🐺 Chapter Five 🦊
Eu e você,
não é assim tão complicado,
não é difícil perceber.
Quem de nós dois,
vai dizer que é impossível
o amor acontecer?
— Ana Carolina.
#AMarcaDaMaldição
J I M I N
🐺
Enquanto Jungkook ainda segurava o pescoço de meu pai em meio a matilha do Sul, do Norte, e do Leste, pude sentir o desespero da minha mãe passar por todo o meu corpo. Seu cheiro que antes me acalmava acabou me deixando atordoado, pois eu sabia que seu sofrimento seria extremamente doloroso e duraria por meses.
Todavia não era apenas isso, o amor existia de fato em sua união mesmo que fosse apenas de sua parte. Por essa razão, eu a abracei mais forte quando o torso frio de meu pai caiu no chão sem vida. Seu corpo inteiro tremeu sob minha palma e eu tive a certeza que seriam dias difíceis dali em diante, tanto para nosso povo, quanto para nós mesmos visto que teríamos que aprender a conviver com novas regras, apesar de que o líder Jeon havia dito que eu governaria ao seu lado.
Então, após a morte do meu queridíssimo pai, eu acompanhei a minha mãe para dentro da cabana a fim de deitá-la antes que as dores começassem. Todos lá fora estavam desolados por perder o antigo regente, a neve continuava caindo contidas e a lua permanecia iluminando a matilha, parecia que tudo estava destinado a acontecer e essa parte me consolava aos poucos. Coloquei uma jarra de água ao lado de sua cama quando a vi adormecer e deixei panos úmidos para quando a febre começasse, ela havia apagado rapidamente devido ao cansaço emocional que estava sentindo, sua marca começaria a arder em breve, então teria algum tempo antes de começar toda a dor e angústia.
Aproveitei para trocar de roupa logo que as minhas estavam molhadas e com um cheiro forte de lírios e mel. Tratei de colocar algo claro e confortável, uma camisa branca de botões e mangas longas e uma calça de linho bege, arrumei um pouco o cabelo que estava bagunçado e decidi que o banho só viria depois, precisava estar ao lado de Jungkook agora que ele havia assumido, principalmente porque colocaria o meu plano de libertar os ômegas em prática e ele iria me ajudar com isso.
Dei uma última olhada na minha mãe antes de sair e encontrar todos em volta conversando, Jungkook estava com o alfa loiro que ele havia chamado de Namjoon, e junto dele pude ver Taehyung e Yoongi ao lado de outro alfa que eu não conhecia mas que eu sabia que era um dos homens do novo regente.
— Precisa ficar calmo, Namjoon — escutei Jungkook falar assim que me aproximei. — Sabes que Seokjin é um ômega forte, não sabemos o que está acontecendo ainda.
— O que houve? — perguntei assim que parei ao lado do líder.
— Namjoon sentiu que seu companheiro está angustiado, não se sabe o que aconteceu ainda, mas mandei alguns de meus homens ir até lá para descobrir.
— Não era necessário — o lobo grunhiu deixando amostra seus belos olhos dourados. — Eu poderia ter ido, Jungkook, eu preciso ir até ele.
— Tu sabes, e ele também sabe que não podes ir agora. Precisamos conversar com os lobos do Sul, passar confiança para que não tenha rebeliões, Namjoon, eu preciso de você — Jungkook segurou o alfa pelo os ombros e o encarou fixamente até que o visse suspirar. — Eu estou preocupado também, não ache que não estou, tu sabes o que teu ômega significa para mim e sabes também que me sinto da mesma forma em relação a ti.
— Tu não entende — o loiro voltou a falar sem se importar com quem ouvia. — Só irá entender quando tiver um imprinting, Jungkook. Eu não consigo ficar aqui de braços cruzados, uma força parece querer me arrastar até ele, não é tão simples controlar isso, vou perder o controle.
O líder me olhou quando terminou de ouvir o que o amigo dizia e seus olhos brilharam na cor verde cintilante quando encontraram os meus.
Provavelmente minha íris estava da mesma maneira, logo que todos olharam de forma assustada para mim como se buscassem uma explicação.
— Bom, Namjoon — o alfa pigarreou voltando a encontrar os olhos do amigo. — Parece que agora eu consigo entender-te bem.
Yoongi se aproximou e se colocou ao meu lado parecendo preocupado, eu sabia que ele estava com inúmeras perguntas, até eu mesmo me encontrava em um dilema sem fim, mas não era momento para conversar sobre aquele assunto, estavam preocupados com os ômegas do Norte e isso me deixava completamente aflito.
— Tivestes um imprinting com o filho do homem que tu mataste? — ele arqueou a sobrancelha e olhou para o outro alfa desconhecido que ainda não havia falado nada. — Hoseok acreditas nisso?
— Sim — o tal Hoseok deu os ombros parecendo alheio. — Mais absurdo que isso só se algum alfa tivesse me marcado — ele levou a mão ao queixo parecendo pensativo. — Não espera! — ele olhou assustado para Jungkook e Namjoon. — Um alfa realmente me marcou!
Jungkook me olhou e olhou para Namjoon, antes que pudesse voltar a atenção para Hoseok que cheirava a maçã, cravo e.. terra molhada? Yoongi? Não, não podia ser. Levou apenas poucos segundos para o homem mostrar o pescoço com marcas de dentes recentes que deixava o local avermelhado. De imediato olhei para meu amigo que sustentava um sorriso orgulhoso em sua face preocupada. Taehyung respirou aliviado e eu soube naquele exato momento que os três estavam ligados, algo que era extremamente incomum, quase uma raridade ter dois alfas ligados a um ômega.
— Não acredito — falei baixinho sabendo que todos haviam escutado. — Yoongi você agora é ligado a duas pessoas.. — refleti tentando engolir a informação. — E eu achando que tu iria marcar Taehyung.
— Eu vou — ele avisou puxando o ômega um pouco mais para perto. — Irei marcá-lo ainda hoje, ele carregará a marca de seus dois alfas.
— Tem mais alguém que não teve um imprinting hoje? — Namjoon debochou. — Jungkook e Hoseok eu realmente estou surpreso, era regra não se envolver com ninguém durante a luta, e vocês vão lá e marcam seus parceiros que conheceram hoje?
— Não marquei o Jimin — o líder cruzou os braços frente ao corpo voltando a me olhar. — Nós tivemos um imprinting assim que nos olhamos, não precisou de mordida. O cio dele acabou de imediato, e por isso não tive como mordê-lo.
— Uou — Taehyung falou parecendo chocado. — Foi um imprinting genuíno, fico feliz pelo os dois, mas sabem que a marca precisa existir agora, não é? Jimin precisa carregar a sua mordida.
— Não preciso não — cortei-o de imediato. — Se isso acontecer, ficarei preso para sempre em minha maldição, sabes disso.
— Ele ainda acredita que a maldição será quebrada — o líder deu os ombros. — Deixe-o se iludir com isso, por hora.
— Não é ilusão, senhor Jungkook — voltei a encará-lo. — Eu voltarei a ser um alfa lúpus, custe o que custar.
— Mas tu tiveste uma ligação de alma com um alfa lúpus, isso não te assusta? Se voltar a ser um alfa, as coisas podem se complicar, porque tu sabes, alfa não tem imprinting com alfa, a não ser que estejam ligados a um ômega — parecendo realmente confuso, Yoongi começou a explicar aquilo que eu já sabia.
— Podemos conversar sobre isso depois? — pedi vendo o tamanho da angústia do alfa loiro que olhava para todos os lados da alcatéia. — O ômega dele precisa da nossa atenção.
— O que podemos fazer, Namjoon? — o alfa marcado por Yoongi perguntou. — Jungkook enviou alguns lobos para o Norte a fim de averiguar a situação, porém isso não parece te acalmar.
— Eu preciso ir até lá, preciso ver ele imediatamente.
— O que faremos, Jungkook? — Hoseok voltou a falar. — Não podemos abandonar o Sul agora, por mais que Seokjin esteja precisando, seria estúpido partir.
— Eu vou com Namjoon e tu fica junto com Youngjae para alojar todos os novos alfas em seus devidos lugares — o líder decidiu enquanto observava a aflição do amigo. — Acredito eu que o Sul deve ter abrigos de emergência, procure-os e dê um jeito para que não fiquem vagando pelo o bosque. Os lobos do Sul ainda estão com o pé atrás em relação a nós, então tentem não irritá-los até a minha volta.
— Os abrigos de emergência ficam próximos ao alojamento dos ômegas, peça para Youngjae levá-los até lá, que ele o fará — dei a ordem e todos me olharam parecendo desacreditados.
— E tu? — Jungkook questionou me olhando curioso. — Sei que podes mandar alguém fazer isso por ti, mas por que não os leva até lá? Nenhum dos meus homens irá ousar te tocar, estás seguro com eles.
— Primeiro senhor Jungkook, eu não tenho medo de teus homens ou de qualquer lobo que esteja ao meu redor. Não sei se tu te lembras, mas não sou eu que tenho que temê-los, e sim o contrário. Segundo, eu não irei porque estarei contigo no Norte. Deixarei Taehyung cuidando de minha mãe caso Yoongi e Hoseok não vejam problema nisso, pois confio no ômega para tal feito e sei que seremos breves em suas terras nortenhas.
— Não será um problema para mim, Jimin, ficarei e farei o meu melhor — Taehyung sorriu grande e Yoongi que estava ao seu lado se perdeu no rosto do novo parceiro por alguns segundos.
— Por mim, tudo bem. Estarei de vigília de qualquer forma, ficarei o observando, então sua mãe estará em boas mãos — Hoseok prometeu e eu me senti melhor sabendo disso. — Porém preciso que retornem até o dia amanhecer, por favor tragam todos os ômegas de uma vez. Os alfas marcados da matilha não aguentam ficar longe de seus companheiros por muito tempo, então evitaremos fugas para irem buscá-los.
— Tu irá comigo? — o líder franziu o cenho agora em minha frente. — Achei que não quisesse ligação alguma com teu líder.
— Não é como se eu tivesse opção — mordi o lábio notando a forma faminta que ele me olhava pela proximidade. — Preciso ir pois além de não conseguir ficar distante, eu estou preocupado com seus ômegas, principalmente com o parceiro de Namjoon.
— Seokjin — Jungkook respondeu. — Não estou reclamando, só estava tentando entender sua forma de raciocinar.
— Conversamos quando voltarmos, Jungkook, não te preocupes. Por hora agiremos como líderes que somos, afinal, tu não dissestes que eu governaria ao teu lado, alfa?
— Tu sabes que sim, Apollo. Te seguirei aonde quer que tu vá.
Os olhos dourados do líder regente do Norte, Leste e agora Sul, me deixaram completamente hipnotizado. Seus dedos estavam cerrados em punho e eu tinha certeza que ele estava reprimindo a vontade de me tocar, porque eu me sentia da mesma maneira. Fui capaz de sentir seu medo à minha frente, sua confusão interna, seu desejo insaciável e sua presença que me deu calor, embora eu não precisasse. Tudo em Jungkook me deixava levemente atraído, era estranho ter passado alguns meses dizendo para mim mesmo que jamais desejaria um alfa, e agora estar de frente para um que morreria por mim em qualquer batalha que lutarmos.
— Apollo? — Namjoon piscou atordoado nos fazendo lembrar que tínhamos companhia. — Jungkook, ele é.. — ele pausou para me encarar. — Tu tivestes um imprinting com o ômega lúpus que Agnes criou, e ele é Apollo?
— Apollo? — Hoseok pareceu tão confuso quanto os outros. — Ele não morreu? Tipo, milênios atrás?
— Sim — Yoongi respondeu. — Ele é a reencarnação do ômega que salvou os ômegas a milênios atrás, tão poderoso quanto pode ser, não é atoa que é o primeiro ômega lúpus que vimos.
— Parabéns, Jungkook — Namjoon sorriu contido apesar de toda a situação. — Arrumastes um ômega bem forte que claramente não seguirá as tuas ordens, espero Jimin que possamos ser amigos pois não quero bater de frente com alguém tão poderoso.
— Ele me parece bem teimoso e cabeça dura — o líder os encarou fingindo que eu não estava em sua presença. — Mas eu gosto de desafios, tu sabe.
— Aproveite que tu gostas de desafios, e vá até o Norte pensando em como tu irá enrolar Youngjae visto que o alfa quer se casar com o teu ômega — Hoseok sorria grande parecendo animado com o que dizia. — Faz tempo que eu não vejo uma luta por um ômega, por favor me avisem quando forem se matar para ver quem fica com o teu companheiro.
— Vistes uma luta hoje, Hoseok — Yoongi revirou os olhos.
— Aquilo não foi uma luta, meu anjo, eu deixei tu me morder porque estava curioso em saber como essas tuas presas de gatinho ficariam no mesmo pescoço. — Hoseok provocou e Taehyung sorriu enquanto Yoongi rosnava. — Mas não acho que Jungkook queira dividir o Apollo.
— Não irei enrolar Youngjae pois eu tive um imprinting com Jimin, então não será necessário desculpas. Ele não irá se casar com ele e pronto, não há o que se discutir.
— Não irei? — perguntei sorrindo e Yoongi negou tentando conter o deboche. — Não lembro-me de ninguém me perguntar alguma coisa sobre querer me casar com Youngjae, achei que tu dava voz aos teus ômegas, Jungkook.
— Exatamente, tu és meu ômega — ele voltou a me encarar deixando sua íris escarlate à mostra. — Não me provoque ou eu juro que sou capaz de matar Youngjae e pendurar a sua cabeça na árvore mais alta da floresta.
— Uh — Hoseok murmurou fingindo estar chocado com a ameaça.
— Pois então senhor Jungkook, comece a me perguntar as coisas a partir de hoje — falei decidido e ele sorriu pequeno completamente sem humor. — Tu não irá matar nenhum de meus homens até que eu decida quem vive e quem morre, lembre-se disso. Mas sobre o casamento, eu realmente não o quero, não sei como isso chegou ao seu conhecimento, mas eu mesmo irei conversar com ele assim que voltarmos.
— Eu gostei dele — Namjoon anunciou. — Gosto da ideia de ver alguém tirando o controle do meu filhote — risonho, o alfa loiro deu um tapinha no ombro do novo regente. — Seokjin irá adorá-lo.
— Preparem as carruagens — o líder deu a ordem ainda me encarando sem pudor algum. — Saímos em meia hora.
— Carruagens? Só iremos eu, tu e Namjoon, não há necessidade — o informei. — Só irá nos atrasar, vamos a pé.
— Tu és um ômega agora, senhor Apollo — ele fez uma reverência desrespeitosa. — É distante daqui para o Norte, não irá aguentar caminhar por tanto tempo, pare de ser teimoso, precisamos pelo menos de dois cavalos.
— Dois cavalos? — franzi o cenho confuso. — Um para mim, um para tu, e Namjoon vai a pé?
— Um para Namjoon, e um para nós dois — ele deu os ombros parecendo alheio, e saiu de minha frente começando a andar para longe de onde estávamos.
— Ei! — eu o chamei notando que todos agora nos seguiam. — Não tem necessidade de cavalos, e mesmo que tivesse, seriam três!
— Não precisamos acordar três cavalos, dois será o suficiente — seus passos eram pesados e dava o dobro dos meus, por isso quase tive que correr para acompanhá-lo. — Está nevando e não podemos demorar.
— Onde está indo? — perguntei quase sem fôlego.
— Chamar Mingyu e Yeosang, eles estavam cuidando de um beta do Sul que não morreu no ataque da fronteira — ele revelou.
— Como sabes disso? — minha pergunta o fez parar e eu esbarrei com tudo em suas costas, quase caí, mas ele se virou rapidamente para me segurar em seus braços e não me deixou ir ao chão.
— Quando tu entraste na cabana de tua mãe, vieram me avisar que um beta estava machucado, Youngjae não o matou quando atacou as fronteiras — seu aperto era firme e eu olhava para seus lábios tentando entender o que ele dizia visto que estava próximo demais, o ar quente que saía de seus lábios criava uma névoa bem próximo ao meu rosto, e eu engoli a seco quando percebi a posição que estávamos.
— Jaebeom? — abri bem os olhos quando lembrei que ele era o único beta nas fronteiras. — É ele? Ele está machucado? Foi Youngjae que o feriu? Onde ele está?
Saí rapidamente de seus braços e olhei para os lados tentando enxergar algo no meio de todo aquele povo que permaneciam distante enquanto conversavam. Yoongi que estava logo atrás de nós dois se aproximou e segurou o meu ombro como um pedido silencioso para que eu me acalmasse, porque por mais que eu fosse um ômega, minha presença era forte e acabava machucando os outros que estivessem por perto. Como foi o caso de Taehyung que agora estava abraçado a Hoseok, apertando os olhos pelo desejo de submissão.
— Acalme-se — Yoongi suplicou me fazendo respirar fundo. — Não machuque Taehyung, iremos encontrar o Jaebeom.
— Desculpe-me — pedi enquanto olhava para Taehyung e ele sorriu pequeno, voltando a respirar melhor. — Preciso vê-lo, ele é nosso amigo Yoongi.
— Eu sei — o alfa confirmou com sutileza. — Irei procurá-lo, certo? Tu podes visitá-lo quando retornar.
— Posso saber quem é Jaebeom? — cruzando os braços, o líder perguntou parecendo curioso.
— O beta que tu mandou machucar — o respondi ríspido.
— Não mandei machucá-lo — Jungkook me surpreendeu e eu o olhei confuso. — Mandei matá-lo, Youngjae não sabe fazer nada direito.
— Parabéns, quer um troféu? — minha pergunta o fez grunhir e eu sorri querendo matá-lo. — Não tenho medo de presas porque as minhas são tão afiadas quanto às suas, pode mostrar-me a vontade, senhor Jungkook.
— Não temos tempo para discussões — Namjoon falou alto e eu quis me repreender por estarmos perdendo tempo. — Iremos a pé ou a cavalo?
— A cavalo.
— A pé — respondemos juntos.
— Como Jungkook falou que iria seguir tudo o que tu dissestes Jimin, então iremos a pé se for de teu gosto. Porém precisamos sair agora, não aguento mais sentir Seokjin angustiado.
Sorri grande e olhei para Jungkook, esse que revirou os olhos desistindo totalmente de me contrariar.
— Queria ver se fosse eu nessa situação, certeza que tu, Apollo, não pensaria duas vezes e pegaria um cavalo — o líder resmungou cruzando os braços.
— Os dois precisam parar de ficar discutindo por coisas bobas — Yoongi comentou. — Jimin, eu realmente acho melhor pegar os cavalos, ir a pé demoraria mais e o amigo de Jungkook já está desesperado, não tem como esperar. Irão conseguir voltar rápido assim, tu sabes que sua mãe irá precisar de ti em breve.
— Acha seguro sair com eles pela neve dentro da floresta? Tu sabes que pode existir animais por lá, e eles se assustam facilmente.
— É melhor arriscar — Yoongi instruiu. — Vou buscar Atom e Baruc, eles se dão bem com a neve.
Deixando-nos, Yoongi se dirigiu ao estábulo que ficava em meio a aldeia, acompanhado por Taehyung que não quis o deixar sozinho. Hoseok conversava com Namjoon pedindo para que ele se controlasse, já Jungkook, me encarava de cenho franzido e de braços cruzados.
— Perdeu alguma coisa? — sorri ao fazer a pergunta, e ele revirou os olhos como quem não quer nada.
— Não posso admirar a tua beleza?
— Pode — dei os ombros. — Mas ainda estou chateado pelo que fizeste.
— Com o beta? — confirmei ao ouvir sua pergunta. — Tu sabes que para invadir aldeias precisamos matar alguns homens, não é?
— Jaebeom é meu amigo, Jungkook — suspirei lembrando que ele estava machucado. — Ele é bem doidinho e odeia ômegas, mas confio que ele mudará de opinião aos poucos agora que meu pai se foi. Ele é importante para mim, embora seja irritante.
— Irão cuidar bem dele enquanto estivermos no Norte — ele afirmou pela segunda vez. — Nós voltaremos logo, não podemos demorar.
— Eu sei.
Yoongi voltou pouco tempo depois com os dois cavalos que Jungkook havia pedido, e Taehyung vinha montado em um deles parecendo feliz por poder acariciar o animal que era um dos mais dóceis do vilarejo.
Não demorou para que levássemos até a entrada da floresta, a cada segundo que se passava Namjoon ficava ainda mais desesperado e eu me questionava o que poderia estar acontecendo com seu ômega para que ele ficasse naquele estado. Se fosse o cio ele saberia, se fosse doença ele também sentiria, então não haveria outra razão, certo? A não ser que estivessem sendo atacados pela matilha do oeste.
— Venha — Jungkook me puxou para que eu montasse no cavalo. — Não temos mais tempo, precisamos ir rápido.
O regente me colocou sob Atom e subiu logo em seguida, firmando a destra na guia e a mão livre em minha cintura. O alfa me abraçou forte encostando seu peitoral firme em minhas costas e deu partida para que fossemos em direção ao Norte o mais rápido possível.
N A R R A D O R A
Alcatéia do Norte, 02:34am.
Seokjin se remexia na cama atordoado, sentindo os calafrios se apossar de seu corpo por completo e rapidamente.
O suor escorria pelo seu rosto pálido e suas mãos apertavam firme o lençol para tentar conter a dor que sentia em seu baixo ventre. Não era o cio, não podia ser. Faltava meses ainda para chegar o heat, então o que poderia ser, afinal? Ele não fazia ideia. Só foi o seu alfa sair de perto de si para começar essas dores que o deixava completamente tonto, e ele sabia bem que Namjoon estava sentindo isso, sabia que ele possivelmente estava a caminho, mas nada parecia acalmar o seu lobo que estava acanhado.
Era uma dor horrível.
Yuri que era a beta responsável por ficar e proteger os ômegas, entrou na cabana e o ofereceu água, temendo pela sua vida visto que o cheiro de amoras silvestres estava cada vez mais fraco. Ela odiava ver Seokjin daquela forma, o ômega era sinônimo de força para todos os lobos de sua matilha, e naquele instante estava tão fraco que todos os ômegas presente ao redor na aldeia estavam do lado de fora de suas cabanas, pedindo aos deuses para que nada acontecesse com ele.
— Namjoon — ele gemeu enquanto sentia Yuri colocar um pano molhado em sua testa.
— Ele já deve estar a caminho, Jin, tu precisas ser forte.
Minju, que permanecia de pé em frente a cabana, olhava de um lado para o outro logo que era a única alfa em toda a aldeia. A jovem de cabelo rosa e de olhos azuis sentia o cheiro de Seokjin mais fraco do que o comum, porém o que chamava verdadeiramente atenção, era o cheiro de damasco que o ômega exalava.
Ela sabia bem o que significava, sabia também que Yuri não havia captado esse cheiro, porque além de ser beta, geralmente não é algo fácil de sentir, a não ser que tu tenhas um olfato apurado e a alfa tinha com toda certeza, não era atoa que Jungkook havia confiado a matilha inteira a si.
— Dói.. — Seokjin voltou a gemer.
Seus olhos que antes transmitiam tranquilidade, agora estavam inundados por suas lágrimas que não paravam de jorrar. Era difícil conter quando sentia que seu corpo iria partir ao meio, seu coração doía e ele nem imaginava o que estava acontecendo com o seu corpo que dava sinais claros do que aconteceria a seguir.
— Minju — Yuri chamou assim que ficou de pé. — Acho melhor preparar uma carruagem, tenho certeza que o Namjoon está a caminho e ele vai querer levar Seokjin para o Sul o mais rápido possível.
— Lá tem algum curandeiro? — a jovem alfa franziu o cenho ao entrar.
— Não sei, mas se tiver ele vai precisar ser rápido — a beta constatou. — Procure por Changkyun e Eubin, elas mexem com ervas às vezes, podem dizer o que está acontecendo com ele.
A alfa ponderou um pouco antes de sair para chamá-las, tinha certeza que sabia o que estava acontecendo, mas não queria que Seokjin soubesse antes de Namjoon chegar. Contudo, não tinha escolha. Se as ômegas pudessem ajudar, faria o que fosse preciso. Não queria ter que dar a notícia de que Seokjin havia morrido para a alcatéia inteira quando Namjoon chegasse, então faria até o impossível, mas o ômega ficaria bem de qualquer forma.
Com isso, não demorou para que ela trouxesse as ômegas até a cabana de Seokjin. As duas trouxeram folhas de eucalipto para acalmá-lo, e algo para a dor que sempre usavam nos heats quando não tinham ajuda de um alfa. Estranharam o cheiro franco do ômega que sofria com as dores, mas não disseram nada, iriam averiguar melhor a situação antes de insinuar qualquer coisa.
— Jin, explica para mim como são essas dores — Eubin que amassava folhas dentro de um pequeno pote perguntou, não querendo que o ômega perdesse a consciência.
— Dói abaixo da minha virilha, é uma dor forte que sobe para as minhas costas e acaba machucando ao redor do meu quadril.
— Quando foi o seu cio? — foi a vez de Changkyun estranhar.
— A quatro luas atrás, faltam duas pela frente, não está na hora.
— E a de Namjoon, quando foi? — Chan misturava leite com ervas vermelhas em um copo, Yuri observava atentamente sem entender o motivo daquelas perguntas.
— Dois meses atrás.. — ele pareceu pensar enquanto falava com a voz embargada. — O que isso tem a ver com o que estou sentindo? Achas que ele entrou no hut em meio a luta? É impossível, faltam quatro meses.
— Não é disso que estou falando, Jin — a ômega parecia preocupada enquanto fazia a mistura ainda de pé próximo a cama. — Duas luas atrás o teu alfa te deu o nó, és um ômega saudável e que eu saiba não usam nenhum tipo de erva para evitar filhotes, correto?
— Minju, venha aqui — Eubin chamou a alfa que havia ficado fora da cabana, não demorou para que ela entrasse. — Diga-lhe o que tu me contaste.
— Não é melhor esperar Namjoon chegar? Ele mesmo irá contar, tenho certeza que irá sentir.
— Sentir o quê? — Seokjin gemeu quando uma pontada o atingiu, mas ainda assim de sentou querendo ouvir o que a alfa tinha para dizer. — Vamos me diga, eu sou forte, irei aguentar o que for.
A alfa ponderou por alguns instantes novamente, mas achou melhor falar enquanto era tempo.
— Damasco, Jin — ela pausou. — Senti no momento em que entrei aqui.
Yuri arregalou os olhos e se aproximou da cama olhando para Changkyun e Eubin que pareciam serenas. Já Seokjin, prendeu os lábios entre dentes e suspirou audível sabendo que aquilo explicaria totalmente as dores que sentia.
— Eu estou carregando um filhote — ele disse sentindo o gosto de ferro na boca. — E eu não posso.
— Não pode? — Yuri franziu o cenho.
— Na noite em que tentaram matar Jungkook, ainda quando eles eram crianças, antes que Seokjin pudesse esconder o líder na floresta, ele levou uma facada um pouco acima de sua virilha — Eubin contou sem tirar os olhos do ômega que chorava. — Por isso ele conseguiu esconder bem o alfa, o cheiro do seu sangue encobria o do garoto, e até hoje ele acha que o Jin apenas espalhou o seu cheiro.
— Ele não lembra do cheiro de sangue? — Yuri voltou a perguntar. — Desculpa, é que eu não entendo..
— Jungkook só se lembra de flashes daquela noite, Yuri. Quem lembra disso com detalhes é Namjoon que teve que correr com Seokjin até a curandeira para que ela o ajudasse depois que o ataque acabou. Jungkook não se lembra de ver o sangue e o cheiro forte se espalhando pela floresta, naquela noite Seokjin reivindicou ter uma família, para salvar o próprio filhote — Eubin suspirou triste. — Talvez se ele tivesse ido direto para a senhora choi, que descanse em paz, ele tivesse conseguido conter a hemorragia rapidamente antes de perder a capacidade de procriar.
— Não me arrependo de nada — o ômega juntou forças para falar. — Salvei Jungkook, ele é o meu bem mais precioso.
— Sabemos disso — Changkyun respondeu. — Tu foi um ômega sábio pois ninguém pensaria que cheiro de sangue fosse encobrir o cheiro de um alfa, mas tu pensastes.
— E agora? — Minju perguntou. — O filhote ele..
— Ele não irá sobreviver, precisamos tirá-lo antes que mate Seokjin — Eubin afirmou entregando o copo com leite e ervas. — Tome, isso irá ajudar.
— Não — ele negou. — Eu irei esperar que ele se vá, não posso matá-lo.
— Tu irá ter uma hemorragia, Seokjin, sabes que precisas fazer isso, foi o combinado com Namjoon, eu lembro-me bem — Changkyun lembrou do dia em que se casaram e fizeram essa promessa em meio a luz da lua.
— Posso esperar ele chegar? Eu não quero ter que dizer que tomei antes que ele pudesse.. pudesse.. — o ômega soluçou sabendo que teria que fazer de qualquer maneira. — Preciso do meu alfa aqui.
Todos entenderam.
Mesmo que fosse arriscado esperar, era uma escolha dele e apenas dele. Se seu coração pedia para que Namjoon pudesse se despedir junto dele, então todos esperariam o tempo que ele achasse melhor.
Eles não esperavam que um dia Seokjin pudesse conceder um filhote, mas sabiam que se esse dia chegasse, ele não poderia carregá-lo por muito tempo.
J U N G K O O K
O Caminho pela floresta estava tranquilo, não havíamos encontrado nada demais pela trilha. Namjoon cavalgava um pouco mais a frente pelo desespero de chegar mais rápido, já eu e Jimin estávamos um pouco atrás dando espaço para que ele sentisse sua dor sem ser incomodado. Sabíamos que ele estava cada vez mais aflito, sua presença era quase insuportável aos arredores de onde estávamos, e eu pude sentir Apollo apertar o meu braço que estava em sua cintura com um pouco de desespero, tenho certeza que ele odiava se sentir frágil diante daquilo, mas era uma das desvantagens se te tornar um ômega.
Deixei o meu cheiro mais forte a fim de acalmá-lo e funcionou de imediato, pude sentir seu corpo amolecendo em meus braços e tive a certeza que ele havia adormecido por não ter parado um minuto sequer depois da batalha. Ele era corajoso. Não me conhecia direito e nem procurou saber se eu era um alfa bom e justo, mas ainda assim, estava entregue em meus braços, confiando inteiramente em mim mesmo com toda a birra que vinha desferindo.
— Ele dormiu? — pude ouvir Namjoon perguntar um pouco a frente.
— Sim, podemos parar apenas por um segundo? Vou colocá-lo de frente para mim, assim posso abraçá-lo para não cair.
Namjoon não respondeu, mas parou o cavalo por alguns instantes.
Pude devagar mover o seu corpo colocando uma perna de cada lado em cima das minhas — já de frente —, para só então trazê-lo junto a mim, deitando seu rosto em meu ombro coberto. A neve havia parado de cair, e ele estava quentinho colado em meu corpo, as bochechas coradas pelo vento que batia, e os lábios abertos enquanto ressonava.
Ele de fato era o ômega mais bonito que eu havia visto.
O olhei por alguns instantes querendo gravar em minha memória cada pedacinho de seu rosto bonito. Ele estava tão perto que conseguia sentir sua respiração se misturar com a minha, era impossível não respirar fundo sentindo seu cheiro maravilhoso e doce que não fazia jus a ele.
— Podemos ir? — olhei para Namjoon que esperava nos observando. — Pode se apaixonar por ele depois, agora precisamos nos apressar.
— Me apaixonar? Puff — revirei os olhos voltando a cavalgar mais devagar. — Ele é doce igual a um bombom de alho, estou surpreso que ache que de fato vá rolar algo entre nós.
— Tiveram um imprinting, Jungkook — ele falou como se fosse óbvio. — Não dá para lutar contra isso. Ele é teu e tu és dele, devem aceitar isso o mais rápido possível.
— Temos tempo — falei voltando a olhá-lo.
— Tem é? — Namjoon sorriu sem deixar a preocupação sumir. — Quando foi o teu cio? Teu rut ainda não aconteceu, não é? — ele se virou para me olhar, e eu engoli a seco por lembrar apenas agora.
— Deve acontecer em alguns dias — olhei para a lua cheia lembrando que Eubin era quem passava comigo antes de tudo acontecer. — Não sei o que farei.
— Bom, eu sei o que tu não irá fazer — ele começou a explicar. — Tu não poderá deitar com nenhum outro ômega, e estou falando de Eubin. Tu estás ligado a Jimin agora, e é bem mais forte que a marca, Jungkook, acredite. Se tu fizer isso em teu rut, ele irá sentir tudo o que tu estiver fazendo, a dor imensa que vai ser o lobo dele se sentindo rejeitado pelo teu lobo que estará satisfazendo outro, será pior que a morte.
— Não irei me deitar com outro.
— Só estou te dizendo que mesmo que queira, isso não irá acontecer. Principalmente porque tu estará atraído demais por ele, teu lobo irá uivar chamando por ele, não terá tempo de pensar em outra saída.
— Não posso fazer isso com ele, Namjoon — resolvi contar o meu receio. — Ele não me quer, tu sabe que é complicado, principalmente por ele ser um ômega amaldiçoado. Jimin anseia se tornar um alfa novamente, achas que se deitará comigo? Jamais irei o forçar, ele não é obrigado.
— E o que tu acha que vai acontecer quando o cio dele chegar novamente? — sua pergunta me fez pensar um pouco. — Teu lobo vai querer protegê-lo, cada grito que ele der de dor será como se tua pele estivesse queimando de dentro para fora.
— Teremos tempo até lá — dei os ombros. — São três luas, ele irá escolher se confiará em mim ou se irá preferir ficar sozinho.
— O teu rut está próximo, não seja impulsivo. Conte logo a ele, e ele decidirá o que fazer. Afinal, ele irá sentir tanta dor quanto a ti mesmo.
— Isso é injusto — grunhi pela decepção.
— Isso é a natureza, Jungkook. Ele é teu agora, cabe a ti fazê-lo se sentir assim, porque agora tu e ele são um só.
🐺
Quando chegamos na entrada da aldeia do Norte, notamos de imediato a presença de todos os ômegas que viviam sob a nossa proteção andando de um lado para outro como se tivesse acontecido algo ruim.
Todos eles estavam fora de suas casas parecendo nervosos e acanhados, o cheiro do medo era assustador e me fez apertar Jimin quase inconscientemente quando adentramos no lugar. Isso fez com que Apollo acordasse um pouco atordoado, e ele deu de cara comigo visto que eu o havia colocado de frente para mim, parecendo confuso e sonolento, estava tão bonito quanto podia.
Porém ele não falou nada, ficou olhando de um lado para o outro conhecendo o lugar parecendo curioso. Namjoon estava indo direto para sua cabana pois não tinha tempo para qualquer recepção, então apenas o segui deixando todas as minhas dúvidas de lado. Se Minju não tinha vindo me recepcionar, era porque não havia nenhum tipo de ataque à nossa matilha.
E isso era bom.
Quando Namjoon pulou do cavalo e correu para dentro da sua tenda, acabei ajudando Jimin a descer e ele permanecia em silêncio. Suas bochechas coradas entregava que ele estava envergonhado com a posição que estávamos, mas eu deixaria passar apesar da vontade que estava de provocá-lo, a preocupação com Seokjin me deixava enjoado, por isso precisava vê-lo com urgência.
— Ainda bem que tu chegastes — essa era Eubin que saía de dentro da tenda de Seokjin. — Aconteceu uma tragédia.
— O que houve?
Jimin se colocou ao meu lado no mesmo instante e a ômega parou o que dizia para observá-lo. Seus olhos buscaram a mim após alguns segundos, ela parecia esperar uma apresentação formal.
— Quem és tu? — ela o perguntou.
— Me chamo Park Jimin, o que aconteceu com Seokjin?
— Conheces Seokjin? — a ômega franziu o cenho.
— Não preciso conhecê-lo para me preocupar, sei que é companheiro de Namjoon e alguém importante para Jungkook. Pode dizer o que aconteceu?
Eubin me olhou com os olhos arregalados novamente e eu esperei que ela nos contasse o que estava acontecendo, mas ela apenas sorriu de canto como quem está incomodada com alguma coisa.
— Entre e tu descobrirá.
E assim, ela saiu de nossas vistas.
Jimin bufou irritado e adentrou primeiro do que eu sem ao menos me esperar, porém eu acabei o seguindo deixando para conversar com Eubin depois. Não entendi bem o que aconteceu, mas descobriria depois, o assunto não era importante por hora.
— Por favor não chore — ouvi Namjoon pedir assim que entrei.
— O nosso filhote, meu amor — sua voz quebradiça fez o meu lobo ficar receoso, ele disse filhote?
— Jin, eu estou aqui — passei a frente ficando parado no outro lado da cama, Namjoon permitiu que eu sentasse junto aos dois em seu ninho, e eu acabei respirando melhor quando o vi sorrir pequeno.
— Estou falando de teu irmão — seus dedos encontraram a minha bochecha em um carinho singelo. — Não sentes o cheiro?
Meu lobo farejou um pouco mais forte pois o único cheiro que eu conseguia sentir era o de Jimin que me confundiu um pouco, porém fui rápido em captar algo diferente no ar. Damasco, era disso que o ômega falava.
— Tu estás esperando um filhote.
Fiquei de pé de imediato e levei ambas as mãos a minha cabeça, não era idiota, sabia que um dia eles teriam filhotes, mas eu não estava preparado para a notícia. A família iria crescer? Acabei olhando para Jimin, esse que não parecia muito feliz.
— O que há de errado com isso, então? — olhei para Namjoon, esse que também não parecia feliz. — Não deveríamos estar comemorando? É um filhote gerado pelo amor dos dois, estou surpreso, mas não triste.
— Jin não pode carregar filhotes, Jungkook — esse foi Namjoon que também ficou de pé para vir em minha direção. — E está tudo bem, eu sabia disso antes de me casar com ele.
— Como está tudo bem? Ele nunca.. — pausei o que dizia para poder olhá-lo. — Ele não poderá.. tu sabes, ele não..
— Não — a voz do alfa era firme. — Já temos tudo o que precisamos, não é? Temos a matilha, o nosso amor, temos por quem lutar e temos a ti, Jungkook, não podemos reclamar de nada.
— Mas — olhei para Jimin e ele sorriu um tanto triste. — Qual o motivo então? Ele nasceu assim? Como souberam disso, que ele não poderia gerar filhotes? Aconteceu algo que eu não sei?
— Nada com que deva se preocupar — Seokjin foi rápido em responder a meio as lágrimas. — Ficarei bem, e tu sabes disso. Sou forte, não sou?
Jungkook prensou os lábios sem saber o que responder.
Sabia bem que Seokjin era um ômega forte, não tinha dúvidas alguma disso. Duvidava até que Apollo pudesse ser assim tão forte um dia, mas era uma grande perda. Tinha certeza que ele tentava não transparecer fraqueza, mas aquilo era quase impossível.
— De quem é esse cheiro doce? — Seokjin agora visualizou Jimin que estava de pé um pouco atrás de mim, ainda em silêncio. — Oh, um ômega?
— Park Jimin — ele foi rápido em responder. — Sou filho do regente do Sul, bom, do antigo.
Jin me olhou assustado, e voltou a olhar o marido que ainda tinha o semblante preocupado.
— Tu sequestrou o filho dele depois de o matar? Está louco, Jungkook? Ele deve ter uma mãe, leve-o de volta agora mesmo!
— Eu não o sequestrei — sorri ainda atordoado pelo seu desespero. — Nós estamos ligados, tivemos um imprinting — meus olhos se voltaram para Jimin novamente, e ele esperava a reação de Seokjin com expectativa.
— Estás me dizendo que tu estás finalmente ligado a um ômega, e não teve o meu dedo nisso? — ele limpou as lágrimas parecendo interessado no assunto.
— Estou, mas não acho que essa seja a melhor hora para conversarmos sobre isso, Jin. Preciso saber o que tu irás fazer — suspirei voltando a sentar ao seu lado. — No Sul tem uma curandeira famosa que pode ajudar, quer ir até lá? Viemos te buscar.
— Sim! — Jimin exclamou parecendo lembrar de alguma coisa. — A senhora Janet ficará feliz em conhecê-lo, não sei o que se passa para que ele não possa gerar filhotes, mas com certeza ela terá a resposta.
— É arriscado — Namjoon respondeu. — Se sairmos com ele agora sem que ele aborte o filhote, ele pode ter uma hemorragia no meio do caminho. Em meio a floresta não iremos poder fazer nada, ele poderia morrer.
— Dê-me tempo para pensar — Seokjin pediu assustando o marido pela sua escolha. — Vá arrumar tudo para irmos, teremos que ir de qualquer maneira. Ajude todos os ômegas, Junseo e Jaehyun chegaram a pouco tempo para verificar o que estava acontecendo. Os mandei preparar tudo para que pudessem partir, estavam ansiosos à tua espera.
— Certo — concordei e fiquei de pé pronto para fazer o que ele havia pedido. — Vou preparar as carruagens e fazer Minju e Yuri nos ajudar até que estejas decidido.
— E Jimin — ele voltou a falar antes que pudéssemos sair, e o ômega se virou para vê-lo. — É um prazer tê-lo na família, espero poder te conhecer melhor em breve, em condições melhores eu presumo.
— Estarei torcendo pela sua recuperação, não vejo a hora de podermos conversar.
O ômega fez uma reverência enquanto sustentava um sorriso e saiu me deixando paralisado por alguns minutos. Ele era definitivamente doce e cortês, bom ao menos com os outros, comigo só sabia impor ordens.
Todavia, acabamos indo em direção ao povoado. Se Seokjin quisesse ter a opinião de uma curandeira do Sul, eu o daria todas as oportunidades para isso.
T A E H Y U N G
Eu me vi sentado por algumas horas dentro do quarto da mãe de Jimin, enquanto a observava atentamente com medo de que algo pudesse acontecer. Eu poderia jurar que ela sentiria dor por um longo tempo, mas até então, apenas sua respiração estava alterada.
Me perdi por um instante em meus próprios pensamentos com algo que eu havia sentido a poucas horas, um cheiro familiar que me deu arrepios. Grama molhada.
Não quis fazer alarde na hora que senti, pois eu não entendia bem o que estava acontecendo, mas depois que Hoseok contou sobre a matilha do Leste e do Norte estarem juntas, entendi bem o significado daquilo tudo. Junseo estava ali, próximo, quase a um passo de distância e viveria no mesmo local que eu. Meu lobo estava aflito com essa informação pois não teria como esconder isso por muito tempo, tinha certeza que era questão de tempo para Yoongi sentir o cheiro do alfa que me atacou, e a partir daí, tudo seria um inferno.
Me encolhi na cadeira abraçando as minhas próprias pernas quando o pânico me atingiu, o alfa estava ali. O homem que me espancou e abusou em meio a uma floresta provavelmente agiria como se nada tivesse acontecido, e eu como um ômega qualquer, precisaria aceitar se não quisesse Hoseok e Yoongi metidos em encrenca. Não podiam matar um alfa de sua própria matilha, isso era a regra de qualquer alcatéia.
Provas, eles não tinham. Era apenas a minha palavra que em lugar nenhum, nunca valeu nada. Me sentia impotente diante dos últimos acontecimentos, tinha esperança que ele sumisse de vez e me deixasse em paz, mas lá no fundo eu sabia bem que isso não iria acontecer.
— Ei — ouvi a voz grave de Yoongi me chamar e tive a certeza que ele havia sentido meu temor. — Venha aqui, meu céu.
Levantei de modo desajeitado e fui até a saída da cabana para que não acordássemos a ômega que dormia tranquila. O cheiro de Yoongi se intensificou no mesmo instante em que ele me tocou deixando seus braços fortes me rodearem, e em questão de instantes, meu corpo estava colado no seu em um abraço apertado.
— O que houve? — seus lábios selaram o meu pescoço bem em cima da marca de Hoseok, e isso fez o meu corpo se arrepiar. — Por que estás triste?
— Não é nada — fechei os olhos deixando seu lobo me envolver.
— Não me esconda nada, meu anjo — ele pediu, agora me olhando singelo. — Meu peito dói quando te sinto dessa forma. Conte-me o que aconteceu, e eu prometo resolver para ti.
— Esse é o problema — suspirei forte sabendo que ele mataria qualquer um para me defender. — Sei que tu ficará chateado, e eu não quero te ver em apuros.
— Sou teu alfa, Taehyung — ele lembrou. — Não carregas a minha marca ainda, mas irá ainda essa noite. Não irei fazer nada que seja prejudicial para mim pois não estou sozinho agora, tenho motivos para viver.
— O que aconteceu? — Hoseok apareceu suado e com a roupa completamente desajeitada. Seu cabelo colado na testa o deixava ainda mais selvagem. — Senti que tinha algo errado com Taehyung.
— Por que estás assim? — Yoongi perguntou com um tom desconfiado.
— Estava correndo de um lado para o outro com Youngjae para colocar os alfas cada um em seu devido lugar — ele explicou sorrindo. — Até que fiquei sem ar e soube que tinha algo errado.
— Ele não quer me contar — Yoongi afastou um pouco do meu corpo quando Hoseok puxou nós dois para um abraço. — Disse que eu irei ficar chateado.
— Pois eu ficarei se não me contar — Hoseok impôs. — Tu tens dois alfas agora, meu mar, nós nos preocupamos contigo e não deixaremos que fique aflito dessa maneira.
— Contarei quando chegarmos na nossa tenda então. Não posso deixar a mãe do Jimin sozinha pois ele a confiou a mim. Esperaremos ele chegar, certo?
— Ou.. — Yoongi sorriu pequeno tentando me convencer. — Podemos chamar Taemin para ficar aqui alguns instantes, Jimin confia nele tanto quanto confia em ti, e eu tenho certeza que ele ajudará.
Sorri quando senti seus dedos apertarem a minha cintura, sua voz grave e baixa fazia o meu lobo querer tê-lo pela primeira vez em minha cama, mas eu sabia que não poderia ser de imediato.
— Não me provoque, Yoongi, sabes que eu queria ir — Hoseok alisou o meu rosto com carinho. — Mas o assunto é sério, e eu sei que terei que conversar com os dois com calma.
Parecendo convencido, Yoongi deixou um beijo molhado em meus lábios e voltou a me encarar com um pouco de preocupação. Hoseok imitou o ato e me beijou com carinho, estava suado e cansado, mas eu o queria tanto que doía em meu peito.
— Hoseok? — aparecendo de repente, Jack um alfa do Sul chamou pelo meu alfa. — Junseo chegou e trouxe alguns ômegas, pode nos ajudar?
— Claro — ele beijou a minha testa e se afastou sem se despedir de Yoongi que revirou os olhos. — Voltarei em breve.
— Espere — Yoongi pediu e meu coração bateu mais forte com medo que ele tenha sentido a minha ânsia ao ouvir aquele nome. — Falastes Junseo, alfa?
— Sim, é um dos alfas do Leste que se juntaram ao Norte — Jack respondeu mas quem encarava Yoongi com curiosidade era Hoseok.
— Por que? — ele o perguntou. — Conheço ele, chegou a pouco tempo.
— Do Leste? — Yoongi me olhou com certa desconfiança e eu sabia bem o que ele estava pensando. — Sabes o cheiro dele?
— Yoongi! — exclamei segurando forte os seus braços e quando ele notou o meu desespero, seus olhos se tornaram dourados em questão de segundos. — Alfa, por favor.
— Qual o cheiro dele, Hoseok?
— O que está acontecendo, eu posso saber? — meu alfa perguntou irritado. — Existe algo que eu não sei?
— Responda — a voz grave de Yoongi fez Jack dar dois passos para trás.
— Ei — Hoseok se aproximou novamente e segurou Yoongi pelo os braços, trazendo agora a sua atenção para ele. — Se acalme, gatinho. Me conte o que aconteceu.
— Contarei quando me responder.
— Grama molhada.
Yoongi me olhou rapidamente e eu engoli a seco quando notei a mudança de sua íris que se tornou vermelho sangue.
— Me leve até ele — sua presença aumentou e assustou até Hoseok que se pôs ao meu lado.
— Tu não vais a lugar nenhum até que me conte o que está acontecendo — cruzando os braços Hoseok avisou. — Jack, por favor nos deixe a sós, leve os ômegas até o alojamento, quanto Jungkook chegar decidimos o que fazer.
— Certo.
O alfa saiu de nossa presença e Yoongi continuava me olhando sem sequer piscar.
— Pode começar — Hoseok deu a ordem.
— Junseo abusou de Taehyung, espancou, machucou, deixou ele apagado em meio a floresta e fugiu como um covarde que ele é!
— O que? — parecendo tão chocado quanto eu, Hoseok me olhou esperando que eu negasse. — Meu mar, isso é-
— Verdade — eu me encolhi pela presença forte dos dois. — Não queria que descobrissem assim, tenho medo do que irá acontecer.
— Quando Taehyung chegou aqui ele estava machucado, sujo, o cheiro de grama molhada estava pela as suas vestes. Tem noção do que esse Junseo deve ter feito?
— Tenho — os olhos de Hoseok se tornaram dourados, tão fortes e assustadores que meu coração palpitou pelo medo.
— Por favor — pedi baixinho esperando que me ouvissem. — Me escutem, preciso que se controlem, não deixem o lobo assumir nesse momento, ele pode matar os dois.
— Tu teme pela minha vida, meu céu? Eu temo pela tua. Não irei deixá-lo viver, prometi que iria matá-lo.
— Yoongi, eu sei — levei ambas as minhas mãos ao seu rosto fazendo um carinho tranquilo pois lembrei que era a única coisa que o acalmava. — Se tu fostes agora até ele, não poderá tocá-lo porque é ordem do líder. Precisam esperar Jungkook chegar, se matarem ele serão expulsos da matilha, é a palavra dele contra a minha.
— Sou o braço direito de Jungkook, ele não irá ligar se eu matar todos os lobos — Hoseok rosnou segurando os próprios instintos. — Vamos Yoongi.
— Não, esperem — puxei os dois quando os vi partir. — Não me deixem aqui, se os dois se machucarem? Eu nunca irei me perdoar, não façam isso. Junseo é traiçoeiro, ele tem amigos alfas que parecem mais seguidores, acreditem, foi assim que ele conseguiu me sequestrar.
— Entre e fique lá dentro até voltarmos — Yoongi escolheu não me ouvir. — Quando chegarmos, iremos para nossa casa.
E assim, ambos saíram sem sequer me ouvir.
Me deixando para trás com a total certeza de que alguém morreria naquela noite.
N A R R A D O R A
Seokjin decidiu que tentaria a sorte e sairia do Norte ainda carregando o seu filhote até que chegasse ao Sul para tentar salvá-lo, e isso estava matando Namjoon. O alfa estava preocupado, todas aquelas dores fortes que Seokjin estava sentindo era um aviso claro para que ele não continuasse com aquilo, porém o ômega não ouviu, tentaria o que fosse necessário e se a sua vida fosse ceifada, ao menos teria lutado.
Jungkook achou melhor enviar os ômegas com Junseo para que eles pudessem dar atenção total a Jin, então o ômega entrou na carruagem sozinho, deixando Jimin, Namjoon e o líder cuidando do caminho enquanto cavalgavam um pouco à frente. O chão da floresta estava instável, mas eles decidiram seguir uma trilha, odiavam ter que viajar de madrugada, mas não havia jeito.
Apollo estava novamente abraçado a Jungkook em cima do cavalo, e Namjoon estava sozinho se punindo mentalmente sempre que ouvia o ômega gemer. Odiava aquela situação e tomaria cuidado da próxima vez, sabia que seria difícil quando isso acontecesse, mas vivenciando era vinte vezes pior.
— Tem água para Seokjin aguentar o caminho inteiro? — o regente perguntou a Namjoon, esse que foi rápido em confirmar.
— Sim, eu abasteci carruagem com medo que algo desse errado.
— Nada vai dar errado — o líder voltou a falar. — Ficará tudo bem, tu vai ver.
Namjoon não respondeu e continuou o caminho em silêncio, era notável que a sua coragem havia se dissipado depois do acontecido. A sensação de impotência era horrível e a dor que seu lobo sentia lhe quebrava inteiro por dentro.
Portanto, permaneceram em silêncio o resto da viagem.
Haviam passado da metade do caminho e a floresta continuava sendo iluminada pela luz da lua cheia que parecia não querer ir embora. O céu sem nuvens deixou a paisagem ainda mais bonita, e o vento nas árvores chamou a atenção de Jimin que tentou focar na cena para não se envergonhar da posição em que os dois se encontravam novamente.
Todavia, um barulho acabou chamando a atenção de todos e os cavalos pararam de imediato. Namjoon olhou ao redor e não encontrou nada, já Jungkook e Jimin não precisavam procurar, pois o cheiro de alfazema tomou completamente os arredores, fazendo ambos ficarem em alerta para qualquer movimento.
— É ela — Jimin sussurrou baixinho.
— Eu sei — o líder respondeu o apertando mais.
Namjoon se colocou junto ao seu cavalo rente a carruagem pois tinha medo que algum ataque viesse, se isso acontecesse, sabia que Seokjin não teria condições de fugir.
— Jungkook — o alfa loiro chamou vendo uma pessoa sair de trás das árvores, e foi o suficiente para que todos paralisassem diante de sua presença.
Agnes sorriu quando encontrou Apollo outra vez, sentiu uma nostalgia enorme a preencher, e seus olhos se fixaram no ômega até que Jungkook o puxasse contra seu peito e escondesse seu rosto.
— O que você quer? — o alfa quase rosnou.
— Olá criança, vejo que se aproximaram bastante — sua voz era baixa e tranquila, quase como uma melodia. — Fico feliz que tenha o encontrado, pois agora suas batalhas começarão.
— O que faz aqui? — novamente o alfa lúpus perguntou.
— Oh, eu estava passando por aqui e senti o cheiro de erva doce misturado a lírios e mel — a bruxa deu pequenos passos para se aproximar. — Então fiquei curiosa, Jimin desistiu de quebrar a maldição?
— Não! — o ômega gritou voltando a olhar para a bruxa. — Tu me prometestes, Agnes. Eu voltarei a ser um alfa — sua voz era grave.
— Sim, prometi — ela sorriu grande e olhou para o chão, chutando algumas pedrinhas com seus pés desnudos. — Porém tu sabes que não pode se apaixonar por um alfa, certo? Digo isso porque sinto a ligação dos dois a quilômetros de distância.
— Não estou apaixonado — o ômega rebateu.
— Tu não está — ela corrigiu. — Mas o teu lobo deseja o líder do Sul e tu sabes disso.
Jimin encarou Jungkook e o alfa engoliu a seco, não deixando transparecer sua felicidade. Porque por mais que ele odiasse estragar os planos do ômega, ele se sentia satisfeito pelo sentimento ser recíproco e aquilo o deixava até mais aliviado.
— Não julgo os dois por essa aproximação, crianças. Isso é coisa do destino, o reencontro já estava predestinado.
— Reencontro? — o alfa lúpus franziu o cenho.
— Não podemos perder mais tempo — Namjoon rosnou ouvindo Seokjin voltar a gemer. — Temos que ir agora, ele está piorando!
— Oh sim, seu ômega — a bruxa olhou para a carruagem parecendo interessada. — Eu sei o que aconteceu com ele, sinto muito por isso, estava realmente preocupada. — a jovem bruxa que usava um vestido roxo escuro, deu passos maiores até que estivesse perto de Namjoon, esse que não se moveu um centímetro sequer.
— Não irás chegar perto dele — o alfa determinou.
— Eu posso ajudar — ela disse tranquila. — Posso concertar o que foi quebrado, é só me deixar passar.
— Não! — Jungkook falou alto. — Sempre que tocas em alguém, a pessoa é amaldiçoada, não ouse fazer mal a Seokjin ou eu a matarei.
— Eu sou imortal, lobo bobinho — a bruxa deu uma risadinha e Jungkook desejou quebrar seus dentes. — Mas admiro a tua coragem, tu sempre fostes assim.
— Como pode ajudá-lo? — Namjoon empalideceu pela esperança de que ele ficasse realmente bem. — Podes fazer o nosso filhote viver?
— Sim — ela sorriu maquiavélica. — Mas tudo tem o seu preço, alfa.
— E qual é o seu? — Jimin perguntou sem se importar em interromper. — São sempre caros, não é? Porque não o ajuda sem cobrar nada? Ele está morrendo.
— Sim, ele está — ela afirmou. — Inclusive ele não viverá até chegar ao Sul, se eu não tivesse aparecido certeza que morreria em poucas horas. — ela suspirou voltando a atenção para Namjoon. — A dor que teu ômega sente agora é devido a hemorragia interna que está o inundando por dentro. Ele não terá como carregar esse filhote e eu o ajudarei para que não sinta mais dor. Porém, também posso limpá-lo por dentro. Com apenas um toque eu posso restaurar seus machucados e suas feridas, assim, se um dia ele voltar a gerar uma criança, ambos irão viver.
— Faça! — Namjoon ordenou sem pensar.
— Joonie, tu não sabes o preço — Jungkook o lembrou. — Diga-nos o que tu desejas, bruxa.
— Agnes — ela o lembrou. — Eu quero apenas que Seokjin fique me devendo um favor, o futuro irá se encarregar do resto.
— Ele irá morrer, qualquer preço eu pagarei sem reclamar — o alfa loiro se afastou junto ao seu cavalo para dar espaço a Agnes. — Faça alguma coisa, ajude-o.
Jimin sentiu um forte arrepio quando a bruxa olhou para ele e deu um pequeno sorriso, ela parecia alheia mesmo no meio de três lobos fortes, o que dava a entender que ela era ágil o suficiente para lidar com todos ao mesmo tempo. A jovem descalça deu passos firmes até a carruagem onde Seokjin estava e entrou sem cerimônias. Jimin deixou os braços de Jungkook no mesmo instante e desceu do cavalo para ir em sua direção, ele não ouviu os chamados preocupados do líder, só queria saber o que a moça estava fazendo.
Quando parou na porta da carroça, pôde ver Agnes gerar uma luz forte com as pontas dos dedos e alisar o ventre de Seokjin, esse que a olhava assustado devido a situação. Seus dígitos percorriam tocando a sua pele por baixo dos tecidos, a energia azul parecia sugar todas as dores que o ômega sentia, tanto que um gemido de alívio escapou de seus lábios.
Agnes sorriu quando uma bolinha branca surgiu em sua visão, ela brincou com a energia entre os dedos e logo após, apertou-o em sua mão até que desaparecesse. As lágrimas de Seokjin veio no mesmo minuto pois ele entendeu que era seu filhote o deixando naquele momento, sua dor foi tão forte que Namjoon quase caiu do cavalo pelo aperto que sentia em seu coração que parecia querer se partir. A bruxa alisou os cabelos do ômega fragilizado em sua frente e sussurrou baixinho para que apenas ele escutasse:
— A partir de hoje, tu meu menino, serás capaz de gerar filhotes. A facada que levastes para salvar a vida de Jungkook não foi em vão, serás agraciado no futuro. O destino está do teu lado e tu saberás a hora de me pagar por salvá-lo. Mas lembre-se, a tua primeira geração será marcada por uma maldição, eu voltarei para removê-la e tu entenderás o propósito.
Seokjin caiu em um sono profundo depois de ouvir tais palavras, o coração dele se acalmou e Namjoon pode respirar aliviado quando a bruxa deixou a carruagem. Seus olhos dourados encontraram os azuis cintilantes da mulher que o encarava parecendo satisfeita, já Jimin, se afastou na hora que sentiu a marca vermelha em seu pescoço arder, foi automático quando Jungkook pulou do cavalo e foi até ele.
— O que aconteceu? — as mãos do alfa tocaram o pescoço de Jimin com preocupação.
— Não é nada — a bruxa respondeu agora o fitando. — É só as lembranças de Apollo que foram presas junto a maldição. E como Jimin me encontrou novamente, elas estão querendo se libertar.
— As lembranças? — o ômega perguntou confuso.
— Da sua vida passada, meu príncipe. Aos poucos tu irás se lembrar para que possa reger seu povo, não te preocupes, será em breve.
— E o imprinting que tive? — ele aproveitou para perguntar o que tanto queria. — Não irá atrapalhar?
— A maldição será quebrada quando tu salvar os ômegas e se apaixonar por um deles. Fui clara quando te falei que não poderá se apaixonar por um alfa. A ligação que os dois tem agora não atrapalha nada, tu apenas não pode amá-lo ou então será impossível reverter — ela deu os ombros como se fosse algo simples.
— Mas estando ligado a mim ele não conseguirá se apaixonar por ninguém — Jungkook resolveu se pronunciar. — Como pode o enganar dessa maneira?
Resolvendo chegar mais perto, Agnes foi em direção ao alfa, o vendo puxar imediatamente Jimin para suas costas como modo de proteção. Ela quis sorrir por saber que o ômega era mais forte que qualquer um que estava ali, mas não iria iniciar esse assunto.
— Jimin pode fazer o que quiser porque ele não é um ômega comum, Jungkook. Ele pode se apaixonar por quem quiser, amar quem quiser e tem poder suficiente para quebrar a maldição. Ele salvará os ômegas e conhecerá novas pessoas, ele terá opções acredite. Se se apaixonar por ti, será por querer e não porque tiveram um imprinting.
— Tu falastes sobre reencontro, o que quis dizer? — ele voltou a questioná-la.
— Quis dizer que às vezes o amor é traiçoeiro — sua voz era quase um sopro. — Talvez Apollo tenha se apaixonado por ti vidas passadas, alfa. E talvez ambos tenham se sacrificado para salvar uma nação. Porém o amor vence a morte, nada pode ser mais forte que isso. E agora, tu irá decidir que rumo tomar — ela chegou mais perto, ficando centímetros de distância dos dois. — Irá se apaixonar pelo Apollo e fazê-lo ficar preso como ômega? Ou teu amor será tão forte que não o deixará ser egoísta? Tu irá abandoná-lo? Ou será que irão morrer em uma batalha sangrenta, onde Apollo empunhará a espada das almas para não correr o risco do mundo colapsar?
Os olhos de Jungkook dobraram de tamanho quando ele lembrou da imagem que havia visto, assim que suas íris se encontraram pela primeira vez. Jimin estava segurando uma espada, em meio a várias pessoas mortas, completamente banhado de sangue.
O ômega apertou seu braço e eles se olharam mais uma vez como um pedido mudo de socorro. Jimin teria que decidir a quem amar e também o que fazer quando a hora mais importante chegasse. Suas lembranças voltariam e ele se lembraria do amor que sentiu por Jungkook em vidas passadas que deixaria tudo mais intenso.
O alfa abdicaria amá-lo ou iria carregar o fardo de prendê-lo?
T A E H Y U N G
Meu corpo inteiro tremeu quando senti o ódio de Hoseok e Yoongi atravessar a minha mente.
Minha cabeça doía e uma tristeza sem fim atingiu o meu lobo que estava em puro desespero. Eles estavam machucados? Não, não podia ser, eles eram dois e Junseo apenas um.
Olhei para a mãe de Jimin, que estava dormindo pacificamente, e mentalmente me desculpei com o ômega que a confiou a mim. Eu precisava correr para meus alfas, não poderia continuar lá sabendo que os dois estavam em perigo, meu coração parecia que iria se partir em pedaços.
Fiquei de pé rapidamente decidindo que iria procurá-los e peguei o meu casaco que Hoseok havia trazido. Fora da cabana estava tranquilo e não existia sequer movimento, todos estavam ajudando os novos ômegas e alfas da nova matilha, tinha certeza que não apareceria ninguém por ali.
Quando sai do local e fechei a porta, esbarrei com Taemin que estava ofegante e suado parecendo que estava em uma longa corrida.
— Taehyung! — ele exclamou puxando o ar com necessidade. — Seus alfas..
— O que tem eles? — minha pergunta desesperada o fez respirar fundo novamente antes de continuar.
— Estão em uma briga com Junseo, e pela raiva de Yoongi, acho que Hoseok está ferido.
🐺
Deixe seu surto aqui:
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OS NAMJIN VEI
Os jikook predestinados hmkk
Ninguém toca no Hoseok AAAAAAAAA
Volto em breve juro de dedinho ❤️
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