenção a Yoongi, vendo o alfa com os olhos dourados oscilado para o carmim — Alguém pode ir comigo se quiser, não preciso ir sozinho.

— Eu vou — Jaebeom se colocou à frente de Youngjae novamente, esperando represálias imediatas — Todos sabem que Hoseok é família para Jungkook, logo, Yoongi não pode ir junto ao Jae pois é marcado pelo próprio, eles iriam desconfiar. Eu sou leal e não deixarei esse cabeçudo aqui.. — o beta bateu na testa do alfa atrás de si fazendo-o rosnar — Fazer merda, irei ajudar no que for possível.

— Ótimo — Seokjin concordou com a ideia e olhou para Jungkook — Vá buscar Atom e Baruc para que eles possam ir o mais rápido possível, eles são os melhores cavalos e farão com que eles cheguem brevemente.

E assim todos começaram a se mover, a fim de resolver tudo antes da invasão. Eles tinham poucas horas para encontrar Taehyung, e isso parecia ser impossível visto que não sabiam por onde começar. Entretanto, Jimin tinha a certeza de uma coisa apenas; o ômega em algum momento chegaria na fronteira com o Leste assim como o seu sonho lhe avisou, e com toda a certeza, ele estaria lá para resgatá-lo.

[🌙]

Os cavalos eram definitivamente rápidos e Jaebeom agradeceu mentalmente por isso.

A brisa estava fria mesmo com o sol permanecendo alto, e para a sorte de ambos até a fronteira com o Oeste o caminho era curto. Prestavam atenção a todo instante se alguém estava os seguindo, e felizmente não havia ninguém.

Durante todo o itinerário Youngjae permaneceu em silêncio. Óbvio que ele gostaria de ter deixado Jaebeom na matilha, afinal, o beta corria perigo caso o líder Lee suspeitasse de alguma coisa. Entretanto, só conseguia pensar em como aquele cara era esquisito. Estava-o defendendo a semanas, e hoje se pôs na frente de Yoongi que poderia tranquilamente tê-lo machucado.

Hum.

Morde e assopra era algo que ele não conseguia entender.

Em menos de trinta minutos eles chegaram próximos às terras do Oeste, ficando pouco antes da entrada. Conseguiam claramente ver uma movimentação intensa por lá, e aquilo fez Youngjae franzir o cenho, qual seria a razão para todo aquele tumulto?

O alfa olhou para o beta e viu que ele estava da mesma maneira. Existiam alfas andando de um canto a outro próximo ao rio, e também, betas carregando pedras imensas que pareciam bastante pesadas.

— Que inferno eles estão fazendo agora? — o beta murmurou sem esperar resposta.

— Eu não sei, mas irei descobrir. Tu ficará aqui e aguardará o meu retorno, não invente de vir atrás de mim, preciso perguntar ao líder Lee o que está acontecendo.

— Tu não irás sozinho, imundo. E se ele tentar te matar? E se Junseo surgir e disser que tu não aparecia a meses? E se o Lee estiver planejando algo maligno?

— Maligno? — o alfa arqueou a sobrancelha sem entender o que o beta queria dizer.

— É, tipo, acabar com esse seu corpinho — descaradamente o beta o fitou de cima a baixo — Seria um pecado mortal, nem Lúcifer aceitaria tal crime.

Youngjae queria rir daquele ser tão idiota.

Mas não lhe daria esse gostinho, por isso, apenas revirou os olhos e voltou a observar a movimentação.

— Ele de fato está planejando algo, consigo vê-lo daqui. Da distância em que ele se encontra, tu conseguirá ouvir a nossa conversa, então não se preocupe com traições. Se ele tentar algo, tu podes ir atrás de mim, mas por enquanto é uma ideia inteligente ficar aqui. Se eu for sozinho ele se sentirá poderoso, visto que estou desprotegido, agora se eu te levar comigo ele pensará que estávamos querendo algo e será suspeito.

Jaebeom ficou insatisfeito, mas concordou com o plano do alfa.

Era melhor que Lee não achasse que estavam planejando algo, ou então, ambos morreriam antes mesmo que conseguir o paradeiro de Taehyung.

E naquele instante, isso era a única coisa que importava.

Diante disso, Youngjae desceu do cavalo e caminhou em passos firmes até a entrada do povoado. Torcia mentalmente para o líder não enchê-lo de perguntas, e também, para Junseo estar por ali, pois evitaria uma grande dor de cabeça com Hoseok e Yoongi. Possivelmente teria que montar uma história em sua cabeça para que não viessem a desconfiar de nada, contudo sempre foi um bom mentiroso, não era atoa que traiu o Sul sem que suspeitassem de suas intenções.

Logo à dianteira o líder do Oeste conversava com um de seus lobos, e estava rodeado por betas que trabalhavam pesado carregando correntes e focinheiras. Youngjae sabia bem que usavam aquilo em seus próprios ômegas, esperava que Jaebeom não visse ou então do jeito que era impulsivo, era capaz de ir tirar satisfações.

— Olha o que temos aqui — o líder Byeongho fez um sinal com a mão para que os lobos continuassem o que faziam — Choi Youngjae, não é? O que fazes aqui? — o alfa lupino usava seus típicos trajes marsala, e uma pequena espada em seu cós que o alfa do Sul notou de súbito.

— Estou a procura de Junseo, posso falar com ele? Procurei por toda parte e não o encontrei, sei que ele deve estar por aqui — sua voz não vacilou e seus olhos permaneceram presos no líder para caso de qualquer movimento estranho.

— Ele fugiu — disse por fim.

— Fugiu? — Youngjae engoliu a seco — Ele não era um de seus alfas?

— Não, ele era um dos alfas do Leste que foi expulso do Sul — o alfa o corrigiu — Lhe dei comida e um lar por pura benevolência, mas foi tão mal agradecido que fugiu hoje pela manhã e nem sequer deu as horas.

Youngjae pensou por um segundo e não demorou a entender que Junseo havia de fato levado Taehyung.

— Achei até que tinha voltado para o Sul — o líder brandou — Pensei que tinha me traído.

— Não, o líder do Norte o ameaçou de morte — Youngjae deu os ombros — Para lá ele não volta.

Jaebeom escutava ao longe e se perguntava para onde ele poderia ter ido. Leste não era possível pois Jungkook governava por lá, assim como Sul e Norte. O oeste deveria ser o único local seguro para ele, mas pelo o que parecia, não era a verdade. Então só sobrava..

— Ele pode estar em uma das quatro cidades, acredito que tu não possas encontrá-lo. Mas, serás bem vindo aqui nas minhas terras, estamos nos preparando para a invasão do Sul.

— Invasão? — Youngjae se fez de desentendido.

— Ora, tu sabes que Jungkook invadirá as nossas terras amanhã à noite. Por isso, está esse caos por aqui. Junte-se a nós, sairemos dessa vencedores, acredite.

Jaebeom rosnou de onde estava indignado com a proposta. Como o líder do Oeste poderia ter tanta certeza de tal coisa? Ele estava em extrema desvantagem, Sul, Norte e Leste juntos eram demais para ele, seria burrice duvidar disso.

— Acredito que não existirá invasão alguma — o alfa soltou e o líder Lee estranhou sua constatação — Um ômega sumiu e Jungkook nesse instante está ocupado demais para lidar com uma invasão.

— Ele não virá? — o alfa lupus revirou os olhos parecendo irritado — Irá deixar de tentar possuir as minhas terras por conta de um ômega? Quanta tolice! — ele grunhiu.

— Será bom para ti visto que terá descanso. Não te preocupes, irei atrás de Junseo e questionarei sua fuga, enquanto isso, fique tranquilo. Assim que ele decidir invadir as tuas terras, virei comunicar.

E assim, ele voltou em passos curtos até onde estava o cavalo, sabendo que não estava sendo seguido por prometer ser um espião.

Jaebeom estava montado e não disse absolutamente nada quando o alfa subiu no cavalo para irem embora. Ele estranhou tal silêncio logo que o beta não calava a boca, mas resolveu esperar ele soltar o prendia, afinal, ele não costumava esconder nada por ser um tagarela.

Os cavalos iam rápido em direção ao Sul e durante o caminho Jaebeom pensou em como dizer aquilo para Hoseok e Yoongi. Taehyung definitivamente estava nas mãos de Junseo, e isso era extremamente nocivo.

Fora que Youngjae prometeu ser um informante assim como fez com o Norte, e era claro que ele precisava delatar isso a Jungkook assim que chegasse, não sabia se era mentira ou não, então era melhor prevenir.

— O que tu tem, ein? — o alfa perguntou um tanto alto para que o beta ouvisse — Teu silêncio me assusta.

— Estou pensando em como fazer tu se engasgar até a morte.

— Não seja pervertido a essa hora, sabes que só eu seria capaz de te fazer engasgar — Youngjae transbordou de humor sabendo que o beta estava preocupado — Diga-me o que te aflige.

— Nada — o beta revirou os olhos, implicante — Cala a boca, não consegue ficar em silêncio?

— Eu sim, tu não.

— Não falo com traidores.

Youngjae gargalhou e quase caiu do cavalo sabendo que o beta soltaria o assunto daquela forma peculiar. Jaebeom não guardava nada para si mesmo, era incrível, e quando resolvia lançar sua raiva, sempre era em forma de indireta.

— Não irei trair o Sul, bobinho. Só falei aquilo para ele confiar em mim, és burro? Tu me mataria e Jungkook também. 

— Hum — ele resmungou parecendo não acreditar.

— Seu bico está enorme, não ligue para as minhas mentiras. Precisamos focar em Taehyung, assim, Hoseok e Yoongi desistem de me massacrar.

— Por mim, tu morre — ele sorriu grande ao olhar para o alfa — Devia ter te matado em teu cio.

— Não ousaria, estava gostando de me ver correr atrás de ti — ele respondeu carregado de deboche — Estou mentindo?

Jaebeom não respondeu.

Apenas recordou daquele dia ridículo onde quase foi pego por Youngjae, dentro de sua própria cabana.

FLASHBACK

— Cheguei! — Jaebeom exclamou assim que entrou em sua tenda e viu Youngjae sentado em seu assento. Havia pedido mil vezes para o alfa não se sentar ali, mas ele parecia querer morrer — Trouxe comida, e notícias dos treinamentos de Hoseok. Ele pediu para que tu não fosse já que teu cheiro está forte, acho bom pensar com quem tu vai passar teu cio, para não existir problemas depois.

No entanto, o problema já existia.

Youngjae levantou e caminhou lentamente até Jaebeom, como um lobo que estava prestes a dar o bote. Seu cheiro se espalhou pela cabana e seus olhos se tornaram negros como a noite, com um toque de carmim, era definitivamente assustador.

O beta notou a aproximação e deixou tudo o que estava segurando cair no chão. Não era mais Youngjae ali, e sim o seu lobo, o que queria dizer que não existia mais tempo para encontrar um ômega.

— Youngjae.. — Jaebeom chamou baixinho assim que o alfa parou em sua frente — Pare, não ouse me tocar! — ele engoliu a seco quando viu um sorriso ser moldado nos lábios finos do rapaz.

— Quero te tocar — ele revelou sem pudor algum — Tire a roupa.

— Eu n-não.. — Jaebeom gaguejou e quis morrer na mesma hora — Eu disse que não, ande, vá para fora.

O beta sabia de duas coisas naquele momento.
A primeira era que possivelmente Youngjae planejava passar o rut ali, visto que não havia ido atrás de algum ômega. A segunda era que se colocasse o alfa para fora, corria o risco dele encontrar algum ômega solteiro no caminho e só os Deuses poderiam dizer o que aconteceria com o pobre desavisado.

Não sabia qual era a pior opção. 

— Pare! — ele quase gritou quando o alfa o empurrou na parede — Youngjae, tu não iria querer isso, acredite. Achei que gostasse de ômegas! — os braços do alfa seguravam sua cintura com posse e Jaebeom sentiu todo o seu corpo se arrepiar com o contato.

— Eu quero a ti — um rosnado saiu dos teus lábios — Diga sim, e deixe-me provar o teu gosto, beta. Serei bom para ti, tu verá.

A respiração de Jaebeom estava tão desregulada que o beta suspeitou que o planeta não estava mais fornecendo oxigênio o suficiente.

Os lábios de Youngjae estavam abertos conforme ele puxava o ar, e a distância que o alfa mantinha do beta era quase nula, completamente colados.

— Youngjae.. — novamente o beta chamou sentindo os lábios do alfa encostarem em seu pescoço — Não faça isso, irá se arrepender.

— Não irei — ele soltou o ar quente na pele sensível de Jaebeom, e o beta soluçou com o susto — Sua pele deve ser tão saborosa, quanto é bonita.. — o alfa resmungou pressionando mais o menor na porta — Deixe-me lamber.

— Lamber? — a mente de Jaebeom nublou.

— Sim — o nariz do alfa resvalou em seu pescoço fazendo o corpo inteiro se arrepiar — Aqui.. — ele passou a língua quente lentamente no pescoço no beta até o pomo de adão — E aqui.. — a boca subiu até que a língua desligasse pelo queixo, causando um fisgada forte no baixo ventre do beta — E também na sua bunda, no seu pau, nas suas coxas, diga sim.

A voz grave do alfa estava deixando Jaebeom totalmente absorto. Sentia como se tivesse bebido por horas sem ter colocado nenhum gole de álcool na boca, e aquilo era tão funesto. Não podia ceder aos encantos de um alfa no cio.

— Não — ele gemeu a palavra enquanto tinha o alfa roçando em si — Youngjae, eu irei arrumar algum ômega para ti, só me largue, certo? Prometo que não demorarei, dormirei em outro lugar e tu podes ficar aqui durante os dias.

— Tu sabes quem eu quero — ele rosnou deixando as mãos deslizar pelos braços do menor — Quero me enterrar em ti, forte, bruto, te foder até que tu peça para que eu vá mais fundo. Te deixarei molhado antes, farei minha saliva deslizar pela tua entrada conforme tu fica de quatro para mim..

— Pelos Deuses — o beta quase engasgou quando notou estar tão duro quanto o próprio alfa.

— Deite na cama — a alfa pediu agora olhando nos olhos do beta deixando-o ver o quão carmim estava sua íris — Irei te preencher com a minha porra, até que transborde, Beom.

Jaebeom teve que ter muita força de vontade para colocar o alfa Youngjae para fora de sua tenda. Mas ele o fez, sem nenhum remorso.

Não iria se deitar com o alfa que vivia dizendo que o ciclo da vida era alfas e ômegas, excluindo totalmente os betas como se ele não fosse absolutamente nada.

Suspirou segurando a porta sentindo seu corpo contrair o deixando ciente do quanto estava excitado. Youngjae ainda insistiu para entrar, mas ele não iria ceder naquela noite, não seria maluco. Então o alfa sumiu de suas vistas por cinco dias, e quando apareceu, não se lembrava de nada.

Ou fingia não recordar.

[☪️]

— Achei que tu não lembrava de nada — o beta resmungou notando que estavam próximos à entrada da matilha — E não, não gosto de ninguém correndo atrás de mim, por favor, não ouse fazer de novo.

— Não irei — o alfa deu os ombros — Foi somente uma recaída, não era eu.

Jaebeom sorriu com a fala.

Era a desculpa de todo alfa que entrava no rut. O lobo fazia o que queria, e quando acordava vinham com o "não era eu". Havia conhecido diversos alfas assim, e cada um deles quebrou o seu coração de uma forma diferente. Youngjae não seria o próximo, de forma alguma.

— O que irá dizer a Jungkook? — o alfa perguntou quando já estavam próximos à entrada do Sul.

— Irei dizer a verdade, ué — ele suspirou com os seus olhos presos nas árvores — Taehyung está com Junseo e não temos tanto tempo assim. Possivelmente ele irá tentar ir até uma das quatro cidades com ele, então, teremos que seguir o sonho de Apollo e ir até a saída do Leste.

[ 💘]

— Que inferno! — Hoseok rosnou passando as mãos pelos fios enquanto andava de um lado para o outro — Lee não sabe onde Junseo está, então como iremos achá-lo?

Jaebeom havia contado absolutamente tudo o que sabia conforme via Hoseok e Yoongi se desesperando cada vez mais. Jimin observava em silêncio e Jungkook estranhou a sua calmaria, mas não disse nada.

Namjoon e Seokjin permaneciam ao lado de Yoongi para tentar dar algum apoio, entretanto, até eles estavam começando a se embravecer, não sabiam o que Junseo era capaz de fazer, mas sabiam que Taehyung não teria chance alguma.

— Não sinto ele — Yoongi resmungou passando a mão por cima da marca de seu casamento, no próprio peito — Não sinto, ele não deveria estar aflito? Não consigo sentir nada!

— Eu acho que deveríamos seguir o sonho do Jimin — Jaebeom revelou também angustiado — Conte-nos Jimin, estava manhã ou noite em seu sonho?

— Tarde — ele soltou o ar que prendia — Sei porque o sol estava se pondo, e ainda estamos na hora do almoço. O que acham? Deveríamos sair agora? O Leste não é tão longe.

— Ir onde? Na saída do Leste? — Yoongi questionou.

— Sim, no meu sonho ele foi levado até lá. Tinha um barco esperando para ambos deixarem as terras, lembra? Pode ser que não dê em nada, mas vale a pena tentar.

— Concordo — Namjoon parecia pensar sobre o assunto — O Leste não é longe mas depende da forma que iremos chegar lá. Se formos todos, não terá cavalos suficientes, então teríamos que ir andando.

— Eu e Jimin precisamos apenas de um cavalo  — Jungkook revelou contando quantos pares formariam — Namjoon e Jin, mais um. Hoseok e Yoongi, mais um. Jaebeom e Youngjae-

— Não, eu irei sozinho em um, pois voltarei com Taehyung — o beta revelou parecendo amargurado — Seriam cinco cavalos.

— A maioria ficou no Norte, só temos três aqui — Hoseok fechou os olhos por um segundo, parecia que sua cabeça ia explodir — Jimin e Jungkook podem ir transmutados. Assumam a forma de lobo, e ficará mais fácil a ida. Jaebeom e Youngjae ficam tomando conta da matilha, acredito que assim ficará mais brando para todos nós.

— Certo — o beta concordou — Então, saiam o mais depressa possível.

Desse modo, todos se prepararam para sair, com dois lobos apostos, seria mais fácil farejá-lo pela mata.

[ 🐺]

Taehyung acordou enjoado conforme balançava em um ritmo lento.

Seus olhos demoraram para se abrir completamente, e quando o fez, notou que estava de cabeça para baixo, olhando diretamente para o chão enquanto era abarrotado por alguém. Ele levou a mão à boca tentando conter o vômito que se formava em sua garganta, sabia que estava sob os ombros de alguém e pelo cheiro que estava sentindo, só podia ser seu abusador que o levava tranquilamente pela floresta. 

O medo o atingiu em cheio. Junseo estava o levando para algum lugar e tinha temor que fosse para o Oeste. Certeza que ele queria usá-lo para parar a invasão, e aquilo deixava seu coração apertado, principalmente porque conseguia sentir Hoseok e Yoongi preocupados. Eles estavam bem? Não sabia dizer.

— Acordou? — a voz daquele alfa que tanto odiava o fez ter ainda mais vontade de vomitar — Que bom, assim consegues aproveitar o passeio. O dia está lindo, perfeito para uma viagem.

Taehyung não disse nada. Não conseguia nem abrir a boca, seu estômago revirava e seus olhos começaram a marejar, estava se sentindo sujo por ter as mãos daquele alfa o segurando com tanta posse.

— Sabe Taehyung, iremos ter a nossa casinha em poucas horas. Estava com tanta saudade que queria deitar-me contigo lá mesmo no Sul, mas temi que não conseguíssemos chegar na nossa casa ainda hoje, então resolvi esperar. Estás com fome? Sede?

Ele fazia total silêncio.

Lembrava de como o homem ficava quando estava com raiva e não era doido de o desafiar, precisava pensar em um modo de fugir ou ao menos se esconder enquanto seus alfas o procuravam.

Sabia que seria encontrado.

— Não me responde, por que? — ele rosnou mostrando impaciência — Sei que estás acordado, sua respiração mudou.

— Estou marcado — foi apenas o que ele conseguiu dizer.

— Eu sei, estava no Sul quando tu foi atacado por aqueles dois. Mas não tema, estou aqui para te proteger agora, iremos ficar bem, tu verá.

Taehyung estava quase entrando em pânico.

Seus olhos varreram o lugar depois de alguns minutos e ele conseguiu ver que estavam passando pelas terras do Leste, o lugar estava vazio, não esqueceria de forma alguma a terra onde viveu metade de sua vida.

Porém, ele estranhou. Não era o atalho para irem até o Oeste e aquilo não fazia sequer sentido em sua cabeça.

Não poderiam ir para o Sul ou Norte, então..

— Elnora será o nosso novo lar — o ômega gelou com a fala — Lá tem belas jóias, uma paisagem de tirar o fôlego, tu irás gostar.

E também ômegas vivendo na escravidão, Taehyung pensou.

— Espero que não estejas mais chateado comigo, o que aconteceu contigo na floresta não foi culpa minha — o alfa deixou uma risadinha escapar — Tu sabes, eu estava no cio e tu fugiu. Eu te alcancei e tu pagou por ter me deixado duro em meio ao povoado.

— Tu és desprezível! — Taehyung gritou segurando as lágrimas — Eu espero poder ver Hoseok e Yoongi te matar! Eu tenho nojo de estar em teus braços, nojo! — sua exclamação veio com um soluço pelo choro preso em sua garganta. O ômega odiava lembrar daquele episódio horrendo onde acordou em meio a floresta todo sujo e molestado. Odiava aquele cheiro de grama molhada, odiava tanto Junseo que poderia parti-lo ao meio se pudesse.

— Não seja rude, ômega. Sei que me ama, assim como eu te amo. Te tratei com carinho na floresta, estavas com tanto frio.

— EU ESTAVA DESACORDADO! — ele se debateu sentindo o aperto forte de Junseo em sua bunda — Solte-me seu bastardo! Solte-me! — suas mãos buscaram seu próprio pescoço, apertando-o com força para que Hoseok e Yoongi sentissem, mas o tapa que Junseo lhe deu foi o suficiente para que parasse.

— Estamos quase chegando — ele falava sossegadamente como se não tivesse acabado de lhe bater com toda força.  — Tem um barco esperando por nós dois logo ali à frente, quando estivermos nele, te deixarei cochilar em meu colo.

Taehyung soluçou alto, chorando, conforme as lágrimas escorriam pelo seu rosto até cair no chão. Ele ainda estava com a cabeça pendurada e seu corpo doía pela posição, mas não mais que a sua alma que se sentia corrompida por aquele monstro que o levava para longe.

Ele nunca pensou que poderia odiar tanto alguém como odiava aquele homem, esperava do fundo do coração que ele fosse morto o mais rápido possível.

E também, esperava que Yoongi e Hoseok aparecessem logo, ou não sabia o que seria dele naquela cidade monstruosa.

[...]

Passaram-se somente alguns minutos e lá estavam os dois, na saída da cidade do Leste próximo a um barco que serviria para levá-los até outra cidade, e Taehyung estava a ponto de explodir.

Seu corpo inteiro tremia.
As lágrimas escorriam através da sua face, e ele foi colocado no chão, podendo analisar agora Junseo de perto.

Ele estava mais repugnante do que antes.

O alfa sorriu de uma forma assustadora quando o olhou nos olhos. Suas mãos agarraram a cintura dele e acabou-o trazendo para mais perto, podendo ouvir o choro do ômega ficar mais intenso.

— Ah, Taehyung.. — Junseo alisou os fios bagunçados do garoto sentindo seu corpo tremelicar sob suas mãos — Tu mereceu cada coisa que eu fiz contigo, sabia? Cada toque, cada beijo, porque tu és um ômega fraco! — ele cuspiu as palavras — E sabe o que é melhor? É que agora eu poderei fazer muito mais, todos os dias que eu quiser. Seremos um casal perfeito, tu me dará filhotes e viveremos felizes eternamente.

— Meus alfas.. — Taehyung choramingou quando sentiu sua marca arder — Eles virão me salvar! — exclamou balançando a cabeça como se tentasse fielmente acreditar naquilo que dizia — Sim, eles estão vindo, tenho certeza. Eles.. eles..

— Eu vou matá-los — o alfa revelou parecendo satisfeito ao ver o medo passar pelo semblante angustiado do menor — Eu tenho planos para eles, meu amor. Irei te contar tudinho para que entendas que tu serás meu!

— Não! — o ômega se debateu nos braços do alfa que o apertava com certa força — Jamais chegará perto deles, eles te matarão! — as lágrimas escorriam sem recato através de seu rosto avermelhado, e ele não sabia o que fazer, mas claramente, não podia deixar Junseo chegar perto dos seus maridos.

— Primeiro irei juntar vários alfas de Elnora para que planejem uma emboscada — ele sussurrou próximo ao ouvido do ômega — Depois, iremos até o Sul sequestrar os dois assim como eu fiz contigo — Taehyung rosnou segurando forte nos braços do alfa com toda a raiva que sentia — E então, jogarei ambos em uma fogueira, ou cortarei suas partes, estou pensativo em relação a isso ainda. contudo, será uma morte lenta e dolorosa, te prometo isso, meu amor — o alfa se afastou para ver o rosto de sua presa.

A questão, era que Taehyung estava guardando raiva demais.

O ômega tremia, seu corpo inteiro parecia incendiar pela cólera que sentia, e a cada segundo que se passava, a sua cabeça pesava mais. E aquilo, jamais havia acontecido antes.

Foi então, que em dado momento daquela conversa, tudo parou. Os olhos de Taehyung que antes estavam carregados pela fraqueza, marejados e transbordando inocência, não eram mais os mesmos. E Junseo, notou.

— O que-

O queixo de Taehyung se ergueu lentamente até que ele estivesse olhando fixamente para o alfa que parecia desordenado. Seus lábios contornaram um sorriso frio e obstinado, como se o ômega que tremia e chorava a alguns segundos atrás, não estivesse mais ali.

E foi aí, que o tempo fechou. Ao redor de onde estavam, o sol desapareceu e nuvens cinzas carregadas de chuva tomaram o céu fazendo tudo ficar mais abaçanado. As árvores balançavam com força pela rajada de vento que as atingiram, e o alfa observou a mudança do tempo se perguntando interiormente o que estava acontecendo.

O ômega que transbordava confiança naquele premente, permanecia com um sorriso oblíquo nos lábios como se tudo o que estivesse acontecendo ao seu redor fosse obra sua. E foi nessa altura então, que Junseo notou que a íris de Taehyung que antes estavam douradas, haviam se tornado lilás, de uma forma aterrorizante. E ele nem sequer sabia o porquê.

— O que estás fazendo? — o alfa deu dois passos para trás conforme olhava para os lados — Pare.

Chuva.

As gotas grossas caíram na terra e foi inesperado o barulho elevado dos trovões que vieram acompanhados de relâmpagos. Os cabelos bagunçados do ômega voavam de uma forma encantadora, e ele nem ao menos se mexeu com toda aquela movimentação estranha dos céus.

— Taehyung.. — Junseo chamou — Precisamos ir, entre no barco.

Ele não obteve resposta.

O ômega parecia em transe com seus olhos fixos no alfa, como se estivesse pronto para matá-lo a qualquer instante.

— Taehyung, vamos! — o alfa gritou com certo desespero.

E com isso, o ômega gargalhou deixando a cabeça pender para trás como se aquilo fosse a maior das piadas. Seu corpo encoberto apenas por uma fina camada de tecido branco parecia arrepiado pela ventania que envolvia a fronteira, mas nada que o abalasse, ele estava pleno com a situação.

Junseo tentou se aproximar naquele momento, entretanto, Taehyung foi mais rápido e pisou na terra com afinco, criando uma cratera enorme que abriu inteiramente o chão.

A terra começou a se quebrar no meio, tão fundo que parecia não ter fim, e o barulho da superfície tremendo lembrava um terremoto que muitos nunca haviam presenciado.

O alfa se afastou completamente amedrontado, e começou a correr quando notou que o buraco não parava de crescer e o seguia a cada passo que dava. A chuva e os trovões não pararam e os olhos do ômega permaneciam do mesmo modo, encarava Junseo com tanta força que o corpo do alfa se arrepiava sempre que o olhava de forma aflita.

Contudo, Taehyung estava cansado de brincar.

O ômega alargou o sorriso em seus lábios e soprou o ar como se aquilo não fosse nada.

O lobo foi puxado para dentro do buraco com tamanha força, que sua cabeça partiu ao meio com o impacto da queda que teve, fazendo Taehyung gargalhar ainda mais alto com extrema petulância.

Junseo estava morto.

O sangue do alfa se misturou com a chuva lá dentro daquela cratera funda, e o cheiro da morte fez o ômega suspirar em deleite. Que delícia o gosto amargo da vingança. Ele adorou.

Taehyung voltou a olhar para o céu e notou que o dia estava agradável da forma que ele tanto gostava. As nuvens carregadas de chuva, os raios cortando a imensidão, os trovões fazendo um som agradável. Tudo aquilo era bom.

Ele então levou a mão ao peito em cima de sua marca de casamento ainda absorto a tudo que estava à sua volta. Seu coração estava acelerado, e ele sentia o terror de Hoseok e Yoongi passar por suas veias, os alfas estavam preocupados e ele sorriu quando se sentiu extremamente amado.

Ele adorava o amor.

Achava incrível aquele sentimento genuíno tão puro, tão lindo, que chegava a ser assustador certas vezes. Mas, prazeroso de se sentir.

O ômega voltou a olhar para o céu e a chuva parou. Foi questão de tempo até que os seus olhos voltassem a coloração normal, e quando isso aconteceu, ele caiu no chão desacordado.

Possivelmente, não lembraria de nada ao despertar, mas de toda maneira, as nuvens formavam um grande coração flechado.
Se era poder que precisavam, ali estava o ser mais poderoso entre eles.

[ ⛈️ ]

DEIXE SEU SURTO AQUI:

Meus amores.. tem tanto pra acontecer ainda que eu fico até tonta.

Próximo capítulo tem a invasão finalmente e já tem data pra sair, ein? 19/12 estarei aqui com o último capítulo do ano! 💞

Usem a tag no twitter isso ajuda muito, estarei sempre por lá dando spoilers, e também, na conta dos personagens que começaram a partir de agora a interegir mais.

Volto logo.

LOVE U.

#AMDM #AMarcaDaMaldição

@PJMAMDM @JJKAMDM

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