Capítulo XIV
Não compre para si uma guerra que você não tem certeza de ganhar uma batalha sequer[...]
Ciar
O castelo nas terras medias de Biofortes, as três colunas poderosas e o dragão incrustrado saltavam os olhos dos observadores. As câmaras de treinamento, doutrina e silencio era graciosas, nada de assustador. Ciar sentia a leve brisa colidindo em seu rosto quente. Observava as runas a sua frente e os umbrais ao lado, tudo estava belo, e repousava uma necessidade de descansar. Até que o barulho de latidos interrompeu o seu descaso. O mundo estava o chamando novamente.
Uma flamula ao horizonte, não conseguia enxergar o que era, apenas balançava freneticamente.
— Senhor, um nobre vem ao seu encontra e jura pendurar a sua cabeça na parede das salas dos ornamentos da família Lykaios. — disse um rapaz que tremia, tinha uma espada nova na bainha e pouquíssima experiencia com batalhas, como a grande maioria dos homens de Ciar.
— Fale baixo, não quero despertar a minha esposa. — disse fazia um Xiu expressivo. — Esse senhor não e primeiro que prefere palavras torpes ao meu respeito, o vento tem avisado há muto tempo. — o mago negro solicitou que o exército recepcionasse com muito carinho o nobre que vinha de muito longe. Que o recepcionasse com o aço.
E assim foi feito.
A chuva de lanças irrompeu os céus azuis, a armada de Lykaios já sentia que essa seria a respostas aos gritos de repudio à Ciar.
A armadura cintilava, os olhos à mostra, um ódio que chacoalhava o coração do nobre, que sentia as mãos viscerais, tremendo em frenesi. Hoje cumpriria a missão de "se há muito magos negros, que eu destrua as colunas."
Um sorriso se formou dos músculos rígidos da face de Lord, que sentia a massa sendo transpassada pela sua lança, nada de magia, sentia que algo estava errado, nada de cobras flutuando, escuridão. Apreensivo se pegou conflitante se poderia aquilo ser uma ilusão. Deixou de estar temerosos sobre isso quando viu a perna de Gkork voar. Aquilo era de seu amigo, estava temeroso de ter na verdade reunido homens para um cortejo agorento.
Muito sangue, cadáveres sendo lançados para o alto, parecia um grande extermínio, um corpo estava preso em sua lança. Lord desvencilhou os pés da montaria e chutou o corpo do inimigo, como se fosse nada, uma vez, duas e três, o corpo estava preso, mas não resistiu a um quarto chute. A massa de carne caiu seca, sem rosas. O cavalo de Lykaios começou a chorar, e a dar saltos. Um guincho bestial fluiu do animal.
Impossível, o garoto havia dito que o mago negro era um ser de curto alcance, tendo a sua magia explanada através de objetos.
Ele estava enganado.
O chão havia se tornado em uma massa de enxofre e chamas que corroeram as ferraduras dos pobres animais.
Era uma armadilha. E Lord Lykaios caiu. Se sentia um rato. Até que a chamas no chão sumiram, deixando apenas o cheiro de corpos queimados. O estomago do nobre doeu. Ele se encolheu e se soltou do cavalo que estava caído com as patas destruídas. Sentia um fluido queimar seu estomago até que simplesmente vomitou tudo que havia comido naquele dia. Seu alforge, seus instrumentos e sua lança se tornaram lixo, sua armadura lixo e suas roupas apenas cobriam uma vergonha que com os seus tentáculos ácidos batiam em seu cenho.
— Apenas um tolo compra uma guerra sem se assegurar de ganhar a maioria das batalhas. — a voz gutural do mago negro foi o encerramento precipitado de um nobre que subestimou seu inimigo. Ciar não era um monstro, ele era mais poderoso que isso.
As batidas fracas da água em seus ouvidos. Foram a primeira coisa. O farfalhas das folhas, a segunda. Lord Lykaios abriu os olhos e viu que estava em uma espécie de redoma, havia pequenos animais ao seu redor, pios e cantos dos pássaros preenchiam o campo. A luz da estrela estava turva e chegava até as folhas, ele não entendia aonde estava, não tinha seus companheiros ao lado e uma dor bateu em sua cabeça. Os amigos estavam possivelmente mortos, agradeceu a si mesmo por não trazer o jovem mago negro para aquela missão. Não queria ter mais sangue em suas mãos.
Todo o lado direito do corpo latejava, tentou respirar direito. Uma dor bateu em seu peito e ele tossiu. Engasgou-se. Se sentia atordoado, mas estava vivo. Por que?
Rolou de costas no musgo, na lama e nos gravetos apodrecidos, arfava com os dentes trincados. A dor o torturava, não conseguia se sustentar em suas pernas então, engatinhou até à beira daquilo que julgo ser um poço de água, bebeu, bebeu como se a sua vida dependesse disso.
—Dói o fardo de ser um tolo? — uma pergunta veio. — poderia estar agora em seus adornos com os seus servos bobos lhe paparicando, mas preferiu cruzar os meus campos como um tolo. Deveria ser orgulhar de tamanha petulância e ignorância.
— Eu sou um tolo, mas acreditei em uma causa... — Foi interrompido.
— Uma causa justa? Nobre? Digna de um aristocrata? Você é tedioso Lord, você já tomou sorvete? Saiu com seus filhos, pretende ter netos? O luxo da petulância é que ela não se importa com o futuro.
— Você não me conhece!
— Mas minhas horas vagas, em que ano sou um monstro que come criancinhas, eu me autorizo a ser um oraculo. Respostas fáceis à perguntas difíceis.
— As suas palavras são de alguém que nunca viu nada atras desses portões. Você é vazio por dentro desse manto.
— Não sou não, ultimamente tenho engordado, minha esposa tem uma receita de torta, digo para ti. Toco no paraíso todos os dias por culpa aquela mulher.
— Não é justo um monstro que nem você ter uma família, enquanto milhares de pessoas morrem na escuridão, por culpa de um regime autoritário... — foi interrompido novamente.
— Que eu não criei, não são milhares, nobre tolo, tolo nobre. São milhões e não, eu não choro por essas almas de Nis translucida sem escolhas. — a mente de Ciar vislumbrava as crianças sem sombra das terras baixas chorando e aquilo não foi generosos de se lembra. Os pequenos corpos sem expressão. Olhos vazios. A boca babando e o medo. Que medo era aquele.
— O que aconteceu com os meus homens? — o nobre estava temendo a resposta.
— Não estão mortos, ainda. — disse tomando um ar, por trás da redoma. — você tem que cooperar comigo.
— Nunca irei cooperar com você, anátema. — Lord vociferou. A lateral do corpo estava coberta de hematomas. Manchas azuis e arroxeadas sobre as costelas. A queda do seu cavalo havia custado muito de si. Sua perna estava um horror.
— Olhe para esse quadro de si mesmo. — disse com escarnio, Ciar sorria. — todo sujo e aos frangalhos.
A perna estava um horror, rasgada e sangrando, sentia algo subindo pelas suas veias. Algo intravenoso, cuspiu uma lama nojenta. Cuspiu novamente. o frio na espinha e o suor escorria.
A única coisa que tinha era a faca presa na bainha de seu cinto. Mas a dor no corpo era explosiva. Ela subia e descia.
— Você não bebeu a água, né? — uma risada de escarnio fugiu dos lábios do mago.
O nobre empalideceu.
Via uma tora grande entre quatro arvores e no meio delas, Ciar lançando para cima e para baixo os amuletos, e ria.
— Pensou que eu canalizava meu poder nessa pecinhas? Todos pensam isso, deveria se assegurar de que tens bons mensageiros e informantes. Uma vez eu escutei de uma jovem camponesa que havia a lenda de um nobre que torturava magos negros em busca de informações daquilo que ele julgava serem os pilares da grande associação maligna da distribuição leviana de magia. Eu ri, você não faz ideia do quanto aquilo era engraçado. — parou de lanças os objetos. — matou quantos? Qual o número correto de assassinatos para deixar de ser bom? É matando que se prova a verdade? Tenho pena da sua geração.
— Pare... — não conseguia falar, Lord vomitou novamente, a mão que estava colada na bainha congelou. Uma careta decrepita foi desenvolvida em seu rosto. Nada parecia com o homem imponente das terras altas.
— Vai morrer, Lord, o senhor vai morrer sufocado. — guardou os amuletos. — ou podemos fazer um acordo.
A garganta do nobre fechou.
A batida desesperada de sua destra no chão enfatizava que iria morrer. O mago disse poucas palavras e Lykaios voltou a respirar.
— Temos um acordo? — Ciar devolveu a pergunta.
— Que tipo... — tossiu mais uma vez. — que tipo de acordo?
— Não irei te matar. Se... — o mago parou. — se alguém da sua geração morrer por você, escolha. A sua vida ou a do futuro lorde das suas terras; lembrando que sei da sua importância e que sua vida é valiosa no conselho dos homens. E antes que pense em usar suas magias, devo alertar que eu controlo tudo nessa redoma. — as mãos se fecharam e os pequenos animais começaram a grita e em segundos incharam, expandiram e explodiram. As vísceras, a terra morta com as suas camadas marrons assustou o nobre.
— Eu aceito o acordo. — sussurrou com repudio. Lord Lykaios foi humilhado.
— Desculpa, tenho uma idade avançada e não escuto muito bem. — disse cuspindo e dando um brando sorriso.
O nobre cambaleou, mas manteve a compostura. Um homem humilhado.
— Eu aceito a sua proposta.
Ciar sorriu.
— Repita comigo então: Eu sou um humano miserável que entrei nas terras de um deus.
O nobre vacilou.
— Eu sou um humano miserável e entrei nas terras de um deus.
Um homem muito humilhado.
As dores se dissiparam e o nobre sentiu as forças dos seus membros voltarem, a redoma desapareceu.
A ilusão era real demais, o poder daquele mago negro era absurdo, similar ao de deuses e mais poderoso em esplendor que o de demônios.
— Em breve um dos seus será morto por um mago negro, me lembro sempre de cobrar as minhas dívidas. — Lykaios enrijeceu entristecido por ser um devedor, ia contra os princípios, mas um covarde não precisa de princípios, mas sentia a sorte, a sorte para sobreviver, é assim mesmo.
Saiu do meio do campo, das terras de Ciar, vasculhando o chão, estava suspeitando de um anova investida. Nada. Nenhuma camada quente, nadinha. No chão havia apenas a sua armadura, espadas, lanças, adagas, bolas de enxofre, cajados, punhais e ferro. Um entulho de corpos na entrada. Muita carne para queimar. Ciar havia sacrificado tantos por tão pouco, apenas para gritar para um nobre que ele, o grande mago negro, era poderoso.
Com a sua camisa surrada, rasgada e seus braços cheios de cicatrizes. Encontrou uma bolsa caída, deveria ser de um dos seus homens, disforme, no mato ali perto, o conteúdo espalhado. Agachou-se com dificuldade e colocou tudo dentro. E seguiu, sem cavalo, armadura e sem seus amigos Arquilanos. O povo do aço, tantos anos comendo prata por ausência de comida que desenvolveram uma pele azul e poderosa, mas viviam tão pouco. Tudo tinha o seu preço. Tudo, e Lord Lykaios entendia isso como ninguém, agora.
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