Cutucou Lobo com vara curta
Meu nome é Natanael Gasparini e tenho duzentos anos, mas aparento ter trinta, alguns anos atrás eu era o oposto que sou hoje, tinha o coração mole e tinha em minha volta pessoas que eu dava muita importância e acreditava ser importante para elas, descobrir da forma mais cruel que era descartável, fui apenas uma ponte para que alcançassem seus objetivos, me vinguei de todos que me usaram, não vou mentir, na hora me sentir vitorioso, depois senti um vazio, a vingança não tirou a dor da traição daqueles que um dia amei e nem trouxe paz para o meu coração amargurado e nem me deu de volta a confiança que depositava nos humanos.
Hoje não convivo muito com os humanos, meu convívio se limitou aos animais e com o meu povo, mas somente os que provaram sua lealdade no decorrer dos séculos, me relaciono com os humanos apenas quando os negócios me obrigam a ter contato com eles, mas não me apego a nenhum deles como antes, os vejo como um mal necessário, e os uso quando me são úteis, mas só confio os meus negócios a meu povo, contratei alguns humanos porque minhas fábricas precisam de mãos de obra para que a produção não pare, mas só confio naqueles que são semelhantes a mim.
Abandonei o convivo com a maioria dos seres humanos e me refugiei em minha ilha e reprimo qualquer tentativa de aproximação humana, trouxe comigo só aqueles que não me decepcionaram no passado, que não se deixaram vencer pela cobiça.
Mas minha vida deu uma reviravolta a dois meses atrás, quando precisei ir até a ilha vizinha, a Ilha dos Mestiços, por causa de alguns problemas nos negócios que necessitavam minha presença, fui de barco até a Ilha dos Mestiços, onde um dos meus motoristas já me esperava no estacionamento do porto, com o carro blindado e de janelas com película escura.
Fazia muito tempo que não dirigia e resolvi eu mesmo guiar, no trajeto do porto até o galpão da fábrica para onde estava me dirigindo, vi uma jovem pedalando sua bike, ela tinha os cabelos pretos e parecia de bem com a vida, pois sorria o tempo todo enquanto pedalava. O sorriso da garota me incomodou e no impulso fiz questão de não desviar e nem diminuir a velocidade quando vi uma poça de água suja da chuva, passei com veloz fazendo com que a jovem ficasse toda molhada e suja de lama, foi uma cena hilariante, ela ficou parecendo um pinto molhado, não sei o que deu em mim para fazer essa traquinagem, acho que queria ver se ela continuaria tão de bem com a vida depois dessa chuveirada de lama, sem remorso fui embora rindo satisfeito deixando a jovem xingando feito maluca, bufando de ódio.
Cheguei no galpão de bom humor, porém o bom humor foi embora assim que vi quem estava causando problemas no meu território, quebrando as regras que eram importantes para nossa sobrevivência, regras que existem muito antes de me tornar o líder do meu povo, antes das regras serem criadas o meu povo vivia se mudando, porque viravam alvos de caçadores e como líder é meu dever manter meu povo seguro.
Me aproximo do causador de problemas que estava acorrentado, mantido como prisioneiro até que eu viesse para resolver o assunto, um ser sem coração como eu, porém fraco e decadente. Um nômade que pensou que poderia viver entre nós, caçar e matar em meu território sem se apresentar e submeter a mim e sair ileso. Ele era um errante não tinha um líder e nem fazia parte de nenhuma comunidade, se ele queria viver em meu território teria que conquistar o direito.
Resolvi o problema em dois tempos, primeiro mandei que o libertasse das correntes e lhe dei duas opções, a primeira lutar comigo e se me vencesse ele seria o novo líder do meu povo, mas se perdesse deveria deixar a Ilha dos Mestiço, a outra opção era deixar a ilha sem briga e nunca mais voltar, porque se voltasse não haveria piedade em um novo encontro.
Em cinco minutos de luta eu o derrubei, na verdade ele nuca teve chance de me vencer, mas por ter a metade da minha idade acreditou que me derrotaria, escolheu lutar e entrou confiante que venceria a luta, confiança que durou apenas cinco minutos.
Depois de derrotado ele implorou que o deixasse viver entre nós, porque já estava cansado de ser um nômade, depois de jurar lealdade, passou a fazer parte da alcateia e agora é um de nós.
Quando voltava para o porto parei na cafeteria para comprar minhas rosquinhas preferidas, fiquei no carro enquanto o motorista foi até cafeteria comprar, enquanto aguardava vi uma jovem se aproximar do carro, e de repente, encostar o rosto no vidro da janela, ela tentou ver através do vidro escurecido, fiquei em silencio apenas a observando, não me preocupei sabia que ela não conseguiria me ver lá dentro, mas eu a via e o rosto encostado no vidro ficava engraçado e quase abri a janela para lhe dar um susto, mas de repente ela se afastou do carro e foi para a confeitaria.
O que aconteceu a seguir foi hilário, ela começou a xingar o meu motorista e de repente voou sobre ele de tapas.
Quando o motorista me contou o motivo da surra, que a garota achava que era ele que tinha dado o banho de lama nela, cai na gargalhada, o pobre coitado havia apanhado no meu lugar.
No dia seguinte um dos meus funcionários me mandou um print, que fez do celular da sua filha, era de uma página do Facebook que a filha dele seguia e quando ela viu que o texto falava sobre mim mostrou ao pai.
Uma página intitulada " Se não quer ser assunto, não dê o que falar." e a administradora do grupo havia postado um texto onde eu era o alvo das suas acusações e ofensas, o texto intitulado "Quem não deve, não teme".
"Hoje venho através desse meio de comunicação deixar aqui o que penso de pessoas que se escondem, quem se esconde é porque fez algo que não quer que outros saibam, ou porque tem medo de receber o troco. Hoje meus amigos fui alvo de uma pessoa que se acha no direito de pisar em seus semelhantes, estava eu indo para o meu trabalho tranquilamente em minha bike, quando um ser sem o menor respeito pelo próximo, passou com o seu carro em uma poça de água lamacenta e me molhou dos pés à cabeça de propósito, diante dessa situação não tive outra opção senão voltar para casa e tomar banho.
Por causa desse energúmeno cheguei atrasada no emprego e fui demitida, meu chefe não quis nem ouvir o que eu tinha para dizer, por causa de um imbecil, que agiu igual adolescente estou desempregada e para piorar quando saio irada da contabilidade de onde fui demitida vejo o carro do palhaço em frente a cafeteria do seu José e o patife é tão covarde que anda escondido dos olhares das pessoas em seu carro de vidro escurecidos, impossibilitando de ver quem está dentro do carro.
Ao ver o motorista dentro da cafeteria, pensando ser ele quem conduzia o carro que me molhou de água suja, fui tirar satisfação, acabei perdendo a cabeça e o enchi de xingos e tapas, mas me arrependi o coitado era inocente, quem dirigia o carro era o seu patrão, na verdade, o culpado da minha demissão é nada menos do que o esquisitão do dono da Ilha dos Remédios Natanael Gasparini, o motorista com certeza deve estar com muita raiva por ter apanhado atoa, bom, ele que reclame com o patrão.
Fica aqui meu desabafo e se souberem de uma vaga de emprego me avisem estou precisando, tenho contas para pagar, não sou rica como o dono da Ilha que tem tempo até para prejudicar os que realmente trabalham."
Depois que terminei de ler não aguentei cai na gargalhada, ela me chamou de energúmeno e acredite sei o que significa e concordo com ela sou mesmo, na verdade não fiquei com raiva do que li, se eu tivesse coração coisa que já não tinha a muito tempo eu ficaria era com pena da jovem por ter perdido o emprego, mas esse tipo de sentimento não fazia parte de mim, então nem me importei e segui sem me lembrar desse episódio até hoje quando novamente sou alvo dessa jovem maluca que perdeu a noção do perigo.
Como faço todos os dias e hoje não seria exceção fui ler meu jornal a beira da piscina, quando o mesmo funcionário mandou o print de mais um comentário da jovem que vim a saber se chama Karine, e novamente eu era o alvo de seus comentários, devo confessar que dessa vez me irritou a insistência dessa jovem em me atacar, as acusações eram serias poderiam atiçar e incentivar a polícia a retornar as investigações dos jovens desaparecidos, que já havia me dado muita dor de cabeça e sem falar na presença de policiais na ilha.
Li o texto difamatório que a garota maluca colocou em sua página no Facebook e os prints dos comentários do grupo do WhatsApp, e gostei muito da pergunta do participante denominado Bonibonito e não pensei duas vezes resolvi entrar no grupo.
Entrei em contato com um dos meus subalternos que era bom em hackear celular e dei início a um plano de vingança, meu subalterno conseguiu adicionar meu número de celular e passei a ser um participante do grupo e lá a intrujei a aceitar o convite do dono da ilha, que no caso sou eu, para conhecer a minha ilha.
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