Capítulo 23. Se despedir desse amor, desfoca a distância e o tempo

Como estão peixinhos? Espero que estejam bem!

CAPITULO 23:
Se despedir desse amor, desfoca a distância e o tempo

Ω . Ω . Ω . Ω

Quando acordei, Raiju estava de costas para mim. Aos poucos me orientava de tudo em volta, da grama, as árvores de folhas verdinhas, muitos arbustos e sons de animais como pássaros e grilos.

O calor do verão já caia sobre nossas cabeças e o sol recém começava a dar anúncio de sua chegada.

— Onde estamos? Fora do palácio? — Sentei-me com as costas doloridas.

O ferimento estava fechado e limpo, só o sangue manchava as roupas, Raiju deveria ter tratado.

— O que estava passando nessa cabeça, pirralho! — Raiju se virou com suas presas a mostra.

Nunca havia visto a dor em seu olhar dourado.

— Você poderia ter morrido! Ao menos poderia ter me dito qual era sua ideia e te ajudar, da próxima vez eu mato você antes disso!

Claro que ele sempre impediria, Raiju era superprotetor.

Sorri para ele e a máscara de sou brabo caiu no mesmo instante, ele suspirou alto com as mãos no rosto.

— Desculpe... — balbuciei. — Mas era o jeito de retirar a mordida de um alfa, já sabia que era perigoso, por isso não contei a você.

Ele me pararia ao saber por ser tão arriscado.

— Exato, era perigoso e adiantou tudo isso? — Ele ergueu a voz ainda ferido. — Valeu a pena se ferir e continuar com a marca?

Ergui os dedos até o local e o relevo de uma mordida ainda era sentido, o corte foi acima dela, mesmo assim, não existia sinal ao tocar.

— Se seu coração não renega, sua mente não é forte sozinha. Existem casos que a marca continua mesmo com a morte do alfa, mas em sua maioria some com o passar do tempo. — Raiju suspirou. — Você precisa estudar mais sua própria raça, seu mestre não falou nem o essencial.

Era claro, eu não era criado para ser uma pessoa normal, e muito menos viver uma vida normal como todos tinham direito. Só nunca consegui ver isso no shifu, por desconhecer as intenções humanas.

Esfreguei o local.

— Você arriscou sua vida, a vida de seu filho para retirar uma mordida que em breve pode nem estar mais aí! Isso foi idiotice demais, pirralho. — Ele resmungou ao dar as costas de novo.

Meu coração saltou acelerado, e vacilei ao mastigar as palavras dele sobre a marca não estar mais lá, esquecendo-me totalmente a parte sobre filhote.

— Como assim... — Gaguejei.

Raiju fitou-me sobre o ombro.

— O médico imperial confirmou sua gravidez, ele está no tamanho de um broto de feijão, mas está aí, e você...

— Digo sobre Huang! — O cortei com as mãos tremendo.

Deveria ter entendido tudo errado, era só Raiju não sabendo como se expressar, ele odiava todos, só estava falando de um jeito frio. Era o que tentava me convencer ao sustentar seu olhar.

Ele suspirou e olhou para o céu.

— A flecha que ele levou, tinha cheiro de veneno.

Pisquei várias vezes, isso podia ser resolvido, era só o médico identificar com rapidez o veneno e poderia salvar a vida de Huang, não precisava ficar tão preocupado, só acreditar no potencial de quem fosse tratá-lo.

Ele era o príncipe herdeiro, precisava vir alguém competente.

— Não sei qual veneno exato era, mas chutaria ser sussurro do sono ou erva do abismo, as duas são extremamente perigosas e difícil de ser achadas. Quem deseja ele morto, tem muito poder aquisitivo e militar.

A voz travou e minha mente fazia todas as memórias retornar como se estivesse me punindo.

A flechada. O sangue de Huang. Seus braços em volta de mim.

Precisava voltar.

— De todo caso, as duas são mortais e duvido que ele sobreviva. — Arregalei o olhar ao escutar Raiju. — Se o tratamento for demorado. — Ele falou com rapidez. — E ele tem o elemento da água e Ryujin, pode ser de grande ajuda em sua cura.

Sabia que ele estava tentando amenizar o clima, mas não estava funcionando.

Tremia com o medo de Huang morrer, e tudo seria por culpa minha. Como poderia no futuro encarar meu filho e ser o responsável por ele não ter seu pai alfa?

Preciso voltar.

Raiju ergueu sua atenção de volta para os céus e a sombra de uma asa grande demais chamou minha atenção, o pássaro pareceu nos achar e piou, em sua procura para uma brecha entre as árvores, notei as penas azuis do Thunderbird de Yáng'ge.

O animal era incrível em beleza.

— Yuan! — Yáng'ge gritou em sua corrida até mim.

Seus braços me rodearam com força.

— Como ele está? Ele está vivo, certo? — Me soltei de Yáng'ge desesperado por resposta.

Hǎiyáng assentiu, mas em seu olhar não havia confiança. Algo não ia bem, seria como Raiju havia dito?

Precisava ir vê-lo, mas onde estávamos?

— Xiao Yu, o príncipe Shen não está tão bem. Ele... ele... — Hǎiyáng baixou o olhar para o chão. — Ele ficou muito agitado, querendo te seguir e não deixou tratar com antecedência, e o médico imperial nem sabia qual era o veneno, foi Xu Yixin que identificou e fez o "antidoto"... — Yáng'ge respirou fundo antes de continuar. — Ele está instável, Yixin disse que na melhor hipótese é se o príncipe passar de 48 horas, caso contrário...

Yáng'ge não quis dizer a última palavras em voz alta.

Ele morre.

Então foi aquele ômega que o salvou...

— Preciso ir vê-lo... — Balbuciei.

Hǎiyáng assentiu e virou para o Thunderbird.

— Acredito que voando chegue mais rápido, não acha?

Importante era chegar rápido.

Thunderbird sobrevoou o palácio imperial por inteiro, de uma ponta a outra até chegar na parte leste, em direção à mansão do príncipe herdeiro. Por cima, ela parecia maior ainda. O pássaro voou em direção ao pátio onde ficava com Huang e pousou com precisão, assustando todos.

Yan foi o primeiro a ir nos receber.

Passei pelos dois com Raiju nos meus ombros e entrei no quarto. Meu olhar caiu em Yixin segurando um livro bem grosso, a mesa que antes estava abarrotada de trabalhos de Huang, agora transbordava vasilhas e ervas.

Yixin ergueu seu olhar até mim e por um tempo ficamos nesse estilo.

— Ele só pergunta de você. — Ele apontou com a cabeça em direção a outra ala do quarto. — Ele está acordado, o médico imperial está lá.

Assenti.

O mesmo médico, que me atendeu todas às vezes, estava com Huang o verificando. Ele se afastou em um pulo de susto com meus movimentos. Sorrindo amarelo, o beta se curvava ao cumprimentar-me.

— Como ele está? — perguntei com atenção no meu alfa.

Sua pele estava pálida, sua respiração mais pesada e desacordado. Continuei a observá-lo ao me aproximar cada vez mais.

Toquei em sua pele pálida e quente, um ponto bom.

— Não posso dar certeza que sua alteza imperial... vá se recuperar. — Ele deu uma longa demora ao terminar.  

Desenhei com os dedos o queixo de Huang, seu peito pareceu tremer com uma nova puxada de ar. Seus cabelos estavam soltos pelos travesseiros o deixando lindo.

— Irei me tirar se sua alteza não precisar mais de mim. — O beta se curvou, se retirando bem rápido.

Huang sempre foi o alvo, alguém estava bem informado e sabia dos passos do príncipe herdeiro e dos meus. Alguém próximo e talvez da mansão.

Nunca fui um alvo, só uma isca.

Rangi os dentes com a ideia. Alguém ousou me usar como uma isca para ferir meu alfa, quem fosse, vai preferir morrer antes de me ter em sua frente, mas antes, precisava ajudar Huang.

Raiju falou sobre dois venenos, o primeiro passo era saber qual estávamos encarando, e as chances do corpo de Huang lutar contra esse veneno.

Voltei para a sala e corri meu olhar para a porta, um dos irmãos Xu estava escorado, o outro lia um livro, às vezes sua voz soava em um sussurro. Raiju balançou suas orelhas e ao lado de Yáng'ge.

— Qual é o veneno? — perguntei atraindo atenção dos irmãos Xu.

— Erva do abismo. — Raiju respondeu e um arrepio se apossou de minha nuca. — E foi demorado o tratamento, não coloque tanta expectativa naquele médico.

Erva do abismo era mais mortal que o sussurro do sono?

— Qual a cura?

— Nenhum livro fala, só tem informação de ser algo bem raro e caro! — Yixin respondeu ao lado da mesa abarrotada de livros. — Alguém muito rico e com muitas fontes de informação para possuir esse pó de erva.

Afinei o olhar para Raiju e ele suspirou atraindo atenção dos outros.

— Erva do abismo é mais letal por ser tirada do mundo demoníaco, ela cresce a cada mil anos. Da flor se cria um pó com a magia demoníaca de um dos quatro guardiões dos pontos cardeais. O Dragão Azul do Leste, o Pássaro Vermelho do Sul, o Tigre Branco do Oeste e a Tartaruga Negra do Norte, só da energia deles se pode criar esse veneno.

Energia demoníaca para ser feito, alguém teria um desses quatro guardiões dos pontos cardeais?

Se bem me lembrava eles eram difíceis de fazer um contrato, estavam acima de um imortal e cada criatura milenar dessa tinha suas ambições e senso de justiça ou injustiça. Lembro de ler um conto com algumas ilustrações dizendo a Tartaruga Negra era a mais cruel, não confiava nos humanos e jamais tentasse um contrato com ela, alguém poderia ter formado um?

— Se é feito no mundo demoníaco, tem chances... — Encarei minhas palmas virada para o teto.

Raiju balançou a cabeça em negativa.

— Seu poder de cura talvez só se aplique a você, a seu corpo. E o veneno foi infundido em uma flecha, anula uma parte de ser totalmente... magica.

Bufei.

Voltava à estaca zero com tudo, não bastava em não saber quem poderia ter comprado ou feito essa erva do abismo.

Tudo desmoronava aos poucos.

— Quem desejava o príncipe imperial morto quis algo que devesse a ele muita certeza de sua morte.

As imagens da noite passada invadiram minha mente em uma série de momentos. O símbolo. O homem que era o líder. Olhar assassino de todos.

Eles estavam preparados para me matar também.

— E a minha — balbuciei com o olhar em minhas mãos. — Eles não iriam me deixar vivo naquela noite, trouxeram até pedras que bloqueavam tributos espirituais e dessa vez eram profissionais.

Yáng'ge arregalou os olhos.

— Não teria motivos para eles quererem você também morto, sem o príncipe no trono, você não tem poder, certo? — Yixin perguntou ao fechar o livro e seu olhar cair em minha barriga. — Mas você tem um herdeiro.

A lista poderia ser diminuída. Quantas pessoas poderiam pegar o trono sem Huang?

Seus irmãos e tios de primeiro grau.

— Yáng'ge, conhece alguém que carrega o símbolo de duas montanhas e uma espada entre elas?

Yáng'ge balançou a cabeça em negativa.

Precisava ser de algum nobre, ou facção. De alguém poderoso.

Preciso dos registros da família imperial de novo, mas sem Huang para autorizar, teria que torcer para Yan ter acesso.

— Lembro vagamente de um símbolo de duas montanhas em uma reunião do meu pai com alguns oficiais do mais alto escalão. — Yáng'ge parou sua linha de raciocínio e quis que ele continuasse.

Quem estivesse por trás disso tudo, deveria estar orquestrando há muito tempo. Seria alguém quem meu pai conhecia? Estariam trabalhando junto?

Não, impossível. Papai queria Huang vivo, mas não o impedia de quebrar sua parte no trato.

— Foi logo depois dele nos adotar, ouvi a conversa sem intensão. Um deles lembro dele chamar por Huang Xiangrui, os outros dois homens só posso dizer serem alfas. Quem carregava o símbolo das montanhas era esse Huang Xiangrui.

— Veja com Yan sobre isso, ele deve conhecer todos os oficias atualmente ativos.

Ele assentiu. 

— Se alguém queria Huang morto e o herdeiro dele, sabiam da condição do imperador. — Comentei caminhando em um vai e vem. — Sabiam o imperador tinha pouco tempo de vida, por isso decidiram atacar agora. E quem poderia dar todas essas informações?

O médico imperial, aquele maldito beta.

— Raiju, traga-o agora! — Raiju se lançou em sua forma bestial para fora do quarto em sua caça.

O médico todo esse tempo estava contra os verdadeiros soberanos.

Ele estava assustado demais quando cheguei no quarto, escondia algo, assim como queria sair logo para não ligar pontos quando Yixin disse que Huang estava acordado, e estranhamente não estava com o médico lá.

— Seria pedir demais que trouxesse o príncipe Yan agora? — Pedi sem graça para Yáng'ge.

Ele estava com o olhar arregalado ainda na porta, e assentiu com um susto.

— Você tem certeza que foi ele? — Yixin largou o livro e se aproximou.

Assenti em confirmação.

Esperei do lado de fora por Raiju com sua presa e os minutos passaram trazendo mais avalanche para um único dia.

O imperador estava morto. Huang era o novo imperador.

A imperatriz tremia de leve ao aparecer antes de Raiju e perguntar sobre Huang, Yixin ficou em silêncio sobre meus planos e Yan já dava as boas-vindas no pavilhão quando Raiju saltou pelos muros carregando algo em sua boca.

Ele cuspiu o médico que berrava desesperado e com um rosnado, o beta se calou.

— Doutor, preciso da sua ajuda. — Sorri cordial antes de fincar o punhal na madeira em que estava sentado.

O beta tremeu e caiu de joelhos.

— Nomes, doutor. Nomes.

A imperatriz queria saber o que estava ocorrendo, e o médico tentou se salvar com ela me deixando mais irritado.

Joguei o punhal em sua coxa assim que ele se levantou para se rastejar até a imperatriz. O homem gritou em agonia e caiu sem tirar a lâmina.

— Eu não sei o nome dele, eu não sei... — Ele uivava debaixo de lágrimas. — Só repassava a informação para outro beta, só sei que são oficiais do alto escalão e me ameaçaram matar minha família caso não ajudasse... — Ele choramingava ainda.

Esperei pacientemente entre seus uivos de dor e choro para ele continuar.

— Eu juro, não sei quem são exatamente.

Ergui um dedo e ele se apavorou com o rugido de Raiju.

— Mingli. Nome de quem passava as informações. Se chama Mingli, ele é um eunuco que fica encarregado do portão central, entre os dois pátios. — Ele chorava ainda mais. — Por favor, poupe-me minha vida. Por favor.

— Pouparei se me trouxer esse Mingli.

Ele assentiu como um louco prometendo que traria.

Desfilei até o beta que se arrastava no chão para fugir de mim.

Um beta fugindo de um ômega, isso era tão cômico quando até eles nos tratavam como criaturas inferiores.

— Eu não sou qualquer ômega, lembre-se disso. Não hesitarei em matá-lo, ou qualquer outra pessoa se meu alfa der seu último suspiro dentro de 48 horas. — Me agachei em sua frente e ele assentia.

Puxei meu punhal e joguei um pano para ele se virar só com isso em estancar a ferida. Era melhor ele saber bem como curar uma ferida como aquela.

Debaixo do olhar de todos no pátio, voltei para dentro do quarto para ficar com Huang.

Iria começar a festa em breve e era melhor Yùhua se preparar se meu Huang desse seu último suspiro, eu destruiria esse maldito reino avarento.

Eles que ousassem tirar Huang de mim por um maldito trono. Tiraria o trono deles.

Ω . Ω . Ω . Ω

Imagina se o Yuan tivesse um dragão, ia ser Dracarys em geral e no trono kkkkkkk Já imaginou? 

Agora quero dar um dragão para Yuan fazer espetinho de todos kkk

Já se preparem para uma nova amizade de ôemgas que gostam de tacar o terror! Isso mesmo, Yuan e Yixin vão pegar o controle de Yùhua!


Gostaram do capitulo? Proximo domingo teremos mais!


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