Capítulo 17. Os arrependimentos que sou incapaz de expressar...
Como estão peixinhos? To com um lançamento na Amazon previsto para dia 28/06 e to na função aqui. Mas o cap novo chegou!
Não se esqueça do seu comentario e votinho <3
Capítulo 17.
Os arrependimentos que sou incapaz de expressar...
Ω . Ω . Ω . Ω
Resmunguei ao ser despertado ao avisarem sobre o horário, Huang foi o primeiro a se levantar e me encolhi debaixo das cobertas mesmo com o calor do dia. Ainda faltava um mês para o outono chegar, e não aguentava mais suar tanto, para piorar todas lutas sempre me cansavam pelo sol forte.
A Seita ficava para o lado noroeste, isso dava um clima ameno e bastante frio. Não gostava do inverno em si, com a neve que caia principalmente na capital, era ruim para banhos e de passear, no entanto, o outono era a melhor estação para mim.
— Huang... — balbuciei querendo seu calor.
Já fazia uns dois dias que acordar sem Huang perto me fazia ficar carente, era como se meu lado ômega precisasse sentir a presença alfa dele e seu cheiro para começar o dia.
Com um beijo em meus cabelos, abri os olhos.
— Vou indo.
Para onde? Sentei na cama com os cabelos caindo em meu rosto, pelo peso, eles estavam todos bagunçados.
Huang já estava pronto, com suas roupas impecáveis, e só faltava todos os acessórios e as tranças no cabelo, mas ele parecia estar com pressa, sempre com o olhar na direção do sol que adentrava as janelas.
— Está atrasado para a reunião matinal? — perguntei ao jogar a coberta fina para longe de mim.
Zhenyi se aproximou para me auxiliar a me ajeitar, primeiro começou pelo ninho que se tornou meus fios de duas cores. Tudo parecia normal, nenhum fio a mais branco, e o padrão deles começarem embaixo e o preto em cima, permanecia.
Aceitava melhor as madeixas brancas, tudo pelos elogios de Huang e todos verem como algo bonito.
— Não... — Ele hesitou, sua voz sem forças me dizia, ele estava procurando alguma palavra.
Huang nunca foi assim, tudo ele falava abertamente comigo ou nem tocava no assunto. Nem tudo conseguia ajudá-lo mesmo.
Ele era o futuro imperador, seus deveres nem sempre deveriam ser da minha conta, mas ele sempre compartilhava quando queria minha opinião, seja para ajudar ou só a ter mesmo. Naquele momento, era como se ele precisasse falar, mas não sabia como.
Ergui uma sobrancelha.
Aproveitei a massagem do pente contra meus fios enquanto Huang ficava com sua luta interna. Não iria forçar.
— Não terá reunião hoje... — Ele mantinha o olhar na janela. — Com o estado que meu pai está e os visitantes, decidimos reunir só em caso de emergência. Uma pausa de pelo menos quatro dias para... festejar e o imperador se recuperar.
Ele não iria se recuperar.
Os ministros estavam achando que era só uma doença que passaria logo devido a sua tosse incessante, mal sabiam que era um aviso do envenenamento estar avançado. Quem estivesse o matando, nem precisava mais colocar a substância diluída em seu chá ou água, e a essa altura, seu inimigo já deveria saber que alguém desconfiava.
Para matar alguém importante, você deveria ser ainda mais esperto e rápido.
— E sobre o caso do ataque? Yan não achou mais nada?
Huang negou com a cabeça, ainda sem me olhar.
Deixei Zhenyi terminar meus cabelos para pedir que ela se retirasse e levasse as outras.
— Estamos sozinhos agora, qual o problema? — Continuei sentado diante da penteadeira.
Huang esfregou a nuca várias vezes até prender alguns fios entre seus dedos.
— Eu estava indo... ver o ômega de Cuìyún.
O quê?
Meu estomago se revirou por dentro em um aviso para não querer ouvir o resto. Uma simples frase fez o ar dos meus pulmões se tornar pedra em uma sensação pior do que a vez quando ele avisou que passaria o dia com suas outras esposas.
Deveria ser diferente, aquele ômega não era nada dele, então por que temia o restante das palavras que se prendeu em sua língua.
Huang tirou o olhar da janela, trazendo até mim.
— Quero trazê-lo para meu harém. — Ele tomava fôlego demais entre uma frase e outra, e isso apertava ainda mais algo dentro de mim. — Sei que você não vai gostar da ideia, mas preciso fazer isso.
Precisa? Por qual motivo, para encher um palácio de esposas como pai dele faz e deixá-las se matarem?
Isso não era certo! Isso não era amor.
— Porque... — Foi a única coisa que saiu mesmo com a mente em um turbilhão.
Queria gritar o quanto ele era insensato com isso de harém, o quanto trazia sofrimento. Mesmo ele fosse o futuro imperador e precisasse de herdeiros, não era preciso de mais do que duas esposas.
Rin mesmo sofria nas mãos das outras só por ganhar pouco mais de atenção dele! A mesma que tentou me atacar no meu primeiro dia por ciúmes.
Ter atenção do "líder" do harém era motivo de colocar um alvo em suas costas.
Cruel.
— Para que precisa de tantos em seu harém? — A falta de sua resposta fez meu peito explodir. — Eu não sou suficiente para você? Ninguém que está hoje em seu harém é suficiente? Precisa de outro e depois mais outro até encher um palácio de esposas?
Huang abriu e fecho seus lábios.
Machos alfas eram tão... idiotas.
— Eu não sou então suficiente... imprinting ou sem, na realeza nada importa.
Meus olhos marejaram com toda aquela sensação agoniante dentro de mim.
— Você é suficiente, Yu'er! — Ele ergueu a voz. — Trazê-lo para harém não significa que vou amá-lo, ou amar como amo você.
Ele achava que não significava muito? Isso me fazia querer rir.
— Eu te amo, mas preciso dele no harém para salvar a Chunji. — Ele deu um passo a frente e virei o rosto. — Prometi desde que ela era pequena que iria protegê-la de qualquer coisa e nunca deixaria ela ser vendida como um objeto.
Com aqueles sorrisos para a alfa de Cuìyún, não parece que ela está sendo vendida como objeto.
Um alfa macho da nobreza não entende a dor que ômegas sentem, mas tentamos fazer dessa dor um pingo de alegria. Uma princesa tem responsabilidades, mesmo ela não deseje, tudo é um jogo de alianças e políticas e pelo menos ela encontrou uma alegria nisso.
A princesa ômega encontrou sua alfa nessa vida de correntes e Huang não percebia isso.
— E já perguntou o que ela acha disso? — Sua reação foi a resposta para mim.
Ele nem havia falado, perguntado nem se ela queria tentar encontrar um amor entre os dois pretendentes de Cuìyún.
— Você nem se quer pergunta o que ela acha disso, se ela quer sua ajuda. Pessoas mudam, pensamentos quando somos de uma idade mudam com o tempo. Pelo menos pergunte se algum alfa de Cuìyún chamou atenção dela, se ela quer ficar no palácio e talvez acabar com algum de seus futuros ministros, um bando de velhos cheio de esposas, ou ser amada por um único alfa, pertencer a uma única pessoa.
— Você não entende! — Ele rugiu. — Sou o mais velho e vou manter uma promessa que fiz para ela no passado, não vou deixá-la ser vendida por nossos pais. Você é um ômega, deveria entender isso, como vocês são tratados como objetivos ao ser vendidos por quem dá o maior valor.
Era claro que entendia, eu fui vendido.
Uma lagrima rolou, já não sabia mais se era tristeza, fúria ou desapontamento.
Talvez os três.
— Não se esqueça que fui vendido as cegas para você — balbuciei com os lábios trêmulos. — Quando cheguei, uma de suas esposas quis me dar uma "lição", e estaria ainda recebendo isso delas se você não tivesse se interessado por mim, me dado a atenção que elas brigam para ter.
A tristeza em meu peito secou como o deserto e a raiva ganhava força como um tsunami.
— Ainda é melhor pertencer a só um alfa, se quer a felicidade de um ômega, então não o jogue em um harém, na verdade, se quer a felicidade de qualquer um, nem uma alfa fica feliz em ter que disputar e poder morrer em um jogo ilógico como é um harém.
Quem adora harém é só o que comanda ele, e só alfas machos eram donos de harém.
Meu maior tremor quando fui obrigado a me casar foi ter que lutar para sobreviver num harém e se meu marido seria muitos anos mais velho do que eu, não era o fato de me tornar um ômega serviria só para parir.
— Ainda assim ela minha irmã e vou protegê-la.
Bati com a ponta de uma presilha de ouro na mesa.
Quem era eu no final para obrigar um alfa a fazer algo mais sensato quando tudo poderia ser efeito de um ciúme. Quem era eu para ordenar o futuro imperador se ele queria jogar mais pessoas em um harém, mesmo que ele pouco se importasse com boa parte.
Nesses momentos me perguntava por que a natureza me fez ômega.
Se eu fosse um macho alfa, ou até uma fêmea alfa, eu poderia ser livre.
— Então encha esse harém, só isso que vocês, alfas, sabem pensar.
Príncipe herdeiro, futuro imperador, pouco me importava naquele momento onde a briga era entre duas pessoas casadas, mas sabia que naquele momento havia ferido o orgulho alfa dele, seu trincar de dentes me avisava isso pelo canto do olho.
Talvez um milhão de respostas tenha passado em sua mente, e alguma quase foi dita por seus lábios que se mexeram, porém, seus atos no final venceram.
Huang deu as costas e saiu quase esmurrando a própria porta.
Zhenyi demorou para voltar e com isso, fiquei sozinho com o sol batendo perto dos meus pés, o piar dos pássaros era a única companhia e mais lágrimas caíram sobre a madeira da penteadeira.
Por que os alfas eram assim? Maldição...
Rangi os dentes, na tentativa de jogar todo aquele sentimento em um baú. Não se resolvia nada de cabeça quente, não se pensava com tudo a flor da pele, era sempre o conselho de meu mestre, no entanto, ele nunca me falou como os sentimentos poderiam fazer a gente perder a cabeça.
Se não era a confusão de emoções dentro de mim, era minha mente e isso me tirou o apetite ou a vontade de tudo naquele dia.
Sentei na varanda e ali fiquei observando tudo que atraísse minha atenção, metade do tempo ficava perdido em pensamentos e arrependimentos.
Me julgavam ser um monstro, alguém que podia destruir reinos, chegava a ser patético o fato desse ser estar abraçado em seus próprios joelhos com o olhar marejado em frente as portas de seus aposentos.
Ele não voltou, mesmo com a mudança da posição do sol, Huang não apareceu.
— Pirralho... — Raiju colocou as patas pequenas em mim. — Que acha de andarmos um pouco?
Balancei a cabeça.
Se essa história de Huang estar querendo conquistar o ômega de Cuìyún nos ouvidos do harém dele, elas iriam se virar para mim. Ele era uma possibilidade, enquanto eu era alguém que tinha atenção, favor e Huang na cama, perder para outro ainda nem havia adentrado o harém, seria uma dor de cabeça.
Baguncei minha franja.
— Você não está com calor? — A voz de Yáng'ge soou com seus passos contra a madeira.
Atrás de si, duas servas o seguiam com bandejas.
— Trouxe algo bom para um verão. — Ele sorriu.
Nas bandejas continha raspadinhas geladas e na outra espiga de milho.
Ficamos sozinho e Raiju tentou atacar a comida, Yáng'ge me ofereceu uma cumbuca e experimentei o doce gelado, era bom, nada comum na Seita, por isso estranhei de início.
— Quando Yan uma fez foi para a cidade litorânea, fazia muito calor lá e eles comiam essas espigas de milho, alguns passavam gordura... — Ele deu de ombros ao falar com animação sobre a comida e a viagem.
Hǎiyáng era um bom amigo, assim como um dos únicos.
Dei um pouco do doce para Raiju e ele amou. Sentando-se ao meu lado em sua forma humana, ele tentou roubar mais e Hǎiyáng riu disso dizendo parecer Jìhu quando ela queria um doce.
— Yan está trabalhando? — perguntei ao dar mais uma colherada de raspadinha para Raiju.
O queimar de um incenso passava com conversas jogadas fora e Raiju deitado de barriga para cima debaixo do sol. Seus pelos pareciam pegar fogo, mas a cena era tão fofa de se ver e era claro que não poderia enrolar Yáng'ge até sua partida.
Hǎiyáng sabia que algo estava errado.
Suspirei.
— Como sabia que algo estava errado? — perguntei sem tirar o olhar de dois pássaros em um galho ao longe.
Hǎiyáng se remexeu ao meu lado.
— Zhenyi foi conversar com a serva que fica comigo e me disse que você estava triste. — Ele sorriu de leve. — Quer desabafar? Até o príncipe voltar pelo menos.
Ri amargo e isso fez meu amigo se sobressaltar.
Se Huang voltasse...
— A gente brigou... — balbuciei.
Debaixo do silêncio que se fez, acariciei os pelos dourados da barriga de Raiju, sua pata se mexeu em espasmos.
Não sabia para onde exatamente os familiares iam, mas Raiju odiava ficar lá, sua única resposta era: escuro.
Por isso só pedia para ele retornara na hora de dormir.
— Ele quer conquistar o ômega de Cuìyún... — As palavras saiam devagar entre meus lábios acompanhadas pelo incômodo em meu peito. — Trazer para harém dele...
Hǎiyáng abriu a boca, mas logo voltou a fechá-la e focar em algo no pátio.
— Ele diz que é para salvar a princesa do destino de ser vendida como um objeto e ser levada para longe do palácio, mas... — suspirei. — Ele nem perguntou o que ela sentia, pensava, e realmente quer!
Yáng'ge apertou minha mão.
Ele sabia como era essa dor, além de seu alfa não pertencer só a ele, Hǎiyáng precisou ficar afastado só olhando enquanto Yan desfilava com outras em banquetes e qualquer cerimônia importante.
Nunca ele. Não importasse se tenha sido ele a dar um filho primeiro, o único a ter dado à luz. Ou ter um imprinting.
— Minha mãe era uma ômega, e lembro uma vez quando perguntei o motivo do papai não estar conosco. — Ele coçou os tecidos sobre o peito. — Eu deveria ter uns cinco anos, ou quatro. Ela respondeu: Às vezes não da para se entender os alfas. Não da para entender o coração de um homem.
Franzi o cenho.
— Na época não entendi o que isso queria dizer com o motivo dele ter abandonado a nós, mas a verdade era que ele nunca foi dela, ele só a usou para ter prazer e jogou fora. — Ele riu sem humor. — Mas de fato, às vezes eles colocam algo na cabeça e acham que só dessa forma vai funcionar, por isso alfas são cabeças duras.
Isso era verdade.
— E tem as maiores taxas de mortalidade. — Ele ergueu a estatísticas ao rir logo depois.
Não pude deixar de ser contagiado pela risada de Hǎiyáng. Rimos tanto que nossas barrigas doeram e lágrimas rolaram.
Hǎiyáng continuou ao listar tudo que dava maiores qualidades a nós, ômegas e brincar com os alfas.
— Yáng'ge... obrigado. — Sorri para ele.
— Vamos caminhar e encontrar aquele meu alfa cabeça dura. — Ele se levantou em um pulo.
O barulho no chão acordou Raiju que parecia um cachorrinho. Sorri para meu amigo peludo e o chamei para caminharmos.
De braços atados, Hǎiyáng alegrava minha tarde ao contar alguma história engraçada, fosse de suas invasões quando mais novo, ou sobre os alfas, qualquer coisa que fizesse arranjar um sorriso de meus lábios, Yáng'ge tentava.
Encontramos Yan no meio do caminho, com algumas trocas de olhares e palavras sem conexão com seu alfa, o segundo príncipe, pediu para seu assistente preparar um local perto do lago para fazermos uma pausa com bolos e chás.
Um lugar debaixo dos salgueiros foi montado para nós, o terceiro e quarto príncipe apareceram depois de um tempo e se juntaram. Todos com histórias alegres, os irmãos mexiam um com o outro.
— Nunca achei que um dia estaríamos todos reunidos assim para tomar chá e comer vários bolos! — O quarto príncipe comentou.
Mordi um bolo de osmanthus observando cada um na roda.
— Nunca achei que um dia estaria tomando chá com o chato do meu irmão mais novo. — Huang Wei riu ao falar do caçula dos Huang.
Todos riram dos tapas que um dava no outro, e no final Wei perdeu para Míngliàng, ele era o príncipe mais próximo da minha idade.
— O irmão Xiao está completando dezoito essa semana. — O assunto mudou para outro irmão, que descobri ser o quinto príncipe homem.
Um alfa comum que muitos acharam que seria um ômega, imagino como deve ser a beleza dele para acharem isso. Um homem com mais curvas do que músculos.
Raiju pulou em meus ombros e joguei um bolo para ele.
Huli balançava a cabeça ao observar um Raiju saltitante.
Uma cobra com plumas apareceu no braço do príncipe Wei, as bestas começavam a se reuniram.
— Yáng'ge, você nunca me contou se tinha algum familiar.
O ômega ao meu lado piscou, e Yan apontou para um pássaro-azul, pequeno, quieto no galho acima de nós, ele não se misturava com os outros, só observava. Suas penas eram azuis como o céu próximo de escurecer.
Arregalei os olhos.
— É um Thunderbird! — balbuciei.
O olhar ônix do pássaro pousaram em mim, sua espécie é lendária por ser extremamente rara, acredita-se que exista no máximo dois dentro de mil anos. Eles também podiam colocar um ovo a cada quinhentos anos, sendo macho ou fêmea.
— É incrível, uma hora você tem que duelar comigo, Yáng'ge. — Meu olhar brilhou ao pedir para ele.
Rindo, ele assentiu aceitando.
— E o que acha do meu? — O quarto príncipe perguntou animado. — Psônen, apareça.
Uma enorme ave de penas de gelo apareceu cobrindo o sol, ela piou alto e bateu suas asas fazendo neve cair. Isso fez o calor diminuir por um tempo, o pássaro diminuiu de tamanho e se escondeu na sombra.
Deveria ser ruim para uma criatura do gelo ficar em um local tão quente.
— Você é dominador do atributo gelo? — perguntei sendo obvio.
Ele assentiu em confirmação.
Yan dominava o fogo. Huang a água. Wei a terra. Míngliàng o gelo. Todos com atributos de vento também, mas nenhum só esse atributo e nenhum príncipe com atributo trovão.
O Thunderbird pousou em meus dedos e acariciei suas plumas, isso fez todos os outros familiares se aproximar e pedir um pouco. Até Quetzalcoatl sibilava para chamar atenção com suas pequenas asas quase do tamanho do meu dedo indicador.
Raiju faiscou de ciúmes.
Os familiares comeram junto e tudo acabou rápido quando um miado soou alto, todos olharam em direção ao gato preto sentado no sol e ao seu lado estava uma... Doninha?
Raiju ficou enciumado com a visão e correu em direção ao seu amante.
Logo atrás deles Huang caminhava ao lado do ômega de Cuìyún, os dois foram até nós e desviei o olhar agarrando Huli nos braços.
Thunderbird também ficou ao meu lado, assim como Quetzalcoatl.
— Uma festa ao ar livre. — Huang comentou com o olhar nos pratos.
— Só curtindo uma tarde amigável. — Foi Yan que respondeu ao jogar braços para trás do corpo e relaxar.
Raiju voltou arrastando Bake pelo couro e se deitaram lado a lado com aqueles banhos de gato.
— Uma raposa de nove caudas? — Xu Yixin se aproximou ainda mais. — Um Thunderbird? Incrível! Incrível! Vocês devem ser muito fortes!
Yan suspirou de leve e trocou um olhar rápido com seu ômega. Wei não sabia sobre a minha briga com Huang, por isso estava confuso com seu olhar percorrendo por todos.
— Forte mesmo é o Xiao-Yuan! — Míngliàng disse empolgado. — Ninguém consegue com ele, e também ele dá medo. — Ele coçou a nuca rindo.
Yan estapeou o ombro de seu irmão mais novo e Wei do outro lado, isso fez o caçula Huang piscar confuso.
— Espero um dia poder termos uma troca. — Xu Yixin colocava um sorriso que me fazia querer torcer os lábios de raiva.
Raiju parou de lamber Bake e rosnou baixo.
— Raiju não gosta de adversários fracos, nem eu. — Deixei as palavras saírem ríspidas.
Tudo isso era culpa de Huang, porém, não conseguia separar e direcionar os sentimentos, por ver Xu Yixin tão colado no alfa que deveria ser só meu, isso fazia as emoções borbulharem dentro de mim e soltar em quem fosse.
Isso fez o ômega de Cuìyún sorrir ainda mais, mas antes dele falar algo uma única palavra saiu entre os lábios e Huang e gelou todo o clima.
— Yuan... — Meu nome nunca soou de um jeito frio de uma advertência por seus lábios e nunca imaginei soar um dia.
Os príncipes se remexeram em seus lugares e Xu Yixin avaliou de relance o alfa ao seu lado, o meu alfa.
Ele se retirou com Bake e o ômega de Cuìyún que hesitou um pouco.
Wei piscou ao olhar de seu irmão mais velho a mim, assim como o quarto príncipe, mas por educação a cortesia, nenhum dos dois perguntou algo, a pergunta silenciosa foi para o príncipe Yan que respondeu com um revirar de olhos.
— Se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo, Yuan'er. — O príncipe Wei sorriu.
— Digo o mesmo, Xian-Yuan. — Míngliàng sorriu como o sol radiante.
Yáng'ge escorou seu ombro no meu e Huli balançou suas caudas. Familiares falavam por seus mestres.
Todos foram tão gentis, mas não podia prendê-los com meus caprichos uma tarde inteira, eles eram príncipes atarefados, mas Yáng'ge não me deixou, mesmo quando sentamos diante do píer, ele ficou lá ao meu lado.
Admitia não querer perambular pelo palácio para não encontrar nenhuma das outras concubinas, ficar naquele lugar tão perto do palácio do imperador era menos assustador para meu lado ferido.
Brinquei com a água como da primeira vez que cheguei no palácio.
Meu dedo guiava a trilha de água que dançou no ar.
— Você consegue controlar todos os atributos? — Hǎiyáng perguntou.
Assenti em confirmação, o deixando de queixo caído.
Não era nada raro um cultivador conseguir dominar todos os atributos espirituais, só era algo demorado, conforme era o objetivo da pessoa não valia a pena, e muitos disputavam rankings e queriam ser conhecidos, devido a isso dominavam no máximo dois elementos.
Sua raiz espiritual também influenciava nas escolhas e no cultivo.
Joguei a água para cima e a transformei em gelo, ela caiu como uma pedra no lago antes de do vento forte a balançar várias vezes e mudar sua trajetória. A terra do fim do lago se ergueu e a transformei em madeira.
Todo elemento era moldado dando origem a outro. Criar metais era algo que requeria experiência e controle dos atributos, mas tudo era possível.
Estiquei minha palma para os céus e uma bola de fogo apareceu, mudei sua cor para azul, verde, rosa em um piscar de olhos, com o fechar dos meus dedos ela desapareceu. Nem um cultivador do fogo conseguia mudar sua cor sem anos de treinamento.
Isso tudo era possível para mim.
Existia um adversário que um dia poderia usar todo meu poder?
— Como? — Hǎiyáng gaguejou.
Tão inerte em meus pensamentos, que demorei para perceber que ele falava.
— Se puder falar, se não, tudo bem. — Ele balançou as mãos e sorriu.
— Existe um poder gigantesco em mim desde que nasci.
Ele franziu o cenho não compreendendo e separei a água do lago com o esticar de um dedo, as pedras, a terra úmida, tudo ficou visível diante dos olhos de Hǎiyáng e seu queixo caiu quando as ondas se tornaram esculturas de dois dragões.
Ryujin e Tianlong, os dois maiores inimigos.
— Esse poder é desconhecido e foi julgado como algo perigoso. — Um dragão foi substituído por várias pessoas sem rosto, só com formatos humanos e espadas apontada para cima. — Alguns diziam deveria ser aprisionada, outros julgavam e assim esse portador foi jogado em uma seita, longe de todos e de tudo para viver isolado.
O dragão se transformou em uma criança, em mim.
Hǎiyáng sabia a história era sobre mim diante daquelas águas, talvez só não entendesse os dragões.
Elas caíram voltando a seu estado natural e suspirei pesado.
— Às vezes quero ser esse monstro que me julgaram, seria mais fácil. Ter sentimentos para ser abandonado é doloroso, ser um monstro é mais fácil — balbuciei com os olhos marejados.
Hǎiyáng apertou meu ombro.
Desde que nasci fui abandonado, mesmo que tivesse preso naquela seita, era mais fácil de se viver e podia ficar assim ao lado de Raiju.
"Ainda podemos voltar, pirralho, basta me dizer." Raiju falou com seu olhar em mim.
Isso não era tão fácil, voltar colocaria a Seita, o mestre em perigo. Meu pai e a corte não me deixariam em paz, a marca em meu pescoço não pararia de me condenar e amaldiçoar a minha natureza ômega.
— Por dezessete anos da minha vida, tudo se resumiu a ficar isolado, abandonado por que tinham medo de mim, ninguém queria ser meu amigo, ninguém me queria para nada. — Apertei os punhos e deixei as lágrimas saírem. — Cada vez que crescia perdia as emoções, sorrisos eram tudo igual. Ter pais, irmãos, família, era algo banal para mim, amar nem sabia o que era isso. A única emoção que eu tinha consciência era o abandono.
Ao falar nem me preocupei se alguém ouviria, ou se revelaria demais. Pouco me importava.
Experimentei emoções para no final ser abandonado por Huang também, o único que achei que nunca faria isso.
Por que as pessoas precisavam abandonar umas as outras?
— Não sei nem o que falar... — Hǎiyáng balbuciou. — Você é só um garoto, e já passou por tudo isso, realmente não sei o que falar.
Só um garoto que precisou se passar por irmão mais velho, teve seu registro alterado para poder ser vendido para um príncipe no lugar de sua irmã. E depois de seu pai virar as costas para si, volta com sorrisos para te fazer ajudá-lo em seus planos egoístas.
Eu o odiava.
Odiava ter emoções.
Por que tive que sobreviver? Porque não Tianlong!
— Vou voltar por hora. — Avisei. — Obrigado por passar dia comigo. — Sorri de leve.
Hǎiyáng retribuiu o sorriso fraco e me acompanhou até uma parte do percurso. Raiju me seguia em silêncio e só o assovio dos pássaros ressoava, era quase final de tarde, e nuvens bem carregadas fechavam o céu.
Pelo menos iria aliviar o calor, assim esperava.
Parei ao ouvir vozes, peguei Raiju e nos escodemos, reconhecia o timbre de uma delas, era Zhang Meilin, sua voz aguda e sem deixar espaço para outros falar era ouvida naquela distância.
Ela guiava como sempre e atrás dela mais, duas esposas assentiam confirmando algo.
— Mas será que esse ômega vem para o harém? — Acho que quem havia feito a pergunta se chamava Xue Yulan.
Ouvi sobre a luta dela com o ômega de Cuìyún, e sua rispidez ao falar de Xu Yixin me dava uma certa certeza de ser a filha dos Xue.
Zhang Meilin era a do meio, Xue Yulan do lado esquerdo, então a do lado direito deveria ser a filha da família Jiang.
— Ele é muito convencido e fica se fingindo durante a luta. — Xue continuava ao cerrar os punhos.
Me escondi quando uma delas virou na direção que eu estava, Raiju me julgava com seu olhar dourado e puxei sua orelha.
— Ele é tão forte assim? — Foi Zhang que fez a pergunta.
— Vossa alteza soube que ele tinha outro familiar só observando aquele ômega, e pelo que entendi, ele usou um familiar menos forte. — Xue suspirou frustrada. — Aquele Kamaitachi era muito rápido.
— Seja mais na próxima.
— Desafie você ele para ver! — Xue retrucou com a voz ainda mais alta.
— Vamos apostar então. — Foi a vez da terceira concubina apostar. — E vamos incluir Rin e a princesa Sima.
Torci os lábios ao ouvir aquele apelido até hoje não sumiu dos lábios delas.
— Quem vencer o ômega de Cuìyún fica com a chave do harém e o controle sob vossa alteza. — Jiang sugeriu.
— Qual a garantia de Sima Yuan não ganhar daquele ômega? — Zhang falou. — Ele já venceu um dos príncipes e Rin.
A voz delas estavam ainda mais próximos e temi que elas virassem a esquerda e me vissem escondido atrás do muro escutando a conversa. Raiju se preparou ao saltar dos meus braços.
— É melhor ele com a chave do harém do que esse ômega para disputar o príncipe Shen. — Essa informação da concubina Xue não me fez entender nada.
Qual era o motivo delas, ou dela, de não querer o ômega de Cuìyún no harém de Shen? Seria por não terem a menor chance para disputar o posto de imperatriz?
Arregalei os olhos. Não havia pensado nisso até então.
Alguém vindo de outro reino teria mais chances para selar a aliança e precisava ter feitos ou status importante para isso, hoje eu era a princesa imperial, mas não significava que teria o posto de imperatriz assim que Huang sentasse no trono.
Entre nós cinco, eu era o que menos tinha apoio dos ministros e militar.
Rangi os dentes.
Esse sistema era uma porcaria!
— Vamos, quero desafiar então esse ômega bárbaro. — Zhang seria a próxima a desafiar Xu Yaxin.
Precisava ver essa luta.
Faltava talvez uma hora para escurecer pela posição do sol, e mesmo assim ela iria procurar um convidado especial e desafiar, as chances de conseguir a luta era mínima.
Voltei para o quarto e pedi um bom banho para Zhenyi.
Huang tinha quatro servas betas, uma só era jovem e ela ajudava Zhenyi quando ele não estava. Sem ter damas de companhia, restava trabalho dobrado para Zhenyi, talvez devesse arranjar mais betas.
E fazer alianças e conexões.
Quem tinha a chave do harém hoje? Quem a tinha controlava as noites de Huang, mas a verdade ele morava no mesmo pavilhão comigo.
Quis perguntar onde era o pavilhão de Huang, mas desisti, as roupas dele ainda estavam nesse quarto, assim como varias cadernetas cheia de trabalho, nunca conversei sobre briga de casal, mas eles não ficavam assim para sempre, certo?
Suspirei.
Zhenyi reconfortou meus ombros e sorriu.
O que eu faria se Huang realmente me abandonasse? Virasse as costas para mim...
Não queria isso.
Emoções era horrível e desconhecido para mim.
Huang não apareceu para o jantar e fui dormir depois de esperar mais um tempo. Ele realmente havia me abandonado.
Me encolhi na cama, com lágrimas correndo por meu rosto, cai no sono pelo cansado.
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NOTAS DA AUTORA
E chegamos na primeira briga de casal, e quem está certo na opinião de vocês?
E vamos ter mais brigas que vai ocasionar um descontrole dos poderes de Tianlong (pega fogo cabaré!!!) Se não me engano é no cap 20 a briga do Yuan contra o Yixin, assim como do Yuan contra o Shen.
Sim, vamos ter uma luta de Ryujin e Huang contra Yuan solo (sem ajuda do Raiju!), façam suas apostas. Mentira, todo mundo sabe quem é patrão surpremo que vai chutar a bunda do proprio alfa para ele parar de drama. VAI YUAN!
Ω . Ω . Ω . Ω
Fiz um montagem com alguns personagens feitos no IA para vocês darem uma visualizada. Os 2 últimos é spoiler dos cap bem mais para frente (lá pelos cap a partir do 25).
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