A Batalha Final [Último Capítulo]

Camila

Parecia que meu cérebro tinha travado.

Eu não conseguia assimilar muito bem o que aquele homem havia dito. Eu meio que não acreditava muito

Mas... Uma parte de mim gritava que ele estava falando a verdade.

Era ele. Era ele o cara misterioso.

Era ele.
 
O homem misterioso... Quer dizer, Dentrine, me encarava, esperando eu assimilar o que tinha me dito.

— A-ah... O-o quê? — Consegui dizer, em meio ao choque.

— Eu irei te explicar tudo... Mas ao caminho da batalha. Susana e Julia não conseguirão vencer sem a prima. — Assenti, de mau jeito.

É, eu realmente tinha que chegar ao local da batalha antes que seja tarde.

Pelo favor, que a batalha já não tenha começado.

Julia e Susana definitivamente não podem lutar sem mim...

Por favor...

Susana

— Camila não está morta! Eu sei que não está! — Julia gritou.

— Se você quer encher seu coração de falsas esperanças... O problema vai ser seu. — Hell deu um sorriso macabro.

— Você só quer nos deixar sensibilizadas! Camila fugiu! — Ela tem que fugir — Eu sei que fugiu! E está a caminho da batalha!

— Acreditem no que quiserem! Mesmo que ela já não esteja morta, ela vai morrer nessa batalha!! Que nem vocês!!! — Então ele tacou uma bola de fogo em nossa direção.

Desviei, e fui para o lado de Julia.

— Que Camila chegue rápido... — Murmurei.

— Sim... A batalha acabou de começar. — Julia se ergueu do chão, e partiu para cima do Hell.

Camila

Estávamos correndo para o local da batalha.

Perguntei se ele sabia o lugar da batalha, e não está apenas correndo para qualquer lugar.

— Claro que sei. — Dentrine respondeu. — Estamos indo para o caminho certo...

Com uma parte pequena de mim a contragosto, resolvi seguir ele.

Afinal, ele era minha única chance de achar Susana e Júlia.

Por que ele iria me levar para um outro lugar, se ele acabou de me salvar daqueles monstros? Não faria sentido.

Não que essa aventura fosse algo com sentido ou coisa do tipo... Magia e monstros não são algo que se vêem todo dia.

Às vezes me perguntava se eu estava sonhando ou coisa do tipo...

Bom, acho que só saberei quando derrotar o Hell.

E eu sei que vamos derrotar.

Nós temos que derrotá-lo.

Por Júnior. Por Roger. Por todos...

Eu não vou deixá-lo ganhar.

— Ei, senhor Dentrine, — Disse, chamando a atenção dele para eu. — você disse que ia me explicar tudo quando estivermos a caminho da batalha... Estou esperando as explicações.

Dentrine suspirou, olhou para o lado, então me encarou seriamente.

Susana

Hell nos atacava sem descanso. Jogava magia e nos atacava com a espada.

Era difícil desviarmos de seus ataques. Principalmente das magias. Já devo ter sido acertada 5 vezes.

Sorte que essa armadura é muito boa e não sentimos muito dano.

Me escondi atrás de uma torre que tinha e peguei da minha bolsa uma fruta conhecida.

Suspirei e corri de volta para o campo de batalha.

— Julia, segura! —Joguei a fruta para ela.

Julia pegou a fruta, de reflexo, e me encarou confusa, enquanto desviava  de um ataque de Hell.

— Coma! Vai te ajudar! — Pedi.

Enquanto refaziamos o caminho para de volta para a vila, eu me lembrei daqueles super-pulo de Julia. Aquilo só podia ter sido provocado por uma fruta que ela comeu.

Então esperei até que chegássemos perto daquela árvore que ela pegou a fruta. Demorou um pouco e eu tive que prestar muita atenção, mas consegui.

Julia assentiu, em seguida deu uma mordida na fruta. Dei uma mordida na minha também.

Senti algo estranho. O poder entrando em mim. Então comecei a correr.

Eu me sentia o Flash.

Eu corria rápido. Rápido de mais. Muito rápido.

Hell me olhou, de olhos arregalados enquanto eu corri em sua direção. Dei três chutes seguidos em seu rosto, em seguida acertei uma espadada em seu braço.

Julia pulou com força em sua cabeça, em seguida deu uma joelhada em seu queixo.

Susana com super velocidade.

Julia com super pulo.

Vamos aproveitar o máximo da duração de nossos poderes.

Camila

— Eu morava em uma ilha. Uma ilha mágica. Onde todo mundo tinha magia — Dentrine começou a me contar. Arregalei os olhos.

— Existe esse tipo de coisa? — Perguntei, chocada.

— Sim. Mas são invisíveis para quem não tem magia. Lá só é permitido sangue mágico. — Dentrine olhava para frente enquanto contava. — É possível criar ilhas assim. Mas é muito difícil. Tem que ser bem poderoso.

— Hell fez isso, né? — Perguntei, séria. — A ilha... Agora essa floresta...

— Sim... São duas da ilha do Hell. Só que a floresta... Eu acho que não foi criada pelo Hell. É meio grande de mais...  E além do mais tem as aquelas vilas...

— Dá para perceber — ri fraco. — Nunca achamos o oceano.

Dentrine riu fraco, em seguida voltou a ficar sério.

— Eu morava com minha esposa, e meus dois filhos na ilha... Era tudo pacífico... Todo mundo era gente boa... Não tinha brigas, nem nada disso... Como disse, tudo pacífico... Até que ele chegou — Dentrine ficou sombrio.

Automaticamente adotei a mesma expressão.

— Eu não sei quando ele chegou... Eu tinha saído, para uma pequena viagem. Quando voltei estava tudo destruído. Tudo. Não tinha vestígio de pessoas vivas lá. Todos haviam morrido. De todo mundo que tinha na ilha, só eu sobrevivi — Dentrine suspirou, triste. — Às vezes me pergunto se não era melhor eu não ter ido à viagem... Aí eu não teria sido feito prisioneiro.

"Corpos estavam estirados, mortos, por todo lugar. Algum com machucados de espada. Outros com machucados que claramente era feito por magia. "

"Comecei a correr, desesperado, até minha casa, ao ver aquela cena. Abri, a casa estava caindo aos pedaços, mas eu não ligava. Queria saber se minha família estava bem. Não ligava para o que aconteceria comigo."

"Nada. Tinha procurado por todos os lados e nenhum sinal deles. Comecei a procurar pelos corpos, para ver se achava minha família. Ao mesmo tempo que torcia para não achar"

" Era realmente desolador aquilo. Era um lugar que todo mundo conhecia todo mundo. Era realmente triste ver gente que eu gostava e conhecia... Mortos"

" Mas essa tristeza não se comparava a que eu senti quando achei os corpos de minha família. Desabei"

" Não sei por quanto tempo chorei. Mas, em algum momento... Eu avistei um homem de olhos brancos e cabelos pretos. Soube na hora que era o culpado por tudo aquilo"

"Uma parte de mim queria gritar com ele, e matá-lo. Mas eu sabia que não seria capaz. Ele conseguiu matar todas aquelas pessoas, provavelmente sozinho. E não seria apenas eu que conseguiria. Além disso, eu não tinha forças. Não tinha forças para me levantar daquele chão. O luto que sentia sugou toda minha força"

" O homem, Hell, se aproximava. E eu, sinceramente, não estava com medo de que ele faria comigo o que fez com todo mundo. Na verdade, ansiava aquilo. Eu ansiava encontrar minha família novamente, do outro lado."

" Não sei o que ele viu ou pensou, mas, em vez de me matar, como fez com todo mundo, fez algemas de magia em mim"

" Arregalei os olhos. Queria que ele me matasse. Agora. Imediatamente. Eu não sabia o porquê de ele ter feito aquilo"

" Hell me levou, para longe, flutuando. Ele olhou para trás. Então a ilha explodiu. O lugar que vivi a vida inteira, e todos que conhecia, estavam mortos."

" Hell me levou para longe. Muito longe. Nunca tinha ido para muito longe da minha ilha. O máximo que eu viajei, foi para uma ilha vizinha. Muito próxima"

" Quando a viagem acabou, Hell me jogou em uma calabouço. E então, eu sabia. Estava sendo prisioneiro. Fiquei no mesmo lugar até hoje."

Dentrine deu um sorriso triste.

— Como você conseguiu fugir? — Perguntei, séria, assim que ele parou a narrativa.

— Me concentrei por décadas. Para conseguir juntar magia o suficiente para sair de lá.

" Os calabouços de Hell suga quase toda a magia de quem está lá dentro. Menos do Hell, é claro"

" Descobri um jeito de armazenar a magia. Era difícil. E requeria uma concentração gigante"

" Hoje, consegui dar um jeito de fugir. Eu tinha muita magia armazenada. E Hell estava muito concentrado com a batalha que estava para chegar, então se descuidou um pouco com a proteção dos calabouços"

Suspirei.

— Fico feliz que a batalha desconcentrou ele... Se não eu já estaria morta. — Eu disse. — Vamos ter que batalhar de novo com Hell. Se antes já foi difícil, hoje deve ser muito pior.

Dentrine suspirou. Um novo sentimento o tomando... Parecia... Culpa?

— É minha culpa... — Dentrine olhou para baixo, melancólico.

— Sua culpa o quê? — Perguntei confusa.

— É minha culpa que você tenham que lutar de novo. É minha culpa o Hell ter aquelas ampulhetas. Se não fosse por mim, Hell já estaria derrotado faz tempo.

Susana

Corria rapidamente, graças ao poder da fruta. Ela estava me ajudando bastante.

Mas pareciam que, mesmo com essa ajuda, Hell não estava se sentindo muito incomodado. Ele mal parecia estar machucado.

E o efeito das frutas acabava.

É... Hell parecia mais forte que a última vez.

— Tolas! —, Hell disse, depois de ter sido acertado por uma espadada minha. — Você não vão conseguir derrotar-me! Eu estou mais forte, como devem ter percebido! Não são essas frutas idiotas que vão me derrotar!

Então ele deu um soco em Julia, a jogando com força para uma torre.

Estava prestes a sair correndo na direção dela, usando a super-velocidade, mas não estava nem na metade do caminho quando o efeito passou.

" Ótima hora para acabar, porcaria de poder" pensei, irônica.

Estava correndo na direção de Julia novamente, desta vez com a velocidade normal, quando Hell me acerta com um poder, jogando-me contra um poste também. Meu peitoral quebrou em mil pedaços.

Não conseguia me mover. O poder fora muito forte. Eu sentia cada centímetro de mim doer.

Hell se aproximava lentamente, enquanto eu gritava mentalmente para meu corpo se mexer. Mas era inútil.

— Uma pena que aquela sua prima idiota te salvou quando você se desequilibrou daquela pedra. Mas ela me pagou. Além disso, o que ela apenas fez foi adiar sua morte... Para agora. — Hell parou de andar, e em sua mão começou a formar uma bola de magia. Não! — Acabou para você, Susana!! — Então a bola veio na minha direção.

Não daria tempo de correr, mesmo se eu conseguisse me mexer.

Tudo que pude fazer era fechar os olhos, esperando o ataque.

Mas ele não vinha. Estava estranhando a demora. Meio hesitante, abri os olhos, vendo Hell encarar algo abaixo de mim numa mistura de incledulidade e satisfação.

Olhei para onde ele estava olhando.

Arfei.

Parecia que alguém tinha esmagado meu coração.

Não queria acreditar no que meus olhos estavam vendo.

Outro alguém tinha levado o ataque no meu lugar.

Engoli em seco, tentando me livrar do nó na garganta, em seguida murmurei, meus olhos lagrimejados:

— P-passarinho bioluminescênte?

Camila

— C-como assim? — perguntei, perplexa.

Não. Não conseguia acreditar.

Por quê? Como?

Dentrine suspirou.

— Lembra daquela viagem pequena que fiz? Mencionei no começo. — Assenti, seria. — Eu fiz aquela viagem para conseguir o pó do tempo.

" Veja bem, esse pó era encontrado na ilha em que eu morava mesmo. Mas era muito raro. Raríssimo"

" Eu saí em viagem, para procurar por algum desse pó. O aniversário de minha filha estava chegando, e eu queria presentiar ela com esse pó. Um aniversário... Que nunca chegou à acontecer"

Dentrine suspirou novamente, melancólico, então continuou:

— Eu tinha conseguido encontrar o pó. E à tempo. Só que não consegui entregar para ela... Porque... Bom, ela não estava mais viva para receber.

" Me esqueci completamente da existência desse pó. Se eu tivesse me lembrado, conseguiria fazer com que nós fugíssimos. Esquecer esse pó foi meu pior erro"

" Hell roubou ele de mim e me obrigou a dizer para o que servia... Então foi assim que as ampulhetas surgiram"

" Hell fez três ampulhetas com o pó. Atualmente não tem nenhuma. Ele já usou as três. O que é bom"

" Ele tentou me fazer falar onde tem esse pó. Mas ele é original da ilha que ele explodiu. Não tem em mais nenhum lugar"

— Isso é realmente muito bom. — Meus lábios tremeram em um sorriso. — Aí ele não vai poder voltar no tempo novamente, quando o derrotarmos

Dentrine soltou um riso seco.

— Pelo menos minha ilha não foi explodida em vão.

Ficamos em silêncio por um momento.

— Não acho que seja sua culpa. — Disse por fim — Você só queria dar um presente bom para sua filha. Não teve culpa que Hell o usou para o mal.

— Obrigado. — Dentrine disse.

Ficamos mais algum tempo em silêncio, até Dentrine suspirar.

— É aqui... — Dentrine apontou para uma escada que devia para dentro do solo — Desça essa escada, e você achará o lugar da batalha. Suas primas já devem estar lutando. Então vá, depressa!

— Obrigada. — Comecei a andar em direção às escada.

Tinha descido o primeiro degrau, quando perguntei:

— Ei, e você? — Me virei para ele, mas tive uma surpresa. Dentrine não estava mais ali.

Havia sumido.

Arregalei os olhos levemente, mas depois dei de ombros.

Ele já tinha feito seu trabalho de me levar para o campo de batalha. Acho que seria meio que abusar de mais ele lutar também...

Dei de ombros outra vez e voltei a descer a escada.

Susana

— Eu falei para você ficar lá em cima, quietinho e seguro. — Disse, as lágrimas escorrendo sem controle nenhum. — E não para se colocar na frente de mim, para salvar-me de um ataque.

O passarinho bioluminescênte emetiu um som. Parecia não concordar.

Eu mal conseguia olhar para ele naquele estado. Ferido e à beira da morte.

— É realmente incrível o quanto podemos mudar de opinião... — Solucei. — No começo eu te odiava... Agora... Eu me importo de verdade com você.

O passarinho bioluminescênte sorriu, fraco.

— Mesmo você me incomodando no começo e me irritando... Na verdade, até hoje em dia faz isso. — Ri, sem humor — Eu gostava de você... No fundo eu gostava.

O passarinho bioluminescênte continuava sorrir, mesmo estando no estado que estava. Outro soluço

— Com o tempo eu comecei a ver você com outros olhos. Tudo começou quando você me salvou aquela vez. — Um soluço cortou minha voz. — A partir de então eu comecei a gostar de você cada vez mais. Ouso dizer que gosto de você mais do que Julia e Camila juntas.

Me agachei para ficar na altura do passarinho bioluminescênte. As lágrimas caiam em cima dele.

— Eu te amo, passarinho bioluminescênte. Sempre vou amar — Em seguida dei um beijo em sua pequena testa.

Me afastei. Em seguida o passarinho abriu um sorriso. Um último sorriso. Então seus olhos se fecharam.

Encostei a cabeça ao lado dele, chorando sem controle algum.

Ele tinha ido. O passarinho bioluminescênte tinha ido.

Por minha culpa.

— Ora, ora. Pelo jeito finalmente acabou o momento chatamente depressivo. — Ergui os olhos, vendo Hell me encarar com um sorriso de desboche.

Não.

Eu posso ter minha culpa.

Mas Hell tem mais. Muito mais.

Foi a magia dele que o matou.

Por culpa dele que o passarinho bioluminescênte está morto.

Senti uma raiva enorme. Maior do que qualquer coisa que senti na vida.

Me levantei do chão, devagar, olhando para baixo, minha expressão sombria.

— Por que você faz isso?

— Porque é divertido. — não olhei para sua direção, mas sabia que ele estava com seu sorriso macabro.

— Você... — murmurei, ainda do mesmo jeito. — Por sua culpa ele morreu. Por sua maldita culpa...

Hell nada falou.

— Por sua maldita culpa... — Repeti. — Ele morreu... Eu nunca vou te perdoar! — Levantei meu rosto, minha expressão de pura raiva. Em seguida parti para cima dele.

Atacava rapidamente e brutalmente. Descontava toda minha raiva e tristeza naqueles golpes.

Olhei para o lado, pelo canto dos olhos e vi que Julia fazia a mesma coisa, ainda lagrimejando.

Parte do meu cérebro não conseguia sair do que aconteceu.

Não, não. Passarinho bioluminescênte, não.

Pisquei, então uma pequena lágrima escorreu pelo canto de meu olho.

Agora era definitivo. Totalmente definitivo.... Hell não vai ganhar.

A morte do passarinho bioluminescênte não vai ser em vão.

Eu prometo que não vai!

Minha atenção foi desviada da luta por Camila, que vinha correndo em nossa direção.

Meu coração, pela primeira vez em minutos, se encheu em alegria.

Camila estava viva e bem!

Deixei Hell de lado, fui correndo, abraçar minha prima, meus olhos lagrimejados.

— Camila, eu sabia que você estava bem!

Julia veio e abraçou Camila que nem eu. Nós três chorávamos.

— Como?!! Eu mandei matarem você!! — Hell gritou, chocado.

— Pois saiba que eu fugi e estou vivinha! — Camila então olhou para nós, que ainda a abraçava. — Mas não vou continuar viva se essas duas continuarem a me esmagar.

Ri fraco, me afastando dela. A de cabelos azuis também se afastou.

Fitei Camila, com um sorriso pequeno no rosto e as lágrimas escorrendo... Mas meus olhos... Pareciam... Vazios.

Camila pareceu perceber o meu olhar vazio.

— O que foi que aconteceu? — Camila perguntou, séria.

Julia e eu nos entreolhamos, tristes.

— O passarinho bioluminescênte morreu... — A voz de Julia falhou na última parte. Desviei meu olhar para baixo.

— Não! — Camila arfou.

— Pois é. — grunhi.

— Não... Ele não pode ter morrido. — Camila soluçou. Levantei o olhar para ela, vendo ela com a mão na boca, chorando um monte.

— Sim!! Ele morreu!! — Hell gritou, satisfeito. — E fui eu que matei!!!

Camila se virou para ele, com pura raiva.

— Claro que foi. — Camila cuspiu as palavras — Você é uma criatura horrivel QUE NUNCA NEM DEVERIA TER NASCIDO!!!

— Obrigado.

Camila o encarou por um segundo, em pura raiva, então se virou para mim.

— Você tem um peitoral e uma bota no bolso de sua calça. Pega os dois, veste o peitoral e me dá a bota.

Fiz o que ela mandou, quieta.

— Eu falei que esse reserva ia ser útil. Mas você não me escutou.

— Cala a boca. — resmunguei

Camila sorriu fraco, então se virou para Julia, que estava sem botas.

— Aqui, a bota. — Camila entregou uma bota para Julia, que vestiu.

— Obrigada.

Camila deu outro sorriso fraco.

— Agora estamos prontas para luta! — Camila se virou para o Hell.

— Finalmente. — Hell disse, seu sorriso em uma mistura de maldade e desboche. — Vamos logo à luta.

— Nem precisava pedir. — Murmurei, avançando nele. A raiva e a tristeza voltaram, me deixando mais forte.

Narradora

Em algum outro lugar, não tão distante dali, Dentrine estava encostado em uma árvore.

O homem pensava em muitas coisas. Ele sabia que chegou a hora.

Dentrine tirou de dentro da blusa, um colar dourado. O homem abriu o colar, e fitou por um momento a foto que lá havia dentro.

Ele suspirou, em seguida fechou e guardou o colar dentro da blusa.

— Em breve estaremos juntos novamente. — Murmurou, olhando para o céu, que estava com poucas nuvens.

Deu outro suspiro, então se levantou e começou a caminhar em direção ao seu destino.

***

A luta seguia incansavelmente entre as três garotas e Hell.

Julia, Camila e Susana davam seu máximo em seus golpes contra Hell, mas o mesmo mal parecia estar machucado.

Hell estava forte. Muito forte.

Não se sentiam cansadas. Não podiam ter esse luxo.

" Por Júnior. Por Roger. Pelo passarinho bioluminescênte. Por todos." Pensavam.

Elas não podiam se dar ao luxo de perder, mesmo que outra pessoa algum dia o derrote. Elas não queriam que outros passassem pelo mesmo que elas. Não queriam que mais alguém morresse por causa de Hell.

Não queriam.

Era difícil? Era. Mas isso era desculpa para desistir? Nunca! Isso era desculpa para se esforçarem ainda mais.

Hell deu um golpe de magia em Camila, que, graças à armadura top, não sentiu muito o dano.

Hell estava se irritando. Ele tinha se fortalecido tanto, mas ainda assim não as derrotava. Achava que as derrotaria em menos de 5 minutos, mas já fazia mais tempo. Muito mais tempo.

" Malditas armaduras. Malditas pedras. Maldito seja Dentrine por fazer essas porcarias" Hell pensava.

Camila, Susana e Julia sabiam que tinham que o derrotar rápido. As armaduras não durariam para sempre.

Elas tinham que achar um golpe especial. Que nem na última vez, em que Julia usou a torre.

Mas... Qual?

[...]

Susana deu um golpe com a espada em Hell, sendo retribuído por um soco desferido por Hell.

O peitoral dela quebrou, a deixando desesperada. Agora a bota era a última coisa que lhe restava

Camila estava só com o peitoral. E Júlia só com a calça.

Susana deu dois pulos para trás, caindo agachada no chão, desviando de uma bola de magia que tinha sido jogada em sua direção

Hell jogou outra bola de magia nela. Susana não teve tempo nem de pensar. Foi acertada pela bola. O impacto foi tão forte que acabou acertando também acertando Camila e Julia. As três foram jogadas brutalmente em direção à torre.

A bota de Susana quebrou.

A calça de Julia quebrou.

O peitoral de Camila quebrou.

Elas estavam sem peça alguma da armadura.

As poucas chances que elas tinham pareceu diminuir absurdamente.

Elas queriam se levantar do chão, mas não conseguiam. A cabeças delas rodavam. Suas visões estavam embaçadas. O corpo inteiro doía.

Hell se aproximava lentamente, deixando-as mais desesperadas. Por que simplesmente não se aproximava rapidamente e acabava logo com o sofrimento delas?

Elas sabiam que acabou. Elas sabiam que falharam. A dor por esse pensamento chegava a doer mais do que a dor física que sentiam.

Hell parou em frente delas.

— Eu não disse que eu ia vencer dessa vez? — a voz dele estava calma, mas seu sorriso era diabólico. — Eu não disse? Acabou para vocês... Julia... Camila... E Susana.

Hell começou a criar uma bola de magia em sua mão.

Elas não queriam ver aquilo. Mas seus olhos não conseguiam se fechar.

Elas não queriam perder. Mas não conseguiam se mexer.

Hell apenas a observava com aquele sorriso diabólico. Então lançou a magia em direção delas.

As mente das três ficaram brancas de medo. Era esse? Esse era o fim?

Antes que a bola às acertasse, uma sombra de humana se colocou na frente, levando o ataque por elas.

O coração das três pararam por um segundo, pelo susto. A expressou de Hell estava em pura descrença. Mas de novo?

Quem havia sido acertado por elas, caiu lentamente de joelhos, então caiu deitado no chão.

Elas trancaram a respiração, então identificarem quem levou o ataque por elas.

Era Dentrine.

Lágrimas pequenas escorriam pelo rosto das três. Principalmente por Susana, que viu o passarinho bioluminescênte morrer na frente dela do mesmo jeito.

E agora... Outra pessoa morre do mesmo jeito... No lugar delas... Por culpa delas...

Camila era a que se sentia pior pela morte dele. Era ela que estava com mais raiva. Ela conheceu Dentrine melhor. Ela sabia a história dele. Ela sabia que ele merecia ter uma vida feliz, depois de tudo que sofreu. Ela sabia que Dentrine não devia ter morrido pelas mãos de Hell.

Pelas mãos de Hell...

Dentrine, Dentrine...  — Hell balançou a cabeça, inclédulo.— Você poderia ter tido uma vida... Como meu prisioneiro... Mas decidiu se sacrificar por uma causa perdida... Morreu à toa.

"À toa.." Camila pensou, aquela palavra foi destacada por ela.

Camila se levantou lentamente, sem dizer nada. Sua expressão estava sombria.

Julia e Susana encaravam a prima, sem compreender. Será que ela ainda achavam que tinham alguma chance?

— A morte... — Camila murmurou. — A morte de Dentrine não foi à toa.

A bolsa onde Susana carregava suas pedras se materializou de repente no braço da garota de olhos vinhos. A mesma arregalou os olhos.

— Não foi... — Camila murmurou.

De repente a bolsa de Susana abriu se abriu sozinha, e, cada uma das pedras começaram a sair lá de dentro. Parando em um círculo ao redor de Camila, rodando lentamente.

Não foi...— uma pequena lágrima escorreu pelos olhos da jovem garota, caindo no chão com um baque quase surdo.

As pedras se transformaram em luzes que começaram a rodiar a garota, até chegarem em sua mão, que estava levantada para o alto.

As luzes formaram um arco.

Os telespectadores observavam tudo, com seus olhos arregalados.

Camila apontou o arco para um Hell totalmente chocado, pronta para atirar.

— Por todos que você já machucou... EU TE ELIMINO!! — então ela atirou a flecha em Hell.

Aconteceu uma explosão quando a flecha acertou ele, um vento forte fazendo a saia de Camila voar levemente.

— Camila... — Julia murmurou, totalmente chocada.

Camila se virou para Julia, com um sorriso meigo. O arco desapareceu.

— Sim?

— Você derrotou o Hell?

Camila não teve tempo nem de pensar. Assim que Julia terminou de falar uma luz branca começou a encher a sala, cegando-as.

Elas fecharam os olhos.

[...]

Camila se remexeu levemente, incomodada pela textura diferente que sentia em baixo dela.

A de olhos roxos claros continuou com os outros fechados por longos segundos. Ela se sentia exausta. Apenas queria voltar a dormir, apesar de ser meio ruim fazer isso com o sol forte sobre ela...

Peraí, sol forte?

Então Camila percebeu o que era aquela textura estranha embaixo dela. Era areia.

O que tinha acontecido?

Os últimos acontecimentos passaram voando pela cabeça dela, fazendo-a abrir os olhos, se erguendo subitamente.

Com a respiração ofegante, observou o lugar. Ela realmente estava em um praia.

Mas não era qualquer praia. Camila não precisou de esforçar muito para reconhecer aquele lugar.

Camila abriu um enorme sorriso, a euforia começando a tomar conta da garota

A de olhos roxos claros se virou para as primas, chacoalhando-as.

— Julia, Susana, acordem!!

Não demorou muito para as duas acordarem.

— O que foi, Camila? — Julia murmurou esfregando os olhos, enquanto se sentava na areia.

— Nós conseguimos! Estamos em casa!

— O quê?!! — As duas se levantaram em um pulo, seus olhos arregalados enquanto olhavam o lugar familiar

As casas que tinham há alguns metros da praia estavam destruídas. Na verdade o lugar em si estava destruído, mas ainda assim era o lugar que costumavam passar algumas tardes.

— Conseguimos... — Julia murmurou — Camila, você conseguiu vencer o Hell!! — Julia abraçou Camila, em júbilo.

— Pois é. — Camila riu fraco.

Susana virou os olhos para elas, pronta para soltar um comentário sarcástico, mas seus olhos acabaram se encontrando com algo.

— Estou tão feliz! Poderei finalmente ir para a casa e ver meus pais!

— Sim! Eu vou passar a tarde inteira no celular. Perdi vários vídeos do YouTube, com todo esse tempo que estivemos fora, tenho que me atualizar.

— Vish, é mesmo. O tempo que ficamos fora. — Julia colocou a mão no rosto, preocupada.

— O que foi, Julia? O que tem o tempo? — Camila perguntou, confusa

— Camila... — Julia a encarou seriamente — Qual desculpa vamos inventar para justificar o tempo que ficamos fora?

— Ai, eu não pensei nisso — Camila suspirou.

— Claro que não falaremos para nossos pais a verdade. Eles ficariam muito preocupados, isso é se acreditarem... — Julia suspirou. — Então, o que faremos?

— Não sei... — Camila suspirou. — E você, o que sugere, Su? — Camila se virou para a prima, mas não a encontrou onde devia estar, do seu lado.

Camila ficou confusa, então começou a olhar para os lados, levemente preocupada.

Mas, felizmente, essa procuração não durou muito. Rapidamente encontrou ela de costas, olhando para algo.

Julia e Camila se entreolharam, em seguida caminharam em direção à Susana.

— Ei, irmã,o que você... — o olhar de Julia se abaixou para o que Susana estava segurando. As palavras de Julia morreram.— Ah...

— Susana... — Camila não sabia o que falar

Susana estava acaraciando uma pena. Uma pena muito familiar. Uma pena que traziam uma tristeza enorme para elas.

A pena do passarinho bioluminescênte.

As garotas não sabiam como aquela pena tinha chegado ali. Provavelmente o passarinho perdeu ela enquanto voava rapidamente para salvar Susana e essa pena acabou sendo teleportada com elas.

Pequenas lágrimas escorriam pelo rosto de Susana, pingando na pena que segurava.

— Su... Eu sinto muito. — Camila abraçou a prima. Julia fez o mesmo.

Susana soluçava. Ela não queria acreditar que aquilo tinha mesmo acontecido.

-— Não... Ele não pode ter ido embora... — Susana disse, sua voz sendo cortada pelos soluços que não conseguia controlar. — Não pode...

— Vai ficar tudo bem... — um soluço cortou a voz de Julia — Vai ficar...

As três ficaram assim, naquele abraço coletivo, chorando pela morte daquele ser. Aquele ser que as ajudou tanto. Aquele ser que foi seu melhor amigo por parte daquela aventura.

— Su, me escute. — Camila colocou as mãos no ombro de Susana, encarando-a seriamente. — Você tem que ser forte. Ele não quereria que você ficasse assim.

— Mas...

— Seja forte Susana... Por ele...

Susana se afastou um pouco. Pensativa.

Ser forte não era uma coisa fácil a se fazer. Mas ela faria o impossível, se fosse pelo passarinho bioluminescênte.

— Por ele... — Susana concordou, sequando as lágrimas.

Camila sorriu, mas antes que falasse alguma coisa, foi interrompida por uma voz familiar.

— Camila?!! Ju?!! Susana?!! —As três se viraram automaticamente quando ouviram seus nomes sendo chamado. — Ai minha nossa!!

Elas arregalaram os olhos.

— Mãe? — Camila perguntou, sufocada. — Mãe!!! — gritou, em seguida correu na direção da mulher

— Ai, minha querida filha. Eu tive tanto medo de ter acontecido algo com vocês... — A mãe de Camila abraçou-a com força, lágrimas escorrendo sem controle pelo rosto das duas.

— Calma mãe. Eu estou aqui. Eu estou bem. — Camila disse, tentando conforta-la.

— Sim... Graças a Deus! — A mulher se afastou um pouco da filha, mas em seguida voltou a abraçar.

Julia se aproximou lentamente, emocionada pelo momento.

— Ei, cadê a minha mãe e meu pai? Eu quero saber como eles estão. — A de cabelos azuis perguntou.

Julia queria muito ver seus pais e abraça-los. Dizer que tudo estava bem. Chorar de alívio com eles. Aquela cena tinha a comovido

— Eles estão bem... — A mãe de Camila se afastou da mesma, sequando as lágrimas — Nos dividimos para ver se conseguimos achá-las.

— Yatta! Não vejo a hora de vê-lo! — Julia disse, animada.

—  O que estamos esperando? Eles devem estar muito preocupados. Vamos?!

— Sim!! — Camila e Julia gritaram em uníssono.

A alguns metros atrás delas, Susana continuava olhando a pena do passarinho bioluminescênte.

A felicidade que ela estava sentindo nunca seria completa, sem aquele querido amigo.

— Ei, Su, vamos!! — Julia gritou para a irmã.

Susana olhou por um momento para a de cabelos azuis.

— Já vou!! — Gritou.

Susana se lembrou das palavras de Camila

A de olhos vinhos queria ver seus pais e abraça-los. Apesar de essas vontade não ser nada comparada ao luto que sentia. Mas ela um dia iria conseguir superar esse luto.

Susana olhou para o céu, por alguns segundos, em seguida guardou a pena e começou a correr em direção delas.


Ela seria forte.

Por ele...

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CENA EXTRA:
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As três garotas estavam reunidas em um círculo no gramado que tinha em frente da casa delas.

Camila colocou a mão sobre o ombro de Susana, dando-lhe um olhar de compaixão

A de olhos roxos sabia como aquilo estava sendo difícil para ela. De todas, Susana era a que mais gostava dele. Fazer aquilo era mais doloroso para ela do que para as outras.

As três começaram a cavar um buraco no chão. Pequeno, mas o suficiente para o que estavam fazendo

Com as mãos trêmulas, Susana começou a colocar a pena no buraco, mas parou na metade do caminho.

Não. Ela não conseguiria fazer isso... Não

A de olhos roxos apertou a mão de Susana levemente, a mesma a olhou na hora.

— Por ele. — Murmurou Camila.

— Por ele. — Susana concordou, em seguida colocou a pena no buraco.

Elas estavam fazendo um funeral para o passarinho bioluminescênte. Foi ideia de Susana. Um funeral era o mínimo que o passarinho bioluminescênte merecia. Era o mínimo que deviam a ele.

Apesar de não ser um funeral tão bom. Elas só tinham uma pena dele e fariam o funeral no quintal mesmo. Mas como dizem, o que vale é a intenção.

Júlia segurou a outra mão de Susana levemente. Susana encarou a irmã, pequenas lágrimas escorrendo pelo rosto das três.

Aqueles leves toques deram forças o suficiente para que ela continuasse aquilo. Susana, com a ajuda de Camila e Julia, começou a colocar terra por cima do buraco.

— Está feito... — Julia murmurou, se levantando— O funeral do passarinho bioluminescênte terminou

Uma pequena lágrima escorreu pelo rosto de Susana, e pingou no lugar onde a pena estava enterrada.

— Sim. — Susana engoliu em seco, se levantando também — Fico feliz por pelo menos ter feito isso por ele.

As três garotas ficaram por alguns minutos encarando aquele buraco, em seguida Julia e Camila começaram a se afastar.

Susana ficou por mais algum tempo olhando, em seguida se virou de costas, dando uma última olhada pelo ombro, e começou a se afastar

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Mano... Que triste esse capítulo.

Eu juro que chorei quando escrevi a morte dele... Mas fazer o que, ele já estava condenado a morte desde que o Ararinha_Azul deu a ideia do personagem.

Eu apenas queria agradecer ao Ararinha_Azule o Neofafadjmoreira que acompanharam essa estória desde o primeiro livro.

Minhas primas Nathielly e Amanda, que sem elas essa estória nunca teria sido feita...

E a todos que chegaram até o final!! Obrigada.

Esse pode ser o final na duologia, mas não quer dizer que não teremos outras coisas dela. Os quadrinhos dela... Os desenhos... Nas versões Gacha dos episódios de MH1 que posto no YouTube... Encontraremos os personagens lá!

Ah... Sem contar que estou com uma ideiazinha de um capítulo novo de MH... Sabe, um extra... Mas não sei se vai dar certo.

Espero de coração que vocês enviam gostado dessa duologia e... Bye bye! ♥

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