Trocas
Camila
Nos despedimos de Júnior e sua esposa Ana Clara assim que entramos na vila.
Como eles disseram, iam fazer alguma coisa.
O quê? Eu não faço a mínima idéia.
E eu não ia ser intrometida a ponto de perguntar o que fariam.
Afinal, isso não é da minha conta.
— Nossa, o que será que eles foram fazer? — Susana comentou, quando eles estavam um afastados da gente.
Isso pode ser meio intrometido para algumas pessoas... Mas ela estava sendo apenas Susana. Apenas sendo curiosa.
E se eu falasse que ela estava sendo intrometida ela diria algo como: "sério? E daí, eu não ligo"
— Sei lá, não é da nossa conta — Julia deu de ombros
— Tirou as palavras da minha boca, Ju!! — Então batemos na palma uma da outra
— Tá, tá, chega de momento companheirismo. — Susana disse entediada — ... Mas vocês não estão com curiosidade sobre o que estão fazendo? — Susana perguntou nos olhando com atenção.
Júlia suspirou
— Com curiosidade eu tou mas...
— Não é certo se intrometer na vida dos outros — Completei o que Julia ia disser. Julia sorriu para mim.
— Gente, ok, tá bom!! Se vocês queriam me excluir, nossa, conseguiram! Me sinto deixada de lado! — Susana gritou chamando nossas atenções.
— Isso foi meio exagerado, você sabe, né?
— Sim, mas a vida é minha. A boca é minha e eu digo o que eu quiser. Se eu quiser ser exagerada, me deixa ser. — Susana disse, levemente rude.
— Nossa, não precisava ser tão mal-educada — cruzei os braços, fingindo estar magoada.
— Tá, tá. — Susana cortou meu teatrinho, sem paciência — Talvez a gente devesse espionar eles... Para ver o que vão fazer.
— Está doida? Não somos stalkers. — Julia disse, contra a ideia dela.
Virei minha cabeça para o lado, meia encabulada.
Admito... Uma vez já me comportei como uma stalker. UMA VEZ!
Acho que todo mundo se comportou como stalker uma vez na vida
— Ouviu, Su? Não vamos fazer isso. Não é certo — Julia disse. Ela parecia quase uma irmã mais velha que ela é.
— Tudo bem, sua chata — Susana cruzou os braços, fazendo um bico.
Ela parecia uma criança de 7 anos.
— Ei, vamos ir logo passar por mais alguns estabelecimentos — Disse —, Vai escurecer daqui algum tempo e ainda nem passamos por alguma loja hoje
Elas assentiram, e começamos a andar pela vila a procura de algum estabelecimento que nos parecesse legal.
[...]
— Ei, primas! — Susana gritou, chamando nossas atenções — Olha isso!
Olhei na direção em que ela estava apontando.
No final da rua tinha uma Hamburgueria. Como eu sei disso? Porque a loja tinha formado de um hambúrguer... Eu conseguia ver isso, mesmo estando muito longe.
Hambúrguer....
Minha boca começou a salivar só por ter pensado nessa palavra.
Será que eu finalmente iria comer algo de bom?!
Até que caiu a ficha.
Eu não tinha dinheiro.
A desolação veio forte e rápida, derretendo rapidamente a euforia que eu sentia.
— Nós não temos dinheiro para comprar hambúrguer — Julia murmurou, mais do que triste.
— Você também percebeu — Dei um olhar triste para ela
Mas parecia que a ficha de Susana ainda não tinha caído.
— O que as vocês estão esperando?! Vamos logo, cambada!! — Então ela começou a correr. Nossos pés começaram a se mexer sozinho.
— Espera, Susanaaaa!!! — gritei, mas o grito não saiu tãooo alto, já que eu não estava com muito fôlego.
É, mal começou a corrida e meu fôlego já era.
O passarinho bioluminescênte, coitado, parecia estar sofrendo muito enquanto tentava acompanhar a corrida de Susana.
— SUSANA, ESPEREEEE! — Julia gritou, mais alto que eu. Sua respiração não parecia tão ofegante quanto a minha.
Isso que dá ser meio sedentária...
Todas essas corridas que eu tou fazendo nessa viagem não ajudaram tantooo quanto eu pensava. Mas ainda assim ajudou um pouco. Então...
Eu nem sei mais o que eu tou pensando.
Susana fez exatamente o contrário do que estávamos pedindo: ela começou a correr ainda mais rápido.
Ela devia estar pensando que aquilo era uma corrida.
Júlia também acerelou o passo.
Eu? Eu não conseguia mais correr.
Parei, encostada em um poste, sentindo minha respiração ofegante e meu rosto suado.
Júlia tinha mais chance de alcançar Susan do que eu. Para que eu ficar correndo que nem uma tonta, se eu nunca conseguiria alcança Susana?
Me sentei no chão, ainda com a respiração ofegante.
Pessoas sedentárias não nasceram para correr.
Eu sentia como se estivesse morrendo.
Eu não vou nem morrer para o Hell, vou morrer por correr.
Passei a mão pela testa, limpando a testa encargada de suor.
Nunca mais vou correr assim. Não sei o que deu em mim.
Assim que senti minha respiração relativamente normal, me levantei devagar de onde eu estava sentada. Tomara que eu não tenha Susana só a roupa da meta da dona Camomila.
Olhei para a rua vazia, esperando que Susana e Júlia voltassem de sei lá onde estavam.
Eu que não ia atrás delas.
Estava cansada de mais.
Voltei a me sentar na calçada seca, enquanto esperava que elas aparecessem.
Enquanto esperava, fiquei observando o lugar, o céu, os passarinhos anormais que tem nesse lugar voando pelo céu.
Tudo estava calmo. O que de certa forma parecia errado.
Passos se aproximando me tiraram de meus devaneios.
Olhei para os lados, encontrando Julia e Susana correndo até mim.
Nossas, como elas são resistentes em corridas.
— Camilaaa — Julia disse, ainda correndo até mim
Não demorou muito para que elas chegassem até meu lado.
— Por quê... — Julia tentou dizer, ofegante. — Por que que você está aí?
— Ué. — Dei de ombros — Eu não iria correr até vocês, para depois voltar.
— Faz sentido — Julia disse, depois de alguns minutos de silêncio
— Mas, nossa, Camila. Que preguiçosa você é — Susana disse, com um sorriso maldoso no rosto.
Sorri fraco e logo me virei para Júlia
— Você explicou o porquê de a gente não poder ir comprar hambúrguer lá?
— Sim — Julia assentiu.
Susana murmurou algo como "vida de pobre é chata"
— Eu só queria comer um hambúrguer. — Susana disse com voz de choro. — Mas estamos pobres, sem nenhum centavo.
"Bom... Mesmo que a gente tivesse mil reais acho que não daria" Pensei, pensativa "Já que provavelmente eles não usam reais como pagamento... E sim minérios"
Suspirei. E a gente não tem minérios. Maravilha!
— Eu também queria. Estou com saudades de coisas boas.
— Mas olha o lado bom. — Julia disse — Você nessa viagem está saudável e menos sedentária.
Revirei os olhos.
— Eu não ligo para isso. Poderia ter pelo menos UMA coisa boa por semana. — Disse me lamentando.
É pedir de mais um hambúrguer ou pizza ou cachorro quente ou lasanha ou mais sei-lá-o-que por SEMANA?
— É nessas horas que eu percebo o quanto essa aventura está me custando. — Murmurei, baixo de mais para elas ouvirem.
Sem celular, internet, livros, animes, comidas boas e mais sei lá o que.
Isso é praticamente o inferno para pessoas como eu.
Me levantei do chão.
— Então... Vamos continuar nosso tour pela vila? — Perguntei. Elas assentiram e começamos a caminhar.
Não sei nem 5 passos, quando olhei para o lado. Parei.
— Ei, Camila, por que parou? — Julia perguntei. Dei uma olhada rápida para onde elas estavam, a mais de 50 passos de mim, mas depois voltei a olhar para onde eu estava olhando.
Ok, isso foi meio confuso.
— Que é, Camila? Vai ficar empacata que nem um burro empacato? — Susana perguntou, desbochada.
Mal a ouvi.
Era como se eu estivesse hipnotizada.
Ouvi Susana dar um suspiro de frustração
Me perguntei vagamente como eu consegui ouvir, já que ela estava um tanto longe de mim
Mas esse pensamento morreu praticamente na mesma hora que foi feito.
Ouvi passos altos. Júlia e Susana estavam correndo na minha direção.
Sei quando elas chegaram até mim. Os passos pararam. E eu conseguia ouvir suas respirações levemente ofegantes.
Mas eu não olhei para o lado.
Como eu disse, é como se eu estivesse hipnotizada.
— O que aconteceu com ela? — Julia perguntou.
— Não sei. Mas logo vou dar um jeito de tirar ela desse transe — Ouvi Susana disser.
Susana suspirou e ouvi mais passos. Susana estava se aproximando mais de mim.
Susana colocou suas mãos em meus ombros.
— ACORDA, MULHER!!! — Susana gritou, me chocoalhando meio brutalmente.
— Ah, o que foi? Está acontecendo um terremoto para estar tremendo tanto? — Perguntei, meio lunática.
— Ah... Não. — Susan disse, me olhando como se eu fosse uma louca.
É, minha gente, eu definitivamente não estava girando muito bem aquele dia
— Ah... Tá bem. — Dei de ombros — Por que então... Ah! Você estava me chacoalhando.
— É óbvio, lerda — Susana revirou os olhos.
— Tá, mas por que disso?
— Por quê? Por quê?! — Susana perguntou incrédula — Eu é que devia te fazer perguntas. Você estava ali, parecendo que deu uma viajada pela lua... Coisa que não é muito incomum em você... — Susana Sussurrou a última parte — Enfim, eu que tenho que fazer as perguntas! Por que você ficou naquele meio que transe?
— Transe? — Pisquei, confusa — Mas que transe...? Ah! — Exclamei, finalmente me lembrando.— Aquele transe... — Murmurei, minha expressão ficando mais séria.
— Ihhh, vem coisa por aí. — Susana comentou
— Enfim, Camila, que transe estranho foi aquele? — perguntou Julia me fitando seriamente
— Eu... Eu não sei direito! — Exclamei, ficando meio exasperada de repente. — É difícil de explicar! É como se aquele estabelecimento ali estivesse me chamando — Apontei para um estabelecimento simples.
O estabelecimento não era luxuoso, ou coisa do tipo, mas, de alguma forma, conseguia se destacar em meio aos outros estabelecimentos.
— Te chamando? — Perguntaram, confusas.
— Eu não sei. — bufei, surpresa por eu estar meio irritada. Devia ser a impaciência.
Elas ficaram um minuto me encarando em silêncio.
Suspirei baixinho. Aposto que acham que eu estou louca.
— Ok, vamos ver o porquê disso — Susana disse.
Isso me surpreendeu.
Ela propôs a gente ver isso?
Ainda mais foi SUSANA que propôs!
Normalmente ela ia fazer uma piadinha, ou coisa do tipo.
— Claro. — Julia sorriu para mim — É bom a gente averiguar. Camila pode estar tendo um presentimento que terá algo de bom aqui.
Suspirei.
Júlia até ok. Mas ainda estou chocada com o lance de Susana.
Algo de errado não estava certo.
Meus lábios se recusaram minimamente para cima, com esse pensamento.
Além disso, não é como se o que estivesse acontecendo conosco fosse algo normal e tal
Começamos a andar em direção a loja. O que não demorou muito, já que a loja era relativamente perto de onde a gente estava parada.
— Sinto que alguma mudança está vindo — Julia murmurou quando começamos a andar.
Júlia estava certa.
Uma mudança realmente iria acontecer.
Abrimos a porta, o que provocou um rangido.
Meu coração estava batendo aceleradamente por causa do presentimento de mudança que eu também estava sentindo.
Levei dois segundos para assimilar um pouco o que tinha lá dentro.
Hmm... Ok. Esse estabelecimento era maior que eu esperava.
Entramos silenciosamente dentro dele.
— Hmmm... Não tem ninguém para nos receber ou coisa do tipo? — Susan se queixou — Cadê o bom atendimento ao cliente?
Realmente, aquele lugar parecia deserto.
A não ser pelas estranhas mesas que tinham.
Aproximei de uma nessa.
"Coloque" li, em seguida vi uma imagem de uma pedra azul da água e de uma pedra vermelha da lava.
Franzi a testa.
— Hmmm
Fiquei encarando fixamente aquela mesa por alguns segundos.
A sensação estava no seu ápice.
Me afastei daquela mesa, não sem antes não dar uma olhada sobre o ombros, e segui meu curto caminho até Susana.
— Susana, me empresta sua bolsa de guardar suas pedras? — Pedi, sussurrando.
É nessas horas que eu agradeço por Susana, por algum motivo, não largar essa bolsa.
— Por quê? — Indagou, arqueando uma sobrancelha.
— Só... Só me dá. — suspirei.
— Tá bem... — Ela deu de ombros, em seguida sua bolsa deslizou por seu ombro, e logo ela estava em minhas mãos.
Andei calmamente até a mesa que eu estava há poucos segundos.
Hesitei, em frente a mesa.
O que será que acontecerá quando eu colocar essas pedras ali?
Eu tinha uma certeza: Algo irá acontecer.
O que é meio óbvio. Tipo, por que teria escrito "coloque" uma imagem da pedra azul da água e outra da pedra vermelha da lava.
Não acho que isso seria uma pegadinha.
Suspirei. O que eu teria a perder
O momento em que meu braço se estudava para colocar as duas pedras pareceu levar uma eternidade.
Culpa do nervosismo e ansiedade.
Assim que a segunda pedra tocou a superfície gelada da mesa, me afastei em um pulo.
Acho que eu estava pensando que aquilo ia explodir ou sei-lá-o-que.
Por 2 segundos, que novamente pareceram uma eternidade, nada aconteceu.
Em seguida, luzes saíram de sei-lá-onde e começaram a dançar pelas pedras.
Assistimos aquilo de olhos arregalados.
Eu soube quando aquele negócio tinha acabado — A luz cessou, e as pedras... Estavam... Diferentes.
Aproximei-me da pedra, ouvindo das minhas botas ecoarem pela sala.
Eu me sentia quase como num filme de terror. E eu não gostava de filmes de terror.
Ou talvez em um de suspense... Suspense é... Mais ou menos.
Parei quando cheguei em frente a mesa. Soltei um suspiro baixo e meus olhos foram para baixo, finalmente vendo exatamente o que aquele "magia" tinha feito.
Arfei baixo.
Uma parte do meu cérebro se perguntava se eu estava enxergando bem.
Porque, no lugar em que tinhas aquelas duas pedras, agora tinha um capacete de couro.
Murmurei algo que nem mesmo eu entendi, é virei-me para minhas primas, que apenas estavam ali, paradas e esperando para entender ou ver o que tinha acontecido.
— M-meninas, venham ver i-isso. — Falei, surpresa de mais para não gaguejar.
Elas se aproximaram, caladas.
Esse ambiente meio misterioso, de alguma forma, conseguia nos fazer ficar calada.
Sei lá, acho que isso aumentava mais ainda o clima de suspense.
Susana e Júlia se posicionaram ao meu lado, em seguida seus olhos, compôs meus, deverim onde antes estava as duas pedras.
Os olhos delas se arregalaram levemente. Pareciam tão supresas quanto eu.
— M-mas, como? — Sussurrou Susana.
— A-antes não tinha d-duas pedras? — Julia perguntou, me olhando nos olhos, esperando por respostas.
— E-eu não sei. — Suspirei, tentando achar alguma resposta — A-cho que isso é um tipo de troca. Uma pedra azul da água e uma pedra vermelha da lava por alguma parte da armadura de couro. — Teorizei.
— Isso ser uma nessa de trocas é meio que bem óbvio.— Susana assentiu — Não é como se você tivesse nos dito óh uma descoberta surpreendente. — Susana zombou.
— É. — suspirei. — Isso não foi de grande ajuda.
— Ah, mas, Susana, é meio impossível a gente saber sobre alguma coisa importante sobre isso assim, agora. Mal acabamos de descobrir isso! — Julia disse para a irmã.
— ... Alguém já parou para pensar que essa mesa á armadura de couro? — Susana perguntou depois de alguns segundos de silêncio.
— Ah? — Julia perguntou.
— Aonde você quer chegar?
Susana bufou.
— Eu quero dizer que, como essa mesa dá armadura de couro, as outras poder dar outras coisa. Coisas melhores. — Susana tentou explicar.
— Nossa, verdade! — Disse surpresa — Não tinha pensado assim...
— Ótimo raciocino, Su. — Julia elogiou.
— É, claro que não pensaram, são burras. — Susana disse, com um sorriso zombeiro. Em seguida se virou para a irmã. — Ah, e obrigada pelo elogio, Ju.
— Eu sou a única que não tenho apelido. Isoladaaaaa.
— Não é minha culpa se seu nome não tem um apelido bom. — Susana disse. — Cam, não é legal... Mila, me lembra milho, e além disso não é legal... Você vai ser uma sem apelido para sempre.
— Tururu ru ru ru— Disse, meu dedos passando pelo meu rosto, como se uma lágrima estivesse escorrendo por ele.
— Sem dramatice. — Susana revirou os olhos.
— Dramatice? — Indaguei — Essa palavra existe?
— Ah, vou lá saber? Eu falo o que eu quiser. — Susana revirou os olhos — Voltando ao assunto, vai lá ver o que as outras dão, Camila.
— Por que eu?
— Só vai logo! — Susana mandou, com raiva.
Fui fazer o que ela mandou rapidamente. Não queria que Susana me batesse.
Fui em frente a uma outra mesa
Olhei para o "coloque" e tinha as imagens.
Só que dessa vez tinha da pedra rosa da flor e a pedra marrom de sei lá o quê.
Eu me esqueci o que a marrom significa. Acho que é algo a ver com terra
Caminhei até Susana, e depois pedi as pedras que a mesa pedia.
Em vez de Susana simplesmente abrir a bolsa e me passar as duas pedras, ela jogou a bolsa na minha cara e disse:
— Ah, tome logo essa bolsa. Não quero ficar procurando essa pedra por você.
Tirei a bolsa da cara,me virei, e comecei a andar na direção da mesa.
Nossa, Susana! Quão delicada você foi ao me dar a bolsa!
Sarcasmo detectado ↑
Suspirei e, já na frente da mesa, comecei a colocar as duas pedras na mesa. Mas antes dei uma olhada nos nomes da pedra
Eu estava certa. A pedra marrom se chamava pedra marrom da terra.
Eu sabia que era algo de terra! E é literalmente "terra"
E a rosa é a pedra rosa da flor.
Esses nomes...
Suspirei, e terminei de colcontacar as duas pedras.
Aconteceu praticamente a mesma coisa — as luzes brotaram do nada, deram uma voltinha pelas pedras, as luzes de repente sumiram, e as duas pedras não estavam mais lá.
Só que, agora, em vez de armadura de couro, tinha outra coisa.
"Susana estava certa" Pensei, observando o rubi, que agora estava no lugar das outras duas pedras.
— É, Susana... — Murmurei — Você estava certa.
— É claro que eu estou certa. Sou inteligente, ao contrário de vocês. — Susana se gabou. Nem liguei para o que ela disse.
Fui até o lado de Susana e Júlia estavam, peguei algumas pedras que estavam na bolsa de pedras de Susana, dei elas para a garota de calça roxa.
Dei a bolsa para Julia, pegando algumas pedras para mim.
— Eu posso saber o que é isso? — Susana perguntou.
— Eu não vou sozinha usar todas essas pedras. — Respondi, sem olhá-la enquanto eu ia em direção de uma mesa — Vocês também devem fazer essas trocas.
Caramba, eu rimei.
— Justo. — Ouvi Julia disser.
Susana bufou, mas não retrucou.
Rimei novamente.
Tou a menina das rimas.
Será que eu já fiz outras rimas, mas não percebi?
Dei de ombros, espantando meus pensamentos, e foquei em fazer aquela simples tarefa que era as trocas.
As pedras que eram utilizadas na mesa eram a pedra prateada da lua e a pedra amarela do sol.
Aquele processo da dança das luzes ainda não havia terminado quando Julia gritou:
— Ei, gente! eu achei um que dá esmeralda.
— Sério? — Gritei, mas não tão alto, só o suficiente para que ela pudesse escutar — E qual era as pedras necessárias na troca?
— Pedra verde da natureza e pedra marrom da terra.
Júlia mal tinha terminado a sua fala quando o processo acabou. Deu ferro.
Ok.
Susana gritou que tinha achado uma mesa diferente. Só que não tinha os minérios que era pedido, então pediu para eu e Júlia irmos até ela, e darmos o que ela estiver precisando.
Não demorou muito para eu conseguir achar Susana. A sala não era um tipo de Labirinto, afinal de contas.
Demos as pedras que ela pediu — A pedra Roxa do fim e a pedra misteriosa do começo.
Eu já estava em uma outra mesa, perto de onde Susana estava, fazendo a troca por rubi, quando ouvi Susana sussurrar:
— Mas, gente...
— O que foi? — Julia foi mais rápida que eu para perguntar. Ela também estava perto de Susana.
— Eu... Achei a mesa dos diamante.
— Que?!! — Praticamente gritei — Deixa eu ver! — Mal terminei a frase e já corri até a mesa de Susana.
Parei ao lado de Susana, ouvindo ela sussurrou algo como "reação exagerada"
— Temos diamante, pessoal! Diamante! — Disse, observando o diamante.
— Ah... Parou né, Camila? Parece que você está hipnotizada pelo diamante. Chega a dar medo — Susana disse.
— Tá, tá, parei — levantei os braços em forma de rendição, me afastando da mesa. Confesso que também estava ficando com medo de mim mesma.
Peguei o rubi, e parti a procura de uma mesa nova.
[...]
Encontrei uma mesa que nenhuma de nós tinha experimentado.... Eu acho.
Mas tenho quase a certeza de que não.
Mas eu posso estar enganada.
Quem sabe?
Enfim, a mesa utilizava pedra rosa da flor e pedra amarela do sol.
Batuquei os dedos numa parte da mesa, enquanto esperava para ver o que poderia sair.
O processo terminou e apareceu uma... Uma...
Que estranho, aquilo, na verdade, parecia uma bombinha.
Dei de ombros, e joguei ela em algum lugar qualquer. Ela fez um barulho até que alto.
— AH, MAS O QUE É ISSO? — Ouvi Susana gritar de um local muito próximo. Eu nem sabia que ela estava perto de mim
Eu me virei, prestes a dizer que aquela mesas por algum motivo, me deu uma bombinha. E que eu joguei ela.
Mas aquelas palavras meio que morreram assim que eu me virei.
Susana estava se coçando.
Não aquela coceirinha pequena, que em apenas uns segundos ela some.
E sim aquela coceira enorme. Do tipo que parece que seu corpo inteiro está coçando e você está desesperada.
É assim que ela está: Desesperada e coçando o corpo todinho.
— O QUÊ...?!!! — Julia gritou, correndo em nossa direção. Acho que ela deve ter ouvido o grito de Susana. A garota de cabelo azul, parou quando viu a irmã. Acho que as palavras também fugiram de sua boca. — O que... O-o que está acontecendo aqui?
— Não sei!! Me ajuda!! Eu estou morrendoooooo!!! — Susana gritou, enquanto se esfregava na parede.
Sim, ela estava literalmente se esfregando na parede.
Mesmo eu estando assutada com a situação, não pude deixar de achar a situação realmente cômica. Um riso baixo escapou por minha boca.
— Pare de rir da minha desgraça, sua inútil! — Susana gritou ainda se esfregando na parede.
— Desculpa — Disse tentando conter o riso.
— Mas enfim, o que aconteceu? — Julia perguntou olhando ora para eu, ora para Susana.
— Não sei!! — Susana gritou — Em uma hora estava tudo bem, na outra eu ouvi um barulhão e depois meu corpo inteiro estava coçando!
— Ah... Julia. — Dissez tentando chamar a atenção dela. Ela olhou para mim — Sobre o barulhão que a Susana mencionou... Ele foi provocado por mim.
— O quê? — Perguntaram quase instantaneamente Julia e Susana.
— Bem... Eu ganhei um tipo de bombinha de alguma das mesas de trocas. E eu joguei ela para algum lugar. O barulho foi provocado pela bombinha.
— ... Ahhh... Já estou entendendo tudo. — Julia passou a mão pelo rosto, cansada, depois de alguns segundos de silêncio.
— Entendeu o que? — Perguntamos Susana e eu em uníssono.
— Vocês não acham muito estranho no segundo seguinte da Camila ter jogado a bombinha, Susana começou a se coçar todinha? — Julia perguntou fitando a gente. Susana não estava mais se esfregando na parede, mas ainda assim não parava de ser coçar.
— Onde você quer chegar? — perguntei.
Não estava muito a fim de raciocinar naquele momento.
— Estou dizendo que foi essa bombinha que provocou esse surto de coceira em Susana.
Fiquei surpresa. Mas logo me senti meio mal por ficar tão surpresa.
Ok, aquilo era meio óbvio.
— Mas... Por quê?
— Não sei. — Julia deu de ombros — A bombinha deve ter alguma coisa que faz as pessoas se coçarem... E quando você jogou na Su...
— ... Por um azar enorme eu estava ali onde Camila jogou a bombinha...
—... Acabou acertando-a. — Completei a frase. — Nossa, meu... — passei a mão no rosto.
Qual era a chance de isso acontecer? Qual era a chance?!
Aff.
Somos muito azaradas.
Eu ainda mais.
— Desculpa por ter acertado em você, Su. — Me desculpei, me virando para ela.
— Guarde suas desculpas e implorações para depois. Agora quando essa coceira dos infernos ter acabado, e eu estiver com vontade de dar uma surra em você. — Susana disse meio disse enquanto ainda se coçava.
Desviei o olhar, com medo.
É, é melhor eu já ir de agora ir arrumando argumentos válidos para que eu não acabe sendo quebrada por Susana.
— Ei... Pessoal... Dê uma olhada nisso. — Julia disse chamando nossas atenções.
Olhamos para os lados, logo a encontrando a alguns metros da gente.
Eu nem tinha percebido que ela tinha saído de perto de nós.
Eu odeio um pouco quando as pessoas fazem isso: Saem de perto de mim sem avisarem.
Dei de ombros e corri até parar ao lado de Julia que estava na frente de mais uma daquelas mesas de trocas.
— Que foi?
— Olha os objetos necessário para a troca.
Fiz o que ela pediu.
Precisava de uma pedra branca da luz e uma pedra preta da escuridão.
Pedra preta da escuridão....
Ah...
A gente tem a branca... Mas a preta... A gente jogou na floresta. Na verdade, Susana jogou na floresta, depois daqueles acontecimentos...
— Acho que nunca saberemos o que tem nessa mesa. — Sussurrei.
Eu não ia arriscar de levar uma pedra preta da escuridão até ali.
Vai que seu poder ativa... E a gente se mete em mais outra enrascada?
— É, acho que sim. — Julia disse começando a andar para outra mesa.
Mal deu dois passos quando parou.
— Er... Ju, o que foi agora? — perguntei, preocupada.
Julia se virou para a gente, parecendo meio pálida, e, sem dizer uma palavra, ela abriu a bolsa da Susana.
Ah.
Foi como se uma pancada tivesse sido desferida em meu estômago
Meu rosto também perdeu sua cor.
Por quê? Porque Julia tinha acabado de tirar uma pedra preta da escuridão da bolsa de Susana.
— Como isso foi parar aí? — Perguntei assustada, olhando ora para Susana, ora para Julia.
— Não sei. Pergunte para Susana, a bolsa é dela. — Verdade. Nós tiramos Susana, que ainda estava se coçando, em busca de explicações.
— E-eu?
— É, você.
— E-eu não sei!! — Susana gritou parecendo tão assustada quanto a gente. — Eu jurava que tínhamos tirado todas as pedras pretas da minha bolsa linda, maravilhosa!
— Mas então... Como essa pedra foi parar aí, se não foi você que deixou ela ali? — perguntei, não muito convencida.
— Eu não tenho a menor ideia! — Susana fitou Julia — E você, Ju? Como você poderia saber que a pedra estava ali na bolsa.
— Eu não sei! Eu de repente senti que a pedra estava ali dentro.
— Tem certeza?!
— Claro que tenho! Você está me acusando de colocar aquela pedra ali dentro?!!
Eu nem prestava mais muita atenção para o que diziam. Meus ouvidos estavam começando a doer por causa dos gritos. Minha cabeça latejava.
E eu já estava ficando de saco cheio daquilo
— CHEGAAAAA!!! — Gritei, irritada
As duas irmãs pararam com a discussão e me fitaram assustadas.
— Eu não quero ouvir mais nenhuma acusação, estamos entendidas?!! — perguntei olhando firme para as duas. Elas assentiram.
Consegui fazer, com algum esforço que elas se desculpasem.
Uma ligação como que tem aquelas duas não pode ser rompida por um motivo tão bobo quanto aquele.
Às vezes as pessoas brigam um monte por causa de bobagens... Ridículo!
— Ótimo. — Disse depois de obrigar elas a se desculparem. Suspirei me virando para aquela mesa de trocas.— Acho melhor, já que estamos com essa pedra chata, usarmos ela naquela mesa, o que você acham? — Sorri para elas.
Elas assentiram.
— Assim essa pedra não vai machucar mais alguém. — sussurrou Julia.
— Exatamente, Ju. — Caminhei até a mesa, e coloquei a única pedra preta da escuridão que tínhamos no momento, e uma pedra branca da luz.
Me afastei rapidamente, procurando apreciar mais o espetáculo.
— Essa parte da troca parece diferente, vocês não acham? — comentei com minhas primas, sem tirar meus olhos da mesa.
— Sim... Realmente parece meio diferente. — Julia concordou.
Me aproximei da mesa quando o processo acabou.
Olhei para onde devia estar o objeto que receberiamos da troca, e tive uma surpresa.
— Mas gente... — Sussurrei.
— Que foi, Camila? — Susana perguntou.
Não respondi nada, apenas fiquei fitando o objeto, surpresa.
Julia e Susana então estavam do meu lado.
Olhei as duas por um momento, e depois voltei a olhar para baixo.
— Mas... Como? — Susana sussurrou, também surpresa.
Por quê? Porque simplesmente, em vez de minério, a troca nos deu um peitoral.
Um peitoral de algum minério que eu nunca tinha visto.
— Nossa, mas todas as outras mesas deram minérios... Quer dizer, menos aquela da bombinha... — Julia se corrigiu — Enfim, por que essa é diferente?
— Pelo jeito não é só o momento da troca que é diferente — ri pelo nariz. Peguei o peitoral, e o vesti, só para experimentar. Meus olhos se arregalaram.
— Nossa, o que foi agora? — Susana perguntou.
— Eu...Eu me sinto forte. — Sussurrei.
— Sério? Deixa eu ver. — Susana mal esperou eu responder e já arrancou ele de mim. Me senti fraca sem o peitoral. — Uau! É verdade!
— Posso ver? — Julia pediu. Susana tirou o peitoral, e entregou para Julia. — Minha nossa...
— Você sentiu, não sentiu? — Susana perguntou olharam animada para Julia.
— Sim. — Julia assentiu — Nossa, se é assim só com o peitoral, imagine com a armadura inteira...
— Eu preciso dessa armadura! — Susana disse com os olhos brilhando.
— Eu também!
— Estou junto! Também quero! — Julia disse, seus olhos, como o de nós duas, também estava brilhando.
— Mudança de planos, galera... — disse eu — Quando a gente voltar para casa, a gente vai procurar aquelas pedras e trazer elas para cá para trocá-las!
— SIM!
[...]
Estávamos já fora daquele estabelecimento, andando de volta para a pousada que a gente estava.
Ia demorar um pouquinho, já que o estabelecimento das mesas de trocas era praticamente do outro lado da vila.
Então percebi uma coisa.
— Susana, cadê o passarinho bioluminescênte? — Perguntei assustada.
— Deixei ele dormindo em casa — Susana deu de ombros. — Deu dó acordar ele.
Suspirei aliviada
[...]
Olhei pelo canto do olho Susana coçar seu braço. Já estávamos quase perto da pousada.
— Ainda está coçando muito? — Perguntei, distraída.
— Não muito. Antes estava pior.
— Acho que já está passando o efeito.
— Tomara. — Susana suspirou.
Gritos sendo emitidos de uma distância longe, nos assustaram.
— O que foi isso? — Julia perguntou, assutada.
— Não sei... Mas não deve ser nada bom — Apertei os lábios.
— Melhor irmos checar. — Susana disse. Nos olhamos por um segundo, então assentimos e corremos na direção de onde achávamos que vinha os gritos.
Paramos quando pudemos ver de onde os gritos vinha.
Meus olhos não conseguiam acreditar no que viam.
A vila estava sendo atacada
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