Capítulo 20-O Lobo e as Ovelhas
Ascarian- Norteya
Dentro da grande sala de reuniões do conselho da capital, Damon e Alitranna Kulenov aguardavam os últimos componentes do conselho chegarem para iniciar-se uma breve conversa.
O rei Kulenov encontrava-se com a mesmas vestes escuras e pretas de sempre e com seus cabelos lisos solto se formava uma imagem de ímpeto forte e seguro de si. Sua irmã, por outro lado, usava um vestido longo de cor roxa vivente que transparecia uma figura viva, juntamente com um penteado arqueado em sua cabeça seguido de tranças longas. Os irmãos gêmeos estavam sozinhos no grande cômodo sentados à uma extensa mesa de madeira escura.
—Mas que demora desses marginais..., não sabem cumprir com o horário? —Alitranna murmurou. —Estou começando a transpirar nesse calabouço.
—Um desses marginais é nossa mãe! —Damon riu. —Sabia que foi neste lugar que Celine declarou que iria assassinar a anciã de Jaroak? Sem medo algum, com apenas quinze anos de idade, majestoso!
—Você ainda pensa nessa mulher? Oh céus! Quantas vezes terei que te avisar a mesma coisa? Sempre e sempre..., esquece ela irmão, esquece!
Sem a responder, Damon apenas a encarou fixamente com um leve sorriso de canto.
—Bom dia meus filhos! —Algradove Kulenov gritou ao entrar na sala, logo atrás o barulho estrondoso da porta se fechando instalou o local.
—Sabe quanto tempo estamos aqui, mãe? —Alitranna suspirou.
—Não sei, e não é de meu interesse saber! Estava resolvendo algumas pendências mais importantes.
—Mais importante que uma reunião do conselho?
—Fazemos essas reuniões toda semana, não faça um espetáculo por causa disso filha. —Algradove disse a acariciando por trás. —E como está o meu rei de Norteya? —Seguidamente ela seguiu até Damon e o beijou na testa.
—A poucos dias tomamos de volta as cidades perdidas de Hakyan, e bom..., Alitranna enviou algumas tropas para tomar as primeiras cidades depois da fronteira. —Damon se confortou na cadeira.
—Fico feliz em sabe que estão trabalhando juntos nessa vitória, mas quero que saibam que é de meu querer estar presente nas escolhas mais importantes dessa guerra, estamos entendidos? —Algradove disse se assentando ao lado deles.
—Damon é o rei mãe, não você! —Alitranna afirmou ao tomar um gole de vinho de uma taça dourada.
—Então por que você mandou tropas para Jaroak?
—Eu pedi para que ela fizesse isso! E assim ela fez. —Damon mentiu.
—Então estão agindo as minhas escondidas? Cuidado, não se esqueçam que só possuem tamanho poder por minha causa, imbecis! —Algradove riu baixo.
—Não se esqueça que só possui cargo no conselho por minha causa mãe. Não se esqueça que só mora na porra deste castelo por minha causa. Não se esqueça que conquistei Nyesa e logo após Norteya inteira por apenas e unicamente minha causa! —Damon conclui bebendo um pouco de vinho.
—Mas como ousa...
—Cala a porra da boca mãe! —Alitranna gritou a interrompendo, segundos depois o restante do conselho entrou na sala de reuniões e se assentaram.
—Saudações vossa majestade! —Um dos componentes clamou. —Temos assuntos importantes a debater.
—Prossiga. —Damon ordenou.
—Temos revoltas surgindo nos centros comerciais de Ascarian.
—Aqui na capital? —Alitranna indagou.
—Sim senhora. Um grupo intitulado como faces de prata estão quebrando e queimando mercados e mercadorias, além de exportações vindo dos outros reinos.
—Faces de prata? Mas quanta besteira. —Algradove disse rindo.
—É uma rebelião que de acordo com os mesmos, tem como intuito tirar Damon Kulenov do poder. Seu lema principal é espalhar frases escritas com sangue de animais pelas muralhas da capital dizendo o quão insignificante o rei é perante a população e que se preocupa apenas com a guerra.
—Estou fazendo de tudo para vencer essa maldita guerra para o melhor deles, e eles me retribuem com isso? —Damon rapidamente se levantou enfurecido. —Quero uma forca organizada amanhã pela manhã, quero que todos esses rebeldes sejam enforcados na frente de toda a capital.
—Creio que não será possível vossa majestade! Os faces de prata, assim como o nome, usam máscaras de prata para esconder o rosto, ninguém, nenhum soldado da realeza conhece algum rebelde sequer. Estamos fazendo de tudo para identificá-los, mas, as ações deles acontecem à madrugada, quando poucos soldados estão de guarda.
—Pois aumente a guarda noturna, quero o dobro, o triplo de tropas espalhadas pela capital, todas com a missão de aprisionar o primeiro idiota de máscara prateada que avistar!
—Cuidado irmão..., é uma rebelião, e assim como qualquer revolta, a morte de um indivíduo parte dessa rebelião pode ser visto como um mártir, e isso apenas aumentará o número de aliados, em meses não será difícil para que eles tomem a coroa. —Alitranna disse olhando para todos.
—Em meses minha única preocupação será cortar cada cabeça de cada ser Jaroak que viva nesse continente, quero todos eles mortos antes de se preocupar com uma possível revolta, caso contrário monto em meu dragão e queimo cada ser aos arredores do castelo! —Damon se assentou novamente.
—Sinto em dizer vossa majestade..., mas não é algo futuro, já está acontecendo, quanto mais ignorarmos isso, mais difícil será de lidar! —O componente do conselho voltou a dizer. —Creio que sim, o senhor nos guiará para uma majestosa vitória e celebraremos para sempre o seu nome, mas isso não será possível se antes seu próprio povo lhe assassinar!
—Pois lide com isso, você e o resto do conselho possuem a missão de acabar com essa revolta, enquanto eu me preocupo com a grande guerra. Chega por hoje! —Damon se levantou e saiu da sala em prantos.
—Peço perdão pela grosseria do meu irmão meus caros! —Alitranna se levantou. —Mais tarde peço que reúnam aqui nesse mesmo local para continuarmos discutindo devidas providências para a abdicação dessa revolta!
—Às escondidas do rei vossa alteza? —Um dos homens disse baixo.
—Sim, meu irmão está com a cabeça quente, podemos resolver isso sem ele. Estão dispensados. —Logo após todos da sala saíram deixando apenas Algradove e sua filha para trás.
—Sabe como seu irmão é, não é? —Algradove abriu um sorriso de canto.
—Nada desse conselho é de seu interesse mãe, por que insiste em participar das reuniões? Todos sabem que você só veio para a capital pelo luxo e pela estadia no castelo real. Saia da minha frente, tenho mais o que me preocupar. —Alitranna disse em tom elevado e começou a andar para a saída quando foi impedida por sua mãe.
—Escute aqui garota, escute bem! —Algradove a puxou pelo braço. —Sou sua mãe, sempre dei tudo de bom e do melhor para vocês dois, mesmo depois da morte de seu pai. Mereço respeito, estou aqui pois mereço estar aqui, estou aqui pois tenho voz para possíveis decisões! Agora cale-se.
—Você está aqui para transar com jovens que só presam por suas moedas como uma megera puta que você é!
Em um movimento brusco Algradove a golpeou com um tapa no rosto, usando toda sua força, fazendo com que Alitranna quase caísse.
—Faça das suas falas uma conquista para sua futura vitória e não uma assinatura minha em uma carta de assassinato. —Algradove a encarou fixamente.
—Vai mandar me matar mamãe? —Alitranna sorriu depois de alguns segundos em silêncio.
—Você sabe que tenho tamanho poder para tal ação.
—E você sabe que não tenho medo de suas ações.
Alitranna continuou a encarar fixamente sem demonstrar nenhum sentimento de remorso ou arrependimento.
Desviando o olhar, a senhora Algradove Kulenov soltou a filha e saiu lentamente do local em silêncio.
3 dias depois
À frente da atual descendente do trono de Norteya, Alitranna observava a capital, a grande Ascarian, de uma muralha do castelo real protegida por dois soldados que estavam atrás da mesma em uma manhã aconchegante.
Com um gesto delicado Alitranna se dirigiu a um dos soldados.
—Chame Linus para mim, o membro do conselho. —Alitranna ordenou. Logo após o soldado obedeceu. —O que acha da capital? —Perguntou para o outro soldado.
—O que acho? —Indagou o soldado.
—Sim, o que acha?
—Um bom lugar para viver!
—Ah me poupe, selvagens com máscaras prateadas estão percorrendo as ruas de noite deixando todos aflitos, além de que aqui é o lar do rei, o líder, e durante uma guerra não é saudável estar perto de um. Tenho saudades de Nyesa, todos aqui usam roupas terrivelmente tenebrosas.
O soldado apenas ficou calado.
—Sabe por que existe a capital? —Ela voltou-se para ele.
—Não, senhora.
—Senhora? Pare já com isso. Bom..., foi o que acabei de dizer..., a capital existe para que seja um lugar importante e seguro para a moradia e estadia da realeza. Agora..., sabe por que existe um rei?
—Para nos comandar estrategicamente e nos garantir segurança e saúde.
—Sim..., em partes você está certo, mas, até eu posso ser responsável por tais ações, e não sou a rainha! Agora, me responda novamente, por que há a necessidade de uma única e poderosa pessoa no comando de tudo?
—Não sei, minha dama.
—Você gosta de servir ao rei? A Damon Kulenov, o grande rei impiedoso?
—Sim, claro. Jurei e seguirei com o juramento de servir e obedecer a Damon até a minha morte!
—Ah tão patético. Ele não sabe seu nome, como você aparenta ser, sua lealdade, sua força, sua idade, sua capacidade, ele não sabe nada de você e pouco se importa com sua vida, e também, se você morrer será apenas menos um no grande exército dele, mas ainda assim, você é leal ao rei!
O soldado a encarou mesmo com ela estando de costas para ele.
—Todos nessa capital se ajoelharão perante a Damon e farão qualquer coisa que ele ordenar, pessoas dos outros reinos de Norteya podem até não o conhecer, mas já escutaram seu nome, e assim continuarão o servindo, pois caso contrário serão mortos por traição! Por isso existe um rei, e apenas um único e poderoso rei, para que pessoas como você morram por ele, para que haja ordem, para que haja um líder que por séculos nesta capital significava apenas uma imagem para que o povo aclame e ame.
Ela se virou e o olhou de cima a baixo.
—O rei e a rainha consorte são lobos e vocês, o povo, são ovelhas. Os lobos podem matar qualquer rebanho de ovelha, mas as ovelhas pelo contrário, não podem sequer machucar um lobo! —Alitranna disse abrindo um sorriso no rosto. —Esses rebeldes, faces de prata, são ovelhas e vão morrer para o lobo como qualquer uma morreria!
Interrompendo a conversa o soldado retornou trazendo consigo Linus Alighieri, um membro muito importante do conselho que trouxe consigo a informação da rebelião. O conselho real é composto somente de membros da família Kulenov e Linus. Alighieri, um homem um pouco gordo de estatura baixa e cabelos ruivos, é responsável pela paz na capital, ou seja, é responsabilidade dele saber de quaisquer movimentações que ameaçarão Ascarian, o mesmo veio de Nyesa onde foi convocado por Damon.
—Linus, meu caro amigo! —Alitranna o recebeu.
—No que posso ajudar vossa dama? —Linus se aproximou.
—Pensei muito no que disse na última reunião do conselho, nos deteriorados faces de prata. Me siga por favor. —Quando começaram a andar os soldados também os seguiram. —Vocês dois ficam, minhas ovelhas! —Alitranna riu.
—Ovelhas vossa graça? —Linus indagou confuso.
—Apenas me siga Linus.
Quando chegaram a um cômodo vazio dentro de uma torre alta com fendas horizontais, Alitranna parou.
—Pensei em algo, e preciso da sua ajuda. —A donzela Kulenov afirmou com um sorriso no rosto.
—Pois não, estou a sua disposição.
—Esses rebeldes não são nossos inimigos, são nosso povo, norteyanos! Eles comem da nossa comida, bebem da nossa água, se vestem com os pelos de nossos animais, praticam nossas culturas! Mas a diferença é que eles estão sozinhos, Damon os abandonou para se preocupar com a grande guerra. Essa revolta só existe pela fome, pela sede e principalmente pela falta do que nós da realeza possuímos e eles não, o luxo.
—Compreendo, vossa dama!
—É isso que precisamos dar para eles Linus, luxo! Algo que eles nunca tiveram na vida poderão ter por alguns dias. Isso daria muito prejuízo, mas..., mas pelo menos vidas serão poupadas e essa rebelião com tempos irá se extinguir! A anos eles estão vivenciando a guerra, mesmo longe dos campos de batalha eles sofrem a dor da perda de seus entes queridos que se sacrificaram por todo esse tempo, além da miséria claro! Eles não possuem um momento de felicidade desde que a guerra começou. Vamos dar isso a eles, para que esqueçam da guerra por alguns dias.
—E o rei, vossa graça?
—Darei um jeito de desviar Damon da capital, ele jamais concordaria em fazer isso, então, enquanto ele estiver fora faremos isso, festas, festivais, cerimônias, banquetes e principalmente vinho..., muito vinho!
—Não é arriscado fazer isso sem a permissão dele?
—Linus, meu caro Linus. Sempre escutei em Nyesa que as coisas na capital funcionam da maneira mais difícil. Para se tornar essa majestosa Ascarian de grande beleza visual e abrir-se centenas de mercados muito conhecidos em Norteya precisou-se de muita evolução. Não podemos deixar tudo isso acabar por uma incompetência de meu irmão egoísta! Porque sim, se essa revolta continuar, será o fim da capital.
—Tudo bem, se vossa graça acha necessário assim faremos!
—Aí entra a ajuda de que preciso! Não posso colocar tudo isso em meu nome, em minha responsabilidade, se meu irmão descobrir que fui eu que gastei quase todo nosso estoque de mantimentos para doar à plebeus ele me mandaria à forca! Vou te ajudar a conseguir tudo, claro, mas sempre às escondidas, conversas entre unicamente e apenas nós dois, e afinal Damon jamais te puniria por tais ações, se pensar em fazer algo eu mudaria suas escolhas. Podemos evoluir com isso Linus..., além das festas.
—O que..., o que quer dizer com evoluir?
—Vamos deixar esse assunto pra outro dia, tenho outra pendência pra resolver. Lembre-se Linus, você é apenas uma das ovelhas do rebanho que Damon pode a qualquer momento fazer mal! —Ela se despediu do homem com um gesto e saiu do cômodo.
Na mais alta torre do castelo real Damon se encontrava em seu majestoso quarto, o maior e mais elegante deles. A vista era ampla, além de poder avistar o povo, Damon averiguava a estadia de seu dragão Anaik em o que antes era um templo, agora aprisionava uma fera. Damon improvisou o local para que o dragão permanecesse seguro abaixo de um teto grosso de mármore e rochas firmes com uma abertura traseira onde Damon o conduz.
Duas batidas na porta fizeram Damon desviar a visão do templo. Abrindo-a ele se deparou com sua irmã à sua frente.
—Como estás meu irmão? Acordou bem? —Alitranna disse o empurrando para o lado e entrando em seu quarto.
—Bem..., irmã! —Damon sorriu de canto e fechou a porta em seguida. —O que quer?
—Faz dias que não bebemos um vinho juntos, não é? Na minha opinião é o que fazemos de melhor! —A mulher de cabelos loiros ironizou sentando-se na cama.
—O que quer Alitranna? Diga.
Ela o encarou com um olhar fechado e sério.
—Quero sangue! Quero vitória! Quero os Jaroaks mortos, todos eles! —Levantando-se ela caminhou até o rei. —Você precisa reagir Damon! O pai de Celine, o grande rei Logan, ficou quieto, e bom..., onde ele está agora?
—Que porra você quer que eu faça? —Damon bufou.
—Vá para Hakyan, leve o máximo de soldados que puder e se estabeleça lá até a guerra acabar! Ou pelo menos quando assumirmos total vantagem. Hakyan é o reino de Norteya mais próximo da fronteira, mais próximo de Jaroak. Construa uma fortaleza. Você estará sempre à frente do inimigo, preparado para um ataque, organize tropas perto da fronteira, planeje ataques estratégicos e claro..., leve seu bichinho!
—Não sei se é uma boa ideia, a capital...
—Deixe a capital em minha responsabilidade! —Ela o interrompeu. —Você sabe que sou capaz de deixar tudo em ordem. Confia em mim, sou sua irmã, a pessoa que mais te ama nessa porra de Xaoha!
—Os faces de prata?
—Ah por favor! Você realmente acha que eles são uma ameaça? São ratos sujos, eu acabo com eles em uma semana!
Depois de alguns segundos a encarando, Damon movimentou a cabeça para cima e para baixo.
—Organize as coisas hoje..., —Alitranna encostou em seu ombro. —E parta amanhã! Quando voltar vai me agradecer. —Com um olhar penetrante ela saiu do quarto sem dizer mais nada.
Ao anoitecer e a escuridão dominar as ruas de Ascarian, Alitranna saiu do castelo mais uma vez, vestida com sua capa. O capuz coberto escondia a característica mais dominantes de Alitranna, seus cabelos, que por mais loiros e claro que fossem, o tecido escuro o camuflava. Dessa vez, por baixo de sua capa, ela usava uma roupa mais simples, talvez a mais simples que já usara em toda sua vida, um vestido branco de lã com poucos detalhes de costura nas mangas.
Exausta chegou a seu destino, deu duas batidas na janela de uma pequena casa, e seguidamente, não demorou muito para que Dani Palmieri com sua beleza mais que perceptível abrisse a janela e permitisse sua entrada.
—Chegou cedo hoje! —Dani disse a abraçando. —Estava com saudades.
—Nos vimos ontem! —Alitranna riu.
—E ainda assim senti sua falta!
Com um movimento firme Alitranna puxou a cintura de Dani e colou seu corpo ao dela. Com a mão direita ela acariciou seus cabelos escuros, a encarou por alguns segundos e depois a puxou para um beijo, com a outra mão ela agarrava a cintura da mulher que amava sentindo toda paixão correndo por suas veias. O coração das duas acelerava no ritmo do beijo, criando uma harmonia entre os movimentos voluntários e involuntários. Ao terminar o beijo Dani agarrou sua mão esquerda e a guiou para o quarto.
Horas se passaram, a noite agora era madrugada e a luminosidade da lua era o único feixe de luz que atravessava a janela, a lua estava solitária no céu, sem estrelas ela conduzia um show unicamente protagonizado por ela. As duas amantes continuavam acordadas, sentadas na cama com as pernas entrelaçadas e as mãos acariciando uma à outra.
—Tá..., mas e se você pudesse ser uma bebida, qual seria? —Dani perguntou animada.
—Não é obvio? Vinho. Nasci com vinho morrerei com vinho!
—Achei que fosse morrer comigo. —Dani a encarou.
—Eu nunca vou saber como e quando você morreu, pois não vou permitir que morra enquanto eu estiver viva!
As duas se presentearam com uma troca de sorrisos, seguidos de um beijo lento e romântico.
—Tá, mas! —Dani disse quase falando durante o beijo. —E se você pudesse ser uma flor, qual seria?
—Acho que seria um lírio, e você?
—Uma rosa!
—Ah por favor! Você não é básica a esse ponto. Acho que você seria um girassol, daqueles dos jardins de Nyesa.
—E você seria meu sol, que eu encararia todos os dias sem cansar.
—Não sou tão exuberante assim. —Alitranna riu.
—Mas é capaz de dominar tudo assim como o sol.
Alitranna sem perceber se viu perdida em sua mente. Ao escutar as falas de Dani, Alitranna fechou os olhos e viu a imagem de Damon morto em sua frente, atrás dela um trono a esperava, ela sentia como se ele a chamasse, convocasse seu corpo e alma, seus nervos podiam sentir uma coroa presa em sua cabeça.
—Ei, estou falando com você! —Dani disse em tom alto a sacudindo depois de ser ignorada.
—Desculpe, o que disse? —Alitranna abriu os olhos e voltou a realidade.
—Animal! Se você pudesse ser um animal, qual seria?
Olhando para suas próprias mãos, Alitranna sentiu seu coração disparar e seu corpo esfriar. Quando levantou a cabeça encarou Dani com uma feição de ira.
—Um lobo.
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