XI
O sonho já começa meio desagradável...
"- Lydia! - exclama uma voz, alegre por me ver. Era Kevin.
Começo a rir até a barriga doer. Acho que não vou me acostumar com o nome, ele parecia ter acordado de um sonho.
- Oi, Kevin. E aí?
- O que? Quem é Kevin? Quer saber... Esquece. Vamos direto ao assunto.
De novo, estou na escuridão, consigo enxergar apenas dois pintinhos dourados. Da mesma cor dos meus olhos.
- Pode parar com isso ok? - eu falo. - Já aconteceu o que? Duas ou três vezes? Fale logo de uma vez!
- Não ouse dizer isso, mocinha! Tenha mais respeito.
- Desculpe... - abaixo a cabeça, mas não fico intimidada - Pode continuar.
Um vento frio passa pela minha nuca.
- Preciso de você para o meu plano, e do garoto também. Terá que me ajudar.
- Ajudar em que? Por que eu me ofereceria e a Nico também?
- Se eu contar, você não vai aceitar.
- Quem se importa? Eu não vou fazer nada! OK? Nico é meu... - cruzo os braços - Nico é meu amigo e eu nunca faria alguma coisa contra ele.
- Tudo bem... Se é isso o que você quer - ele mantém a voz firme. - Se não será por bem, vai ser por mal!
O cenário muda. Estou na casa. Levanto da cama e vou para a sala, Nico não está lá. Procuro por toda a casa, mas não o encontro.
- LYDIA! - ouço seu grito vindo da sala e vou até lá. A porta está aberta e vejo seu corpo sendo arrastado por garras.
Tento gritar e minha voz não sai. Parece um pesadelo, é tudo muito real, difícil de acreditar.
Tento de novo. A voz não sai, os pulmões estão doendo e minha garganta arde, para nada..."
***
Solto um grito, mais alto. Dessa vez saiu de minha garganta. Coloco a mão no pescoço para ver se é real. E sim, é. Para piorar uma enorme dor de cabeça.
Saio da cama quase escorregando.
Vou ao banheiro com medo, minha testa está toda molhada de suor frio. Lavo o rosto e consigo acordar.
- Ai... Essa doeu - abro os olhos e lembro do sonho. - Nico?
Caminho até a sala e ele não está lá. Kevin/Cronos não estava brincando. Esse foi um daqueles sonhos reais.
Não, não, não...
- Nico? Não brinque comigo... Não agora!
Procuro pela casa inteira, cozinha, sala, banheiro, quarto e não o acho.
Volto para o quarto e sento-me na cama. No criado-mudo tem um pequeno papel, escrito:
"Eu avisei, dessa vez será por mal. Volte para o local de conquista e faça o que eu mandar, ou as coisas irão piorar".
- Vai para o tártaro! - consigo dizer após ler o bilhete. - Oh não! Desculpe, você já está lá, não é, pai?
Rasgo o bilhete e jogo no chão, lágrimas saem dos meus olhos, mas não me deixo levar. Preciso saber que lugar é esse e talvez, salvar o mundo. Mas como?
- Já são nove e meia. E eu aqui, sem saber o que fazer.
Seguro meu relógio de bolso, os ponteiros estão parados, sem rodar. De novo não...
Sempre que tenho um sonho desses, devo me contorcer tanto que o tempo congela.
Faço um gesto com a mão e tudo volta ao normal.
O melhor que tenho a fazer é sair e ver um jeito de encontrar esse lugar. Ninguém pode morrer por minha causa.
Eu podia mandar uma Mensagem de Íris, mas não sei como se faz isso, muito menos tenho dracmas.
O pior é que eu estou sendo caçada por monstros, tenho que ir para o local da conquista e não tenho a menor ideia de onde é. Mesmo se soubesse, o Kansas deve ser muito longe dali.
***
Caminho até a escola, pelo menos ainda estou bem vestida e as pessoas pensam que sou aluna...
Até ser atirada na parede como um boneco de pano. Aff!
- Ai! Isso doeu sabia? - eu disse.
- Sai da frente, ruiva! - disse o garoto que me empurrou.
- Sai você! Não sabe com quem se meteu! - eu disse firme, fazendo seus amigos ao redor falarem "huuuu!".
O garoto tinha o cabelo liso e curto, olhos castanhos e pele branca, um pouco mais alto que eu. O rosto fino, sobrancelhas arqueadas e sorriso malicioso. Meio charmoso, aliás. Acho que já o vi em algum lugar.
Ele começa a rir e depois olha para mim bem nos olhos. O garoto arregala os mesmos e depois fica vermelho.
- Eu ainda estou no chão, sabia? - eu disse como se não fosse problema.
O garoto olha ao redor e me oferece a mão.
- Desculpe - ele diz.
Me levanto e o olho nos seus olhos novamente, depois a raiva toma mais conta de mim e saio dali batendo o pé.
Parte dessa raiva foi pelo meu rosto ter corado.
Às vezes queria saber como é quando olho nos olhos de alguém, as pessoas ficam sempre nervosas por causa da cor.
Ando pelo corredor cheio de armários e uma mulher me para.
- Senhorita, a aula vai começar - diz a mulher. - É por ali - aponta para a sala ao lado.
- Não, eu não... - eu disse, mas ela já me empurrou para dentro da sala. Agressiva! Tá pensando que é quem? Vou processar, ein!
Essa senhora é surda?
Me sendo em uma das mesas e alguns alunos entram dentro da sala. Inclusive a professora e o garoto que me derrubou no corredor, que senta atrás de mim.
- Vai estudar aqui, agora? - ele pergunta para mim, se recostando.
- Eu não sou daqui.
- Ótimo, nem eu... Melhor ainda! Quer matar aula? Eu ajudo.
- Não é isso, idiota - me viro para ele. - Eu disse que não era para eu estar aqui.
- Onde você devia estar? - ele diz curioso.
- Sinceramente, eu não sei - dou ombros e sussurro - no local de conquista...
- Local de conquista? - ele disse firme. - Espere ai! Você é a Lydia, não é? Lydia Kristall?
Arregalo os olhos.
- Sim! Como você sabe meu nome? E quem é você? Agente do FBI? Vai me prender?
- Sou o garoto que vai salvar sua vida - ele tira uma adaga de prata do bolso e esfaqueia algo atrás de mim.
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