Um Toque do Destino

O Filme havia sido perfeito para as crianças, até Otto, Maria e Alex curtiram, porém John não prestara atenção, pois estava olhando para Ana há quatro poltronas de distância da dele. Ele estava preocupado, e Ana não parecia estar ali. O acontecimento de minutos atrás a levou para longe com seus pensamentos.

Quando voltaram pra casa, Ana ainda permanecia em silêncio, mas prestava atenção nas crianças que comentavam sobre o filme. Assim que chegaram, elas foram para o segundo andar, Ana as seguiu sem dar tempo a John que queria muito falar com ela. Ele suspirou e foi com o filho mais velho para os fundos da casa onde contou a ele o ocorrido no shopping.

Na noite do mesmo dia, Ana não conseguia dormir então ficou em seu quarto tentando ler um livro ouvindo uma playlist musical em seus fones de ouvido, sem sequer imaginar que do lado de fora do quarto, no corredor, estava John andando de um lado ao outro com o dilema se devia ou não bater a porta dela. Ele enfiou uma mão no bolso enquanto com a outra mexia, no cabelo de modo ansioso. Ele suspirou e se aproximou da porta, porém esta se abriu e por ela saiu Ana que acabou se chocando contra o chefe quase indo ao chão, mas em um movimento rápido, John a segurou pela cintura e a trouxe para seu corpo apoiando-a. Seus rostos ficaram a centímetros de distância, seus olhos se conectaram e seus batimentos cardíacos se agitaram. Ana segurava nos braços dele enquanto a música Careless Whisper de George Michael iniciava em sua playlist do celular.

-Hun..._Ana se deu conta de como estava em uma situação embaraçosa, se endireitou e se afastou _-Me desculpe. Eu não sabia que...

-Ah...Não tem problema, Ana. Eu devia ter batido de uma vez...e, é... ham..._pigarreou olhando para os pés _-Me desculpe por isso.

-O senhor queria me dizer algo?

-Uh, o quê?

-Veio até aqui e ia bater na porta...

-Oh! É verdade. Sim...quer dizer, não...uh...sim. É que eu queria ter certeza de que estava bem.

-Eu estou bem..._John assentiu coçando o cantinho da boca_-Era só isso, senhor?

-Então voltamos as formalidades? _perguntou ele enfiando suas mãos nos bolsos e começando a se mexer para frente e para trás _-É que, sabe? Estamos nós dois sozinhos aqui._ele sorriu pequeno. _-Nós não conversamos desde...desde aquilo que aconteceu e eu estou angustiado. Não aguento ficar tantas horas sem falar com você, Ana.

-Hum...Eu estou bem. Mas também estou angustiada e envergonhada com o senhor pelo que aconteceu...eu tive um azar danado lá no shopping e pra piorar ainda recusei um presente seu. Espero que me perdoe, John.

-Ana..._ele deu um passo a frente, elevou uma mão e tocou o queixo dela fazendo-a olhar para ele_-Não estou chateado com você por recusar meu presente...muito menos culpo você pelo que aconteceu com seu irmão e sua madrasta...estou apenas preocupado pois sei o quanto esse problema familiar afeta você. Eu não gosto de te ver triste. De verdade.

(Ouçam A New Day Was Come de Celine Dion.)

Ouvindo o que ele disse, Ana rapidamente abraçou-o. John foi um pouco para trás no processo mas aceitou o abraço de bom grado, retribuindo-o.

-Você sempre consegue me acalmar com sua presença, John.

Ele sorriu com a bochecha por cima da cabeça dela e fechou os olhos.

-Assim como você me acalma, Ana.

Disse ele e Ana suspirou e também sorriu. Mas quando um barulho em um dos quartos foi ouvido, eles rapidamente se afastaram e agiram como chefe e funcionária.

-Eu...ham...eu estava indo a cozinha beber tomar um pouco d'água. Quer se juntar a mim? _ela perguntou

-Eu adoraria.

Disse e a acompanhou.

Quebra de tempo...

Todos estavam na sala esperando por Alex que estava se arrumando para o tão esperado jantar com Angelina. Já estava tudo planejado e quando Alex apareceu na sala, todos aplaudiram e o encheram de elogios.

-Filhote de peixe, peixinho é!_Disse Ana fazendo-o sorrir com timidez enquanto arrumava seu paletó _-Está um gato, querido.

-Obrigado Ana.

-Gravata? _John perguntou mostrando ao filho a gravata que ele escolheu

-Valeu! Mas vou parecer um velho usando gravata...sem ofensa.

Ana sorriu discretamente ao ver John jogar a gravata longe.

-Está lindo do jeito que está, menino...vai surpreender sua garota. _disse Maria mostrando o polegar para Alex, que a agradeceu com um movimento de cabeça _-Se Dona Katherine o visse agora, ela com certeza ficaria orgulhosa.

John assentiu com um sorriso.

-Ela diria: Nosso menino cresceu. _completou ele indo até Alex_-Vem aqui filho. _o chamou para um abraço

-Se já estão emocionados assim com um jantar, imagina no meu casamento. _disse Alex fazendo-os rir mais uma vez. _-Bom, está na hora. Vou busca-la com o Otto, devo retornar às nove. Me desejem sorte.

-Boa sorte, filho.

-Boa sorte rapaz. Manda ver bonito!

Alex sorriu para Ana que discretamente limpava uma lágrima no canto do olho.

-Boa sorte irmão. _disse Lizzie mostrando junto com Theo, o polegar.

-Obrigado. Tchau pessoal.

Eles acenaram e Alex saiu quando Otto abriu a porta para ele. John suspirou e Ana encostou no braço dele.

-Vai se acostumando, meu caro. Daqui uns anos será aquela mocinha ali.

John olhou para Lizzie e balançou a cabeça não querendo pensar nisso.

-Espero que esses anos demorem a passar. Não estou pronto pra ver minha garotinha nos braços de outro homem que não seja o pai dela.

Ana sorriu olhando para Lizzie e Théo brincando no chão da sala com legos.

-Então acho que é melhor ir se preparando, papai. _John olhou para ela e de volta para filha sabendo que Ana tinha razão.

[...]

Enquanto o jantar de Alex e Angelina corria bem. Ana estava na sala após colocar os pequenos para dormir. John desceu as escadas e sorriu ao ver Ana concentrada em algo, ele caminhou até ela e a tocou gentilmente no ombro, fazendo-a desperta.

-Hum...oi.

-Está aqui sozinha. Acredito que esteja tão ansiosa quanto a mim para saber como Alex está lhe dando com o jantar, não é?

Ana bloqueou o celular e assentiu

-Estou quase explodindo de tanta curiosidade. _John sorriu

-Eu também. _ele coçou o nariz_-Mais ainda falta um hora e meia pra ele voltar. Enquanto esperamos, o que acha de relaxarmos um pouco?

-Relaxar? _John acenou e ofereceu um mão para Ana

-Vem comigo. Conheço um lugar ótimo pra isso.

Ana aceitou a mão dele para se levantar, e juntos seguiram por baixo da escada, indo a sala que Ana nunca entrou desde que chegara na casa. Ela não fazia idéia do que tinha atrás daquela porta porque sempre ficava trancada e só John tinha a chave de acesso. Ele destrancou, entrou e acendeu a luz abrindo espaço para que Ana também entrasse. Ela estava de boca aberta.

-Uau!

-Esse é o meu cantinho pessoal. Na verdade era meu e de Katherine. Nossa sala de música.

-O espaço e a decoração é incrível.

Havia quadros e poltronas, havia uma lareira pequena e um lustre refinado iluminando o ambiente. De instrumentos haviam duas guitarras, vilões, violoncelo, violino, teclado, e um maravilhoso piano preto ilustrado no centro da sala

-Este piano pertencia a minha esposa. Ela adorava, mas desde que se foi, não voltei a toca-lo. Katherine nunca aprendeu, mesmo que eu a ensinasse tantas vezes, ela preferia seu violoncelo. Foi assim que a conheci. _Ana prestava atenção em tudo que ele dizia, enquanto o via deslizar as pontas dos dedos pela tampa do piano. _-Ela estava tocando em bar. Ela era tão incrível! Linda. Às pessoas paravam de beber para admira-la, mas naquele primeiro contato, percebi que ela tinha olhos para mim. No final do show eu tomei coragem de ir falar com ela. Me senti nervoso o tempo todo, mas ela foi tão doce comigo e naquele dia posso dizer que me apaixonei. _John suspirou tristemente _-Sinto a falta dela. Principalmente quando lembro dos momentos que passamos juntos, mas não dói tanto quanto antes...Antes de você chegar, Ana, eu ficava me perguntando se conseguiria realmente seguir em frente como havia prometido a kate, achei que iria fracassar e acabar desistindo de tudo...até das crianças, mas você não permitiu que eu fizesse uma escolha tão ruim da qual eu poderia me arrepender eternamente. Eu cogitei a hipótese de matricular Alex e Lizzie em um colégio interno...e Théo...eu pensei em deixa-lo com a irmã da mãe dele em Nova Jersey...estava pensando em demitir alguns funcionários e vender essa casa...talvez sumir por um tempo...enfim. Graças a sua chegada aqui, tudo mudou. Você transformou as nossas vidas e eu serei eternamente grato por isso, Ana. De todo o coração, obrigado.

-Johnny...

Ana estava emocionada e se aproximou dele

-Foi um prazer. _ela o deu um beijo na bochecha _-Seus filhos, os funcionários e até mesmo você, são pessoas que me acolheram como parte da família. Eu que serei eternamente grata por tudo que fizeram por mim e fazem até hoje. E...quem diria que um homem tão rude e ignorante pudesse ser um nobre cavalheiro, ein?

-E quem é este homem?_John perguntou brincalhão enquanto se fazia de desentendido.

-Ele está bem aqui ao meu lado no dilema se vai ou não tocar este lindo piano depois de tanto tempo.

John sorriu e Ana arredou o banco de frente para o instrumento.

-Acho que Katherine iria adorar ouvi-lo tocar...e eu também.

Ele sentou-se ao banco e se arredou dando espaço a Ana que meio sem jeito, se juntou a ele.

-Qual melodia gostaria de ouvir?_perguntou ele olhando para ela que também o olhou

-A que vier de seu coração.

Ele sorriu com a resposta de Ana e posicionou seus dedos nas teclas deixando seu coração o guiar em uma linda melodia.

...

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