Capítulo I

Se todos puderem contemplar os raios de vida que fluem da estrela que está sobre nós, ai sim sentirei que de fato a revolução valeu a pena[...]

Agnes Nowak.

- Aillard! Você não enjoa de ficar admirando essas coisas aí? – sibilou sendo seguido de um bocejo que fez com que Agnes tampasse os lábios com as costas das mãos.

- Isso não é uma pedra comum. Essa é a pedra! É um cristal de Clinoclase. Essa cristalização é uma das coisas mais poéticas que já vi com esses dois olhos maravilhosos e muito experientes. – levantou os cristais que lembravam belos ouriços azuis. – A Clinoclase, é um mineral, composto de cobre e arsenato. – disse dando leves tapas no ombro da líder dos nobres revolucionários. Que sentia um certo receio da palavra nobre que antevia, mas nada a irritava mais do que os olhos levianos que Aillard às vezes se inclinavam para ela. Aqueles dois brotos escuros e sem vida, mas observar o arquear das sobrancelhas, sabia que o sorriso altivo do rapaz tinha um objetivo.

- Posso levar para a minha coleção. – e novamente ela estava certa. Os gracejos tinham por objetivo aumentar a sua coleção de pedras valiosas. Os olhos amarelos do rapaz foram fixos nos olhos castanhos da mulher.

- Tudo bem, tudo bem. Mas você sabe que estamos aqui em uma missão e que essa sua pedrinha é um luxo que se eu pressentir que possa nos atrapalhar, eu prometo que jogarei bem longe. – disse em um tom menos amistoso.

- Tudo bem, chefe. Mas como você mesma disse. É apenas uma pedrinha. – estavam na frente de um riacho que cortava o caminho para a casa de Tyrus, um homem que tinha o pergaminho de Ergus A'niesk, um Halfling que estudou as magias dos elementos, havia uma notícia que aguçara a curiosidade de Agnes. Dobrar sangue. Aquilo lhe tirou o sono. Era um trabalho para um cliente do reino alto que prometeu pagar com numerosos tesouros que poderiam ser distribuídos aos cidadãos das terras de baixo. Mas o sentimento de espiar as folhas lhe fazia suspirar. Preciso muito ver a possibilidade disso. E exibia um sorrisinho que poderia ser interpretado como uma careta

- Mimimimi. – e tremia os ombros. O corpo se inclinava para frente para trás. Dando pequenos saltinhos.

- Eu nunca vou me acostumar com essa sua risada medonha, chefe. – disse o rapaz com as mãos cheias da pedra azul. Colocando em seu saco laranja que ao completar a sua pequena tarefa, ao estalar os dedos o objeto sumiu. Aillard tinha suas manias e era trajado de poderes, e um deles era alocar tudo que roubava dentro de uma dimensão que ele chamava de Airbus.

- Tenho medo disso ter parado no seu cu. – disse Agnes que voltou a dar as risadas assustadoras.

- Acho isso meio petulante, mas pode ficar tranquila que nada disso está em regiões impróprias. – disse gesticulando com as mãos e ao observar que a lua estava cheia apontou. – Eu sinto inveja dos cidadãos daqui de cima, a época que eu... – suspirou e logo desistiu de completar.

- Que você morava com os seus pais? – completou, Agnes deu um leve tapa nas costas do rapaz. – Sinto muito, e prometo que colocaremos as mãos nos malditos.

- Obrigado. Agora precisamos ir. – disse saltando para frente tropeçando entre as pedras e tentando evitar os pensamentos que sempre apareciam. A saudade de sua mãe que era pacífica e sentimental, de seu pai forte e com a hombridade que nunca conseguiria alcançar e a voz aguda de seu irmão que sempre o lembrava que deveria cuidar dele. E ele não cuidou. A raiva era a fiel companheira de Aillard; que exibia pequenos movimentos espasmódicos que surpreenderam Agnes.

- Está tudo bem, mesmo? – questionou.

- Está sim. – respondeu Aillard.

E assim seguiram, a maçã do rosto de Agnes estava nitidamente avermelhada. O som da respiração ofegante fez com que o seu parceiro observasse cada detalhe e percebeu que as mãos da líder estavam sangrando. O polegar estava tremendo e ele não entendia como era possível ela não perceber.

- Isso parece ser profundo, estende a mão. Deixe-me cuidar disso. – disse se aproximando de Agnes que apenas desdenhou do auxílio.

- Ah. Deve ser os nervos. Devo ter cerrado o punho e a unha acabou indo para o lugar onde não deveria. – disse arfando, tentando esconder o cano da pequena adaga que era coberta pela manga longa de sua blusa.

- Eu tenho uma magia de cura. Estende as mãos e eu irei te curar rapidinho. – disse abrindo um grande sorriso.

- Está tudo bem. – disse tentando manter o tom solene, mas o esforço a fez cuspir.

- Você está sangrando faz tempo?

- Eu não sei, você foi o primeiro a perceber. – disse virando os olhos.

- Hey! Eu sou um idiota, você está marcando o caminho para a fuga. Eu li que essas terras têm uma magia. Como era mesmo... – se esforçou para lembrar. – Labirintus. – exibiu um sorriso mentiroso e sua mente suspirava após o seu blefe para realmente entender a gravidade do corte.

- Isso. Por esse caminho mesmo. Tem ficado bom em compreender as coisas. Meu sangue maldito vai nos ajudar dessa vez. – disse suspirando. As têmporas eram cruéis consigo.

O rapaz sabia o preço da vida eterna de Agnes, embora invejasse o fato do "viver para sempre" se assustava ao perceber que nem toda magia de cura era suficiente para aliviar as dores de cada corte, batida e atrito, o que sentia um tanto quanto cruel, seus olhos gravaram em sua chefe. Pediu a adaga que estava na mão machucada, os olhos de Agnes não previam o que Aillard pensava em fazer. Ao estender a mão com o corte a fim de passar adaga. O cabo estava coberto por sangue e estendeu a mão de Aillard. Na delicada viu o rasgo acentuado. Aquilo realmente na era um simples corte. o machucado era diagonal e atravessava entre o dedo mínimo e o anelar. A palma da mão estava encharcada com o sangue, cobrindo as linhas da palma. O ferimento seria mais grave se ela não segurasse a adaga, mas por sua vez não haveria corte se não fosse pela maldita arma. As convenções batiam em sua cabeça

- Me sinto mal, Você sempre se sacrifica para terminar essas malditas missões.

- Não faça isso! Vamos continuar andando, não quero me perder nesse labirinto maldito. – foi ao estender a voz que sentiu um impacto em seu tórax, era um a garota negra de menos de um metro e meio. Os cabelos presos e os olhos marejados. A respiração descompensada fez com que Aillard se atentasse e se aproximasse da garota que fugia o seu rosto dos olhos amarelos e que parecia dois faróis acesos. Ele tentou tocar no ombro da garota que se esquivou e reforçou o abraço em Agnes, que por sua vez não compreendia. E instantaneamente decidiu tocar levemente nas costas da criança.

- Guarde essa adaga. – sussurrou para Aillard. "Realmente. Grande e forte e com uma arma. faz sentido ela ficar com medo de mim"

- O que houve com você, princesa? – disse Agnes com uma voz suave e compreensiva. – estamos aqui e podemos te ajudar.

- Estou fugindo! Aquele home me maltrata e abusa de mim. – disse chorando. E dando margem aos soluços.

- O barão Ernes. Ele tem me mantido... – inspirou e expirou. – presa, como uma escrava de seus desejos.

- Eu definitivamente vou matar aquele velho! – vociferou Aillard. – Era apenas um roubo... – deu pequenos tapas na fronte. – Mas agora se tornou pessoal.

- Fique aqui, mocinha. Iremos até a mansão de Ernes e lhe garanto. – abriu um belo sorriso. – você estará livre hoje.

- Obrigada. – disse a menina que exibiu um sorriso ameno. – Vou esperar vocês aqui. – e observou o caminho de sangue que se estendia até Agnes.

- Isso, fique quietinha e acredite que podemos te salvar desse monstro. – disse Aillard que tentou fazer uma caricia no queixo da moça que simplesmente deu um passo para trás. O homem corou, mas logo indicou para Agnes que eles deveriam prosseguir.

E assim seguiram.

- Crene, eu estou pilotando a porra do barco. Temos um trabalho dos grandes para o barão Ernes. Aquele gordo nos disse que precisávamos proteger eles dentro das próximas quatro noite... Isso. A porra da lua cheia. Esses caras são pura superstição... Sim. Exatamente; nasceram em um berço cheio de pedras preciosas e com a maldita sombra! Não é nada agradável ter que me camuflar como entulho nas coisas do Max... Eu o grande pirata George Cara! Porque não tenho a maldita sombra... Isso, meu jovem. Eles me barrariam nos países de baixo. Os oceanos são um para todos. Embora lá seja bem sinistro de navegar. E as bestas daquele lugar? – disse o Pirata que comanda a sua singela tripulação de oito homens. Puxou o coldre pra si enquanto mantinha o comunicador com a mão esquerda, apenas observando as ponderações de Crene. A arma tinha o bloco da culatra aberto. Nada de balas. Vociferou por todos os demônios e magos negros que conhecia, e até pelos que tinha inventado na hora.

Os olhos passeavam pela agulha que estava apontada em diagonal para a sua esquerda. Estava rodeada de informações. Uma giro bússola. Sua fiel companheira de jornada.

- Vou atracar agora, Crene... é obvio que irei em uma terra não tão próxima da mansão. – disse colocando a arma no coldre. – Ele me prometeu muita coisa com esse serviço de segurança. Um deles é um prisma de Calial... Você sabe. Com cem dessas belezinhas em breve terei uma sombra... Eu sei que eu poderia conseguir uma com magia, mas EU SOU A PORRA DE UM PIRATA. UMA VEZ A PORRA DE UM PIRATA. SEMPRE! – os tripulantes se esforçaram para não rirem de seu comandante.

- Alguém poderia me dar algumas balas. Tom sem nenhuma munição. – disse suspirando e por um breve momento esqueceu que estava em linha. – Opaaa. Crene. Agora preciso resolver algumas questões. Até breve, meu amigo.

- Podemos atracar no momento que o senhor quiser. – disse por um balbucio grotesco. Ypis tinha poucos dentes na boca.

A garota observou Aillard e Agnes se afastarem e então decidiu passar os pés na marca de sangue com o intuito de apagar o máximo das marcas. O sorriso de crueldade se estabeleceu em seus lábios. E uma careta nefasta foi exibida.

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