🦊 Chapter Eighteen 🐺
Pouca gente sabe que na noite
O frio é quente e arde e eu acendi
Até sem luz dá pra te enxergar no lençol
Fazendo congo-blue
É pena, eu sei, amanhã já vai miar, se aguente que lá vem chumbo quente
— Raimundos.
SEGUNDA FASE
J U N G K O O K
Acordei de supetão quando senti a cama tremer repentinamente.
Meus olhos buscaram Jimin que estava ao meu lado, e inesperadamente ele era a razão para que tudo estivesse se movendo no povoado, os tremores davam para serem sentidos a quilômetros de distância e isso tudo porque o Deus estava se masturbando com tamanha volúpia que fez com que o meu lobo despertasse exalando luxúria.
Eram os seus poderes, ele definitivamente não sabia controlá-los.
Segurei firmemente a sua mão que subia e descia com ligeireza e ele me fitou com os seus lumes cor púrpura, evidenciando inteiramente o seu poder. Seus lábios estavam presos entre dentes e os gemidos que saiam de sua boca fizeram o meu corpo inteiro aquecer pela sensação arrebatadora de autoridade. Park Jimin sendo um ômega lúpus/divindade, estava prestes a me fazer queimar e eu jamais seria capaz de negá-lo fogo.
— Jungkook — ele soltou um longo suspiro quando meu indicador deslizou pela sua glande molhada. — Amor, eu preciso tanto de ti..
Sorri ao ouvi-lo tão promíscuo daquela maneira desavergonhada.
Ele tinha total controle de seu heat, todavia preferia deixar o prazer o consumir. Estava totalmente certo, adorava a sua forma devassa que emanava controle, mas também, amava a forma como se entregava mesmo que fosse daquela maneira um tanto quanto peculiar.
Ele poderia matar todo mundo da aldeia apenas por estar com tesão.
E isso me deixava excitado, o poder dele me atraía como o inferno.
— Anteriormente tu estavas sereno, fizemos amor com calma, diga-me, o que mudou agora?
— Eu estava me segurando para não te aterrorizar — ele arqueou o corpo quando comecei a movimentar a minha mão apressadamente. — Jungkook..
— Tu não irá me amedrontar, Jimin. Não na cama, em qualquer outro lugar, talvez, mas aqui é o nosso ninho..
Apollo parou de se mover e me olhou assustado.
— Ninho? — ele olhou para nossa cama. — O que quer dizer com isso? Eu não-
— Tu colocastes camisas minhas ao redor de onde deitamos, meu bem. Junto com as suas roupas e uma camisa de sua mãe. Isso significa que tu estás construindo o nosso ninho..
O ômega arregalou ainda mais os olhos pela informação.
— Mas Jungkook.. — o vi engolir a seco. — Eu não tenho uma marca tua, sabe, tu não me.. bom, não senti seus dentes em meu pescoço! — sua voz vacilou um pouco e eu quis sorrir pelo nervosismo.
— É verdade, não te marquei ainda — levei a minha destra até seu rosto e ele fechou os olhos pelo carinho. — Mas tu claramente desejas isso, e eu estou aqui para concretizar cada uma de suas vontades.
O ômega suspirou prendendo o lábio inferior.
Ele sabia que apenas aquele pequeno ato me deixava duro feito pedra, e ainda assim continuava a provocação.
Um descabido.
— Eu quero tanto os teus dentes em meu pescoço, Jungkook.. — ele grunhiu quando o pré gozo escorreu entre os meus dedos que desceram novamente para o massagear devagar — Tu vai me marcar agora? — sua voz vacilou um pouco pelo prazer. — Meu lobo está frenético, eu não sei como reagir a isso.
— Tu é um Deus meu amor — rosnei as palavras e me aproximei mais apenas para selar os seus lábios com carinho em um beijo puro. — É óbvio que tu não sabes como dominar o seu lobo, mas quem se importa? O meu não está diferente.
— Quer me morder? — ele perguntou parecendo interessado.
— Quero me enterrar dentro de ti. — expliquei.
— Oh — o ômega me olhou de forma lascívia. — Então me faça teu como todas as vezes, Jungkook. Eu sou teu.
— Eu sei que é.
Suspirei pela sua declaração e o pequeno foi rápido em me puxar para um beijo totalmente fogoso. Apollo colou o próprio corpo junto ao meu e o chão voltou a tremer me mostrando que seu poder estava descontrolado novamente, no entanto, não podia me importar menos, a única coisa que importava era seu toque quente em minha pele e a sua necessidade me levando a loucura visto que seu cheiro doce de alastrava pelo cômodo.
O empurrei de repente e ele abriu as pernas me acomodando em cima de seu corpo, o beijo se aprofundou na medida em que meu tronco se esfregava no seu e seus suspiros ficaram mais evidentes. Sua destra segurou firme na nuca e ele rebolava devagar esfregando sua ereção na minha, fazendo com que eu soltasse o ar quente que prendia.
Suas unhas rasparam em minhas costas e a sua necessidade estava me enlouquecendo, então, fui rápido em remover a única peça de roupa que vestia, ficando pele a pele com ele, esse que pareceu gostar da sensação.
— Serei muito vulgar se pedir para que entre bem fundo em mim imediatamente, líder Jeon?
— Estou vendo que estás sem paciência para preliminares, então te compreendo completamente.
Sua mão foi rápida em escorregar entre os nossos corpos, e logo ele segurou a minha ereção pela base, a colocando na sua entrada molhada que pulsava repetidas vezes. Seus olhos se fecharam pela sensação e meu lobo quis grunhir em pura satisfação, Park Jimin estava à beira de um orgasmo, apenas pelo simples fato de me ter colado em seu corpo.
— Achei que pudesse bloquear o heat.. — sussurrei em seu ouvido e ele resmungou algo que não deu para compreender, e isso me fez sorrir, adorava vê-lo tão necessitado. — Não estou reclamando..
— Dê-me logo, não seja cruel — ele choramingou e aquilo foi de fato o ponto alto daquela manhã, por isso, não demorei mais e adentrei lentamente em seu corpo, prestando atenção em cada reação sua. — Oh, pelos Deuses!
Jimin sorriu entre os gemidos e tomou a minha boca de forma faminta conforme eu me movimentava de forma rápida e forte. Os barulhos dos estalos no cômodo eram altos e a ventania lá fora entregava o total desequilíbrio do Deus, ele se contorcia de prazer enquanto seu poder rondava os arredores, nos colocando em uma bolha de satisfação genuína, quase difícil de aguentar.
Seus olhos brilhavam na cor púrpura e sua lubrificação escorria pela cama, sua língua descia devagar pelo meu pescoço e as minhas mãos apertavam de forma desesperada o lençol da cama.
— Ah, eu nunca vou me cansar disso — ele falou entre dentes e a sua voz estava ainda mais grave que o corriqueiro.
— Tu achas que seria possível? — acabei rodando um pouco a cintura, e isso fez o corpo de Park arquear pela sensação. Ele gemeu sôfrego pela urgência, e meus movimentos voltaram a ser precisos.
— Não! — ele exclamou quando seu corpo inteiro tremeu. — Não para, Jungkook! Não para!
— Nunca, meu amor.
Suas mãos fortes apalparam a minha cintura e eu resmunguei um palavrão quando a dor atingiu em cheio a minha pele. Apollo definitivamente não tinha noção do tamanho de sua força, mas não era como se eu fosse parar, ele teria que lidar com as marcas em meu corpo depois.
Poucos minutos depois Jimin gozou tão agressivamente que fez com que todo o povoado tremesse sem ao menos notar. Eu vim logo em seguida tentando dominar as minhas presas para não mordê-lo antes da hora, ele pareceu não se importar, estava mais que satisfeito preso pelo nó conforme carregava um semblante sereno e feliz.
— Certo, isso foi tão.. — me perdi em minhas próprias palavras e ele suspirou ainda me olhando de forma arrebatadora.
— Eu sei, precisamos fazer mais vezes.
Gargalhei com a sua constatação e me deitei devagar o trazendo para mim. Ele deixou ser levado pelos meus braços, e assim ficamos abraçados por um tempo em silêncio até que o corpo relaxasse por completo. Sua respiração foi voltando ao normal aos poucos, e eu o beijei na nuca tomando sua atenção de imediato.
— Precisamos conversar com os bruxos que encontramos no Oeste, e também alojar os Ômegas feridos, temos muito o que fazer na matilha hoje.
— Eu sei — o Deus se mexeu de forma preguiçosa. — Fora que o ritual da lua precisa ser planejado. Falaremos com a Agnes?
— Sim, querendo ou não ela é a bruxa mais poderosa entre nós. Ninguém está na terra a tanto tempo quanto ela, então acho justo que ela nos ajude depois de querer atrapalhar tantas vezes.
— Preciso ver a minha mãe, Jungkook. Posso acabar com o sofrimento dela, pois acredito que ela não vá sobreviver depois de tanto tempo. Como Deus, tenho esse poder, podemos resolver o ritual da lua a noite? Aproveitamos e levamos o Eros até ela.
— Tudo bem — beijei a sua nuca novamente e ele se virou para mim, me tirando momentaneamente de dentro dele.
— Tu sentistes a terra tremer ou eu estou ficando maluco? — Apollo franziu a testa em pura dúvida e eu sorri pela sua reação confusa.
— Acho que todos os lobos da aldeia devem estar achando que o mundo está acabando — fiz um semblante pensativo e ele abriu a boca assustado. — Mas acho que está tudo bem, foi só um terremoto e um furacão assaz forte. Nada tão assustador.
— Por Zeus, Jungkook!
J I M I N
Quando por fim saímos da tenda o sol já havia nascido, então eu e Jungkook fomos direto até o meio do aldeamento para ter notícias dos ômegas recém resgatados na batalha do Oeste.
Tudo estava bastante movimentado, Jaebeom andava de um lado para o outro sendo acompanhado pelo Youngjae que parecia preocupado com a vida dos ômegas feridos, e Seokjin parecia verdadeiramente atarefado segurando várias bandejas de comida entre todos os lobos que haviam chegado.
Tudo parecia um caos, no entanto um caos que estávamos ansiosos para recepcionar.
— Jimin — Yoongi me chamou assim que paramos próximos no meio do vilarejo — Vejo que estás bem.
— E porque eu não estaria?
— Não sentiu a terra tremer? — ele franziu o cenho. — Todos ficaram em total desespero, nunca havíamos sentido algo parecido.
— Oh — abri a boca e fechei sendo tomado pela vergonha. — Bom, eu..
— Ele estava fodendo violentamente — Taehyung, que vinha comendo um grande pedaço de melancia, falou de boca cheia fazendo escorrer o líquido vermelho pelos seus lábios. — Da próxima vez, Apollo, por cortesia não mate todos nós apenas por querer gozar — ele deixou uma risadinha, e eu quis matá-lo com aqueles caroços.
— Então foi tu? — Yoongi abriu a boca vacilante. — E eu aqui preocupado com a sua segurança, estava quase indo até a sua tenda.
— Me desculpem, eu não consegui controlar — resmunguei conforme cruzava os braços e Taehyung revirou os olhos como se minha explicação fosse a maior besteira.
— Ah, para, está tudo bem — Eros deu os ombros. — Tenho certeza que quando Hoseok e Yoongi entrarem no rut, eu irei destruir essa aldeia.
— Taehyung! — Hoseok apareceu e o repreendeu, coisa que fez o Deus do amor sorrir um tanto promíscuo.
— O que foi, meu marido? Não podes me deixar na vontade, estou carregando o nosso filhote!
Revirei os olhos pelo rumo daquela conversa e senti Jungkook me abraçar por trás, rodeando os braços em minha cintura enquanto colocava o queixo em meu ombro. Ele deixou um beijo na minha bochecha e eu senti todo o sangue se alojar no meu rosto, certo, meu coração não podia bater mais forte que isso.
— Se Taehyung era manhoso antes, imagine agora sendo o Deus do amor e do desejo — Jungkook concluiu aquilo que eu também pensava.
— Pois saibam que é exatamente por isso que eu tenho dois maridos — o ômega sorriu grande após abocanhar um grande pedaço de melancia. — Eu vos amo, e eles me amam, e evidentemente cuidam de mim como um Deus que sou.
— Amém! — Jaebeom respondeu quando se aproximou devagar ao lado de Youngjae. — Agora, Deuses poderosos, por obséquio podem estalar os dedos e curar todos os ômegas? Eu estou cansado de andar de um lado para o outro passando ervas que a Eubin fez, e esse alfa aqui não serve para nada.
— Ei! — Youngjae contestou não muito feliz.
— Silêncio, cachorro — novamente, Jaebeom o irritou.
— Taehyung, podes fazer isso por mim? Quero ir até a minha mãe, tu sabes, ela ainda está de cama.
— Tudo bem — ele mastigou lentamente e entregou a melancia pela metade para Yoongi que agora limpava os lábios do esposo. — Te amo, lindo — ele beijou os lábios do Min e voltou a me encarar. — Cuido de teus ômegas, vá até a sua mãe e resolva o que tem que resolver. Quando tu voltar, daremos início a conversa com as bruxas.
— Certo, voltarei em breve.
— Quer que eu peça para Seokjin levar comida até lá? — Hoseok me perguntou enquanto se colocava ao lado de Jungkook que acabou por me soltar.
— Sim, agradeço. — sorri para o alfa e ele confirmou, informando que iria em breve até a tenda de minha mãe junto com Jin.
Com isso, dei início à caminhada até o outro lado da aldeia para enfim resolver tudo o que tinha que ser feito.
[...]
— Mãe?
Chegando de frente a entrada da cabana de minha mãe, bati algumas vezes na porta na esperança que ela viesse ao meu encontro. No entanto, quem apareceu foi Eubin, a ômega da matilha do Norte que estava cuidando dela pelas ordens de Jungkook.
Ela não pareceu muito feliz ao me ver, mas eu não me importei tanto com isso, lembrava bem que ela passava os heat dela com Jeon, e isso não me incomodava tanto de qualquer maneira.
Ela deu passagem sem falar sequer uma palavra e eu entrei, fui rápido em buscar o cômodo onde a minha mãe dormia, e quando entrei, a encontrei encolhida por baixo de um edredom.
— Ei — chamei baixinho e ela se virou devagar como se estivesse ainda tomada pela dor da marca. — Mãe, tu não melhoraste nada? — o cheiro pelo quarto estava fraco e eu a olhei com certa estranheza.
— Meu filhote — ela sussurrou parecendo excessivamente cansada. — Estavas tão ocupado, não deveria ter vindo agora, deverias ter concluído a sua missão..
— Está longe disso ocorrer ainda, mãe, e além do mais, eu sou o seu filho, não poderia simplesmente te deixar sofrendo aqui. Fora que, essa dor da marca já deveria ter passado. O seu marido morreu a meses, e-
— Seu pai — ela me corrigiu. — Era um monstro, mas era seu pai.
— Soube que recuperei os meus poderes? — ela se virou completamente na cama e se sentou lentamente como se até se mover fosse difícil.
— Soube, Eubin me contou — ela voltou a soltar o ar pesadamente. — Tenho tanto medo, meu menino. Medo de que tua força seja teu maior inimigo.
— Não é, mamãe — me aproximei e sentei ao seu lado para que pudesse segurar suas mãos. — Eu estou tentando conter, tenho certeza que aprenderei com Agnes e outros bruxos que apareceram em nossas terras. Ficará tudo bem, tu verás.
— Só não morra, certo? Não posso viver em um mundo onde tu não existes, Jimin. Tu és sangue do meu sangue, carne da minha carne, és meu bem mais precioso, não te esqueças disso.
Meu sorriso foi deveras genuíno após aquelas palavras, e meu peito apertou porque aquilo de fato era algo que eu não poderia prometer. Fora que a culpa me consumiu por não ter aparecido logo, mas com a chegada recente dos meus poderes, só agora eu poderia ajudá-la.
— Não esqueço, nem por um segundo. E é por isso que estou aqui, mãe. Irei curar as tuas dores, te colocarei de pé novamente para que lutes ao meu lado, preciso de ti, minha bússola. Tu também és o meu bem mais valioso, sempre fostes.
Seus lumes castanhos se prenderam aos meus e ela sorriu pequeno como se a cura não fosse uma realidade tão fácil.
— Preciso sofrer, Jimin. É a lei do universo.
— Eu sou a lei — refutei. — Não existe autoridade maior.
— Seria injusto com os outros ômegas que perderam seus maridos nas guerras — ela respirou vagarosamente parecendo estar com dificuldade. — Veja sua matilha e a de Jungkook, quantos não morreram na tomada das terras do Sul? Quantos não irão morrer na tomada das quatro cidades? Meu filho, tu não poderá tirar a dor de todos, isso irá te sobrecarregar.
— Não fale isso, tu és a minha mãe! — me desesperei ao ouvi-la e ela alisou a minha mão com carinho. — Sua dor é a minha dor, a dor dos outros ômegas só posso lidar quando chegar a hora. Por favor, deixe-me ajudá-la.
— Lidar, é? — ela apertou os olhos e mordeu o lábio exalando inquietude. — Tu irás morrer no final, não é? Teu poder é forte demais e foi por isso que a terra tremeu agora pouco, foi tu. Eu pude sentir.
— Essa será a minha última vida, mãe. Não irei morrer, eu quero ter uma passagem longa e tranquila, irei casar-me e ter filhotes, darei todo o meu amor a Jungkook como eu não pude dar em minha vida anterior.
— Tu não podes dominar isso, podes? — ela se aproximou e gemeu baixinho pela dor. — Podes mudar o destino? Teu caminho, tu podes modificar?
— Posso fazer o que eu quiser, confie em mim — desviei o olhar quando ela pareceu me analisar. — Sabe que eu não minto para ti.
Após aquele assunto, ela iniciou um novo tópico para que eu esquecesse de curá-la. Contudo, assim que ela pareceu alheia a situação, apertei forte as suas mãos e suguei todo resquício de dor que ela parecia estar sentindo por meses. Ela obviamente tentou impedir quando percebeu, mas a marca em seu pescoço já havia desaparecido e era tarde demais para evitar, sua dor desde a morte de meu pai sumiu com o vento.
Reclamando ela me deu um tapa e eu sorri por finalmente vê-lavêla forte novamente, meu sorriso cresceu e a minha mãe desistiu de me dar uma bela bronca e me abraçou aguardando-me em seus braços.
— Vi que a marca em seu pescoço desapareceu inteiramente — ela falou próximo ao meu ouvido ainda dentro do abraço. — Tu realmente amas o Jungkook, não é?
— Com todo o meu coração, mãe.
— Então mostre-o diariamente, certo? — seu conselho me fez olhá-la subitamente. — Digo, a vida não é feita só de batalhas, filhote, e eu sei que não está nos teus planos morrer. Mas não deixe para amanhã o que podes fazer hoje, tudo bem? Se queres ter uma vida com o líder Jeon, precisas conquistá-la para si. E eu tenho certeza que não dá para se apaixonar em meio a uma luta, porém em um jantar a luz de velas, dá!
— Temos mil coisas para fazer, não posso abandonar tudo e ir jantar em meio a floresta por mais que eu queira.
— Claro que pode! Deixe comigo, tudo dará certo. Apenas continue tudo o que estás fazendo, e a noite venha até a minha tenda. Prepararei um piquenique à luz da lua, e aí tu levas ele até às árvores próximas ao riacho, tenho certeza que ambos precisam de um tempo juntos.
— Tem certeza que estás bem, mãe? As dores sumiram de verdade?
— Sim — ela se alegrou de inesperado. — Não sinto mais nada e a minha marca sumiu, acredito que seja um novo recomeço, apesar de acreditar que não mereço.
— Ora, não fale asneiras — revirei os olhos pela petulância. — Irá se levantar e comer alguma coisa?
— Sim, tu podes ir pois sei que tem coisas a fazer. Todavia, apareças quando tiverem um tempinho, tenho certeza que irão gostar do que prepararei.
— Mãe, preciso ver a Agnes mais tarde e-
— Vá e volte logo, estarei aqui te aguardando para iniciarmos o plano de conquistar o jungkook.
Respirei fundo e soltei o ar quando a vontade de bradar que ele já me amava me atingiu, no entanto, ela parecia feliz com aquela ideia e não seria eu que a faria mudar.
Me despedi e caminhei lentamente até a porta de entrada de forma extremamente despreocupada, isso, até sentir uma presença atrás de mim que parecia me julgar.
Olhei para o lado e encontrei Eubin sentada em uma poltrona conforme costurava algum tipo de tecido, seu olhar estava preso em mim e pelo cômodo estava espalhado todo o seu rancor.
— Algum problema? — perguntei no momento em que cruzei os braços e ela abriu um sorriso falso como quem não queria nada com aquela conversa.
— Tenho — ela voltou a atenção à costura. — Tu.
— Eu? — soltei uma risadinha por achar engraçado a forma como ela se referia a mim e a ômega revirou os olhos pelo ato. — E como posso ser um problema?
— Tu sendo um Deus deveria ser mais inteligente.
Arregalei os olhos com a forma pela qual ela falou comigo, visto que não esperava tal arrogância. Como poderia alguém ser tão desrespeitoso com uma divindade?
— Está querendo morrer? — minha pergunta saiu ríspida demais e ela sorriu certamente achando genuinamente engraçado.
— Não era tu que salvaria os ômegas? Agora quer matar? — engoli a seco todo o ódio que sentia, mas mesmo fazendo isso, senti lá fora uma rajada de vento forte. Ótimo, eu não poderia ter um pingo de raiva que tudo desandava.
Maravilhoso saber disso.
— Eubin, por gentileza fale logo o que desejas.
— É que eu acho engraçado que tu sejas um Deus, e não tenha percebido os sinais da Agnes até agora.
— Oh, então tu percebestes? Nossa, tragam um troféu para essa ômega inteligente. Merece até se tornar uma divindade!
A ômega parou de bordar o tecido e me olhou como se fosse arrancar a minha cabeça fora. Certo que ela nunca havia me olhando com amor e carinho, mas naquele instante eu soube que seu ódio era maior que a sua fé.
— Estou falando sobre Seokjin, e só digo isso porque gosto daquele ômega e todos aqui o respeitam.
— Seokjin? — franzi o cenho. — O que tem ele? Eu o respeito.
— Faz algum tempo que a Agnes colocou algum tipo de maldição nele e ninguém sabe o que é. Possivelmente ela irá tomar o primogênito dele e de Namjoon, e mesmo sabendo disso, tu não faz nada!
— Ah — compreendi de certa forma a sua preocupação. — Então era isso? Te acalmes, ômega, ninguém levará filhote de ninguém.
— Juras? Ainda tem o fato de que Taehyung está esperando um semi deus e que possivelmente isso começará uma guerra nos céus. E até aí, não te vi fazendo nada!
— Estás me acusando de algo? — dei um passo à frente e ela voltou a costurar parecendo agora despreocupada. — Eubin, se quer falar, fale!
— Tu só pensas em desencarcerar os ômegas das outras terras, e não pensas que o perigo rodeia a todos nós. Falas que é um Deus, o todo poderoso Apollo, entretanto, não podes simplesmente acabar com uma escravidão sendo que era apenas estalar os dedos e estaria tudo resolvido. Se és tão bom, por que levar todos para a guerra? Lide com isso tu mesmo, peça ajuda aos outros Deuses e solte o teu povo, oras. Não és tu o Deus dos ômegas!? Não consegue nem ao menos lidar com a maldição do Seokjin, ou até mesmo com o fato de que a Agnes vai querer te matar em algum momento, afinal, não é isso que dizem? Que ela precisa do teu sangue drenado para o ritual onde liberaria ela mesmo?
Abri a boca em puro choque e ela percebeu o quão assustado eu estava por ela possuir todas aquelas informações. Não era comum um ômega da matilha obter todas aquelas averiguações, a não ser que mais pessoas soubessem, ou, que ela andasse por aí escutando conversas.
— Certo, eu não sei o que tu ouvistes por aí, mas eu irei te explicar algumas coisas — tentei manter a voz calma mesmo que aquilo estivesse me incomodando. — Primeiro de tudo é que eu não posso simplesmente fazer isso sozinho. Essa coisa de libertar os ômegas. Por que? Porque isso envolve o destino de todos. Um Deus pode sim modificar a linha da vida de alguém, porém isso não envolve um Deus só, porque mexeria com toda a criação. Entendes? Para que eu pudesse mudar todo o destino de alguém, eu precisaria que todos os Deuses concordassem com isso, que eles me ajudassem para que existisse uma vida nova, uma mudança radical, e eu não sei se tu sabes, mas Ares e Hefesto não gostam dos ômegas! O Deus dos alfas só se importa com os alfas, e também é assim com o Deus dos betas. Fora que, eu já fiz isso uma vez com uma alma que vagava, e até hoje sou apontado como uma divindade que quebra as regras, sendo que eu ajudei a criar o universo.
— Então, quer dizer que..
— Quer dizer que eu e Taehyung poderíamos sim tornar tudo mais fácil, mas isso ocasionaria em uma briga horrível que poderia causar a destruição do planeta. Por isso desci como ômega, porque tudo o que eu fizer na terra em prol dos ômegas, será visto como uma pessoa tentando salvar outras de forma justa, de igual para igual, não uma divindade tentando fazer tudo de seu jeito.
— Mas.. — ela me olhou nos olhos e prendeu o lábio parecendo confusa. — Seokjin ele-
— Sim, eu sei. Mas por hora, Eubin, nós precisamos resolver uma coisa de cada vez. Agnes disse que quando ele viesse a ter um filhote, ela voltaria para cobrar o favor, e no momento Seokjin não carrega seu primogênito. Eu sentiria se estivesse. Então, como ela não pode fazer nada agora, irei resolver o lance dos ômegas que estão sendo violentados nas terras vizinhas, entende? Tudo tem a sua hora, não queira apressar as coisas. — olhei pela janela e vi do lado de fora tudo se acalmar, aquilo me deixou mais leve. — E sobre ela querer me matar, ela pode tentar. Não te preocupes, não morrerei tão fácil assim.
— Outros Deuses irão ajudar? Digo, caso precise.
— Pode ser que sim, ou pode ser que não. Tu verás quando enfim tomarmos as quatro cidades.
Dando os ombros a ômega voltou a costurar como se desse o assunto por encerrado. No entanto, como Deus, eu conseguia sentir pelo ar a sua desconfiança, e para ser sincero era normal se sentir daquela forma, afinal, estavam acontecendo mil coisas ao mesmo tempo, não havia forma de se sentir seguro de qualquer maneira.
Voltei ao caminho original e saí da cabana indo em direção ao povoado em passos rápidos, achava que passaria mais tempo com a minha mãe, mas devido aos acontecimentos recentes decidi que seria melhor por hora conversar com as bruxas e finalmente dar uma olhada nos novos ômegas de nossa matilha.
Suspirei cansado e olhei para o céu notando que em pouco tempo o verão iria finalmente começar, e esse meio tempo em que estava perdido com a paisagem, notei a presença do beta irritante que parecia querer me acompanhar.
— Oi Apollo todo poderoso, conte-me, como é ser o ômega mais forte da terra? Digo, não dá vontade de explodir a cabeça de alguém só para ver como fica o cérebro esmagado? — Jaebeom mastigava animadamente uma maçã conforme falava. Ele se pôs ao meu lado radiante de alegria e eu só sorri pela pergunta inapropriada.
— Jaebeom, posso saber onde está o seu alfa? — ao fim de minha pergunta, ouvi o beta engasgar. — Estás bem?
— Não tenho alfa, estás louco? — ele me olhou aterrorizado. — Desde quando tenho alfa? Quem disse isso? De onde tirastes essa informação? Alguém da aldeia disse alguma coisa? Se alguém disse que eu estava me beijando com o Youngjae por trás da tenda dos ômegas do lado Sul da cachoeira, próximo ao pé de figueira era mentira!
— Sério? — gargalhei com sua fala. — E me conte, o beijo foi bom?
— Beijo? — ele pulou assombrado e deixou a maçã cair no chão. — Que beijo? Quem te contou de beijo? Nossa, eu vou matar o Youngjae! Tomara que o pau dele nunca mais SUBA, tomara que ele entre no rut e esteja sozinho em meio ao tikva! Tomara que ele caia no rio e uma piranha morda a bunda dele! Tomara que-
— Jaebeom! — eu parei de marchar e quase caí no chão de tanto rir. — Pare já com isso, deixe de ser assim, beta irritante! — limpei as lágrimas em meus olhos que ameaçavam cair depois de tanta risada, e ele colocou ambas as mãos na cintura como se me cobrasse algo. — O que foi?
— Por que disse que eu tenho um alfa?
— Porque tem, achei que já soubesse que ele é a sua alma gêmea.
Voltei a caminhar e Jaebeom ficou para trás de boca aberta e de olhos arregalados.
— O quê!? — ele gritou em meio a matilha e atraiu os olhares de todos. — Park Jeon Jimin, volte aqui agora mesmo! Como podes soltar algo dessa magnitude e sair correndo dessa forma promíscua, seu Deus de meia tigela! Quem te deu esse cargo de Deus estava louco, quero abrir uma reclamação no céu, que tipo de amigo é esse que faz uma desgraça dessa na minha vida? Vamos! Me diga nomes, eu quero saber quem colocou esse imundo na minha vida!
— Eu — Taehyung apareceu carregando uma cesta de amoras. — Por que?
— Nada, Taehyung fofinho — Jaebeom sorriu um tanto vacilante. — Deus lindo do meu coração, te amo, te amo! — ele correu.
— Falso — revirei os olhos quando ele saiu correndo em direção aos ômegas que estavam machucados. — Viu? Ele disse que ia abrir uma reclamação no céu!
— Ele está com o cheiro do Youngjae — Eros constatou. — Eu aviso ou tu avisa que o alfa está o marcando com os feromônios?
— Deixa ele perceber sozinho, esse ódio dos dois aí não dá em nada.
— E tu? Vai falar com os ômegas novatos agora?
Olhei para frente e notei que existiam vários ômegas grávidos sentados em toras de madeira. A maioria carregavam ferimentos enormes nos braços, outros nas pernas, e eu tinha certeza de que era pelas tentativas de fuga que eles organizavam.
— Sim, como eles estão? — Eros me olhou conformado, suspirou e pegou uma amora. — É grave, não é?
— Eles estão traumatizados, Jimin. Não conseguem chegar muito perto dos alfas da matilha, e tiveram dificuldade para se alimentar durante a madrugada. Olhe que Yoongi é realmente bom com ômegas, tu sabes, mas todos se assustaram com a presença do gatinho, ele quase chorou de raiva pelo que fizeram com eles.
— Eles vomitaram — Seokjin apareceu parecendo afadigado. Seus olhos carregavam grandes bolsinhas arroxeadas, dando a entender que o ômega passou a noite em claro. — Não apenas os que estavam carregando filhotes, mas os outros ômegas também, eles não comiam a dias. Estão totalmente desidratados, assustados, machucados, e Eros estava dando um jeito antes de tu chegar.
— Curei alguns ômegas e mandei para o alojamento junto com Taemin, porém ainda tem vários, principalmente os que estão aqui em meio a aldeia.
— E os filhotes? Os ômegas que já tem seus filhos, onde estão os pequenos? — meu questionamento fez Seokjin enrijecer de imediato.
— Não encontramos nenhum — ele voltou a olhar ao redor. — A maioria só chora, não toca no assunto filhotes, e como existem vários ômegas grávidos, não faz sentido não existir sequer uma criança no meio deles. Acredito que os alfas mataram, ou enviaram para uma das quatro cidades a fim de treiná-los para serem soldadinhos deles.
— Ou servir como moeda de troca — Taehyung comentou aquilo que todos nós pensávamos. — Imaginei que se caso estivessem com eles, os lobos daquelas cidades poderiam usar as crianças como linha de frente quando fossemos tomar suas terras. Eles os colocariam sabendo que nós nunca iríamos machucá-los, e isso atrasaria o ataque, fazendo-nos voltar atrás.
Após sua fala, Jungkook apareceu ao lado de Namjoon que abraçou o esposo e o beijou, possivelmente esperando as próximas ordens do líder. Hoseok e Yoongi também se colocaram ao lado de Taehyung, e em apenas um segundo estávamos todos observando a movimentação da matilha que pareciam trabalhar juntos em prol dos novos integrantes de nossas terras. Tínhamos tanto o que fazer, que no fim, quase ficamos sem ideias por a mente estar cheia demais.
— Preciso da atenção de todos! — Jungkook gritou para que todos ouvissem, e demorou apenas alguns minutos para que todos se colocassem de frente para nós. — Todo mundo está aqui?
— Sim — Youngjae respondeu. — Alfas, betas e ômegas, todos estão ajudando os novatos.
— Certo — Jungkook respirou fundo e me olhou, esperando que eu começasse.
— Bom, para aqueles que chegaram agora, eu me chamo Jimin, Park Jimin, e eu sou atualmente o cônjuge do regente dessa matilha que é o Jeon Jungkook. Para alguns, além de ser um ômega lúpus, sou um Deus, espero que não tenham me esperado por tempo demais — os cochichos começaram e o nome Apollo era dito por todos. — Estou aqui agora perante a matilha para acalmá-los e passar algumas informações, porém, irei começar dizendo que todos nós queremos ajudar, e eu imagino de verdade o quanto deve ser difícil confiar em novos lobos, e consequentemente novos alfas e betas. Falo isso diretamente para os ômegas que foram resgatados, ninguém aqui os fará mal. Caso aconteça algo ruim ocorrer, peço que informem a mim, a Taehyung ou ao Seokjin que prontamente iremos resolver. Somos ômegas também, e queremos que tudo fique em paz porque desejamos de verdade criar um ambiente seguro para que todos possam viver.
Pausei esperando a reação de todos, e os ômegas que estavam sentados um pouco reclusos pararam de chorar, dando de fato atenção às minhas palavras.
— Iremos alimentá-los e lhes daremos abrigo. Poderão tomar um longo banho e descansar. E eu sei que estão pensando que isso é bom demais para ser verdade, mas acreditem isso é o mínimo, o mínimo que todos merecem, afinal, estão livres agora.
— E precisamos também falar sobre o ritual da lua — Jungkook completou. — O ritual da lua será feito para ligar a matilha inteira, ficaremos mais fortes, rápidos, pensaremos em conjunto em meio a batalha, e consequentemente servirá para que fiquemos mais seguros. O ritual acontece em duas fases da lua, na lua cheia e quarto minguante, e como a lua cheia estava no ápice ontem, iremos esperar a lua minguante que tem o poder que a Agnes precisa para selar o nosso pacto.
— Todos nós estaremos presentes em meio a floresta, ela precisará de um pouco de sangue de cada um, e após isso, estaremos unidos — conclui a explicação geral, e todos pareceram abranger a situação.
— Quando será a tomada de terras? — Baekhyun questionou parecendo interessado.
— Ainda não sabemos — Taehyung respondeu. — Precisamos primeiramente do ritual e enquanto esperamos a lua minguante, conversaremos com a Agnes para saber o que ela pensa sobre a invasão, quais são os pontos perigosos e também qual a maneira mais fácil de salvar a todos. Falaremos também com os bruxos que agora estão nas nossas terras, qualquer informação é bem vinda. E logo após termos preparado tudo, iniciaremos uma guerra.
— E o que faremos com os alfas e betas das quatro cidades? — Taemin que estava ao lado dos ômegas feridos, perguntou. — Eles irão fugir para alguma província? Outro país? Deixaremos eles em pune?
— Não — dei os ombros. — Iremos matá-los.
Com a minha fala todos os lobos da matilha começaram um debate muito alto. Pareciam chocados com a revelação, e também ansiosos, para não citar o medo que certamente estavam sentindo. Mas não adianta mentir para eles, afinal, teriam um papel muito importante naquilo tudo.
E apenas por isso, voltei a falar.
— Escutem, tenham calma — respirei fundo para tentar achar uma justificação mais fácil. — Não podemos deixar aqueles alfas e betas vivos, porque se eles foram capazes de tamanha maldade, significa que poderão fazer isso de novo em qualquer lugar que estejam. Eles machucaram os ômegas, abusaram, feriram os bruxos que são amigos da natureza, e ainda criaram um império como se eles de fato fossem alguma coisa. Esqueceram os deuses, pararam de serem gratos pela vida que tinham, então me digam, por que devo poupá-los?
O silêncio foi absoluto.
— Ares e Hefesto não ficarão muito felizes conosco, mas quem se importa? Se fosse para eles fazerem alguma coisa, deveriam ter pensado nisso antes, até porque eles tinham o poder de acabar com aquilo tudo. Fizeram? Não! — rosnei a resposta e todos concordaram com um balançar de cabeça. — Então nós mesmos iremos resolver.
— E digo mais, teremos bastante espaço para todos quando tudo isso acabar — Seokjin sorriu grande pela realidade daquele fato. — Quem quiser escolher ficar aqui conosco no Sul, Norte, Leste ou Oeste terá seu próprio pedacinho de terra. E quem quiser ficar por lá será da mesma maneira. Iremos nos separar quando chegar a hora, e todos terão um líder a quem seguir.
— Exato — Jungkook confirmou. — Irei liderar aqui onde estou, Norte, Sul, Leste e Oeste, e Namjoon ficará com uma das quatro cidades. Assim será com Hoseok e Yoongi, e também com Jaebeom. Chanyeol poderá escolher quando tudo isso acabar, estaremos juntos é claro, mas cada um em seus devidos lugares como sempre sonhamos afinal.
Ao fim daquela revelação, todos bateram palmas animados. Os alfas, betas e ômegas marcados se abraçaram pois finalmente teriam suas casinhas para que suas famílias ficassem seguras. Pude ver cada sorriso ao nosso redor, e aquilo me causou um certo frio no estômago, afinal, não era uma responsabilidade fácil. Os filhotes da matilha comemoraram também sem saber bem o que estava acontecendo. Mas precisávamos mesmo de uma alegria em meio a tantas dores, precisávamos vencer o quanto antes pelo bem de todos.
Os ômegas feridos receberam a cura pouco tempo depois. Taehyung fez questão de ajudar a todos sem que eu precisasse auxiliar em algo, ele queria se aproximar daqueles ômegas, e para ser sincero, nada melhor do que o Deus do amor para doar esperança para aquele povo que não tinha mais nada.
Jaebeom e Yoongi alimentaram cada um deles, mesmo que com receio. Eles tomaram cuidado excessivo para parecer inofensivos, e funcionou, todos até o fim de tarde conseguiram se alojar bem para que pudessem por fim dormir um pouco.
— Jimin — Seokjin me chamou quando sentei próximo ao riacho, em meio a floresta. Ele me seguiu no pôr do sol quando notou que eu precisava de ar, parecia apreensivo — Jimin!
— Oi — respondi quando o olhei. — Estava apenas apreciando a paisagem.
— Eu sei, vim avisar que as bruxas estão prontas para a conversa.
— Estão aqui?
— Estão vindo para cá — ele sentou ao meu lado deixando os pés bater na água fria da correnteza. — Espero que esteja bem após tudo isso.
— Estou e não estou, é uma confusão de sentimentos — revelei tristonho. — Tudo o que eu queria era os meus poderes e agora os tenho. Entretanto, não consigo parar de pensar que talvez eu devesse de fato deixar isso nas mãos dos Deuses, temo pela vida dos lobos de nossa matilha.
— Quem te disse isso?
— Eubin — voltei a observar os pássaros que estavam voando tranquilamente em direção a mata a dentro. — Ela não errou quando questionou os meus poderes, e eu não sei, sinto que após salvar a todos a guerra não cessará.
— Com os Deuses, não é? Pela morte de todos?
— Ares e Hefesto não ficarão felizes com isso, e eu definitivamente já senti a ira de um deles uma vez. Tanto eu, como Taehyung. Não foi nada legal.
— Eros? — Seokjin franziu o cenho. — Ele me parece tão audacioso. Desde que Taehyung recuperou a memória e sua força, eu nem consigo o reconhecer bem. Ele toma a frente das situações e sua voz é a última sempre.
— Ele passou por muita coisa, acredite, foi realmente triste.
— Acho que conheço essa história. Não é o lance com a psiquê?
Um sorriso brotou em meus lábios, e foi instantânea a nostalgia que senti.
— Eros é filho de Afrodite, a deusa do amor, um imortal. Já psiquê era uma jovem linda e encantadora filha de um rei, porém, mortal, assim como Yoongi e Hoseok. No entanto ela era muitíssimo bonita mesmo, de três irmãs, ela era como o sol. Formosa, amável, e sua alma era esmagadoramente bela, por isso, Afrodite com inveja, lhe deu um castigo. Ela jamais se casaria, precisava ser desposada por um monstro, e pediram para que seus pais a colocassem no topo de um rochedo para que o tal monstro ficasse com ela. Assim que ela chegou lá, zéfiro, o Deus do vento, soprou forte e ela foi parar em um lugar mágico, em um cenário de fato belo. Ela pôde ver um castelo feito de mármore e ouro, e logo adentrou no lugar descobrindo que tudo aquilo era de seu então esposo que parecia ser alguém carinhoso e gentil. Contudo, ele impôs uma condição, ela jamais poderia ver o seu rosto, se ela fizesse isso, tudo estava acabado.
— Ué, mas por que?
— Calma, vou chegar lá — sorri pela sua curiosidade. — Eros foi o encarregado de executar a vingança de sua mãe, só que ele acabou se apaixonando nesse processo, e para que ambos não pagassem com a fúria de Afrodite, ele resolveu fazer isso e ficar escondido com ela, uma coisa bem difícil de se fazer para ser sincero. Eles se amavam, tão quão a imensidão do céu, era recíproco, puro, calmo e doce como o amor deve ser. Mas um dia, psiquê pediu para ir visitar os pais, e mesmo com todas as advertências sobre isso, ela foi, Eros não insistiu mais e a deixou ir. O problema é que quando ela contou que jamais havia visto o rosto do marido, os pais e irmãs pediram para que ela quebrasse essa regra e olhasse para o esposo, e foi exatamente o que ela fez quando chegou em casa.
— E aí? — Seokjin já roía a unha.
— Ela ficou absolutamente encantada, porque veja bem, Taehyung ou Eros no caso, tinha uma beleza surreal. Se encantou ainda mais com o esposo, no entanto, como ela segurava uma vela para enxergar melhor, não notou quando um pingo acabou caindo sob o rosto do amado, e aí Eros notou que ela quebrou a promessa.
— Acabou a abandonando, não foi?
— Sim, ele a deixou.
— Certo, e aí? Acaba aí?
— Não — mordi o lábio sabendo que a parte mais triste estava por vir. — Ela vagou por muito tempo pelo mundo sendo castigada por Afrodite que estava furiosa por ela ter machucado seu filho. Sofreu bastante, até que Eros que também estava sofrendo demais, notou toda a dor que ela carregava, visto que a moça estava plenamente arrependida e por isso, acabou indo até Zeus suplicar pelo seu casamento. Pediu para que ele a transformasse em imortal, e assim foi feito, ela foi morar junto com ele no Olimpo, a alma — psiquê — e o amor — Eros.
— Que lindo! — ele exclamou quase chorando. — Mas.. eles terminaram?
— Não — dei os ombros. — Eros veio atrás de mim, e agora se apaixonou por Yoongi e Hoseok.
— Não, espera aí! — o ômega pulou ficando de pé e me olhou assustado. — Como assim não? Jimin, eles não terminaram? Tipo, ela ainda está no Olimpo e ele aqui com dois alfas?
— Eu não sei, imagino que não terminaram. Não tive oportunidade de conversar com ele sobre isso ainda, desci para a terra primeiro do que ele.
— Ai meu deus! — ele quase gritou. — Jimin, ele está esperando um filhote! Um semi deus, tem noção do que ela pode fazer agora que é imortal? E Afrodite, o que pensa vendo isso? E Ares, eles não sentiram ainda a presença do filhote?
— Eu não sei, não tenho resposta para isso ainda — apertei os olhos pensando agora naquele grande problema. — Vou conversar sobre isso com Taehyung depois, mas até aqui, eu nem sequer imagino o tamanho dessa confusão.
— E sobre ele ser imortal? Será que ele vai pedir a Zeus para que Yoongi e Hoseok se tornem como ele?
— Não é mais permitido — ao fim de minha fala notei que as bruxas e bruxos se aproximavam. — Vem, eles chegaram, conversamos sobre isso outra hora.
Seokjin concordou meio preocupado e caminhou ao meu lado até que estivéssemos frente a frente com todos aqueles que tentaram matar Jungkook. Eles pareciam arrependidos, e também, determinados a finalmente acabar com todo aquele ciclo de tormento.
Eu obviamente preferia uma trégua do que um novo combate, afinal, era certo que eles deveriam ter seus motivos. E bom, com certeza estava a fim de ouvi-los melhor.
N A R R A D O R A
Os lumes cor púrpura de Ares estavam paralisados conforme ele observava tudo o que acontecia na terra sem ao menos se mexer. Afrodite trajando roupas de seda branca, permanecia parada ao seu lado como se assistisse a algo terminantemente terrível, e de fato estavam, Eros carregava um semi Deus e estava na terra junto a Apollo.
— Não acredito no que os meus lindos olhos estão vendo — a Deusa do amor rosnou baixinho. — Aquilo é o teu filho? Como tu não notaste?
— Eu senti algo diferente quando o vi, mas não pude dizer se era ele ou não, acredito que ele escondeu a própria presença por todo esse tempo — sua voz era grave como um trovão.
— É? E iremos fingir que ele não está carregando um semi deus? Um semi deus, Ares!
— Ele não é teu filho amado? — o deboche estava presente em sua fala. — O que achas que devemos fazer? Matá-lo?
— Sim! — Afrodite respondeu. — Os dois, mate os dois, tanto Eros como o semi deus, ambos virão para o olimpo e tudo ficará resolvido!
— Faça tu, eu não irei me meter nisso, sabes bem disso!
— Oh, claro. Tu também vivias na terra engravidando todo mundo, diga-me, quem és tu para julgar não é?
— Ele está ao lado de Apollo, se matarmos, virão com tudo para cima de nós e sabes bem o quanto Eros é temperamental — Ares a olhou pela primeira vez durante a conversa. — Puxou a ti inclusive, lembra-te de quanto fizestes um inferno na vida dele?
— Psiquê está com outro a tempos — ela revirou os olhos — Esse lance de alma e amor não deu em nada, só a transformou em imortal para que ela o abandonasse de vez!
— Isso não me vem ao caso, estou mais preocupado com o filhote.
— Ah, não! — a deusa exclamou. — Não me digas que tu se importas com essa abominação? É um lobo! Irracional, estás louco?
— Meu filho parece muito racional agora, veja tu mesmo, ele está feliz — Ares observou as reações de Afrodite que acompanhava os movimentos de Taehyung na aldeia. — Está comendo bem e os maridos parecem cuidar bem dele, e-
— Desde quando ficastes tão mole? Os outros Deuses irão saber disso! E nós? O que faremos? Não irei me meter em uma discussão só porque Eros decidiu brincar de casinha na terra!
— Deixe-o em paz pela primeira vez nesta existência, mulher! — ele gritou e tudo tremeu ao redor. — Se ele quer ficar lá, então que fique. Obviamente retornará algum dia, e só então, tu poderá conversar com ele.
— Quem disse? — ela resmungou irritada. — Eu posso ir agora mesmo até lá, quer ver? Levo apenas um segundo.
— Afrodite, por favor não invente-
— Até mais, volto logo.
E com isso, a Deusa do amor, da beleza, da fertilidade e do desejo desapareceu como em passe de mágica, deixando Ares de boca aberta conforme um raio forte cruzava os céus até os prelúdios da terra.
O céu imediatamente se tornou cinza e uma grande chuva se iniciou assustando todos os ômegas recém resgatados que estavam em meio a aldeia. Jaebeom, Taemin, Yuri, e Youngjae foram rápidos em remover todo o alimento para que não se perdessem, já Hoseok e Yoongi foram até Taehyung que estava sentado próximo a uma árvore, comendo uvas e cansado por ter curado todos de uma só vez.
— Meu céu? — Yoongi o chamou quando o encontrou todo molhado.
— Tu podes adoecer, assim, Taehyung — Hoseok removeu o sobretudo, se agachando logo para passá-lo pelo corpo magro do rapaz. — Meu mar, queres nos matar de preocupação?
— Tão bonitinhos — o Deus sorriu grande pelo ato de cuidado. — Eu amo tanto os dois, tanto, tanto, que eu poderia entrar dentro dos dois, ou, espera.. — ele fingiu pensar melhor. — Quero ambos dentro de mim, acho que é melhor assim.
— Taehyung! — Yoongi gargalhou com a fala desbocada. — Se quer tanto, então venha conosco. Vamos para a nossa tenda, levante.
— Se Jimin mole daquele jeito criou um terremoto, imagine eu fodendo com os dois. Irei rachar a terra ao meio, que delícia — ele ficou de pé. — Estou com fome — o Deus fez biquinho. — Já comi até da maçã proibida e a fome não passou.
— Engraçadinho — Hoseok apertou-lhe o nariz. — Vamos, te darei cordeiro.
— Com batatas? — ele manhou e abraçou Yoongi, esse que deixou um beijo no topo de sua cabeça.
— Com batatas — ele sussurrou no ouvido do ômega. — Não deixe Hoseok saber disso.
— Ah, eu amo a minha audição — o alfa brincou recebendo uma revirada de olhos de Taehyung.
Os três caminharam despreocupados pela chuva até próximos a cabana onde viviam, isso, até Taehyung parar de supetão com os olhos arregalados.
— O que foi? — Yoongi o questionou assustado. — Está sentindo alguma coisa?
— Taehyung? — Hoseok o chamou e não teve resposta.
Os dois alfas resolveram olhar então na direção que o ômega tanto mirava, encontrando assim um raio forte cortando o céu, como algo extremamente sobrenatural.
— O que é aquilo? — Hoseok olhou para Yoongi amedrontado, esse que olhou para Taehyung esperando uma réplica.
Essa que não demorou a vir.
— É a sogra dos dois.
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Que saudadessss, voltei depois de séculos de bloqueio amém!
Eai, gostaram?
Segunda fase começou e vem aí meu deus, tanta coisa que eu nem sei como falar.
Quero agradecer a quem esperou, obg e desculpem real pela demora. Prometo voltar rápido dessa vez e irei deixar a data aqui: 15/04, tudo bem? Às 21h apareço, por favor aguardem ❤️
LIVE NO INSTAGRAM SÁBADO 30/04 ÀS 21H! ( mesmo @ daqui ein picsknjbr ) Vai ter spoiler do próximo capítulo pra acalmar o coração e também fofocas né fofocas.
Amo vcs obg pelos 250k, deixa o votinho se gostou ok
Bj bj bj
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