- xv.
gotham city, 10:37pm
apartamento de Maddie Oceans
JASON TODD não temia pela própria vida. Já tinha morrido uma vez, quantas pessoas podiam dizer isso? Não era a toa que o seu ramo de trabalho era tão perigoso. Ele não tinha mais medo. Ou era isso o que pensava... até alguém ameaçar Maddie Oceans.
Tinha começado a chover e eventualmente raios cortavam o céu noturno. Mas seu coração batia tão rápido que era a única coisa que ouvia. Até chegar ao topo do prédio onde ela morava, não diminuiu o ritmo. Quase se desequilibrou quando passou pela janela aberta, mas assim que seus dois pés tocaram o interior do apartamento, ele começou a procurar pela garota.
— Maddie! — Gritou. Não ouviu uma resposta e seu desespero aumentou. — Porra, Maddie! — Falou ainda mais alto, e começou a andar por outros cômodos.
A televisão estava ligada, mas não havia ninguém na sala. Isso não era um bom sinal. Ele marchou para o quarto, e finalmente a viu.
— Eu estava... te procurando.
Havia algo errado. Ela estava parada, em pé, próxima à cama. Seu rosto parecia congelado, esculpido em mármore. Seus olhos esverdeados não brilhavam. E ela segurava uma arma.
— Tire o capacete. — Ela disse, ou ordenou. A voz trêmula, entregando seu nervosismo.
— O quê? — Indagou.
— Tire o capacete. — Ela repetiu, e Jason notou que a mão que segurava a arma tremia levemente. Ela estava com medo. Com medo... dele?
— Maddie, você precisa me ouvir. — Ele vagarosamente elevou as mãos à frente ao corpo, como que para mostrar que não queria um combate.
Era a primeira vez em que a via daquele jeito. Os seus olhos verdes estavam emoldurados por uma expressão indecifrável. Talvez de raiva, ceticismo, decepção. Ou os três. Então Maddie apontou a arma para Jason. E um silêncio mortal preencheu o quarto, sendo eventualmente cortado pelos sons da tempestade.
— Quem é você? — Ela perguntou, ríspida e se concentrando em não fraquejar.
— Não fode. Você sabe quem eu sou.
Era fato que ele nunca havia dito o próprio nome para ela. Mas ela o conhecia de um jeito diferente. E isso colocou a vida dela em risco.
— Você — ela começou, como se fosse fazer uma pergunta, mas mudou no meio do caminho, finalizando com uma afirmação que fez o Capuz Vermelho estremecer: — é Jason Todd.
Mais silêncio. Até a chuva pareceu cessar, ou era apenas uma impressão. A única coisa que Jason ouvia era o próprio batimento cardíaco.
— Sou. — Ele confirmou depois de alguns segundos, mesmo sabendo que ela provavelmente não precisava disso. — Pode me ouvir agora? Não temos muito tempo.
O conflito interno que acontecia em Maddie era tão intenso que Jason quase podia ouvir os gritos em sua mente, só de olhar para as iris esverdeadas da parceira, não parando no mesmo ponto por mais que meio segundo.
— Como assim?
— Eu te explico no caminho. Vamos. — Ele virou as costa e esperou que ela o seguisse.
— Não se mexa! — Ela gritou.
Jason olhou para ela, e para a arma na sua mão, como quem perguntava "isso é sério?".
— Ou o quê? Vai atirar em mim? — Ele se aproximou rapidamente, os pés batendo com força no chão. Maddie recuou mas ele só parou quando sentiu o cano da arma contra seu peito. — Você se acha durona mas pessoas lá foram querem te matar e eu sou sua única chance.
Maddie ficou paralisada de medo. Não atirou e nem abaixou a arma.
— Foi o que eu pensei. — Ele disse, retirando a arma da mão dela e puxando-a para fora do quarto. — Agora vamos.
×
MADDIE nunca tinha visto o Capuz, agora Jason Todd, tão furioso. Apesar de ser um criminoso conhecido na cidade, com ela, ele geralmente era protetor e a tratava com decência. Eles até assistiram um filme juntos. Mas agora ele estava arrastando-a pelas escadas de incêndio na lateral do prédio e isso a deixou tão chocada que ela não percebeu que estava se deixando levar. Mas quando eles chegaram ao chão, ela puxou o próprio braço de volta, se desvencilhando do aperto do vigilante.
— Pare! — Ela gritou, e ele de fato parou, mas não pareceu muito feliz com isso. — Quem quer me matar?
— Eu disse que não temos tempo pra isso agora.
— E eu estou dizendo que não vou a lugar algum até me dizer o que está acontecendo.
Jason cerrou os punhos e ela podia sentir a raiva irradiando do seu corpo, como uma bomba prestes a explodir. Maddie cruzou os braços, e ele entendeu que ela não se moveria, então se forçou a ficar calmo.
— Um criminoso.
— Vai ter que ser mais específico.
— É o Máscara Negra. Ele sabe... de você.
— De mim? — A garota indagou. A ficha caiu alguns segundos depois. O Máscara Negra sabia da relação dos dois, por mais prematura e indefinida que fosse. E podia usar isso para controlar o Capuz Vermelho. — Oh.
— Podemos ir agora?
— Não. — Ela disse, procurando algo no bolso da jaqueta.
— Não?! Você disse que iria comigo se eu contasse a verdade, e eu contei.
— Eu disse que iria. — Ela encontrou a chave do carro. — Não necessariamente com você.
— Puta merda. — Ele parecia querer chutar as latas de lixo. — E pra onde você vai?
— Pra casa do Louis. — Ela começou a andar na direção do carro.
— Quem diabos é Louis?
— Ele trabalha na delegacia. — Ela apertou um botão e os faróis piscaram a alguns metros dali.
— Você acha que um policial pode te proteger melhor do que eu? Maddie, você me ofende. — Ele andava atrás dela.
— Escuta, Red. Ou Jason. Ou sei lá quem é você. Eu não preciso de-
Nesse momento, o carro de Maddie explodiu. E em uma escala de explosões, sendo 1 a mais fraca e 10 a mais intensa, aquela foi um 8. Ela não estava tão próxima do carro, mas foi jogada a metros de onde estava. Bateu a cabeça e tudo ficou extremamente volátil e lento. Ela escutou o Capuz Vermelho gritar seu nome, mas soou mais como um sussurro. Ele chegou perto, a tempo de vê-la fechar os olhos.
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