Os Conselhos de Ana

Quando chegaram em casa, Ana levou os menores para o quarto, cumprindo as obrigações após a escola. Alex estava em seu próprio quarto descansando um pouco, pois seu corpo estava dolorido.

Após Ana dar o almoço as crianças e as levar para seu descanso matinal, Ana saiu do quarto de Lizzie segurando uma bandeja e olhou para o de Alex. Logo ela caminhou até ele, bateu na porta e Alex permitiu sua entrada.

-Trouxe algo pra você comer. _ela deixou a bandeja sobre a mesa de trabalho ao lado do computador game de Alex. _-Como estão as dores?

Perguntou preocupada

-Estão melhores depois daquele remédio horrível que você me obrigou a tomar.

Ana sorriu e cruzou os braços

-Pelo menos não foi uma injeção na bunda. _Ana o provocou fazendo Alex sorrir. Era a primeira vez que o via rindo abertamente. _-Bom...eu vou deixar você descansar mais um pouco. Te aviso quando seu pai chegar._Alex assentiu _-E coma seu sanduíche, é o seu favorito.

Antes que Ana saísse do quarto, Alex a parou.

-Espera!_ela olhou para ele da porta. _-Podemos conversar?

-Uh...mais é claro. _Ana deixou a porta escorada e voltou para o quarto, puxou a cadeira do computador e se sentou. Alex se encostou nos travesseiros da cama, suspirou e olhou para a babá.

-Obrigado pelo que fez por mim. Eu realmente não esperava.

Ana sorriu de lábios esticados e balançou a cabeça em negação.

-A quanto tempo àqueles caras tem te intimidado?

-Desde o último ano do fundamental. Um deles, o Ryan, estudava comigo. Se dizia meu amigo até me colocar numa enroscada. Desde então passei a ser perseguido por eles e fui forçado a dar minha mesada. Quando não tinha muito, eles me batiam como hoje; eu disse a eles que não havia mais e eles me socaram. Acho que se você e Otto não tivessem lá, eu provavelmente estaria morto ou em algum hospital agora.

-Eu sinto muito Alex. Sei o quanto é ruim ser intimidado por valentões. E entendo o motivo de você nunca ter dito nada a ninguém. Estava sendo ameaçado, não é?

-Sim. Você já passou por isso?

-Já. Na escola, alguns anos atrás. Foi por isso que aprendi a lutar. Mas nunca lutei como lutei hoje.

-Você se esforçou para me proteger e eu te tratei super mal. Desculpa por isso, Ana. Acho que meu pai realmente tirou a sorte grande em te contratar._Ana sorriu

-Eu é que tirei a sorte grande de trabalhar aqui e conhecer vocês. Seu pai me ajudou num momento mais difícil da minha vida, então tudo que eu puder fazer para recompensar, eu irei. E você não precisa se desculpar. Eu te entendo. De verdade!

-Valeu. _ele pensou e Ana esperou pacientemente para continuar a conversa. _-Acho que ninguém nunca se preocupado assim comigo e com meus irmãozinhos desde que mamãe morreu. E meu pai, ele...ele tem sido ausente, mas eu também não me esforcei para ter a atenção dele. Sempre o afastei de mim, e pensando nisso agora, estou me sentindo horrível.

-Por que não falou com ele sobre isso? _Alex olhou para Ana e suspirou tristemente

-Tive medo. Não sei... sinto falta dele, sabe? Antes do acidente acontecer, éramos muito próximos. Ele estava me ensinando a tocar. _Alex apontou para sua guitarra presa no suporte da parede_-Ele sempre adorou guitarra e me deu essa de sua coleção particular. Mas após a morte da mamãe, ele acabou doando para uma escola de música no centro. Acho que fiquei com muita raiva e acabei descontando nele quando deveria ter sido mais compreensivo...quero dizer, nós perdemos uma pessoa especial e eu fui orgulhoso de mais ao importar apenas com minha própria dor, sendo que ele e meus irmãos passavam pelo mesmo. Papai tentou falar comigo algumas vezes, sempre querendo se aproximar, mais eu o evitei, então ele parou de tentar. E quando isso aconteceu, pensei que tinha perdido meu melhor amigo. Por isso não tive coragem de contar a ele o que estava acontecendo comigo e também porque quis poupa-lo da decepção. A verdade é que eu sinto falta da cumplicidade e confiança que tínhamos antes...sinto falta dele.

Ana suspirou e foi até a cama de Alex, se sentou e tocou a mão dele.

-Seu pai ama você, Alex. Ele com certeza entende o seu lado e respeita o seu tempo. Mas se realmente deseja concertar as coisas entre vocês, acho que é você que tem que dar o primeiro passo desta vez. Ele está esperando sua atitude, porque como eu disse; seu pai respeita o seu tempo. Você só precisa tomar coragem...ele vai te ouvir e tudo irá se resolver, pois ambos precisam do apoio um do outro para continuar, então, converse com ele, conte suas dores e mágoas e escute as dele, e quando sentir seu coração aliviado, sabará que tomou a decisão certa.

Ana não estava esperando o que vinha a seguir, mas retribuiu o abraço de Alex que chorava em seu ombro.

-Obrigado. _disse ele entre lágrimas e Ana o segurou com carinho sabendo que ele precisava daquele abraço acolhedor.

Quando o menino se acalmou, Ana deu a ele a bandeja e deixou o quarto. Quando desceu deu de cara com o chefe que tinha voltado mais cedo do trabalho.

-Senhor Depp. _Ele acenou com a cabeça para ela.

-Meus filhos estão no quarto?

-Sim, senhor. Estão tirando a soneca da tarde.

-Hun...assim que acordarem peça que venham até o escritório. A senhorita também. E Natali. Ela está em casa?

-Uh...a senhorita Parker saiu para resolver um assunto, mas deve voltar a qualquer momento, senhor.

-Ok. Se você a vir, avise a ela que preciso falar com vocês no escritório.

-Claro. Mas, senhor, aconteceu alguma coisa? _John seguiu para o escritório e Ana foi atrás, preocupada _-Sei que não é da minha conta, mas o senhor me parece tenso.

-Você saberá. Como meus filhos foram na escola hoje?

-Ãh...excelente. _Ocultou a história sobre Alex _-Como sempre, senhor.

-Ótimo. Tem feito um bom trabalho aqui, senhorita Ana.

Sempre que surgia a oportunidade, Depp a elogiava o que deixava Ana com um sorriso bobo nos lábios.

-Obrigada...o senhor deseja tomar alguma coisa? Posso pedir à Maria para preparar, ou eu mesma posso preparar se quiser.

-Gostaria de um café, por favor. E sem açúcar.

-Sim, senhor. Já venho trazer. Com licença

Depp tirou o paletó e se sentou a mesa ligando o computador para continuar o trabalho em casa.




...





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