VII

Sangue, muito sangue.

Só isso que posso dizer do maldito sonho. Não sei se estavam mortos mas, tinha muita gente no chão.

"Estava no acampamento, fumaça por todo lado e pessoas deitadas no chão sangrando. Apenas eu em pé.

Olho ao redor, passo a mão esquerda na testa molhada, onde tem um líquido misturado de dourado e vermelho.
Com a outra mão seguro uma foice de cabo vermelho. A lâmina nem se via por causa do sangue que escorria dela e pingava no chão.

Percy, Annabeth, Quíron... Todos no chão. Aos meus pés tinha uma espada de bronze celestial. Era a espada do Jackson!

"Muito bem" - sussurrava uma voz em meu ouvido".

"Lydia..." - mais alto.

- Lydia! - gritou alguém.

Olhos encharcados de lágrimas, que corriam pelas minhas bochechas.

- Acorda! Lydia! - era Nico, que estava deitado ao meu lado.

Mal conseguia falar, era como se estivesse sem voz. Substituída pelos soluços.

- Eu... Não... Posso... - tentava falar.

- Tudo bem, está tudo bem! - ele segurou meu rosto com as duas mãos. - Foi só um sonho. Apenas um sonho.

- Tem certeza? - consigo falar.

- Sim, eu tenho. Essas noite também não foi uma das melhores para mim.

Ele se deita mais ao meu lado, segurando minhas mãos.

- Nico...

- O que? - ele diz. Seu queixo estava encostado na minha cabeça.

- Não sou de dizer isso mas... Obrigada.

Ele me abraça mais forte.

Caio no sono assim que fecho os olhos.

***

- Eu quero panquecas.

- Tudo bem... - dizia a garçonete. - Trago daqui a pouco.

Eu e Nico estávamos tomando café, numa pequena lanchonete da rodovia. Aquelas que quando você viaja de carro, passa uma lanchonete e não tem ninguém. Hoje tinham umas cinco pessoas.

Hoje resolvi fazer algo diferente, vesti minha blusa preta. - sim, aquela que eu roubei. - E um rabo de cavalo.

- Que horas eram? - perguntei. - Quando estava tendo o pesadelo?

- Três da manhã. - Nico tomava seu suco. - Você começou a gritar e rolar na cama. Parece que fez algo com as mãos e deixou tudo parado.

- Eu te acordei?

- Com certeza, e olha que é muito difícil me acordarem - ele diz num tom divertido. - Eu tentei me mexer, mas não dava.

- Esse movimento foi forte?

- Sim, parecia que queria matar uma mosca gigante - ele disse e me permitiu um sorriso.

- Mas aí eu parei, né?

- Sim você ficou calma. Como se tivesse parando, descansando...

- Nico, eu realmente parei para descansar. Eu matei pessoas.

- Você vai matar. Por causa do seu pai. Precisa aprender a se controlar!

- Mas ele me obrigou - retruquei.

- E você fez.

- Mas não estava no controle!

O prato com as panquecas bateu na mesa no instante em que olhei Nico nos olhos.

- Lydia, isso é sério.

- É Nico, é muito sério. - falei com raiva comendo as panquecas. - Eu não estava no meu controle.

- O seu problema é não saber o que quer Lydia. - diz tentando parecer calmo.

Aquilo me calou. Eu realmente não sei o que quero. O bem - com o acampamento do lado dos deuses. Ou o mal, do lado do meu pai.

Eu não me importo, só quero ficar viva, mas não quero que ninguém morra por mim.

E por que deuses esse garoto está me ajudando?

- Alí... - alguém cochicha na mesa atrás de mim.

- O que? - falo.

- Vocês dois. - é uma garota, mas seu rosto está coberto pelo cardápio. - Podem parar com essa DR e me deixar tomar café?

- Eu te conheço... - diz Nico. - Mostre o rosto.

- É... E nós não temos um rela...

A garota abaixa o cardápio. Cabelos ruivos cacheados, sardas pelo rosto inteiro.

- Rachel? - diz Nico.

- A própria. - ela sorri.

- Eu não estou entendendo. - digo confusa.

- Nem eu. - fala Nico. - O que faz aqui?

Ela tira o sorriso do rosto, se preparando para falar.

- Bom. É verão e eu resolvi passear um pouco. Também soube que tem uma tal herdeira a solta.

Sei, de repente o oráculo resolve tirar férias, numa lanchonete da rodovia e acidentalmente encontra a herdeira e um filho de Hades à solta.

- Não sou uma tal herdeira. - digo imitando sua voz. - E como você soube?

A raiva começa a surgir.

- Oráculo. - diz Nico. - Ela é o novo oráculo de Delfos.

- Na verdade, é só o que andam falando. Eu só faço profecias, não sou um jornal.

- O que vai fazer comigo? - digo.

- Antes de qualquer coisa, eu não vou te matar, ok? - ela sorri. - Vamos para o acampamento e resolvemos tudo.

Com certeza não. Se eu quiser posso parar o tempo para ela e adeus Rachel, ficaria como uma estátua.

Seguro meu relógio de bolso, preparada para um ataque, mesmo sabendo que ela é inofensiva.

- Isso não. - eu disse balançando a cabeça - Não vou voltar de jeito nenhum! É o lugar onde menos desejo ir num momento.

Me levanto e Nico também, ficamos um ao lado do outro.

- Calma aí, gente - diz Rachel. - Eu não quero brigar.

- Não vai ter briga. - Nico termina de vestir a jaqueta de aviador.

- O que? - diz confusa.

Olho para ela uma última vez com olhar desafiador.

- Ele disse que não vai ter briga. - eu disse.

Nico segura minha mão e tento me preparar.

- Apenas uma fuga. - ele diz e estala os dedos.

E de novo, vejo só a escuridão.

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