Conhecendo o Lorde
Angeliny chegou confusa em casa. Não entendia o que havia feito de errado para que Cristian lhe tivesse tratado de forma tão rude.
Ela subiu para seu quarto e foi para o banheiro onde apanhou um pano úmido e seguiu para uma pequena bancada onde estava uma bacia de porcelana com água. Molhou o pano e passou em seu rosto e pescoço.
Em seguida, realinhou os fios soltos de seu cabelo, e seguiu de volta para seu quarto. Onde se jogou sobre sua cama e fitando o teto recordou-se de Cristian.
Ouviu batidas na porta que a despertou de seus devaneios.
— Pode entrar. — falou ao se sentar.
Sua ama entra e colocando as mãos na cintura, pergunta:
— Vosmicê está bem, minha criança?
— Estou.— respondeu melancólica.
— Eu a conheço. Lady Angeliny — ela semicerrou os olhos — Conte-me o que houve.
— Porque as pessoas tendem a ser tão confusas? — Angeliny pergunta exasperada.
— Nem todas são confusas. Apenas tem o dom de nos deixar confusos. — ela sorri — estamos falando de alguém em especial?
— Não. Ninguém. — Angeliny se lança outra vez sobre os lençóis.
— Certo, minha criança. Na verdade, eu vi aqui para chama-lá, O Conde mais o filho, acabaram de chegar. E vosso pai deseja que se apresente.
— Já estou indo, ama.
Ama se retirou. Angeliny suspirou e se levantando seguindo para sala.
Ao chegar se deparou com o Conde. Que conversava com seu pai sentados no conjunto de cadeiras de braço.
O jovem lorde, que se acomodou em uma das cadeiras de descanso, estofada em veludo, a observou enquanto ela se aproximava. Todos se colocaram de pé, para receber-lhe.
— Lady Angeliny. Como a senhorita tem passado? — Conde Magnus perguntou.
— Muito bem Conde. E o senhor? — respondeu sorrindo.
— Vou bem. Creio que a senhorita não conhece meu filho — apontou para o belo rapaz ao seu lado.
— Lorde Alexander Magnus. — ele se apresenta lhe estendendo a mão — estou encantado em conhecê-la.
Angeliny toca os dedos dele. Alexander deposita um leve beijo no dorso de sua mão.
— O chá será servido agora. Vamos? — o pai de Angeliny tomou a palavra, apontando na direção da porta.
Eles caminharão pelo jardim e chegarão em um coreto. Onde os vassalos já haviam preparado uma linda mesa para o chá enfeitada com rosas.
Sobre ela havia fatias de bolos, tortas de frutas, crepes e além do chá tinha também leite de amêndoas.
Angeliny e Alexander, tomam o chá em silêncio. Enquanto seus pais conversavam sobre variados assuntos.
Ao terminar o pai de Angeliny, direciona-se para ela.
— Angeliny. Porque não mostra ao lorde, a nossa Fazenda. Pelo que soube ele gosta muito do campo.
O pai dela ergue a mão e faz sinal para uma das vassalas que estavam ali à disposição. Ela se aproxima, e ele dá a ordem.
— Secil, acompanhe minha filha e o Lorde em um passeio.
A moça apenas confirma com a cabeça.
Alexander se levanta e Angeliny também. Ambos seguem pelo longo jardim enquanto a criada atrás ia os acompanhando.
— Então Lady Angeliny, soube que a senhorita está frequentando a instituição. — Alexander falou.
— Sim estou — Angeliny responde com um sorriso — e o senhor está?
— Sim. Só não compareci hoje porque tive que acompanhar meu pai em uma de nossas fazendas.
— Entendo. — Angeliny responde sem muito interesse.
O silêncio paira entre eles por alguns minutos até Alexander sorrir para o nada.
— O que há? — Angeliny perguntou confusa.
— Nada. Só que não temos assunto nenhum para conversar. — ele sorriu.
— É verdade — Angeliny concorda — deve ser porque ainda não nos conhecemos muito bem.
— Deve ser. — ele então para de caminhar fazendo com que Angeliny parasse também.
— Algum problema? — perguntou confusa.
— Não. Apenas estou pensando.
— Deseja compartilhar?
Ele volta a andar com ela, ambos seguem até um Carvalho, e se sentam em um banco de pedra que havia ali.
— Está certo então. Vamos nos conhecer melhor — ele olha para ela — do que a senhorita gosta? Quais são seus passatempos?
— Bem. Eu gosto de música, passear ao ar livre e pintura. — ela sorriu e concluiu — e o senhor?
— Não sou bom desenhista. — ambos riram — no entanto, toco Cravo muito bem, amo cavalgar e leio muito.
— Sério? Quê tipo de livros o senhor lê?
— De tudo um pouco.
— Lê poesias?
Alexander sorrindo confirmou. Ele estava gostando de ter a atenção dela focada em si.
— Sim, eu leio. — respondeu em fim.
— Recite alguma. — ela semicerrou os olhos.
— Espera, a senhorita pensa que estou mentindo? — ele finge mágoa colocando a mão sobre o peito.
— De maneira nenhuma. Só quero ter certeza. — ela sorriu encantadora.
— Pois bem! “O amor é dos suspiros a fumaça;
puro, é fogo que os olhos ameaça;
revolto, um mar de lágrimas de amantes…
Que mais será?
Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada.
— Isto é…
— William Shakespeare. — ele concluiu.
— Diga outro. Se assim desejar. — ela lança um olhar desafiador. Alexander ri incrédulo.
— “Nenhuma beleza primaveril ou de verão tem tanta graça como vi em uma face outonal”. John Donne.
— Muito bem Lorde Alexander, provou para mim ser um homem letrado.
Falou olhando-o nos olhos pela primeira vez. Só agora reparou na beleza à sua frente.
Alexander tinha um belo par de olhos cinzas que lembravam os diamantes. A pele branca e os cabelos negros presos em um rabo de cavalo, contudo mesmo assim alguns fios pendiam para frente e modulava seu belo rosto. O queixo fino porém elegante, e o nariz arrebitado.
Angeliny constatou que ele era a personificação da beleza. Se Eros existia, Alexander tinha grande chance de ser filho dele.
Ambos conversarão por horas até os pais os chamarem novamente, pois, o sol já estava se escondendo no Horizonte.
— Foi um prazer conhecê-la, Lady McKellen. — Alexander se despediu beijando o dorso de sua mão.
— O prazer foi todo meu, Milorde. — Lhe fez uma reverência.
Os pais dos dois se olham orgulhosos. Por ver seus filhos se entendendo.
E também se despedem com um aperto de mão.
— Passar bem. — o pai de Angeliny falou.
— Igualmente. — Conde Magnus respondeu, e virando-se para Alexander, disse — vamos.
Angeliny estava se direcionando para casa. Quando seu pai perguntou:
— Então querida. O que achou do filho do Conde?
— Ele é gentil e agradável.
— Entendi. Vosmicê gostou dele então? — ele especula.
Angeliny, curiosa e sorrindo perguntou:
— Pai, o senhor por um acaso não está tentando me arranjar um noivo, está?
— Não, imagina filha. — ele finge ter se ofendido — mas se caso eu estivesse. O Lorde seria um bom candidato ao seu coração?
— Pai! — Angeliny fala mais alto do que de fato gostaria.
— Foi só uma pergunta. — ele riu de seu semblante.
Ambos seguem para casa, pois, a lua já se erguia no céu.
--------------------------------------------------------
Obs.: O cravo é um instrumento de teclado que possui formato semelhante ao do piano de cauda antigo, porém pode ser composto por um ou dois teclados.
Eros na mitologia grega, e conhecido como cupido, filho de Afrodite deusa da beleza e do amor. Sendo assim considerado um belo homem com asas de anjo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top