🐺 Chapter Eleven 🦊
Eu sinto a falta de você
Me sinto só
E aí?
Será que você volta?
Tudo à minha volta é triste
E aí, o amor pode acontecer
De novo pra você, palpite.
🐺
T A E H Y U N G
O barco balançava incessantemente conforme nos aproximávamos do tikvá, e a escuridão que se alastrou só me fazia sentir mais pavor do que estava por vir. O alfa que anteriormente havia me descoberto próximo às águas do Sul, agora me prendia com força segurando os meus braços por trás de meu corpo, como se houvesse alguma rota de fuga e alguma maneira de se dispensar do seu domínio. Algo que era definitivamente impossível.
O odor esquisito de bambú circulava pelos arredores, e a marca em meu pescoço pulsava como se meus alfas soubessem precisamente o que estava acontecendo. Podia sentir a inquietude dos dois igualmente, e isso me afligia ainda mais.
A lua iluminava aquele breu onde estávamos e ele suspirava rente ao meu ouvido, me fazendo intuir aquele hálito horroroso. Vez ou outra roçava propositalmente em meu corpo com o balançar do barco o que me dava náuseas visto que as lembranças de Junseo me atingiam. Me recusava a olhar para trás, sabia que ele era um dos alfas que maltratavam ômegas, tive convicção quando vi a tatuagem que havia em seu braço, uma bússola. A mesma que alguns alfas do Oeste carregavam.
Não tinha ideia do que aconteceria comigo no tikvá, mas não era difícil de pressupor logo que a cidade tinha uma reputação terrível e bárbaro para com os ômegas.
— Estou curioso, garoto — o alfa que me segurava vigorosamente falou baixinho como se temesse me apavorar — O que um ômega tão charmoso fazia sozinho em meio ao rio, hum? Estava atrás de um alfa para te satisfazer, é isso? Consigo apreciar um aroma forte vindo de ti — ele puxou o ar deixando seus feromônios circular onde estávamos.
— Eu sou um ômega marcado — engoli a seco quando senti sua respiração próxima ao meu pescoço. Ele estava procurando a marca para ter certeza, e levou somente alguns segundos para que o mesmo começasse a rir.
— Então ele virá atrás de ti? Será interessante ver a tentativa de suicídio, afinal, não é fácil adentrar em nossa povoação.
Fechei os olhos quando a primeira lágrima escorreu só pelo pavor do que Hoseok e Yoongi seriam capazes de fazer para me ter em segurança. E a partir daquele instante, eu comecei a me arrepender de ter saído dos braços dos dois, de fato a impulsividade não me deixou ponderar direito e essa falta de realismo me levou até onde estava agora, e para piorar, sem a presença de Jimin por lugar nenhum.
O que acabou tornando tudo em vão.
Passado alguns minutos, o alfa que carregava uma corda dentro daquele barco, acabou amarrando os meus pulsos para que eu não tentasse nada contra ele. O homem foi veloz em voltar a remar em uma rapidez acima do habitual, me fazendo suar pelo nervosismo e tremelicar em ansiedade pela expectativa do quão ruim seria aquilo que me aguardava.
Meus olhos buscavam alguma figura conhecida pelas águas mais à frente, no entanto não havia nada. As terras do tikvá eram extensas, um município de fato imenso e rico em ouro e frutas, o que fazia os ômegas trabalharem mais e serem ainda mais subjugados.
Em síntese, o barco parou depois de algum tempo assim que chegamos na areia que dava início às terras da cidade. O grande alfa que me sequestrou me puxou com certa barbaridade para fora da embarcação, e o meu corpo esbarrou com força no seu, mas ele não pareceu ligar para o impacto. Nos arredores havia tochas de fogo acesas em grandes toras de madeira que ficava presa no chão de areia, e ao redor havia grandes árvores bem bonitas, o que quebrava aquele lugar sombrio onde muitos eram maltratados.
Havia também alguns lobos que pareciam estar de prontidão para ver quem entra e quem sai. Eles acenaram para o homem que me segurava entusiasmado, e um deles resolveu se aproximar, me fazendo tremer ainda mais pelo pânico que se alastrou.
— Park Seonghwa — o homem fez uma reverência um tanto falsa e logo arrumou a postura carregando um sorriso amarelo — Estavas caçando ômegas, irmão? Achei que já tinhas o suficiente para ti.
— Ora Jong-su, sabes que ômegas nunca são demais, não é? — o alfa gargalhou com a própria fala e me puxou ainda mais sob seu corpo — Este aqui é marcado, sabes o que significa?
— Sei — o varão puxou o alfa pelo braço para voltarmos a caminhar — Teremos problemas em breve caso o alfa dele venha bater aqui — o homem revirou os olhos.
— Ele terá juízo, sabe bem o quão arriscado é invadir nossa cidade.
— Sabes que estamos em desvantagem, todos os alfas lúpus estão com o regente do Oeste visto que o ajudaram a enfrentar o líder nortenho a algumas horas atrás. Se esse alfa brotar aqui.. — o tal Jong-su pausou.
— Um alfa contra todos nós, irmão? Isso não acontecerá.
E assim, eles encerraram a conversa e me levaram para dentro da cidade, com certa ambição e ligeireza.
Tikvá era definitivamente dessemelhante do que eu imaginei que seria. Assim que passamos pelas árvores, encontramos uma cidade linda, com tochas iluminando o chão de pedras, com casas de tijolos laranjas, que davam um contraste formoso com o piso cinza e bem alinhado que se formava. O céu escuro devido a noite dava lugar às estrelas, entregando uma falsa impressão de paz, algo que eu tinha convicção que não teria logo que avistamos um grande castelo de estrutura fortificada que me lembrava muito as fortalezas europeias.
A cidadela era construída de rocha pura que parecia ser resistente o suficiente para aguentar uma guerra. Os portões eram de ferro que aparentavam ser reforçados, e existiam alguns alfas e betas guardando o lugar que ficava no meio do lugarejo.
— Onde queres colocá-lo? — Jong-su o alfa com um aroma excêntrico de pimenta e sálvia, questionou ao Seonghwa conforme andávamos.
— No calabouço — ele falou como se fosse evidente — Vou deixá-lo lá até que o alfa dele apareça. Depois que eu matá-lo, o tiro daquele cubículo e o levo para minha cabana.
— Puff — não aguentei e gargalhei um tanto dolorido pelo aperto e logo o alfa parou de prontidão me olhando como se eu fosse desequilibrado.
— Posso saber o que é divertido, ômega? — o outro perguntou cruzando os braços.
— É que o meu alfa é bastante estressado, sabe? Ele não gosta muito de ser contrariado, e tem um anseio estranho de picar alfas e arremessar os pedaços no rio. Acho que se os dois um dia se depararem com o corpo de alguém, possivelmente foi ele exclusivamente para passar o tempo — dei os ombros ainda carregando um sorriso desgostoso, tinha esperança que me encontrariam.
— Tenho asserção que ele é forte ômega, mas não é dois — Seonghwa respondeu cheio de si.
— Bom.. — mordi o lábio inferior e ambos se olharam por um momento parecendo curiosos, mas não me deixaram prolongar o assunto.
— Chega de conversa, precisamos prendê-lo antes que ele apareça — Jong-su determinou — E tu fica quieto, existem outros ômegas lá e não quero briguinha para saber quem irá dormir comigo hoje.
Revirando os olhos, eu os segui. Esperava fielmente que Hoseok e Yoongi me encontrassem logo, e que não se machucassem no processo.
J I M I N
As remadas estavam cada vez mais rápidas, e meu corpo não sentia mais tanta dor pelo empenho que fazia.
A espada permanecia em minhas costas e meus olhos brilhavam continuamente para que eu pudesse enxergar melhor na escuridão da noite que atingia o ápice. Minha ira se alastrava ainda mais cada vez que eu sentia o aroma do pavor de Taehyung ocupar as minhas narinas, meu corpo ficou rijo e eu tive a absoluta certeza que naquele instante, Hoseok e Yoongi sabiam sobre o desaparecimento do ômega.
Jungkook também me preocupava bastante. O líder impulsivo do Norte, Sul e Leste também deveria estar bufando ao constatar que saí sem a sua custódia. Sabia bem que era questão de tempo até que ele me encontrasse, o alfa jamais me deixaria por tanto tempo distanciado dos seus cuidados, e por sentir a marca de minha maldição arder, só poderia significar que ou eu estava próximo da morte — visto que não poderia ir tão longe —, ou o alfa lupús estava em constante angústia, e o imprinting me assegurava isso.
Em minha dianteira estava a entrada das terras do Tikvá, e pela distância, dava para observar alguns lobos guardando a povoação que era conhecida pelo ouro em abundância. Meus olhos buscaram Taehyung em meio a aqueles lobos, contudo, somente o seu cheiro estava presente entre eles e isso me deixava cada vez mais angustiado.
Não tinha ideia do que fazer perante aquela circunstância. Meus poderes ainda estavam presos na espada que eu carregava, e ir até a entrada do lugar era pedir para morrer, ou ser preso e satisfazer aquele bando de trogloditas. Não havia plano para resgatar Taehyung, e também não existia forma de adentrar sem ser notado. Por essa razão eu resolvi prosseguir e ir até lá, bater de frente com o alfa que o escondia não era tão agradável, mas não era como se existisse opções. Se fosse para o ômega ficar preso, ficaria ao meu lado.
Depois de decidir tomar a frente da situação, continuei remando até chegar próximo da areia onde estavam todos os outros lobos que já me observavam. Os feromônios dos alfas se misturavam e me davam ânsia de vômito a cada remada que eu dava. Eles se olhavam confusos pela minha presença, possivelmente por ser mais forte que outros ômegas comuns e isso me deixou um tanto inquieto.
Parando de frente aos outros barcos que porventura eram da província, um alfa veio em minha direção segurando uma tocha de fogo e com um semblante esquisito. Ele parecia confuso e excessivamente alegre, algo que me deixou em alerta, especialmente por recordar que eu era o único lúpus de toda uma linhagem.
— O que temos aqui, hum? — o homem que se aproximou tinha o cheiro de limão e mel, o que não era corriqueiro para um alfa — Um ômega vindo de boa vontade? Estás fugindo, meu amor?
— Não — respondi assim que desci do barco — Procuro um ômega, acredito que posso encontrá-lo aqui.
O alfa pareceu desacreditar de minhas palavras. Cruzou os braços frente ao corpo e me analisou em pudor algum por longos minutos. Sua boca se curvou em um sorriso pequeno e ele lambeu os lábios parecendo faminto, algo que eu esperava desde que decidi ir até a toca dos lobos, só não sabia que seria tão selvagem daquela forma.
— Como se chama? — ele perguntou.
— Jimin — sorri falso após a minha fala, e ele continuava hesitante com a minha audácia perante si.
— Me chamo Benjamin, sou um dos responsáveis pela entrada de ouro do nosso povo. Acho que acabei encontrando a mais bela das jóias.
Sorri pela sua petulância e deixei que ele acreditasse que eu seria uma boa companhia. Havia dado uma boa olhada na quantidade de lobos presente, e estranhei estar reduzido visto que as terras eram valiosas.
— Então, como é o nome do ômega que tu procuras? Posso te ajudar a encontrá-lo.
— Ele se chama Taehyung, e chegou aqui a pouco tempo atrás — passei a destra nos meus fios que estavam molhados de suor e o meu cheiro rodeou onde nós estávamos, fazendo Benjamin ficar um pouco tonto.
— Taehyung.. — ele soletrou conforme tinha os olhos presos nos meus — Sua íris está roxa, é a coisa mais linda que já vi.
— Obrigado — novamente voltei a sorrir doce e ele deixou a presença ainda maior, o que me fez arrastar a mão apressadamente à boca para segurar o vômito. Meu lobo remexeu aborrecido sentindo falta de Jungkook, era como se sentisse que estava em perigo, e aquilo me deixou em alerta.
— Bom Jimin, vou caçar informações sobre o seu amigo com alguns dos meus irmãos. Eles estão na entrada da cidade, vem comigo?
— Sim — respondi superficialmente esperando que ele não pedisse para vigiar minha espada — Iremos a pé?
— Não fica tão afastado. Enquanto isso, podemos aproveitar para conversar, o que achas?
Concordei um tanto intrigado e segui em passos largos atrás do alfa que tomou a posição de guia. Havia betas por todos os lados usando binóculos ou apenas encarando a paisagem como se esperassem algo grande acontecer, e isso me deixou inquieto por alguns segundos. Se Jungkook aparecesse, aquilo com certeza seria um problema, então, eu esperava conseguir arrancar Taehyung daquele lugar pacificamente antes que acontecesse uma chacina.
[...]
Quando chegamos próximo a cidade, encontramos um castelo imenso de pedra que fez o meu corpo inteiro tensionar em puro choque. Os muros eram extremamente altos, as quatro torres se dividiam entre dois na ala sul e dois na ala norte, onde existiam alguns alfas e betas observando tudo e todos com um tom estupidamente assustador de deixar qualquer um arrepiado.
Os portões de ferro eram abertos e abaixados verticalmente através de mecanismos movidos por roldanas, o que lembrava bastante uma fortaleza medieval, e que fazia recordar de guerras ou futuras batalhas.
— Desfrutastes? — o alfa Benjamin me perguntou possivelmente por me ver de boca aberta.
— Oh sim — tossi um pouco tentando não demonstrar muito a minha surpresa — Por qual razão existe uma fortaleza tão bela no meio do povoado? Desculpe-me se estou sendo hostil, mas é de fato curioso.
— Conheces a história de Apolo, o Deus dos ômegas? — ao fim de sua pergunta, o alfa parou os passos em meio ao chão de pedra e me olhou cheio de expectativa.
— Nunca ouvi falar — menti ao perceber que aquilo não poderia ser boa coisa.
— Bom, os mais antigos costumam narrar a história de um ômega que viveu a um milênio atrás. Ele se chamava Hajun e era filho mais novo de um rei, que era completamente comandado pela sua esposa. Havia nascido com gene lupino o pequeno ômega, e ele tinha um irmão beta que odiava tudo relacionado ao poder que o menor tinha, e também a forma que ele era bajulado — o alfa sorriu atencioso e voltou a relatar — Por ser um ômega lupus, o garoto era extremamente bem tratado. Tinha as melhores vestes, as melhores comidas, o melhor dos tratamentos, digno de um futuro rei. Todavia, existia a escravidão dos ômegas, e ele se sentia culpado por ter tudo do bom e do melhor, enquanto outros de sua classe eram mortos e viviam ao léu como animais selvagens. Contudo, ele decidiu fugir antes que seu pai lhe arrumasse um casamento. O ômega desapareceu por alguns meses, e quando retornou, foi para libertar todos os ômegas que estavam sob o poder de seu pai e de seu povo.
— Uow! — deixei a minha afeição surpresa desabrochar para não levantar suspeitas, e ele balançou a cabeça em concordância como se também achasse algo extraordinário.
— Ele morreu, claro. Não havia forma de um simples ômega salvar a todos e ainda viver, principalmente por ser jovem demais. Depois daquilo, ele se tornou um Deus pela sua braveza e coragem. E segundo a força da natureza, um dia ele retornará para fazer novamente o que fez milênios atrás — engoli a seco quando o alfa me encarou parecendo agitado. Seus olhos estavam presos nos meus e eu pedia internamente para que o poder da espada me fosse devolvido, porém sabia que não era daquela forma que funcionava — Por isso temos essa fortaleza. Se um dia esse ômega regressar, teremos como nos proteger, porque esse forte está lotado de armas e cavalos. Fora a masmorra, onde poderá abrigar vários alfas e betas que tentem o ajudar.
— Alguém mora nele, hoje em dia?
— Sim, nossos alfas com gene lupino. Eles treinam o nosso exército para que se um dia acontecer algo..
— Estarão preparados — completei um tanto preocupado — E onde eles estão agora? Gostaria muito de conhecê-los se assim puder.
— Tu és definitivamente um ômega excêntrico — Benjamin gargalhou um pouco e voltou a marchar para que eu o seguisse — Nossas alfas não estão no momento, eles foram resolver algo no Oeste, mas devem estar de volta em breve. Agora diga-me, de onde tu és? Estou curioso desde que chegastes.
— Oh — sorri em surpresa e ele continuou me acompanhando — Eu sou de Colosis, a terra do metal e da música. Já estivestes por lá, alfa?
O alfa que me guiava parou bruscamente e me olhou um tanto atordoado. Seus olhos se arregalaram por um momento e sua boca se tornou uma linha como se ele buscasse algo em mim que eu não fazia ideia do que era, mas esperava fielmente que ele acreditasse.
— Tu és de Colosis? Não me diga.. — em seus lábios apareceu um sorriso assustador e aquilo me deixou em alerta novamente — Como anda a construção da fortaleza por lá? Soube que o castelo está ficando demasiado belo — ele cruzou os braços.
— Sim, de fato — apertei os dedos das mãos frente ao corpo e olhei para o chão esperando que ele não me questionasse mais nada — Ficará pronto em alguns dias.
Voltando a olhá-lo, notei que sua íris se tornou absolutamente escura, e com toda convicção não me parecia algo bom. Ao nosso redor existiam alguns alfas que pareciam curiosos com o que estava acontecendo, e a sua presença ficou completamente detestável, algo que atingia até a mim que era um lupino.
— O que está acontecendo? — um alfa se aproximou e me olhou com certa estranheza, possivelmente por nunca ter me visto em suas terras.
— Esse é o Jimin, Jong-su. E ele diz que veio de Colosis.
O alfa me observou com o semblante perturbado, e voltou a trocar olhares com Benjamin que havia mudado inteiramente a forma de se portar em poucos segundos.
— Colosis? — o alfa Jong-su perguntou — Por que deixariam essa preciosidade fugir, hum?
— Ele disse que está atrás de um ômega chamado Taehyung, ele veio até aqui a poucas horas. Não faço ideia de quem seja, mas sobre a construção da fortaleza de Colosis, ele diz que está próxima de ser finalizada.
— Disse? — o alfa sorriu amarelo e me olhou dos pés à cabeça — Tu fugistes? És marcado? Não consigo ver teu pescoço logo que usas esse sobretudo pesado.
— Não fugi, só vim atrás dele. Estarei voltando assim que o libertastes. Não, eu não sou marcado, mas ele sim. Então se eu puder encontrá-lo ficaria bastante grato — minha refutação deixou os dois felizes e aquilo não era bom sinal. Sabia bem que poderia ser atacado assim que entrasse em suas terras, mas não havia como sair daquela circunstância, precisava encontrar Taehyung o mais depressa possível.
— Bom ômega, te darei algumas notícias. O primeiro é que o Taehyung está preso em um dos nossos calabouços — a voz do alfa que cheirava a pimenta e sálvia era de fato bastante enjoativa — O segundo é que o castelo de Colosis foi construído a mais de 900 anos, então não existe construção atual — minha boca secou com a sua fala e ele sorriu novamente — O terceiro é que Colosis jamais deixaria um ômega escapar, porque tanto aqui, como lá, tratamos os menores com bastante carinho. Acho que entendes, não é?
— Queres dizer que escravizam — rosnei com a sua fala e ele ergueu a sobrancelha com o aspecto astucioso.
— Sim, ômega — o alfa cruzou os braços também, me fazendo sentir pavor pela primeira vez na noite — E tu irá encontrar teu amigo agora mesmo, não te preocupes. Faço questão de te jogar no mesmo calabouço que aquela vadia, até que o alfa dele o encontre.
Benjamín que antes estava sendo cortês e amistoso me puxou contra seu próprio corpo e apertou as minhas bochechas com uma só mão, enquanto o Jong-su removia a espada de minhas costas. Os olhos do alfa giravam entre preto e carmim, e meu estômago embrulhou com a possibilidade de ser molestado por aqueles dois antes que Jungkook pudesse aparecer. Meu lobo me lembrava continuamente que o líder da matilha não me deixaria lá sozinho, iria me resgatar possesso de raiva, mas não me deixaria preso por tanto tempo.
A dor excruciante me atingiu quando Jong-su rasgou o meu sobretudo e acabou arranhando as minhas costas no processo. Suas garras afundaram em minha pele e eu clamava aos céus para que não curasse tão rápido como habitualmente aconteceria. Se aquilo sumisse na frente de seus olhos, ele entenderia quem eu era e a circunstância se agravaria ainda mais, e ser descoberto por aqueles lobos não me parecia uma boa estratégia.
— Ele tem a marca da maldição no pescoço — Benjamin falou assim que levou os olhos ao meu pescoço — Está preta e eu não sei o que significa.
— Ele está preso? — o homem estranhou — E o que faz aqui, então? — o alfa que antes estava em minhas costas, se colocou ao meu lado obtendo a minha atenção — Queres morrer, ômega? Realmente desejas sucumbir? Não terá serventia nenhuma para nós se tu falecer em nossas terras.
— Sou um ômega livre — resmunguei sentindo o aperto em meu rosto crescer ainda mais — Está preto por uma razão, é a minha liberdade que foi concebida — menti.
— Nunca ouvi falar sobre isso — Jong-su confessou — Que eu saiba a marca é vermelha.
— Te falei, fui liberto — sorri ao fim de minha frase e Benjamin soltou o meu rosto parecendo desgostoso.
— O que iremos fazer com ele? Estava planejando tê-lo em minha tenda essa noite — o alfa que antes me segurava proferiu — Vai mesmo jogá-lo no calabouço?
— Sim, ele passará a noite lá com o amigo até que alguém apareça atrás dos dois. Seu cheiro de lírios e mel é forte para um ômega comum, e eu estou curioso para descobrir se ele é valioso como pensamos. Sua íris arroxeada mostra isso, não acha?
— Pensei nisso — o homem revelou — Terei tempo de possuí-lo, vamos apenas nos preparar para o que vai acontecer caso venham resgatá-lo. E algo me diz que Colosis não tem nada a ver com isso, o que nos sobra..
— Jeon Jungkook e todo o seu domínio — Jong-su debochou me puxando com força pelos braços — Se aquele alfa pisar em nossas terras ele é um homem morto, espero que ele pense bem nos contras, porque o nosso pacto ainda está de pé.
[...]
Os corredores onde ficavam os calabouços eram frios e com um odor horrendo de feromônios ômegas que se misturavam com os de alfas, que quiçá iam até lá para obter prazer com vários deles.
Em nenhum momento, Jong-su e Benjamin esconderam o que faziam com os mais frágeis, pareciam degustar deixar explícito o quão rudes e mesquinhos eram com o próprio povo e aquilo me causava ainda mais náuseas pelo pavor do que poderiam ter feito a Taehyung.
As paredes eram de pedra e os portões de cada cela eram de ferro fundido deixando a visibilidade fácil, o que me fazia desejar rugir em absoluto desalento. Era fácil constatar os ômegas presos naquele lugar, jogados no chão, vivendo uma vida precária, todos sujos e possivelmente sem comida. O cheiro do temor invadia o lugar e claramente era devido a presença daqueles alfas que me acompanhavam, e o odor da urina e fezes era grotesco, me fazendo questionar se um dia seria capaz de desencarcerar todos eles.
A mão forte de Jong-su segurava firme o meu braço conforme me puxava para dentro do lugar que mais parecia um abatedouro. O silêncio era ensurdecedor e eu no instante só me questionava se Taehyung estava bem e se eles haviam sonegado a minha espada em algum lugar de fácil acesso. O cheiro de maçã e cravo me dava a certeza de que o ômega estava perto, e isso deixava o meu lobo mais impaciente, precisava dar um jeito de nos tirar daquela condição, antes que fosse tarde demais para nós dois.
— Chegamos — Benjamin avisou assim que paramos de frente a última cela daquele corredor escuro. Tochas ficavam presas nas paredes e existia somente uma janela pequena que dava a entrada para o ar — Veja, esse é o seu amigo, Taehyung?
Com a sua fala ousei olhar para frente, onde encontrei Taehyung agachado, sujo, e com o rosto entre as pernas, me lembrando da primeira vez que o vi. Seus braços estavam vermelhos em sinal claro de que haviam o ferido, e o meu coração disparou pela culpa que me consumia mesmo sem saber o que aconteceu.
— Abra — minha voz saiu mais grave e autoritária do que pensei, mas eles pareceram não se importar, foram rápidos em abrir o portão de ferro para que eu entrasse e pudesse ir até ele.
— Vá, fique com ele — Jong-su me empurrou, me fazendo cair de joelhos na dianteira do mais novo que se assustou com o baque — Saiba que são nossos prisioneiros, e se depender de nós, vão continuar sendo até o final de suas vidas medíocres.
Benjamin deixou uma risadinha escapar e fechou o portão nos deixando sozinhos naquela cela grande e imunda. Não havia nada além de uma pia, e a iluminação ficava por conta das tochas que vinham do corredor. Taehyung me olhou com o rosto banhado em lágrimas e as secou deixando formar um biquinho inconsciente como se gostasse da minha presença. Eu o segurei com as duas mãos para ter asserção que ele não estava quebrado, e ele gemeu um tanto dolorido, o que fez meu lobo rosnar em angústia.
— O que fizeram com você, Tae? Por que estás aqui? O que é essa vermelhidão nos teus braços, e onde estão os teus alfas? — minhas perguntas saíram apressadas e ele me observava ainda assentado na mesma posição. Seus lábios ressecados concediam a informação de que não tomava água a um tempo, e não me surpreendia, com certeza nem comida nós iríamos ver.
— Eles só apertaram muito os meus braços e me jogaram aqui para que ninguém viesse me resgatar. Hoseok e Yoongi não me viram sair da matilha, mas acredito que eles já sabiam o que aconteceu, visto que eu sinto a aflição deles — p ômega esfregou o nariz e olhou para o chão um tanto acanhado — Estou aqui porque estava preocupado com o teu paradeiro, por que saístes sozinho?
— Precisava resolver uma coisa, Taehyung. Tu não deverias ter saído de lá, eu podia me proteger sozinho.
— Poderia? — o ômega sorriu ressentido — E o que fazes aqui?
— Precisava te ver, saber se estavas bem.
— Estou — ele afastou as minhas mãos de seu corpo — Agora podes ir, Apollo, ficarei bem até os meus alfas chegarem.
Soltei o ar que segurava e notei o quão ordinário fui. O ômega talvez havia se preocupado mais do que qualquer um e agiu por impulso. Algo que eu também fiz, tanto que estava naquela situação.
— Me desculpe, eu agradeço a preocupação, não quero que ache que sou soberbo ou algo assim. Só estou apreensivo também. Não faço ideia de como nos tirar daqui, e eles estão com a minha espada. Estamos literalmente presos e eu não posso fazer nada.
Taehyung voltou a me olhar e parecia menos irritado dessa vez. Seus fios estavam bagunçados e a lama já manchava as nossas roupas, logo que o chão estava uma imundice total. Aproveitei para observar ao redor e notei que havia uma cela de frente para nossa que abrigava um ômega. Ele estava sentado nos observando e parecia apavorado devido a nossa presença.
— Falastes com aquele ômega? — perguntei e Taehyung negou imediatamente — Ele está tão machucado quanto tu estavas quando chegou no Sul.
— Eu sei — ele suspirou frustrado e olhou para a cela ao lado — Mas eu fiquei com medo de alguém nos ouvir. Sabes que alfas tem uma ótima audição.
— Eu sei — continuei olhando e o ômega pareceu ainda mais envergonhado — Consegue me ouvir?
— Sim — a voz quebrada do pequeno foi de despedaçar o coração — Desculpe-me, bebi toda a água que eles entregaram ontem, não tenho nem uma gota para conceder a ti — sua cabeça ficou entre as pernas e aquilo que eu imaginei se concretizou. Ele só havia tido água ontem e possivelmente porque havia sido bonzinho, como aquele alfas gostavam de discursar. Tinha medo de sequer questionar como aquilo ocorria.
— Está tudo bem, ficaremos bem. Como te chamam? — voltei a falar e ele levou a atenção até mim novamente.
— Me chamam de Baek — ele sussurrou. — Baekhyun.
Confirmei com a cabeça e senti sutilmente o seu cheiro de avelã. Estava bastante fraco e eu me perguntava se eles haviam feito algo para que a glândula dele não deixasse tão aparente seu aroma.
— Tem como sair daqui, Baek? Me pergunto se tem alguma forma de fugirmos.. — falei baixinho e Taehyung me olhou um tanto fastio como se soubesse que aquilo era impossível.
— Não tem senhor, a não ser que o senhor quebre essa parede — ele apontou para trás de mim — Por outro lado é inviável. Ficaremos presos aqui por bastante tempo.
E a partir dali, eu comecei a clamar para que Jungkook não demorasse tanto.
J U N G K O O K
O dia estava amanhecendo e o meu lobo ficava cada vez mais sedento de sangue por não ter tido notícias de Park Jimin.
Namjoon, Hoseok e Yoongi reuniram alguns homens na expectativa de levá-los conosco para caso viesse intercorrer uma possível batalha, no entanto, estávamos apenas com um barco sobrando.
Taehyung havia saído com um, e Jimin havia pego o menor deles, nos deixando apenas um com oito lugares, e isso porventura seria bastante arriscado. Escolhemos então levar Chanyeol — um beta do Sul —, juntamente com Jaebeom, Yuri e Yujin que também estavam preocupadas. Youngjae havia feito escândalo quando soube, mas foi necessário apenas umas belas broncas de Seokjin para que o alfa ficasse quieto.
A ida até às fronteiras foi rápida, contudo, o problema real era por onde iríamos começar. Agnes foi direta quando nos passou o comando e a direção. Nos avisou que a ilha Apolo ou ilha dos puros seria difícil de encontrar, particularmente porque não poderíamos ver facilmente devido à regra dos Deuses.
Em súmula, sabendo ao menos a direção que Jimin tomou, não seria tão árduo achá-lo. Isso se Hoseok e Yoongi não tivessem sentido o aroma do medo de Taehyung a quilômetros de distância para o lado Oeste, o que significava que ele beirava pelas terras do Tikvá.
— Iremos atrás de Taehyung, Jungkook. Não seja presunçoso! — Hoseok grunhiu e me empurrou querendo tomar as rédeas do barco, mas eu fui rápido em detê-lo.
— Eu sou o teu líder e eu digo para onde iremos! — o alfa se aproximou de mim e colou os nossos narizes. Ele respirava pesado e Yoongi atrás dele não estava tão diferente — Hoseok, se afaste. Não queira que eu arranque a sua cabeça fora, te conheço a anos.
— Tente, iremos disputar aqui e agora, meu líder. Mas tu irá atrás de Taehyung, ou eu não me chamo Jung Hoseok.
— Não seja ingênuo, Jimin é um Deus! Tens concepção do que acontecerá se ele morrer? — minha interrogação fez ele gargalhar sem humor. Sua respiração batia em meu rosto e seus punhos estavam fechados mostrando seu total desequilíbrio.
— Ele é um Deus, ele pode se defender! O que Taehyung irá fazer se algum alfa pega-lo? Chorar? Ele não tem defesa! A vida de Jimin não vale mais que a dele, pare de ser palerma! — a voz grave e sua presença esmagadora cresceram absurdamente com as suas palavras.
— Jungkook — Yoongi chamou e puxou Hoseok para que ele desse alguns passos para trás — Eu amo o Jimin, ele é a minha vida, tu entendes? Eu nunca o deixaria em perigo, porque eu o amo com todo o meu coração. Mas Hoseok está certo, ele agora é uma divindade. Ele pode sim se proteger, e eu imagino que ele não tenha saído daqui sem um plano. Eu confio no meu líder, porque é o que ele sempre será para mim. Mas agora, enquanto estamos aqui discutindo isso, Taehyung pode estar em risco. O perfume do medo dele é extremo, e eu não sinto o de Jimin por canto algum. Vamos dar partida e veremos o que encontraremos no caminho, mas eu te peço para ser coerente. Sinto a agonia do meu ômega, não tardes em salvá-lo.
Suspirei audível e olhei para Namjoon, esse que estava abraçado a Seokjin esperando a minha sentença. Sua boca formou uma linha firme e ele balançou a cabeça como se confirmasse as palavras de Yoongi, e Seokjin fez o mesmo me olhando um tanto pensativo e deixando o seu cheiro mais forte para me abrandar.
— Meu bem — Seokjin me chamou e eu lhe dei toda a atenção do universo por saber que suas palavras sempre me acalmavam — Jimin é forte e tu sabes disso, ninguém aqui está pedindo para que abra mão de salvá-lo dele mesmo. Eles estão falando que pela segunda vez Taehyung pode estar nas mãos de pessoas ruins, e isso inclui o Junseo porque não fazemos ideia de onde ele esteja — Hoseok rosnou com a fala e Yoongi fez o mesmo eventualmente por imaginar — Vá até onde o cheiro de Taehyung está e tente captar algo sobre Jimin. Tu podes ajudar os dois, certo? Lembre-se que Hoseok é teu braço direito e ele está marcado agora. Taehyung é da família, filhote. Tu precisas protegê-lo — seu sorriso pequeno me deu um pouco de conforto e ele voltou a olhar para as águas que nos rodeiam — Lembre-se também que tu tens um acordo com Tikvá. Não podes pisar naquelas terras ou iniciaremos uma batalha, tome cuidado. Sejam todos cautelosos e voltem o mais breve possível, a matilha precisa de todos juntos e sabem disso.
Concordei vendo quando todos entraram no barco e Namjoon passou por mim me dando um abraço desastrado, como se estivesse alegre com a minha decisão.
Não demorei para acompanhá-los, sentei na dianteira, ao lado de Hoseok que me olhou com extrema esperança. Iniciando as remadas rápidas e firmes para que pudéssemos seguir aquele cheiro doce e característico do medo. O céu estava laranja e azul claro entregando a chegada do dia, e com ela, a chegada da primavera que dava o ar da graça aos poucos, fazendo as flores brotarem e tudo ficar mais colorido.
O vento estava forte e os pássaros começavam a cantar, e até então nem um sinal do aroma de Jimin que sempre fora característico.
Demoramos em média vinte minutos até chegar próximo a cidade de Tikvá. O cheiro de Taehyung estava insuportável por aquelas bandas, seu pânico era evidente e aquilo só deixava Hoseok e Yoongi ainda mais ansiosos. No meio do caminho encontramos uma embarcação abandonada. Yujin foi rápida em dizer que aquele era o barco que estava faltando nas nossas terras, e aí, tivemos a certeza que o ômega havia sido carregado por alguém até aquela urbe cruel.
— Certo — Namjoon suspirou soltando o remo — O que iremos fazer? É claro que o cheiro dele está vindo do Tikvá, e não podemos ir até lá.
— Acha que eu ligo? — Hoseok questionou olhando para trás — Se fosse o Seokjin, tu não iria novamente? Ora, sabemos que iria.
— Sim, eu iria. Porém, não iria sem preparação. Não iria arriscar a vida de outras pessoas, tu precisas se acalmar.
— Somos dois betas e seis alfas — Jaebeom tomou a fala — Entre os alfas, um é um lupús. Jungkook poderia transmutar e massacrar metade deles.
— Não é uma boa ideia — Yuri comentou — Primeiro, porque não fazemos ideia de quantos alfas cuidam da entrada da cidade. Segundo, porque Tikvá também tem os seus lupinos. Terceiro, porque assassinar nunca é a saída, e quarto porque eles irão retalhar um dia. Iremos atrás de Taehyung, porém eles irão nos atacar depois.
— E isso importa? — Hoseok voltou a perguntar — Somos Norte, Sul e Leste. Eles são apenas uma cidade. Entramos lá, tiramos Taehyung, e saímos sem sequer um arranhão.
— Eu tive essa soberba um dia — comentei fazendo Namjoon me olhar — Sabe o que aconteceu? Quase perdemos Seokjin.
— A posição agora é diferente — Yoongi nos lembrou — Eles estão com um ômega de nossas terras, é claro que eles sabiam que nós iríamos atrás.
— Com certeza — concordando, Jaebeom bateu as mãos nas coxas como se tomasse uma atitude — Então, vamos votar. Mas antes, lembre-se que Tikvá mantém ômegas presos. Isso quando não abusam deles e os matam.
— Vamos entrar — Hoseok ficou de pé fazendo o barco balançar — Não terá votação, vamos invadir agora mesmo.
— Parabéns, Jaebeom — sorri sem humor e ele revirou os olhos tão surpresos quanto eu.
— Eu voto em entrar lá e conversar com o responsável pelo sequestro. Querendo ou não, pegaram ele e levaram até lá, e é óbvio que foi forçado. Acho justo dialogar antes de partir para a agressão, mas Jungkook decide — Namjoon voltou a remar em direção às terras, e os outros fizeram o mesmo.
— A gente pode tentar, se eles não colaborarem, prevejo mortes — suspirei voltando a remar contra minha vontade.
— Eu trouxe facas artesanais, qualquer coisa enfiamos no pescoço de alguém — Jaebeom bateu palmas entusiasmado e seguimos em direção às terras do Tikvá, temendo pelo o que poderia suceder.
[...]
Logo que chegamos na entrada da povoação, fomos recebidos por uma dúzia de lobos que estavam cientes de quem eu era e o que estava fazendo ali. E isso, me deixou de sobreaviso.
Me lembrava da maioria dos alfas e betas que estavam fazendo a guarda, pois quase todos eles estavam no dia do sequestro de Seokjin e isso fazia meu lobo ansiar assassinar todos de uma só vez. Namjoon, Hoseok e Yoongi desceram à frente, sendo seguidos pelo restante e por mim. Esperava sair o mais rápido possível com Taehyung para que pudesse encontrar Jimin em alguma fronteira próxima, pois não conhecer o seu paradeiro, estava me deixando inteiramente louco.
Demos passos pela água até tocar finalmente na cidade, e assim que pisamos em suas terras, Park SeongHwa apareceu com seu sorriso de canto e olhar mais letal do que anteriormente.
— Ora, ora! Jeon Jungkook por aqui novamente, eu não posso crer no que os meus olhos vêem — seus braços se cruzaram frente ao corpo e seus lobos o acompanharam na tentativa de me intimidar.
— Temos um problema — Yoongi sussurrou de onde estava e todos podiam o escutar bem — Sinto o aroma de Jimin, ele esteve aqui a algumas horas.
— O quê? — olhei apressadamente para ele e voltei a defrontar Seonghwa que parecia interessado na conversa — Onde eles estão?
— Eles quem? — seus olhos se apertaram como se pensasse no que estávamos falando, mas ele era um péssimo impostor.
— Sabes bem do que estou falando — refutei — Onde eles estão?
— Tu entras em nossas terras, mesmo depois de termos sido benevolentes com aquele ômega que consideras da família, e agora, exige alguma coisa? Céus, Jeon, não tem como te defender.
Rosnei alto, sentindo as minhas veias dilatarem e ele deu uma passada para trás quando entendeu a seriedade da situação. Meu controle estava se esvaindo, e falta pouco para perdê-lo totalmente.
— Acho que tu não entendeu, vou perguntar novamente e pela última vez — meu sorriso cresceu e ele rosnou baixinho — Onde eles estão?
— Fique sossegado, alfa — outro lobo que conheci sendo Benjamin falou assim que se colocou ao lado de Park — Não queremos que tu percas o controle, não é? Afinal, se transmutar, como irá regressar? O gatilho que precisas está aqui? Não, não é?
— Bom, a não ser que.. — Seonghwa olhou para o companheiro, e depois me observou ainda de longe — Teu ômega está aqui?
— Não testem a minha paciência — resmunguei voltando a respirar com dificuldade — Entreguem os dois e eu irei embora sem causar qualquer dano.
— Tu és muito perspicaz, Jeon. Estás em desvantagem agora, não vê? Tenho mais lobos que tu, irá fracassar se tentar algo.
— Não tem nenhum lupino aqui — entreguei a informação, fazendo todos me olharem — Se eu transmutar aqui, irei massacrar a todos. É isso que queres?
— Ele prometeu que só iria conversar — ouvi Jaebeom resmungar — Ainda bem que estou armado.
— Jimin está aqui — foi a vez de Chanyeol cochichar — O que espera que ele faça?
— Diga-me Jungkook — Benjamin tornou a discursar — Existe qualquer pretexto para que tu tenhas vindo de longe exclusivamente por dois ômegas? Tem um marcado entre eles, ele é teu?
— Não — pude ouvir Yoongi e Hoseok rosnarem em coro, o que fez os outros lobos se acovardar — Não preciso te dar satisfações, estou perdendo tempo contigo.
— Pois eu vou te dizer o que iremos fazer, correto? — Seonghwa voltou a advertir — Tu irás embora antes que eu perca a paciência. Se quer os ômegas de volta, traga toda a sua matilha atrás deles. Oito homens não são o bastante.
— Concordo — falei com um sorriso no rosto atraindo a atenção de Namjoon e dos outros — Eu acredito que tu és tão fraco, que apenas eu sozinho dou conta.
— Insolente — Benjamin rosnou.
— Juras? O que tu irá fazer-
Ao fim de sua fala, o meu corpo tencionou e os meus olhos deixaram a coloração castanha, para se tornar verde fluorescente. Senti todos darem passos para trás e a dor me atingiu enquanto meu corpo tremeu e foi ao chão, fazendo meu coração acelerar pela adrenalina e as minhas roupas rasgarem pela compressão. Um uivo cortou a minha garganta e os meus olhos se prenderam no céu até que sentisse os meus ossos quebrarem apressadamente para que a transmutação ocorresse.
E assim, o meu lobo tomou posse de mim, me fazendo ser totalmente irracional a partir daquele exato instante.
N A R R A D O R A
O lobo gigantesco na coloração negra tomou posse do chão de areia das terras do Tikvá, e todos se assustaram com o quão brutal Jungkook havia se tornado, sendo que da última vez não tinha chegado a perder o manejo tão rápido.
Namjoon, Hoseok e os outros nortenhos que estavam junto ao lúpus, se afastaram sabendo que naquela altura o alfa mataria qualquer um que estivesse em seu caminho. Torciam interiormente para que Jimin fosse o gatilho que o trouxesse de volta, porque claramente aquele barco não abrigaria aquele lobo imenso.
Um rugido alto fez Benjamin e Seonghwa dar inúmeros passos para trás, até que quase caíram sentados pelo desespero. Os outros alfas e betas que estavam guardando as terras não poderiam estar mais abismados, a aura de Jungkook era tamanha que duvidava que todos os ômegas das terras não estivesse de joelhos chorando, tamanho poder que sentiam.
As presas afiadas do lobo estavam amostra e Namjoon estava preocupado com Jungkook pois fazia tempo que ele deixava seu lobo tomar posse de corpo. Tinha medo da porção de lobos que poderiam existir dentro do município, no entanto agora não podiam fazer muita coisa. Torcia para que eles não fossem estúpidos a ponto de desafiar um lupino de tal maneira.
— Seonghwa — Namjoon chamou, obtendo a atenção de todos — Eu te aconselho a trazer imediatamente Park Jimin, ou então, o líder Jeon irá trucidar a todos.
— Jimin é o ômega dele? — Benjamin questionou sem tirar os olhos do lúpus — Ele disse que não era marcado.
Jungkook rosnou se colocando em posição de ataque.
— Ele tira arrebatar a sua cabeça — Namjoon sorriu observando o lobo enorme se mover — Acho melhor fazer o que eu digo, e aproveite e traga Taehyung com ele.
— Não! — Jong-su que observava distanciado gritou atraindo a atenção do lobo — Se quiserem sairá apenas o Jimin, e só porque Jungkook está nessa situação. Querem tirar Taehyung daqui? Só por cima do meu cadáver.
— Tudo bem — Hoseok rosnou e olhou para Jungkook — Pega ele, bebê.
Não demorou nem mais um segundo para que o lobo imenso de pelagem negra pulasse em cima do alfa, e consequentemente, arrancasse a cabeça do lobo com uma agilidade inimaginável. Jungkook jogou a cabeça ensanguentada de Jong-su em cima dos outros lobos de seu povoado, e Benjamin estava escandalizado com tal rapidez e destreza.
Jeon ainda rasgou o corpo do lobo sem parar descarregando toda a sua ira, e Namjoon olhou para Hoseok, o repreendendo, mas o alfa só sorriu e disse que ia ficar tudo bem assim que Jimin aparecesse.
— Ali! — Yoongi gritou atraindo a concentração de todos e os lobos olharam para onde o alfa apontava, encontrando Jimin sendo empurrado por um beta que preferiu entregá-lo para que a briga parasse de vez — Merda — o alfa correu sem se importar com os lobos que estavam próximos a ele, e quando chegou próximo o suficiente, o puxou para seu abraço o tomando do beta que carregava uma fisionomia assustada.
— O que está acontecendo? — Apollo perguntou assim que se viu já adjacente de seus amigos, e quando olhou para os lados ainda sendo abraçado por Yoongi, encontrou um grande lobo assustador o olhando como se fosse o devorar. E ele estava inteiramente melado de sangue — Aí, pelos Deuses!
— Faça alguma coisa, seu ômega inútil — Seonghwa teve a audácia de gritar, ouvindo logo em seguida um rosnado alto de Jungkook que o olhava com sede de sangue.
— E o que quer que eu faça, seu alfa asqueroso? Sirva de osso para ele roer? Esse posto é teu!
— Onde está Taehyung? — Hoseok perguntou assim que Jimin o olhou amedrontado — Ele está bem? Diga-me onde ele está que eu mesmo vou buscá-lo.
— Não pode — o Deus sussurrou — Eles têm uma fortaleza enorme que é protegida por vários alfas. Taehyung está dentro de um calabouço e lá existem inúmeros ômegas presos, sem água ou comida.
— Merda — Jaebeom soltou — E agora?
— Eu tenho um plano, porém é perigoso — Jimin contou baixinho — Também quero Baekhyun aqui, é um ômega que conhecemos e que está preso lá a anos. Iremos levá-lo conosco, e eu não abro mão dele. Ao menos um eu preciso salvar hoje.
— Tudo bem, o que faremos? — Yoongi questionou o soltando.
— Benjamin — Jimin o chamou e o alfa tremeu tendo os olhos do Jungkook sob si — Gostou do meu alfa?
— Seu? — Seonghwa sorriu — Tu não és marcado.
— Eu e Jungkook tivemos um imprinting, e isso é bem mais forte, tu sabes. — o ômega não tardou a caminhar lentamente até o Jungkook. Seu cheiro estava mais forte do que o corriqueiro, e ele sorriu quando o lobo colossal caminhou em direção a ele para se encontrarem depressa — Olá, meu soldado. Lembras do teu ômega, hum?
Jungkook rosnou mostrando as presas afiadas para Jimin, entretanto isso não o assustou, sabia que tinha uma ligação com Jungkook e ele poderia entendê-lo como na vida passada.
— Amor? — a voz no subconsciente de Jungkook fez o alfa parar imediatamente — Consegues me entender, meu alfa? — um rosnado baixinho foi resposta suficiente para que Apolo entendesse que Jeon o entendia bem — Não perca inteiramente o controle, preciso que cuide de mim daqui a uns minutos, certo? Confiarei em ti.
— O que eles estão fazendo? — Chanyeol perguntou a Namjoon que parecia abismado.
— Estão se comunicando, e isso é inacreditável.
Jimin acariciou a pelagem do lobo em sua frente e o alfa grunhiu como se estivesse saciado com o contato. Hoseok comentou com Namjoon que o ômega era claramente o que Jungkook precisava para voltar, e isso os deixava aliviado visto que não sabiam como aquilo terminaria.
— Agora — Jimin voltou a falar algo para que todos escutassem — Eu quero Taehyung, eu quero a minha espada, e eu quero Baekhyun aqui fora. Sem mais reclamações, apenas tragam o que eu pedi.
— Não — Benjamin gargalhou sem graça — Quem pensas que é? A espada é tua, mas Taehyung e Baekhyun nos pertencem.
Hoseok e Yoongi rosnaram atraindo a atenção.
— Estás vendo aqueles dois alfas ali atrás? São os alfas dele. Então, não provoque — Apollo pediu se afastando de Jungkook — Eu quero ir para casa, por favor faça o que eu pedi, sim? Ou então, lide com a fúria do meu pequeno lobinho.
— Pequeno — Jaebeom repetiu e sorriu — Fui eu que criei essa naja.
— A resposta é não — Seonghwa respondeu sem tirar os olhos de Jungkook — Quero ver ele matar todos dessa cidade para ter o que quer.
Deixando uma risadinha solta, Jimin suspirou e deu alguns passos para trás sem cortar o contato visual com o homem à sua frente. — Ele não iria fazer isso sozinho, meu bem. Foi um erro ter me soltado primeiro.
O Deus piscou para o alfa e fechou os olhos deixando o gene lupino tomar conta de todo o seu corpo. Sua força era tamanha que até mesmo o lobo de Jungkook se afastou quando sentiram aquela presença três vezes mais forte brotar com a transmutação do primeiro ômega lúpus em mais de mil anos.
O ômega caiu na terra e seu corpo tremeu quando sentiu suas vestes serem rasgadas. Seus olhos roxos se tornaram verdes iguais aos de Jungkook, e um uivo saiu de sua boca entregando plenamente o que estava acontecendo.
— Mas o que- — Benjamin cortou a frase e todos os lobos se afastaram no mínimo quatro metros de onde o ômega estava.
Yoongi estava boquiaberto porque era a primeira vez que Jimin transmutou como ômega, e era pelo seu ômega. Não podia estar mais orgulhoso.
A pelagem branca do Deus fez com que todos ficassem extasiados por bons minutos. Ninguém jamais havia visto lobo tão belo daquela forma, especialmente porque ele parecia cintilar de tanto poder. Seu rosnado era tão forte quanto o de Jungkook, e todos estavam totalmente chocados por ver um ômega lupus transmutar daquela forma.
— O lobo do Jimin não tinha a pelagem marrom? — Yujin perguntou a Yoongi, esse que estava tão espantado quanto ela.
— Quando ele era alfa sim — ele respondeu — Como o ômega as coisas mudam, sobretudo quando se é um Deus.
Quando o lobo de Jimin sacudiu a pelagem e rosnou, Jungkook se aproximou e lambeu seu rosto, se colocando ao seu lado como se soubesse que era a coisa certa a se fazer.
Estavam todos tão atônitos, que nem ao menos conseguiam formular uma frase coerente. A maioria tremia de medo, os outros, temiam pelas suas vidas.
— Bom — Namjoon deu uma passada à frente voltando a ser o porta voz — Agora são dois lupinos entre nós. Se Jimin atacar um apenas, Jungkook irá dilacerar qualquer um que ele acredite ser uma ameaça. Os dois conseguem facilmente matar a todos e ficará por isso mesmo.
— Temos um castelo cheio de armas — Seonghwa tentou ameaçar — Nós podemos ir até lá e-
— Antes ou depois dele extrair a sua cabeça? — Yoongi rosnou totalmente sem paciência — Traga o meu ômega agora, faça o que Jimin pediu ou arque com as consequências.
— Ele é Apollo — Benjamin constatou fazendo todos começarem um burburinho — Foi sobre ele que o líder do Oeste falou. Lee Byeongho estava certo.
— Lee Byeongho será o próximo a morrer — Hoseok gritou — Tomaremos as terras dele, e fazemos aquele lugar exclusivamente nosso.
— Mataremos todos — Seonghwa gritou fazendo Jimin rosnar agitado — Entregarei o que ele pediu e eu peço que esperem a retaliação. Não nos esqueceremos do que fizeram aqui hoje, e Apollo, jamais pisará aqui outra vez.
Yoongi gargalhou alto e cruzou os braços carregado de humor. — É a primeira vez que Apollo pisa aqui e já está levando um dos ômegas que está encarcerado em teu calabouço. O que achas que ele poderá fazer na próxima vez, hum? Não seja ridículo. Vá catar o meu ômega, e o ômega que ele ordenou. Além disso, a espada. Preze pela sua vida miserável.
E não demorou nada para que a ordem fosse obedecida.
Baekhyun foi trazido com Taehyung que carregava a espada em direção aos alfas. Seu corpo inteiro tremia pelo medo, e Hoseok e Yoongi foram rápidos em abraçá-lo com cuidado para que o susto passasse. Chanyeol foi em direção ao outro ômega para que o ajudasse a caminhar até eles. O beta sorriu transbordando compaixão e o ômega aceitou pela primeira vez o toque de alguém desconhecido, sentindo que a sua existência estava sendo salva por um povo que ele ao menos conhecia.
Jungkook lambeu a pelagem de Jimin e lentamente deixou o próprio corpo relaxar. Seus olhos se prenderam aos do ômega e em questão de minutos, ele voltou ao corpo original — completamente nu — recebendo o casaco de Hoseok que não queria que seu ômega presenciasse aquilo.
Namjoon ofereceu o próprio sobretudo a Jungkook, e quando o alfa recebeu, foi rápido em abraçar o corpo pálido do Deus que caiu em seus braços, cansado demais pela transmutação repentina.
Todos estavam estáticos olhando aquela cena, porque não se via aquele tipo de ligação a séculos entre lupinos, até então.
— Bom — Jungkook pigarreou e colocou Jimin em seu colo com cautela para ficar de pé — Estamos indo. Espero que tenham aprendido uma lição.
— Espero que estejam prontos para o próximo ataque — Benjamin rosnou.
— Olha, atrevido, não é? — Jimin sorriu ainda cansado — Aposto que estava tremendo de medo.
— Ora, seu! — Seonghwa deu dois passos à frente, mas parou quando ouviu Jungkook rosnar novamente.
— Coragem — Jaebeom brincou — Agora vamos que eu estou com fome, nem esfaqueei ninguém.
E assim, todos subiram no barco para irem em direção ao Sul novamente. Os alfas e betas do Tikvá ficaram observando totalmente de mãos atadas, logo que os lupinos estavam no Oeste naquele período sombrio.
Baekhyun o novo ômega refugiado foi com Chanyeol no pequeno barco que havia levado Jimin até lá. Os outros, se revezaram no barco que Taehyung foi e no que já estavam, assim, deu todo mundo sem aperto indo para casa novamente.
J I M I N
A viagem de volta para a vivenda foi tomada por gritos e reclamações do alfa que estava sentado em minha frente, absolutamente tomado pela fúria.
Jungkook reclamava a exatos vinte minutos, e a minha paciência que era bem curta estava nos últimos resquícios, para que eu o empurrasse e ele caísse para fora do barco e calasse a merda da boca.
— Se tu sair de perto de mim novamente, Jimin, eu juro que eu te prendo com correntes na minha cama e jamais sairá de lá nesta vida.
— Uh — Jaebeom sorriu e ganhou uma bofetada de Namjoon para calar a boca.
— Jungkook, eu faço o que eu quiser. O Deus aqui sou eu, não tu — suspirei tentando ter um pingo de calma.
— Jura? Pois ninguém aqui perguntou se tu era um Deus ou não — o alfa refutou em meio a um rosnado — Tu vais ficar preso no meu aposento, e aí sem atrever sair de lá.
— Acho bonitinho a forma como tu achas que manda em mim, meu amor — com um sorriso pequeno, observei seu peito subir e descer devagar — Não achas que estás sendo um pouquinho duro comigo? Eu estava com medo..
— Medo? Medo estava eu, tu não és um Deus?
Gargalhei com a sua fala e ele mordeu o lábio tentando dominar a raiva. Seus olhos brilhavam presos aos meus e eu quis lhe dar um tabefe para parar de ser tão absurdamente fofo.
— Não vai me perguntar o que eu ia fazer na terra dos puros? — o questionei e o vi recusar com a cabeça — Ora, vamos. Sei que tu és intrometido.
— Estou com raiva agora, me deixe em paz.
— Não — minha reação fez Namjoon sorrir e Jungkook lhe atirou um olhar de aviso — Quero te contar o pretexto, assim tu irá me entender.
— Não irei — o alfa cruzou os braços carrancudo — Tivemos um imprinting. Tudo o que tu irás fazer, eu devo ser incluído nisso. Não sabes?
— Tu não podes ir até lá, não irás avistar de qualquer maneira. Precisas ter o coração puro, entendes? E tu acabou de matar alguém, Jungkook. Fora que matou o meu pai e um monte de gente.
— E tu és puro? — o alfa sorriu — Lembro-me de te ver de joelhos e-
— Não é desse tipo de pureza que me refiro! — quase gritei o fazendo parar de imediato — Seu depravado, me refiro a alma, o coração. Não ao corpo!
Jaebeom gargalhou e eu o olhei quase querendo voar em seu pescoço. Sabia bem que ninguém entenderia aquela parte da ilha, todavia aquilo precisava ser explicado.
— Certo, então tu podes ver?
— Sim, eu morava lá até meu renascimento. A ilha Apollo é o lugar mais puro que existe na terra. É o lugar onde os deuses visitam constantemente para poder ajudar o ciclo da vida e também, anotar o que há de errado entre os sobreviventes. Betas, alfas e ômegas.
— Hum — Jungkook deu os ombros — E o que tu querias indo lá?
— Preciso do poder que está recluso na espada. Tenho convicção que Ares e Hefesto tem a resposta para isso.
— Outros Deuses? — Namjoon perguntou sem parar de remar — Eles ajudarão?
— Não — sorri e todos me olharam assustados — Eles me odeiam e com razão, abandonei a divindade para me tornar um ômega. Todavia, eles criaram a humanidade e todo o resto. Precisam me ajudar, mesmo que seja sob ameaça.
— Irás ameaçar os Deuses? — Jaebeom perguntou desacreditado — Eu te amo, Apollo, eu te amo.
— Ameaçar como? — meu alfa perguntou curioso.
— Eles criaram alfas e betas, e eu quero salvar os ômegas. Eles com certeza não irão se enfiar nisso, a não ser que envolvam diretamente suas criações. Por exemplo, se eu salvar os ômegas presos nas quatros cidades, muitos alfas e betas irão morrer porque eu não pouparei a vida deles..
— Hum.. — Jaebeom levou a mão ao queixo pensativo — E eu que morra, né?
— Estou falando dos caras que escravizam ômegas — revirei os olhos como se aquilo fosse mais que evidente — Eles precisarão se meter, então passará a ser da conta deles. Porém, preciso antes ter o meu poder de volta. Depois disso, resolvemos tudo com calma.
— E ainda tem mais? — Namjoon questionou assustado.
— Sim. Precisamos do festejo da lua para vincular a todos, mas antes, teremos que tomar as terras do Oeste.
— Sim, super fácil. Coisa do dia a dia, não é? — Jaebeom voltou a brincar e eu apenas ignorei.
— Três meses — Jungkook falou tendo nossa atenção — É o tempo que eu preparo tudo para a invasão no Oeste.
— Certo — sorri quando notei sua marra caindo por terra — Mas ainda é indispensável ir na ilha, e isso precisa ser rápido.
— Nós podemos deixar todo mundo no Sul e voltar para a ilha — Jungkook deu a ideia — O que acha?
Olhei ao redor e notei que já estávamos próximos ao Sul. Não poderia demorar mais, pois além de precisar dos meus poderes, ainda tinha a ameaça constante, tanto do Oeste como do Tikvá, que a partir de agora não nos deixariam em paz.
— Por mim tudo bem. Iremos à ilha assim que deixarmos todos em casa.
E foi então, que a nossa luta começou.
☪️
HEY!
Próximo capítulo vai ter tanta coisa AAA
Como estão?
Prometo voltar rapidinho porque eu também tô curiosa pra saber o que vai acontecer rs
Prevejo briga e amorzinho
Muito obrigada, a fanfic bateu 90k!
Obg pelo apoio de sempre e por toda a assistência, vou dar o meu melhor ok?
LOVE U
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