Capítulo 10- O Ministério
Dankanar- Fronteira
Kanor Xaoha e Kiari Danamark estavam deitados em uma grama embranquecida. Os dois se encontravam em um jardim rodeado de tulipas azuis, no centro de um amontoado de montanhas de rochas, afastados da cidade.
—Como foi seu treino de hoje com a Namôra? Ela pegou pesado? —Kiari riu.
—Aquela vagabunda não me deixa em paz, tenho certeza de que já estou melhor que ela.
Kiari gargalhou e deitou sua cabeça no peito de Kanor em seguida.
—O que é? Não confia no meu potencial? —Ele disse fazendo carinho em seus cabelos brancos.
—Confio, mas não que superam o de minha irmã. Nem você acredita nisso!
Sentindo o toque de seus dedos nos cabelos de Kiari, Kanor relaxou-se e fechou os olhos. Ele não queria a perder, mas também não queria viver o resto da vida arrependido de não ter tomado o lugar de Nyeho.
Ele levantou a cabeça de Kiari e olhou em seus olhos, como todas as vezes.
—Você é linda! —Ele disse acariciando seu rosto.
—Você não se cansa de dizer isso, não é?
—Por quê quero que sempre saiba que é verdade!
—Você também é lindo!
Os dois ficaram ali por alguns minutos se encarando, desfrutando da beleza das flores e do ar fresco, usando do toque e carinhos para se acalmar. Quando estavam por se aproximar e sentir o calor um do outro foram interrompidos por gritos de socorro.
Os gritos estavam vindo de traz de algumas árvores perto das tulipas. Imediatamente eles se levantaram e correram seguindo os gritos. No momento que chegaram, encontraram um homem enforcando uma mulher, a pressionando contra as rochas.
—Cala a porra da boca vadia! —O homem gritou, seguidamente deu um tapa na mulher.
Com pressa, Kanor o atacou com um soco e o derrubou no chão.
—Ficou maluco garoto? —O homem disse de cabeça baixa.
Quando ele se levantou revelou um homem velho, de cabelo raspado e barba longa.
—Senhor Frost? —Kiari disse reconhecendo o homem.
—Pode me explicar o que significa isso Kiari? —Ele gritou.
—Você o conhece? —Kanor indagou.
—Lanni Frost, ele é um dos principais membros do ministério de Dankanar.
—Em outras palavras eu sou um dos líderes aqui. Você acabou de marcar sua vida para sempre garoto.
—Eu estava defendendo aquela mulher, você estava a machucando, não me arrependo de nada!
—Kanor..., —Kiari o conteve.
—Que tipo de líder usa de sua colocação para fazer o que quiser?
—ELA É MINHA MULHER GAROTO! NÃO ME DIGA O QUE FAZER!
—Kanor vamos, temos que ir. —Kiari o puxou se afastando de Lanni.
—Você está marcado garoto! MARCADO! —O homem gritou de longe.
Kiari e Kanor caminharam de volta a cidade enquanto conversavam sobre o que tinha acontecido.
—Eu fiz o certo princesa.
—Eu sei Kanor, mas é..., é complicado!
—Ele ia ferir ela se eu não intervisse.
—Mas aqui são terras diferentes garoto dos céus. Essas injustiças acontecem diariamente, é inevitável!
—E vocês da realeza vão deixar isso acontecer?
—Primeiro que você é tão da nossa família como qualquer um, e segundo que sim, não há o que fazer ou no que intervir.
—Kiari..., eu aceitei ficar nesse lugar porque acreditava que aqui seria melhor do que o mundo injusto de cima!
—A injustiça está em todos os lugares seu tolo! Quer fugir da injustiça? Apenas morto conseguirá. —Ela entrou na frente de Kanor e passou a mão em seu rosto. —Olha, se acalme tá bom? Eu estou com você independente de tudo. Eu sei que pode ser difícil viver aqui, eu entendo. Por mais que faz cinco anos que esteja aqui, nada vai mudar o tempo que viveu lá em cima.
—Se não fosse você eu já teria saído daqui a muito tempo sabia? —Kanor disse sorrindo.
—Você nunca vai sair daqui seu tolo, nunca!
—IRMÃZINHA! —Namôra gritou do outro lado da rua, depois correu até eles.
—Namôra? O que faz aqui? —Kanor perguntou. —Não deveria estar treinando os novatos no campo de batalha?
—Na verdade estava resolvendo uma pendência sua meu amigo. —Ela disse o cumprimentando.
—Pendência? —Kiari indagou confusa.
—Uma espada..., uma espada que ela iria conseguir para mim, estou precisando de trocar a minha! —Kanor mentiu.
—Podemos conversar a sós Kanor? —Namôra disse.
Eles se afastaram um pouco de Kiari e quando desviaram da visão dela, ela deu um pequeno tapa em Kanor.
—Caralho, o que eu fiz?
—Quando vai falar pra ela seu otário? Tá fazendo minha irmã de idiota, você não vê? Ela te ama! Ela não quer te perder! Ela precisa saber isso de você, da sua boca, que por incrível que pareça até hoje não beijou a dela.
—O que é em Namôra?
—Fala pra ela, hoje à noite vai acontecer um conselho para discutir sobre você sair daqui ou não, você prefere que ela saiba da boca de estranhos ou da sua? Já contei para meu pai, e ele já deve ter contado para o ministério.
—Eu não consigo! Eu não quero a perder também.
—Se decida cabelo branco, o trono de Jaroak ou minha irmã como sua mulher!
Kanor estava se sentindo cada vez mais triste e desesperado por não conseguir contar a verdade para Kiari. Ele sabia que a revelação poderia mudar tudo entre eles, mas também sabia que estava sendo desonesto ao manter a verdade escondida. Todos os dias, ele lutava para encontrar coragem para dizer a verdade para a mulher que amava, mas o medo da reação dela o paralisava. Kanor estava dividido entre a lealdade à sua família e a paixão por Kiari. Ele se sentia preso em um impasse emocional, incapaz de seguir em frente e incapaz de recuar.
Mesmo com a fala de Namôra ele não conseguiu falar, e quando anoiteceu, já era tarde demais. Passadas algumas horas o conselho do ministério, o rei Peter Danamark, suas filhas e sua mulher, foram convocados a uma reunião.
As criptas de reuniões do Conselho do Ministério de Dankanar eram um lugar imponente e majestoso, com uma beleza única e incomparável. O local era todo esculpido em pedra e possuía um desnível que mostrava a hierarquia de poder daquele lugar. No topo, ficava o trono do rei Peter Danamark, que se erguia majestoso em meio às colunas de pedra trabalhadas com detalhes minuciosos.
Abaixo dele, estavam os outros membros do Conselho, dispostos em degraus que iam descendo até a parte mais baixa das criptas. As paredes eram adornadas com tapeçarias e murais que retratavam a história do reino de Dankanar, desde a sua fundação até os dias atuais.
As pessoas assistiam às reuniões de longe, do outro lado das grades que cercavam as criptas. Elas ficavam ali, observando e ouvindo tudo o que era dito, atentas a cada palavra proferida pelos membros do Conselho.
—Reuni-os aqui hoje para uma importante reunião. Uma que por assim dizer, possa ser a mais importante de toda nossa história. —Peter disse em tom elevado
—Você sabe o que significa isso? —Kiari sussurrou para sua irmã que estava ao seu lado.
—Sim, você já vai saber.
—Por que ninguém me avisou?
—Também vai saber o porquê.
—Por favor recebam com gentileza, Kanor! —Peter disse ordenando que abrissem as grades.
Do meio da população exterior, Kanor andou até o meio da cripta, em um piso circular elevado, que era separadamente iluminado por um feixe de luz vindo de uma greta do teto.
—Este homem aqui apresentado, tem algo a revelar para toda Dankanar! —Peter gritou. —Diga quando quiser Kanor.
Ele olhou nos olhos de Kiari e ainda a encarando começou a dizer.
—Eu sou Kanor, Kanor Xaoha! Descendente do ancião fundador de toda Xaoha! Sou filho de Fintari Xaoha e Mysa Nohik. Eu sou o herdeiro do trono de Jaroak! O verdadeiro herdeiro!
A revelação de que Kanor era o verdadeiro herdeiro causou um grande impacto em todos os presentes na reunião, incluindo o conselho e principalmente Kiari. O povo ficou chocado e incrédulo, muitos deles sussurrando e olhando para Kanor com olhos arregalados. O conselho ficou em silêncio por um momento, tentando processar a informação que havia acabado de ser revelada. E Kiari, que estava sentada, ficou atônita e sem palavras por alguns instantes, olhando para ele com olhos marejados.
—Você confirma suas palavras e garante a verdade diante ao seu rei? —Um dos membros do conselho disse.
—Sim, é tudo verdade!
—E o que quer com essa informação? —Lanni Frost se levantou e gritou, o homem que Kanor havia golpeado.
—Peço que considerem a minha saída de Dankanar, para que eu possa governar Jaroak, pois eu..., eu sou o verdadeiro líder, o atual é uma farsa, um traidor!
A revelação de Kanor deixou todos os presentes na reunião perplexos. Kiari, que estava quase chorando, olhou para ele com um misto de surpresa e tristeza, sem acreditar no que acabara de ouvir. Todos esperavam ouvir o contrário, que Kanor ficaria em Dankanar, mas ao invés disso, Kanor havia surpreendido a todos com sua decisão de sair, deixando todos sem saber como reagir. O silêncio tomou conta da cripta enquanto cada um processava a notícia.
—ISSO É UM ABSURDO, NUNCA NINGUÉM SAIU DE DANKANAR! —Um homem gritou da população exterior, seguidamente todos escutaram gritos de pessoas concordando com a fala.
—Eu sei por isso peço que considerem, é de muita importância para mim! Eu preciso fazer justiça, principalmente com a guerra que está acontecendo lá em cima!
—Este garoto é um peso para nós! —Lanni desceu as escadas dos níveis acima e caminhou até Kanor. —Estão vendo este machucado em meu rosto? Este homem me golpeou mais cedo! Isso mesmo que escutaram, ele golpeou um membro do conselho sem motivo algum. Eu estava colhendo flores com minha esposa no jardim entre as montanhas, e ele me atacou com um soco alegando ser meu líder, dizendo que ele já ia colher aquelas flores antes de mim! É isso que ele se considera, ele considera ser comandante de todos aqui, quando não passa de uma pessoa vinda dos céus, que já devia ter morrido!
Todos começaram com murmurinhos e a dizer palavras de choque.
—Atenção! Ordem! —Peter disse tentando acalmar o povo. —Isso é verdade Kanor?
—Não, lógico que não! Ele estava agredindo a mulher, e eu intervi, para ajudá-la, eu nem ao menos sabia de sua colocação aqui.
—Mentira! Mentiroso! —Lanni Frost gritou.
—É verdade..., Kiari, a Kiari estava lá —Kanor a olhou e apontou seu dedo. —Confirma!
—Você quer abandonar a gente Kanor..., você..., você quer me abandonar? —Kiari disse baixo, enquanto lágrimas escorriam seu rosto.
—Kiari, confirma, por favor!
Ela permaneceu calada, se levantou e saiu da cripta chorando.
—Viram só? Ele não passa de um mentiroso! Não me surpreenderia ele estar mentindo sobre ser herdeiro de Jaroak, apenas para conseguir sair de Dankanar e trazer um exército para nos dominar! Ele é um traidor, um mentiroso, e o único de nós que não nasceu aqui. ELE NÃO PERTENCE A ESSE LUGAR! —Lanni gritou ferozmente, em seguida o povo estendeu seus braços e gritou concordando.
—Não, não! É verdade eu sou o herdeiro, e eu não o golpeei em vão, eu juro.
—Ele não faria isso sem motivo, eu o conheço a tempo suficiente para saber que ele é justo e gentil! —Namôra disse após se levantar. —Eu confio nele.
—A nossa princesa está cega, manipulada pelas falas deste intruso! Por isso não me surpreende ela não ser a herdeira do trono. Esta mulher que está mais para um homem do que uma donzela, caiu nas mentiras desse usurpador! —Lanni disse com um tom de deboche.
—Seu filho da puta, eu te mato seu otário! —Ela começou a descer em direção a Lanni com uma faca nas mãos, mas foi detida por soldados.
—ORDEM! EXIJO ORDEM! —Peter gritou. —Nunca mais dirija essas palavras a minha filha Frost! Ou eu mesmo o tirarei de seu cargo para sempre.
—Me desculpe senhor. —Ele disse voltando a seu lugar na cripta. —Mas ainda não confio nas palavras dela.
—Não posso acusar Kanor sem provas ou mais testemunhas. —Peter afirmou.
—Sua filha estava lá meu rei, peça que ela mesmo diga!
—Busquem Kiari de volta! —Peter ordenou, e assim dois soldados saíram da cripta e quando voltaram, estavam com Kiari.
—Filha você é a única testemunha para a acusação de Lanni Frost. Você confirma as falas dele?
Kiari olhou fixamente para os olhos de Kanor e sentiu um calafrio em todo seu corpo. Kiari sentiu como se um pedaço dela tivesse sido arrancado quando Kanor anunciou que queria deixar Dankanar, deixando-a para trás. Ela sabia que o amava profundamente, mas agora se sentia traída e abandonada. Sua mente estava cheia de perguntas sobre o futuro e o que ela faria sem Kanor ao seu lado. Ela tentou segurar as lágrimas, mas não conseguiu conter a dor que sentia. Ela se sentia triste e sozinha, apesar de estar rodeada de pessoas. Sabia que precisava deixar Kanor seguir seu caminho, mas a ideia de perdê-lo era insuportável.
Olhando nos olhos dele ela apertou sua mão até que suas unhas fizessem sangrar sua pele.
—É verdade! —Kiari gritou, assustando todos. —Antes eu não entendi por que ele o agrediu sem motivo, mas agora ao saber que ele se intitula ser líder de Jaroak, explica sua soberania e sua sensação de orgulho próprio.
—Kiari... —Kanor abaixou sua cabeça e mesmo não querendo, lágrimas começaram a escorrer seu rosto. Ele se sentiu traído por aquela que mais amava.
—Kanor, eu te condeno a prisão! Você será levado a masmorra e será aprisionado por agressão a um membro do ministério. —O rei gritou e em seguida todos comemoraram.
Enquanto Kanor era detido por soldados e levado a força, Lanni se aproximou.
—Eu avisei garoto, você está marcado! —Lanni disse deixando soltar algumas risadas, depois deixou que os soldados o levassem.
Ao chegar à masmorra, os soldados jogaram Kanor na sela, e o prenderam.
A masmorra do castelo real de Dankanar é um lugar sombrio e inóspito, situado abaixo do castelo e acessado por uma escada em espiral escura e sinistra. As paredes de pedra são escuras e úmidas, com pequenas frestas para permitir a entrada de pouca luz. Não há nenhuma janela ou entrada de ar, tornando o ar difícil de respirar. As celas são pequenas, sujas e escuras, com uma cama dura de palha e nada mais, exceto um balde para as necessidades fisiológicas. Os guardas ficam posicionados em todo o perímetro da masmorra, garantindo que os prisioneiros não possam escapar. O silêncio é quebrado apenas pelo som das correntes dos prisioneiros e do gotejar da água das paredes, tornando o ambiente ainda mais opressivo e desesperador.
Deitado em um colchão de palha, Kanor se perguntava como Kiari poderia fazer algo assim, mesmo sabendo que ele era inocente. A dor de estar preso e injustamente acusado era agravada pelo sentimento de traição, que corroía sua confiança em Kiari e em todas as outras pessoas que o rodeavam. Kanor se sentia sozinho, desamparado e abandonado, enquanto lutava para compreender as motivações de Kiari e encontrar uma maneira de provar sua inocência.
Ele adormeceu sem perceber, e no dia seguinte acordou com um barulho nas grades.
—Acorda cabelo branco!
Do outro lado estava Namôra e um grupo de homens com espadas manchadas de sangue nas mãos.
—Namôra? O que está acontecendo?
—Você não pensou que eu ia deixar você apodrecendo aqui né idiota. —Ela disse rindo e em seguida quebrou uma parte das grades. —Rápido!
Quando Kanor saiu da sela, avistou alguns soldados mortos caídos no chão.
—O que você tá fazendo? —Kanor se assustou.
—Reuni um grupo de homens que treino, para te ajudar a te tirar daqui! —Ela agarrou a cabeça de Kanor e o olhou. —Você tem certeza de que é o herdeiro, não é?
—Sim, confie em mim.
—Então vamos fazer história e sermos as primeiras pessoas a sair de Dankanar!
—O que? Você não pode ir, ficou maluca?
—Eu não pertenço a esse lugar seu idiota, meu propósito é muito maior. Não sou a herdeira do trono, iria morrer treinando crianças para nunca precisarem lutar. Se está acontecendo uma guerra lá em cima, eu quero lutar ao seu lado! Se o mundo é tão bonito como você diz, eu quero conhecê-lo! Eu te amo Kanor, não no sentido de querer foder com você, afinal nem gosto de homens, mas sim por você ser a pessoa mais incrível que conheci, eu estou do seu lado irmão! —Namôra disse gentilmente e em seguida Kanor a abraçou com sinceridade.
—Também te amo irmã.
Eles se abraçaram novamente, dessa vez mais forte, e depois saíram da masmorra por um caminho contrário à escada principal. Kanor, Namôra e o grupo de cinco jovens andaram até a única saída de Dankanar, uma cachoeira mágica com os poderes da árvore da vida, que levitava qualquer um até a superfície. Eles mataram todos que encontraram pelo caminho e seguiram com calma até o destino.
Quando chegaram, encontraram Kiari os esperando.
—Ela que falar com você, faz um esforço, ela insistiu! —Namôra disse para Kanor.
Ele caminhou lentamente em direção até ela, mas se recusava a olhar seus olhos.
—Desculpe..., desculpe.
Ele a ignorou e continuou desviando o olhar.
—Olha pra mim Kanor..., eu sinto muito..., eu agi por pressão. Eu te amo!
Quando ela terminou de falar aquilo, Kanor a olhou, mas não como das outras vezes, aquele olhar de paz e apaixonado tinha sido morto. Ela aproximou-se do rosto de Kanor, e o beijou.
O beijo foi um beijo triste, um beijo de despedida, um beijo que doía. Acariciando os cabelos brancos de Kiari, ele não sentiu o que pensou que sentiria quando a beijasse, pelo contrário, se sentiu triste. E Kiari, sentiu a dor de um abandono, a dor de ser deixada para trás pelo seu amado. Os dois com um sentimento mútuo de traição, terminaram o beijo com um olhar cabisbaixo, diferente de todos aqueles que se encaravam quando estavam se sentindo bem juntos.
O primeiro beijo deles, foi com certeza o pior de suas vidas.
—Kanor, fala alguma coisa! Me desculpe..., eu preciso que me desculpe, não vou conseguir viver.
Sem dizer nada Kanor se afastou e deixou ser levado pela cachoeira. Sem olhar para baixo, ele começou a chorar e sentiu um aperto no coração.
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