Capitulo 1

        Aquela era uma data sagrada para os Pantas, tendo suma importância a todos no clã e ninguém poderia aceitar qualquer missão em dias próximos, para que nenhum deles faltassem por motivo algum, era um dia que todos eles se reuniam na caverna secreta para honrar seus antepassados do clã e para juntos repousarem após longas jornadas de missões contínuas, era o momento mais humano que eles teriam em cada ano. Então nesse dia se esgueiravam pela pequena cidade de Plansnópolis, vindo de regiões diferentes, todos para dentro da floresta, onde, com a palma da mão, abriam portas secretas na montanha.

Naquele dia havia alguém superanimado, um pequeno garoto chamado Hayato, esse seria o dia em que entraria para a equipe secundaria de ataque, ele nunca fora permitido ir à combates ou missões devido a sua pouca coordenação motora, que o atrapalhava em usos múltiplos de armas... Porém ele treinara, e hoje seria seu dia.

— É hojeee! – Passa o garoto correndo entre duas jovens de quimono preto, que o deixam passar e bufam com o nariz. – Hoje finalmente entro para a frontee! — Ele passa por alguns homens fortes.

— Hoje também é dia de honrar nossos mestres e antepassados — resmunga um deles.

— Deixa ele, se dedicou muito e está animado para se apresentar ao grande mestre — responde outro, carregando um caixote metálico.

Pouco a pouco os Pantas vindos de todo o planeta estavam chegando, conseguiam fazer missões em toda parte devido a sua influência, conseguiam batalhar em diversos cenários, e nunca houvera uma única emboscada que os parasse... Até esse dia.

Na noite de 12 de maio, aquele que seria o último dia deles compartilhando a data do mais sagrado, a alegria de estarem juntos comemorando e a tristeza do luto, tudo calmamente começou, como se o pavio da dinamite tivesse sido acendido e silenciosamente seguia para a explosão. Houvera as apresentações, alguns informativos, bebedeira e o sentimento de família que só sentiam ali, para vários era tudo que tinham... Não parecia uma última vez, mas aquilo seria a despedida, coisa que no dia 13 pela manhã faziam sempre, pois muitos só podiam se ver no próximo ano, e mesmo sabendo das habilidades... podiam até não os ver mais.

Assim que todos dormiram, após as festividades e as tradições tendo sido feitas, abafadas pelas grossas camadas de pedra daquele local secreto, no momento que o último resquício de luz se foi, sobrando somente a estranha fogueira que eles tinham no centro da cidade secreta, o local foi invadido por vinte mil homens.

Dentre eles, soldados que podiam ser reconhecidos por suas roupas militares, com adornos metálicos e um capacete com lentes vermelhas; Ninjas de clãs menores, vestidos em quimonos de combate que eram más réplicas aos dos Pantas, os quais lembravam robôs; Atiradores de elite, que compunham de uma farda negra contendo uma raposa cinza e um número acima do símbolo, uma marcação de hierarquia, e demais tipos de combatentes que nunca deu-se explicação do por que participaram daquele ataque conjunto. A resposta mais plausível era uma das únicas coisas que une o ser humano, ódio, ganância, ou o próprio medo... Teriam sido pagos? Havia alguma altíssima recompensa para aquilo? Não, o limite que o dinheiro tem é as consequências próprias para consegui-lo, ninguém iria a uma missão suicida só por dinheiro, havia coisas maiores ali.

Adentrando todos eles no esconderijo Panta, nos olhos da maioria era visível que não conseguiam esconder direito o medo que sentia ao estar ali, no silêncio que faziam nos seus passos, evitando ao máximo qualquer ruído, a maioria gritante ali já havia estado de frente à combates perigosos, já haviam visto a morte de frente com quedas de companheiros em combate, mas aquilo era diferente, o ar era muito mais denso naquela luta, podiam morrer sem nem poder revidar e até mesmo temiam que o suor fizesse barulho ao cair no chão, era um grande terror psicológico.

Além do medo, o corpo trêmulo e cada sentido gritando para que dessem meia volta, havia o alto abafamento devido a ser um local fechado e a formação geológica que ali havia, por haver vários homens e pelas tochas que trazia o brilho ao caminho deles, a única iluminação que podia funcionar devido a tecnologia dos inimigos, pela lógica aquele ataque tinha tudo para dar errado, e após aquilo ninguém fora daquele local soube onde esses homens foram parar, mas se ainda não foi favorável a eles, é porque ainda não acabou.

O brilho das tochas refletia nas paredes ao lado deles e iluminava pouquíssimos metros à frente, tornando suas costas e o caminho adiante um total breu, onde seria o lar do inimigo que a qualquer momento no escuro poderia os atacar sem que sequer notassem, podiam estar sendo vigiados enquanto entravam. O sentimento era o mesmo de entrar em um buraco de serpentes venenosas sem nem saber onde elas estão, e com total consciência que se viesse um ataque não podiam se defender, a morte seria certa, como se fossem gados em um curral prestes a receber um tiro de canhão, o que trazia a dúvida de como todos eles vieram, sabendo que se o ataque falhasse não haveria volta.

Qualquer um ao observar os invasores notaria um ar de despreparo para o que vinha a frente, grande parte dos membros atacantes demonstravam receio, sem contar a discrepância de posicionamentos, arqueiros e atiradores de longa distância na linha de frente onde dificultaria suas ações e assassinos em locais que os impossibilitava de se esconder, apesar de serem bons em esgueirar-se na sombra, não tinham possibilidade de ser discretos pelo grande número de combatentes. Haviam algumas coisas que os diferenciava em aparência, como as roupas que usavam, alguns estavam de quimonos, armaduras, e até uniformes de guardas. Tinham suas próprias peculiaridades, como os samurais do clã Kazuji, que eram os maiores rivais dos Pantas, por baixo de suas máscaras de ferro, estavam temendo, mesmo assim se faziam presentes.

O ataque consistia de soldados de várias estâncias, alguns vindos de muito longe dali, sem conhecimento geográfico e a única coisa que tinham em comum com os demais era o temor do clã que estavam atacando, já que nunca se ouvira falar de sobreviventes em combates diretos contra os Pantas. As circunstâncias desse ataque não estavam a favor dos atacantes, suas divergências eram inumeráveis e as chances de sucesso eram mínimas. Porém, o que mais se destacava dentre todos, era um homem de sobretudo preto com uma máscara estranha cheia de símbolos que liderava o ataque, dando longos e compassados passos, mostrando saber totalmente qual era o caminho naquele labirinto de túneis e prováveis armadilhas que os aguardavam, ele parecia confiante demais para alguém que pisava nas terras dos Pantas pela primeira vez, andava pelas câmaras internas e desarmava as armadilhas como se conhecesse cada uma delas, algumas câmaras levavam a lugares aos quais ninguém gostaria de parar, nem mesmo um Panta experiente, mas inexplicavelmente, não pareciam existir barreiras em sua frente.

Eles andaram longos minutos, que pareciam horas intermináveis, cada mínimo barulho os fazia tremer a espinha, a cada passo, tinham o pensamento que a qualquer momento sentiria um companheiro próximo morrendo, e aí seria sua vez, era aceitável isso no momento, até que a frente, uma luz toma a visão deles, era dado o momento em que iam definir aquilo tudo.

Ao chegar no local onde viviam os Pantas, viram uma formação insólita, no centro da civilização Panta tinha uma luz roxa incandescente, que ao chegar mais próximos perceberam se tratar de uma fogueira, repleta de símbolos em vermelho a sua volta, de uma língua que logo seria considerada morta. Para alguns ali, era a primeira fogueira verdadeira vista na vida, os mais velhos entre eles já haviam participado de algumas, mas não era a mesma coisa, aquela fogueira era diferente das demais, sua cor distinta e baixa luminosidade, juntamente com seu mais de um metro de altura, não era a única coisa que a fazia diferente, mas sim a duração de suas chamas, já que jamais se extinguia. Pela lógica, ela devia consumir todo o ar e se apagar, mas estava acesa continuamente e não tinha nada de rarefeito no centro da caverna. Fazendo um círculo em volta da fogueira, estavam os sacos de dormir, próximos à escada haviam vinte e seis sacos pequenos, seguidos de trinta e nove médios e mais à frente trinta e dois grandes, todos dormindo tranquilamente como se fossem as almas mais puras do mundo, com seus olhos fechados e despidos de armadura de combate – seu tão conhecido quimono negro -, sem nem imaginar o que os aguardava. Ao longe, suas casas, todas abertas, em formação igual aos seus sacos de dormir, contornando a cidade subterrânea.

Silenciosamente eles desceram as escadas para a cidade secreta, tentando manter o máximo possível de silêncio em seus passos, quando notaram que os cristais que tinham no interior da caverna traziam uma refração sobre a luz de suas tochas, como se reproduzissem a luz das tochas com mais força, assustaram-se devido a isso e continuaram rapidamente, causando um som um pouco mais alto em seus passos, e ao final da escada o brilho aumentou ainda mais, fazendo com que começassem o ataque antes da ordem ser dada, deviam sentir que seria a única chance, acertar o máximo possível de inimigos enquanto ainda desacordados, sem dar a eles a chance de lutar. Eles conseguiram matar alguns dos noventa e sete Pantas ainda dormindo, mesmo com a grande quantidade de homens ali presentes, a fila para descer as escadas, o barulho da corrida e o espaço diminuindo os atrapalhou.

Infelizmente para os invasores, os Pantas que estavam mais próximos às escadas eram os mais inexperientes em combate e habilidades ninja, alguns eram crianças ou adolescentes, e dentro de seus sacos de dormir, seu sangue se mesclava ao vermelhos dos símbolos em volta da fogueira. Com o som causado pelas armas e passos dos soldados, juntamente com a luz forte refletida pelos cristais na caverna, os mais experientes Pantas logo acordaram, equipando-se com as armas mais próximas a eles, como vultos negros em volta da luz e munidos de um brilho estranho, uniram-se a batalha.

Uma matança dos dois lados em um combate contínuo começou, quando cada Panta se ergueu em volta daqueles homens ao seu centro, todos estavam assustados vendo aqueles quimonos pretos em sua volta brilhando oposto a claridade, haviam nesse momento se colocado em posição de combate, uma posição unicamente deles, sabiam que as lendas passadas de geração em geração sobre os guerreiros de kimonos negros eram reais, as histórias de feitos impossíveis, nesse instante se mostraram possíveis.

Nas palavras de um dos dezenove invasores que retornaram: "Mesmo com os olhos neles não pudemos ver aquele kimono aparecendo no corpo deles, e posso confirmar os boatos, aquele era um símbolo de que nosso fim estava próximo, nunca tive tanto medo em minha vida, senti meu corpo travar, senti uma imponência muito forte...".

Naquele momento os atacantes selaram seu destino ao ver aquelas armas levantadas, talvez em gratidão pelo combate, ou seria mais uma posição para um ataque mais forte? Sabiam que a maioria não voltaria naquele ponto, e em milésimos de segundos pediram perdão a Deus antes de começarem a revidar o ataque vindo dos Pantas, as lendas sobre os Pantas eram reais e os que estavam mais ao centro não conseguiam manter a sanidade, ouvia-se gritos por todos os lados, com cada vez menos luz presente, a loucura tomando conta da mente ao mesmo tempo que a escuridão preenchia o lugar.

Quanto mais avançavam, mais soldados caíam, não fazendo a mínima ideia de como vencer aqueles monstros, os Pantas se sobressaíam sobre aquelas lutas, dez, vinte, cinquenta contra um não era suficiente, era visível que as armaduras do clã, os armamentos e habilidades Pantas faziam com que fossem superiores, demonstrando que cada palavra que ouviram antes, que cada história era realmente real, mesmo parecendo impossíveis para parâmetros humanos, é falado que os Pantas usavam algo como a própria escuridão, o que provavelmente seria devido a cada uma das tochas terem sido apagadas com o andar do combate. Foram guerreiros muito custosos de se derrotar, principalmente aquele velho...

Porém inexplicavelmente os Pantas foram exterminados naquela noite, mesmo sendo capazes de ir contra exércitos de forma tranquila, mesmo tendo conhecimentos tecnológicos próprios os quais o governo ao tentar entender não foi capaz, mesmo sendo os mais fortes, naquele dia o símbolo morreu, e para muitos foi um dia feliz, em um dia simbólico para eles, foi o dia que tudo teria acabado, que aqueles monstros já não mais viviam, mas que algo ali nascia.

Naquele dia somente dezenove saíram, dos milhares que entraram dezenove sobreviventes, dentre eles três ninjas do clã Vydra com quase nada de seus kimonos intactos, sete samurais do clã Kazuji, um deles com sua máscara partida, trazia olhos arregalados assustado, cinco atiradores de elite os quais tiveram menos problemas, sendo assim quinze guerreiros dos mais fortes, foi uma vitória ao final, pois dos quinze, seis saíram ilesos, seis com ferimentos leves e somente três em estado grave, os quais facilmente puderam ser carregados. Os últimos quatro a saírem era um aldeão que saiu levemente ferido, dois soldados do reino do sul (que era contra o avanço tecnológico) os quais estavam se apoiando um no outro, e aquele mascarado, que além de ileso estava com a roupa praticamente limpa, a maioria saiu de lá com ferimentos maiores na mente que no corpo, ao mesmo tempo em que acharam que tinham realmente extinto os Pantas.

Porém um sobreviveu, uma criança que traziam em seus olhos castanho-avermelhados um profundo ódio, alguém que lembrava daquele mascarado que ordenou tudo, em meio a destruição se escondia frágil, quase nadando no sangue e nos corpos dos seus amigos e inimigos, jurando no fundo de sua alma que se vingaria... Seu nome era Khlaus.

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