Capítulo VIII

A música é a alma do universo e por ela fomos todos ligados desde o início dos tempos[...]

Lana Kania

Lana sempre buscou respostas à tolice de seu pai e a morte prematura de sua mãe, a canção de um futuro escuro em uma caverna úmida e sem luz. A epifania intoxicava cada membro do seu corpo, que presa em devaneios olhava para cima, debruçada em um sofá de couro. Objetificava cada detalhe do seu trajeto e sentia que necessitava de mais. Cresceu e teve uma característica que se tornou intrínseca, a de ser gentil. Não havia em toda a cidadela, campo ou castelo alguém mais gentil que a hibrida.

Brandamente se lembrou da peça hispânica que tinha visto com seu pai, poucos personagens, muitos conflitos e um roteiro fácil. Como meu pai chamava? Sainete. Isso.

As visões a golpeavam, lembrava-se do sol crespando lhe o rosto em uma tarde que parecia infinda e as mãos dadas com as mãos fortes e repletas de calos de seu protetor, que embora não fosse o melhor, as vezes demonstrava interesse em estar junto de sua pequena menina, que crescia, até que as questões acabaram sendo muito densas e que conceberam atritos entre ambos.

A necessidade de ser aceita entre os homens ou demônios a tronavam cada vez mais distante de quem ela de fato era. Um quadro do eu sou o que você quer que eu seja.

O silencio taciturno, somado a veia pulsante em suas têmporas em meio ao pensamentos de seu passado, tornavam o cenário melancólico. O magnetismo que subia em sua destra fazia com que observasse cada garra de suas mãos, os dedos virtuosos e um sorriso chocou em seus lábios.

— Gentileza pode gerar gentileza, quando quem lhe serve a mesa não é um monstro. — os sussurros de uma jovem lacônica.

— Não vejo nenhum monstro neste recinto. — sibilou Rowan com o gato de Haskel em seus braços.

— Na verdade você não vê coisa alguma, Rowan. — disse não percebendo a gravidade de suas palavras. Um teatro de reações foi visto logo em seguida.

— Ai que você se engana, minha jovem. — disse com a voz mansa e com o tom de sermão, mas sermões não eram o forte do jovem.

— Eu adoro gatos, mas as vezes os pelos entram no meu nariz, por motivos que não sei, eu espirro como se não houvesse um amanhã. — disse soltando o pequeno gato em direção a Lana.

— Eu vejo muito, por isso sou completamente apaixonado pela sua essência, Lana. E a essência é algo difícil de manter tão pura quanto a sua. Se orgulhe disso.

Lander Rugder um bardo proeminente que era conhecido como o melhor com a sua viela de cordas, caminhava em frente ao lugar onde os nobres revolucionários ficavam, a parede íngreme e cheia de retalhos era algo grandioso para um povo que se acostumou ao frio das ruas e as penumbras que por serem constantes não era nem mais lembradas, a frente não possuía nada chamativo ou presunçoso, apenas pequenas lojas ao derredor e ali mesmo decidiu tocar, as cordas friccionadas, semelhantes aos violinos dos nobres, com a manivela aparentemente de madeira, com os teclados amostra, onde rigidamente colocou a sua mão esquerda, a manivela sendo segurada levemente pela sua destra, o instrumento tinha seis cordas e o homem conseguia tocar com facilidade as cordas no tom que desejara, os olhos se fecharam e foi conduzido aos cântico provincianos dos plebeus que tiveram a sua sombra destituída de si e foram jogados ao opróbrio.

— Parecem palmas. — disse Rowan, que escutava o som das vozes reunidas e o estalo de palmas. — devem estar aqui na frente.

— Queria que tivéssemos um bardo em nosso grupo, as vezes sinto que nosso fardo se torna mais pesado pelo simples fato de levarmos tudo isso sério demais. — disse temerosa com o que essas palavras poderiam causar.

— Vamos ver? — questionou Rowan, que abruptamente pegou o gato no colo. — Vamos?

— Sim! — falou um pouco mais alto do que imaginava. O sorriso foi generoso e recebeu a resposta com a friccionar dos músculos do rosto de Rowan, que embora não enxergasse o cenho de Lana, imaginava que exibia um fabuloso sorriso.

As vinte e três chaves eram usadas pelo jovem bardo, os dedos fumegavam, o suor goteja de sua fronte, o sorriso humilde de um garoto simples, com as bochechas rosadas e com salientes sardas e uma covinha. Os olhos profundos em um tom verde esmeralda que por muitas vezes se fechavam. Isso que é música de verdade, Lana. Os pensamento de Rowan foram levados para distante de todo mar de lama e estrume que se sentia, realmente a música aliviava o que era penoso e os fardos se tornavam mais leves.

Os olhos de Lana ficaram gravados na mão que conduzia a manivela.

A roda girava, as cordas tremiam e emitiam um som melodioso com um arpejo divino.

O Pirata George Cara atracou em Biofortes, deixando as pequenas crianças a encargo da Igreja de Andromeda, ao observar as runas do local, seus olhos ficavam impressionados com o número de símbolos, uma dor se estalou em sua escapula, cerrou os dentes.

—Está tudo bem? — perguntou uma das religiosas que tomavam conta do local. — quer um pouco de água? — disse exibindo um sorriso espontâneo, aquela mulher era genuinamente boa, foi o que a mente de Cara deixou instalado em sua primeira impressão.

— Não, está tudo bem. Obrigado! — disse e observando seus homens de cócoras olhando as descrições, sibilou. — Esses símbolos? Eu sempre me questionei qual era a função deles aqui. Parece ser bem religioso.

— É o idioma Autocortico, impronunciável por cascas humanas.

— Que interessante, tem alguma ideia do que quer dizer isso? — apontou para as linhas transversais com uma estrela.

— Não, meu senhor, ninguém aqui sabe. Foi nos deixado por anjos.

— Como assim? Vocês não sabem?

— Por não sabermos, tornamos essas runas divinas. — disse sem ser desdenhosa e sem receios. Cara realmente gostava dela. — A lenda de Oxumut diz que em breve entenderemos as marcas na pedra, e que virá um prometido que nos guiará pelos caminhos verdejantes e vales que manam leite e mel. Esse gosto de fel deixado pela impureza de nosso pecado antigo, não preenchera mais a nossa existência. — disse com os olhos esperançosos.

— Que a sua esperança conduza essas adoráveis crianças a um caminho que eu jamais conseguiria guiá-las. — disse virando-se e com um assobio acompanhado por um sinal, todos os homens de Cara saíram do local.

— Você é um bom homem, Cara. — disse a religiosa.

— Digamos que eu prefira ser o homem mau com boas atitudes.

Raika Weber, era uma bela mulher, que acreditava em diversas coisas. Em fadas nos jardins belos, nas constelações e seguia a ideia de dias melhores. Tinha a língua afiada e cortante. Aumentava o tom esporadicamente e dizia que as suas orações eram a sua primeira arma. supersticiosa e digna de bons risos, risos controlados, não se ria com fervor de Raika Weber, isso com toda certeza não seria algo sábio. A mulher dos goles insatisfeitos em uma cerveja, da fala arrastada ao concluir seus tão cobiçados três copos. Ria de suas próprias piadas e seus seguidores, tinham que superar todas as circunstâncias para controlá-la.

— Os coelhos das terras altas põem ovos! — disse sorridente para o grupo de Zajac.

— Eu não sei se essa informação procede. — disse olhando para os lado em busca de respaldo, embora bela, a mulher dava calafrios em Zajac.

— Você está dizendo que estou mentindo? — cerrou o cenho. Uma careta emergiu de sua face.

— Não... digo. — parou para refletir em suas próximas palavras. — talvez eu ainda não tenha tido a honra de ver um desses.

— Você está perdendo, meu rapaz. Você está perdendo. — disse a frase e completou. — rorororo. — a risada de Raika era bem estranha. É assim mesmo.

Zajac ficou imaginando se a mulher não era a típica presença débil que tropeça na própria espada, mas que em discursos enfatizava a diferença do fio da espada para a ponta.

Todos se olhavam atentamente, os albatrozes bicavam os restos de um animal no chão, a cena lacônica fez com o pistoleiro, com as mãos com os pergaminhos, pedisse uma oportunidade para conduzir um plano. O mago negro não estava lá. Apenas os seus homens, Raika, uma criança e um homem sinistro ao lado da mulher. os albatrozes voavam em círculos e crocitavam vitoriosos de sua luxuosa refeição.

Haskel e Janel já estavam de pé e aguardavam pelo pagamento do nobre, que andava presunçosamente e parecia os guiar para lugar algum, ainda se segurando firme entre os pés que estavam abruptos em movimentos inconstantes, Haskel percebia que algo não estava cheirando bem.

— O que vocês acham da sorte de todo o ouro? De uma estatua em peso real em sua faixada? — disse o homem que preenchia todo o salão com os seus olhos.

— Queremos apenas aquilo que nos foi prometido. — disse Janel. — nada menos que isso, se quiser nos agraciar com mais, não iremos questionar a sua bondade, senhor. — disse a jovem que visivelmente havia interpretado o sinal com as mãos que Haskel havia lhe enviado.

Tirou a pequena adaga que estava em seu cinto, primeiro golpeou com o lado sem corte, batendo na glote do homem. Sentiu algo frio e duro, assim como a nobreza, em seu pescoço. Tirou a adaga e bateu com a parte de fora da mão no mesmo local, ele nunca havia sentido uma dor como aquela, guinchou feito uma chaleira fervendo. Retorceu o seu tronco, vociferou palavras. E ao tentar agarrar a jovem pela camisa, sentiu um estalo que o fez cair de joelhos.

— Por favor, queremos apenas o que nos prometeu. — disse Haskel. — estou com saudade do meu adorável gatinho, e você está me fazendo perder meu precioso tempo.

O nobre percebendo que não havia como recorrer de suas promessas, deu o que prometera, e pertinentes, roubaram algumas joias e uma pedra que não sabiam se Aillard tinha em sua gloriosa coleção de pedras.

Todos os furtos foram distribuídos aos pobres e famintos da região de colossos, a primeira área depois das terras medias, um caminho que se alterava entre o seco ao úmido com uma facilidade.

Can estava de cócoras na penumbra fétida, passando os dedos nos machucados que latejavam e os cortes em carne viva, nas cascas que já estavam começando a aparecer e no quanto era agraciado por não ter um coro cabeludo. Tremia em frenesi e conseguia ouvir os gemidos e lamentações de seus irmãos.

— Vamos ficar bem. — repetia e repetia, para seus irmãos e para si mesmo. O que realmente sentia ser o mais importante. — não se quebre, Can. — falava para si em um breve sussurro.

Era estranha a sensação de como um guerreiro poderia ser transformado em um mero animal. E observou seus irmãos ao seu lado. Ele conseguia ver as correntes que o ligavam. Compartilhavam a comida, o infortúnio, as glorias, os golpes, as chuvas e até mesmo o óleo das engrenagens. Can não poderia ter irmãos melhores em todo o mundo ele se sentia feliz com isso. Embora a dor excruciante de suas feridas o fizessem soltar um maldição a cada cinco minutos.

Zajac caminha à frente do grupo, estreitou os olhos na direção da cidadela, a mandíbula retesada de modo doloroso, olhava para os céus, buscando uma forma de poder esconder os animais sacro cantos de Zoe, e como poderia matá-los e incriminar os malditos magos negros. Se sentia em uma provação, o que mais era possível de se fazer para mostra ao mundo o seu valor?

Raika Weber, autoproclamada rainha dos pequenos, famosa mercadora, amante displicente e para si mesma a melhor mãe de todo o planeta. A imagem da mulher bêbada e dormindo nos convés de seu barco fizeram Zajac cair em gargalhadas.

— Do que está rindo, senhor? — perguntou a humana que agia como uma guia e estava fazendo horas extras para o Tielfling.

— Apenas me lembrei que estou dignamente fodido.

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