Capítulo 18- Chuva de Sangue
Jankiari- Jaroak
O balançar forte das folhas das árvores e o soar atrativo do vento cortante indicavam uma coisa, uma forte chuva estava por vir. No campo de batalha, um tumulto ensurdecedor se erguia como uma sinfonia macabra. O som metálico das espadas colidindo ecoava pelo ar, uma sinistra melodia que acompanhava a dança mortal dos soldados. Cada golpe ressoava como um grito de desafio, um lembrete cruel da luta pela sobrevivência.
Ali na primeira cidade de Jaroak após a fronteira, as frotas que Alitranna Kulenov enviou faziam um estrago desumano.
Os gritos de dor e agonia dos cidadãos ecoavam em meio ao caos. Eram lamentos lancinantes, um coro de sofrimento humano que ecoava por toda parte. A cada grito, a cada gemido, o campo de batalha se tornava um palco de horrores, onde vidas eram ceifadas e sonhos eram destroçados.
Ao som de gritos melancólicos Kevin Hamisen cai lentamente no chão. Em frente a olhares desacreditados, seu corpo sangra de forma desastrosa.
As mãos de Celine começaram a tremer sem seu controle. Seu corpo se jogou para frente rumo a Kevin, e com tamanho ódio e tristeza, ela sacou a espada da cintura de Hamisen e avançou em direção ao outro soldado. Antes de o perfurar e o apunhalar, ela o encarou fixamente por alguns segundos e fechou a cara. Quando avançou seus dentes roeram e suas veias esquentaram.
Celine o cortou desde a cabeça até a cintura, partindo seu corpo ao meio. Com uma fúria dominante escorrendo em suas lágrimas, Celine cortou cada membro do soldado, enquanto gritava gritos agudos que doíam sua garganta. Depois de desmembrá-lo e espalhar seus órgãos no chão, Celine Ascarian olhou para o céu e sentindo uma gota de chuva escorrer seu rosto ela gritou, gritou como nunca antes teria gritado.
—CELINE! —Kiana gritou fortemente.
A princesa de Norteya se curvou e tornou-se para sua amiga, ela a olhou com pesar, como se sua alma tivesse desmoronado em um penhasco.
—Preciso que me ajude! —Kiana disse calmamente.
—O que? —Celine suspirou.
—Me ajude Celine..., me ajude! Preciso que o corpo dele fique perto ao de Kanor.
—O que? O que está fazendo? —Celine disse confusa, ainda eufórica com o que tinha acontecido.
—Ele está vivo, está respirando, eu posso salvá-lo, assim como posso salvar o Kanor. Confia em mim!
—Ele vai morrer de qualquer forma, ele me protegeu até aqui, e vai morrer de forma estúpida! Não tem salvação Kiana, ele morrerá em instantes.
—Ele não vai morrer Celine!
—CALA A PORRA DA BOCA KIANA! NÃO ME FAÇA ACEITAR UMA REALIDADE QUE NÃO EXISTE! ELE..., ELE VAI MORRER! —Celine gritou chorando.
Kiana se assustou ao escutar aquilo vindo de sua melhor amiga e sentiu seu corpo esfriar.
—ELE FEZ DE TUDO PARA ME AJUDAR A TE ENCONTRAR, TUDO! O MÍNIMO QUE VOCÊ PODE FAZER É CALAR A BOCA E DEIXAR-O PARTIR!
Fechando o olhar, Kiana empurrou Celine para o lado e sozinha carregou o corpo de Kevin para perto do de Kanor. Quando os dois corpos feridos se estabeleceram alinhados, Kiana se sentou ao meio deles. Seus dois braços se estenderam e se elevaram ao céu, fechando os olhos ela começou a murmurar frases de uma língua desconhecida. Depois de alguns minutos com os braços elevados, ela os desceu e tocou os corpos dos feridos.
—Não conte para ninguém o que está prestes a ver! —Kiana afirmou.
Celine observava com admiração e espanto a transformação ocorrendo diante de seus olhos.
À medida que Kiana sussurrava palavras e fazia movimentos com as mãos os tocando, Kevin começou a recuperar a consciência e os ferimentos de Kanor começavam a sarar. Seus olhos se abriram lentamente, revelando um brilho de surpresa e confusão. Ele olhou em volta, tentando entender o que havia acontecido.
—O que... o que aconteceu? —Kevin murmurou, com sua voz fraca e rouca.
Celine se aproximou dele, aliviada por vê-lo acordado.
—Kevin..., como? Você está bem? Você foi ferido, pensei que iria morrer. —Depois de o abraçar, Celine encarou Kiana.
Alguns segundos depois Kanor também se recuperou e logo após levantou-se.
—Por que estou me sentindo bem?
De repente, o chão começou a tremer sob os pés dos sobreviventes que haviam testemunhado a destruição de sua cidade. Era como se a própria terra lamentasse a tragédia que havia se abatido sobre eles. O som estrondoso de cascos de centenas de cavalos ressoou pelo ar, ecoando como um trovão distante.
Celine, Kevin, Kiana e Kanor olharam em direção ao horizonte, onde uma nuvem de poeira começou a se formar. O sol estava encoberto pelas cinzas da cidade em chamas, mas a luz difusa revelava a silhueta de uma imensa força avançando em sua direção.
Centenas de cavaleiros montados em poderosos cavalos surgiram no horizonte, com suas lanças e estandartes tremulando ao vento. O som ensurdecedor de seus cascos se aproximando fazia o coração de todos bater mais rápido.
—Precisamos sair daqui, agora porra! —Celine gritou.
De um instante para o outro aqueles que sobreviveram começaram a sangrar melancolicamente ao serem perfurados por espadas e lanças. O céu terminava de se cobrir com um tom escuro, as nuvens pesadas pareciam estar esperando o momento certo para começarem a jorrar água, a terra que antes era seca agora estava úmida com a presença de poças de sangue.
Do alto de um pequeno monte um cavalo branco ressoava enquanto cavalgava rapidamente. Montado a ele estava o líder da guarda real da capital de Norteya, Ascarian, o soldado Jon Kulenov, primo de Alitranna e Damon Kulenov, no qual o destemido rei escolheu a dedo um representante que fosse sua imagem espelhada para liderar seu exército.
—MATEM TODOS! CORTEM SUAS CABEÇAS, QUEIMEM SUAS CASAS, DEGOLEM OS FILHOS NA FRENTE DE SUAS MÃES, ESPANQUEM HOMENS ATÉ A MORTE, MAS NÃO DEIXE QUE NENHUMA ALMA SOBREVIVA! —Jon gritou à mais alta voz.
Perto dali, Celine, Kiana, Kanor e Kevin corriam por uma trilha afastada em direção ao bar em que os amigos de Kanor estavam presos.
—Você tem certeza de que eles estão lá, não é? —Kevin indagou com a voz baixa sem desviar o olhar das tropas.
—Sim, tenho, todos eles, no porão daquele bar. —Sussurrou.
Ao chegar, os quatro entraram pelos fundos e rapidamente se direcionaram ao local indicado por Kanor.
O bar, que outrora havia sido um local alegre e acolhedor, agora era uma cena de destruição e caos. O fogo havia consumido partes do edifício, deixando rastros de chamas e fumaça pelo ar. As mesas e cadeiras estavam viradas e queimadas, e pedaços de madeira carbonizada jaziam pelo chão.
O cheiro de fumaça e cinzas impregnava o ambiente, tornando-o quase irrespirável. A luz das chamas dançava nas paredes rachadas e nos destroços do que já fora um lugar movimentado, e ao chão notava-se a presença de cadáveres carbonizados, vidas perdidas.
Felizmente o porão se encontrava intacto devido a durabilidade da porta de ferro que o resguardava.
Quando o grupo desceu se depararam com jovens de cabelos brancos machucados e debilitados. Um deles se encontrava sem seus dois braços e com o cabelo raspado, além de estar totalmente mutilado e maltratado, quando verificaram descobriram que já estava sem vida.
—Que atrocidade aconteceu aqui? —Kiana disse em meio ao choque.
—Eles nos consideram demônios..., mas eu vou mudar isso! —Kanor disse. —Eles continuam sendo meu povo. —Sussurrou, em seguida correu até sua amiga Namôra, que em segundos foi solta por ele.
—Você está vivo seu filho da puta! —A jovem sorriu e o abraçou fortemente.
—O que fizeram com você?
—Nada demais, nada disso importa mais, melhor esquecermos tudo. O que está acontecendo lá em cima?
—Um ataque..., um ataque de Norteya, estão queimando e matando todos. —Kanor disse com uma dor no peito. Mesmo depois de dias sendo maltratado e humilhado por aquele povo, ele sentia tristeza ao vê-los morrer. —A guerra está tirando tudo, tudo de todos!
Celine se aproximou lentamente e encostou no ombro de Kanor.
—Você não vê ogro? Temos uma missão!
—O que?
—Estou a muito tempo fugindo, fugindo e fugindo e nunca reagindo. A anos pessoas inocentes morrem de forma horrenda. Meu povo, seu povo! Somos os verdadeiros herdeiros dos tronos de Xaoha Kanor, podemos mudar o rumo do futuro, podemos mudar a história! Eu ter te encontrado depois de todos esses anos foi um sinal, uma luz, uma oportunidade. É hora de reagir, precisamos tomar o que é nosso por direito e acabar com a merda dessa guerra! Depende de nós Kanor, apenas de nós! Precisamos de uma vez por todas decretar paz em ambos os lados, pois se juntos nos ajudarmos a estabelecer no trono, seremos líderes de Xaoha, poderemos governar em paz. Eu preciso de você!
Kanor se tornou para a princesa e a olhou com um olhar que a tempos não possuía, um olhar de esperança, de paz, um olhar verdadeiro e humano.
—Conte comigo princesa!
—Agora é rainha pra você cabelo branco. —Celine disse ironicamente e em seguida o abraçou carinhosamente.
—Você pra sempre será a princesa pra mim!
No fundo Celine sentia uma culpa dolorosa em vê-lo sorrindo para ela. Seus membros estremeciam ao lembrar do dia em que assassinou sua mãe, tomada pelo ódio e pela vingança. Naquele momento Celine não sentia arrependimento, ela faria tudo de novo se fosse preciso, mas, parte dela não entendia se aquela ação foi o estopim para a guerra começar, se sua sede de vingança foi o motivo de milhares de mortes. Ela preferia acreditar no futuro, ter fé no recomeço, na vitória e em seu trono.
—Acho que pra começar precisamos sair daqui vivos, podemos passar pelos arredores da cidade e sair daqui logo! —Namôra disse.
A barulhos estrondosos vindos do céu o grupo subiu as escadas e começou a caminhar pelos destroços da cidade.
O grupo liderado por Kanor e Celine avançou pelas ruas da cidade em chamas, com os sons da destruição e dos gritos ecoando ao redor. A fumaça densa obscurecia a visão e queimava os olhos e gargantas dos fugitivos. O cheiro incomodante de fogo e morte pairava no ar.
Eles viram casas em chamas, com as chamas devorando tudo o que encontravam pela frente. Pessoas corriam em desespero, tentando escapar das tropas de Norteya, que estavam matando indiscriminadamente.
Quando se afastaram por completo das tropas Kiana paralisou seu corpo e parou de andar. Ao perceber Celine se curvou se andou até ela.
—Você tá bem? —Celine a encostou.
—Eu não posso permitir isso, Celine eu não posso!
—Podem continuar andando já estamos indo. —Celine gritou para o grupo. —O que quer dizer?
—Você viu o que aconteceu lá trás? Ou só fingiu que não percebeu. Eu ia te contar no momento certo. Eu sou uma bruxa Celine, sempre fui, tenho dons irreais, tenho força. Meu sangue sempre foi bruxo, nós sabíamos que eu era de Hakyan, e isso só despertou quando estive todos esses cinco anos convivendo com bruxos. Eu posso parar esse ataque, eu tenho capacidade de acabar com isso. Eu aprendi muita coisa, você não tem noção do que sou capaz de fazer, de impedir!
—Por isso conseguiu curá-los..., eu não imaginava!
—Não quero que ninguém saiba, magia não é uma coisa bem-vista por todos.
—E o que pretende fazer? Esconder isso de todos até quando?
—Quero impedir esse ataque, quero matar todos eles para que não possam prosseguir com essa chacina!
—Kiana a essa altura todos os habitantes morreram!
—Eles não vão parar por aqui Celine. Você acha mesmo que viajaram metade do continente para acabar com uma cidade pacata e pequena? Eles vão continuar marchando e destruindo mais cidades e acabando com mais vidas. Isso é guerra!
—Mas eu não entendo, como pretende fazer isso sem que ninguém veja?
—Quero que vocês vão sem mim.
—O que? Ficou louca?
—Eu posso impedir milhares de mortes Celine, me deixe fazer o correto!
—Não, não mesmo, desista dessa ideia agora.
—Nós nos encontraríamos em uma cidade mais perto em alguns dias, eu iria continuar a viajar logo após vocês. Na mesma direção.
—Não Kiana, não!
Mormont a agarrou e olhou fixamente em seus olhos.
—Eu preciso disso, me dá uma chance. Eu fiz tanto mal pra tanta gente durante todos esses anos que estivemos longe uma da outra, e agora eu posso fazer o bem! Não acabarei com a guerra, mas impedirei mortes que com certeza iriam acontecer! Celine..., por favor confia em mim.
—Eu não posso passar por isso de novo Kiana, não posso arriscar minha vida correndo atrás de você mais uma vez, e agora, a de todos que estão conosco. Como você mesma disse, isso é uma guerra, mortes acontecem em guerras.
—Não quando podem ser evitadas!
—Eu não posso te perder, você é meu tudo! —Celine disse deixando cair uma lágrima.
—Você não vai me perder! Me escute bem Celine Ascarian..., eu Kiana Mormont não morrerei até que eu te leve ao trono de Norteya. Você é minha rainha, e eu te farei rainha!
—Deve ter outro jeito, eu..., eu..., eu dou um jeito de fazê-los esperar e você vem com a gente. Ou eu os convenço de que você não os fará mal algum sendo bruxa. Eu faço qualquer...
—Não quero que seja assim, quero fazer o certo da forma certa! —Kiana a interrompeu.
—E o que seria o certo afinal?
—Eu vou esperar algumas horas ou talvez dias, tenho certeza de que mais tropas chegarão após essa.
—Lógico que chegarão Kiana, disso eu não tenho dúvidas, pois é uma luta sem fim, você irá esperar até quando? Enquanto houver guerra, chegarão mais tropas, você vai ficar aqui até a guerra acabar, é isso?
—Até este ataque acabar sim. Demorarão meses até um próximo confronto acontecer.
—Não..., não, não! Nada disso faz sentido, você não tem como saber para onde vamos, o que vamos enfrentar no caminho, o que vamos fazer. Tem chances de nunca nos vermos de novo por um motivo besta.
—A morte de milhares de pessoas é besta pra você Celine?
—Não foi isso que eu...
—Eu estou decidida, farei isso!
—Por favor não, eu imploro. —Celine chorava dolorosamente.
—Nos encontraremos na próxima cidade ao norte, não saia de lá sem mim.
—Eu preciso..., eu preciso de você!
—E eu de você irmã. E é exatamente por isso que estou decidida, pois aprendi com você a ter coragem e a ter força de vontade para fazer e enfrentar o que quer que seja! Você percorreu um país inteiro para vingar a morte de sua mãe com apenas quinze anos, fugiu com garra do homem que a mantinha presa, assassinou seu próprio pai pois ele o fez sofrer, e principalmente enfrentou tudo de ruim para me salvar. Me deixe redimir, me permita seguir seus passos e fazer o que até pode não ser o correto, mas é o que eu quero fazer, o que pra mim é importante ser feito, assim como foi pra você durante todo esse tempo!
A garota de cabelos castanhos encostou a testa na de sua amiga e em seguida a beijou no mesmo lugar.
—Eu te amo Celine.
—Eu também te amo Kiana..., muito!
Enquanto sua amiga se distanciava, Celine chorava incansavelmente como se a estivesse perdendo mais uma vez, e de certa forma estava.
Ao voltar para o grupo Celine mentiu enquanto gaguejava. Disse de forma nada confiável que Kiana precisava voltar para Norteya para reencontrar seus pais e não podia arriscar a vida no campo de guerra. Seguinte a isso eles continuaram prosseguindo para o norte ainda confusos com a decisão.
Kiana por outro lado, voltou para o campo de batalha, com sua presença irradiando uma aura de determinação e justiça. Seus olhos brilhavam com a força de seu ódio pelos invasores de Norteya, sua própria terra, e a vontade inabalável de fazer o que era certo.
Enquanto os soldados de Norteya continuavam seu avanço impiedoso, Kiana ergueu os braços, convocando os poderes sombrios que fluíam em suas veias. Sua figura parecia se elevar do chão paralelamente a uma tempestade se formando no céu, enquanto as nuvens escuras se aglomeravam e relâmpagos cortavam o ar.
Parada, Kiana aparentava estar se preparando para algo. Percebendo a presença da jovem, dezenas de soldados começaram a correr em sua direção, enquanto arqueiros atiravam flechas de longe. Incrivelmente e assustadoramente, as flechas batiam em seu corpo e caíam no chão, sem se quer perfurar um pouco sua pele. Quando os soldados chegaram a uma certa distância foram empurrados para trás, uma força invisível os impedia de se aproximar do corpo de Kiana.
Em alguns minutos o rosto de Kiana modificou-se. De forma estranha faixas e linhas pretas e escuras apareceram ao redor de seus olhos, que estavam fechados, distanciando-se deles cada vez mais, e dominando todo seu rosto até descer para seu pescoço.
Com um gesto imperioso, Kiana levitou todos os soldados e cavalos inimigos para o céu junta a si mesma, suspensos no ar como marionetes indefesas. Seus olhos se abriram amplamente, revelando um brilho sobrenatural, eles estavam totalmente brancos. Num instante, o campo de batalha foi tomado por uma explosão de energia devastadora, com os corpos dos soldados explodindo em pedaços, e as linhas escuras no rosto de Kiana ficaram brancas e se espalharam por todo seu corpo, até as pontas de seus dedos. Juntamente a chuva que começava a cair fortemente, litros de sangue também caiam do céu. Depois de uma sequência de mortes injustas, Kiana se vingava formando uma chuva de sangue daqueles que as cometeram.
A tempestade rugiu com força, como se a própria natureza estivesse respondendo ao poder de Kiana. Trovões e raios começaram a se mostrar cada vez mais. A chuva começou a cair mais forte, lavando o campo de batalha ensanguentado.
Quando todos os corpos de todos os soldados e cavalos explodiram ao céu, Kiana desceu à superfície. Assim que aterrissou seus pés à terra as linhas e formas brancas desapareceram de sua pele e seus olhos voltaram ao normal.
Naquele momento surgia uma figura justiceira de Xaoha, uma bruxa nunca antes vista nas terras daquele continente. Kiana Mormont despertava seu poder e junto a ele também despertava uma nova era para a guerra de Xaoha.
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