Capítulo Dois - Edição Oficial


Meus olhos se acostumaram com a escuridão enquanto fitava o teto em busca de um meio de contar a verdade para minha mãe sem que ela entrasse em pânico. O relógio na minha cabeceira confirmava que já tinha passado da meia noite e em poucas horas deixaríamos aquele complexo e a base para trás rumo ao palácio em Meroz.

Perdi as contas de quantas vezes li a carta enquanto enrolava para entrar debaixo do chuveiro com a desculpa que precisava de um banho depois daquele treino intenso. Sentado no chão gelado, segurava aquele pedaço de papel com tanta força que o tinha amaçado todo antes de terminar e minhas pernas formigaram por me manter por tanto tempo na mesma posição, passando os olhos pela mesma frase vez após vez.

Eu também sentia muito a falta dela, mas toda vez que ela me pedia para contar as novidades da faculdade, meu coração se despedaçava por não me deixar esquecer de estar mentindo por tanto tempo. Todas as vezes que lhe respondia levava horas encarando o papel antes de criar coragem, pensando no que eu poderia estar fazendo se realmente estivesse na faculdade.

Não incomodava nem um pouco não estar vivenciando o que milhares de outras pessoas na minha idade chamavam de experiência única. Não era como se eu pudesse sentir falta do que nunca conheci. E no final das contas, estava vivenciando aquilo que tanto sonhava. Quem tinha sorte de dizer o mesmo?

Machucava não me sentir seguro em compartilhar todo o meu aprendizado com ela. Minhas cartas eram falsas, cheias de futilidade e sentimentos vazios. Tinha conseguido levar essa história longe demais e agora, mesmo que não quisesse, estava na hora de contar a verdade.

Pelo menos ainda tinha um tempo extra para encontrar as palavras certas que a fizesse me entender, mas ainda assim sentia aquele frio em minha barriga e a insônia confirmava o quão nervoso estava por ter sido um entre os dez escolhidos a continuar o treinamento para se tornar parte da guarda.

Virei na cama vendo os pequenos feixes de luz entrarem pelas frestas da janela indicando que a ronda noturna estava passado outra vez por nosso alojamento. De lado na cama fitei o porta-retratos sobre o criado-mudo sem enxergar direito a foto antiga que trouxe comigo. Eram poucos os pertences pessoais que podiam permanecer aqui e quando tive que fazer a minha escolha entre trazer minha máquina fotográfica e o porta-retratos que já estava velho, não pensei duas vezes.

Aquela foi a última foto que tiramos com meu pai, um dia antes de ter saído em missão e sofrer o acidente. Naquele dia ele acordou com vontade de fazer uma loucura. De entrar no carro e só parar quando avistássemos as belas praias do Condado de Rivière na fronteira com a Espanha.

O dia em que ele se despediu era como qualquer outro e por mais que tentasse encontrar algo nele que indicasse que estava por vir, a resposta permanecia a mesma. Minha mãe ainda o esperava, dia após dia, certa de que ele voltaria a qualquer momento. E ver seu semblante mudar aos poucos por ser tomado pela preocupação e o medo do desconhecido estava gravado em minha mente.

Algumas pessoas dizem que crianças não prestam muita atenção no que acontece ao seu redor ou que apagam rapidamente lembranças ruins. Entretanto, por mais que eu quisesse apagar as imagens daqueles dias de agonia, elas eram parte de mim.

Minha mãe não gostava de conversar sobre e sempre mudava de assunto quando fazia alguma pergunta com relação ao que tinha acontecido. Apenas anos mais tarde fui em busca de respostas e encontrei uma matéria que contava que durante uma das viagens diplomáticas, ele deu sua vida para proteger o rei. Foram tantas as reportagens que li sobre o assunto que chegava a ter uma imagem clara do que aconteceu na tal viagem. Ele fez parte do alto escalão, a guarda pessoal do Rei e era exatamente o que buscava para mim.

Voltei a ficar de barriga para cima, observando os pequenos pontos de luz no teto. Perdi a noção do tempo e a uma altura dessas nem compensava mais dormir. Cada pequena ideia girava em minha cabeça conforme criava imagens da reação de minha mãe quando me visse usando o uniforme preto com a flor de lótus azul, símbolo do país bordado do lado esquerdo do peito, um mero detalhe nas cores de roupas que distinguiam a hierarquia.

Sonhava com a farda azul há muito tempo para conseguir esquecê-la tão facilmente. Aquilo estava arraigado bem fundo dentro de mim e fazia parte de quem eu me tornei.

Quando a escuridão deu lugar a fraca claridade, não pude mais ficar na cama. Alex roncava alto como todas as outras noites e me arrependeria amargamente se acabasse o acordando, por isso, sem fazer barulho, vesti o uniforme de corrida e deixei o quarto.

A brisa do amanhecer estava mais fria do que esperado para o outono, fazendo-me subir o zíper do casaco antes de começar a dar os primeiros passos largos para longe dos alojamentos. Ainda faltavam uma ou duas horas para o despertador soar do prédio principal, o que me daria um bom tempo para espairecer.

Ao passar pelos guardas que faziam a ronda precisei mostrar minha identificação para prosseguir até a trilha na mata que circundava o complexo. Ao me distanciar da base, enxergando apenas os diversos tons de verde à minha volta era como se estivesse sendo transportado para outro mundo, onde se tornava possível escutar apenas minha respiração e me concentrar em meus batimentos, deixando todo o resto para trás.

Gostava da sensação do ar gelado contra meu rosto e de toda a inquietação em minhas terminações nervosas que me impulsionavam a ir cada vez mais rápido, ansiando por algo desconhecido no final da trilha. Esse era um dos motivos de gostar tanto de estar aqui, por nos forçarem a cada dia que passava a nos tornarmos ainda melhores.

— Esquerda! — gritaram ao se aproximarem, desconcentrando-me ao me direcionar à direita na trilha para que passassem.

Em vez disso, Serena seguiu ao meu lado mantendo o ritmo, ainda que sua respiração estivesse entrecortada e irregular. Ainda que minha vontade fosse deixá-la para trás e continuar sozinho, fechei os olhos por um segundo e reduzi a velocidade.

— Bom dia — ela desejou com dificuldade ao me olhar de canto. — Caiu da cama?

— Não consegui dormir — confessei olhando-a de relance quando suas sobrancelhas franziram. — É bom saber que não sou o único.

— Está com medo? — questionou rindo.

— De certa forma, sim — afirmei, sendo mais sincero do que pretendia. — Afinal, estarei voltando para casa e algo me diz que isso não está a meu favor.

Serena arqueou as sobrancelhas, aumentando seus olhos pequenos e angulados, acentuando sua descendência japonesa e manteve um pequeno sorriso, como se estivesse tentando decifrar o que eu queria dizer.

— Em comparação com Elliot você parece perfeitamente bem para quem está nervoso — contou ficando cada vez mais cansada, arrastando a fala para poder respirar.

Seus cabelos castanhos estavam presos no alto, balançando de um lado para o outro de acordo com seu ritmo e usava o mesmo uniforme cinza-claro que eu, com a única diferença de que optou por não vestir o casaco, o amarrando na cintura.

— E você, o que está fazendo aqui uma hora dessas? — perguntei, acompanhando seu ritmo.

— Achei que seria um bom modo de começar o dia — respondeu quase sem fôlego me fazendo parar.

Ela demorou um pouco para desacelerar e apoiou os braços nos joelhos ao respirar fundo e fitar o chão. Aproximei-me ficando ao seu lado, notando sua dificuldade para se recuperar e voltar a ficar ereta, com receio de me encarar.

— Você está bem? — Eu quis saber, sacudindo as pernas.

— Estou — afirmou com um aceno de cabeça. — Não sei por que você parou, estava quase te vencendo — acrescentou me fazendo rir.

— Eu nunca te vi correr assim — comentei com um sorriso.

— Deve ser a ansiedade afetando meu corpo — deduziu sem dar muita importância.

Ela deu um passo para trás como se estivesse prestes a fugir.

— Quer falar sobre isso? — indaguei, preocupado.

— Não — respondeu apreensiva dando de ombros. — Não é nada demais, Logan. Só achei que seria bom começar o dia como qualquer outro. Gastando toda a energia acumulada, assim como você.

— Acho que todos nós estamos um pouco nervosos com o que vai acontecer daqui para frente — falei sentindo a garganta ficar seca. — É um mundo praticamente desconhecido do outro lado desses muros.

Ela me fitou sem dizer nada.

— É melhor nos apressarmos — ela sugeriu dando um passo para longe — Temos um longo dia pela frente.

— Você tem razão — concordei ainda parado.

Serena mordeu o lábio inferior se empertigando, dando outro passo para trás.

— Nos vemos mais tarde — despediu-se voltando a correr pela trilha.

Esperei ela se afastar e sumir do meu campo de visão para retornar a corrida, restabelecendo meu ritmo, com toda aquela preocupação voltando a me assombrar, sem ter uma respostas certa do que dizer quando a hora por fim chegar.

A brisa fria por fim se dissipou e o sol surgia no céu azul quando voltei ao alojamento. Alex estava sentado colocando o coturno, com a cabeça baixa e apenas acenou ao me ver antes de fechar a porta do banheiro. Tomei uma chuveirada rápida com água fria e assustei ao vê-lo ainda no quarto quando sai esfregando a toalha no cabelo.

— Achei que você já tivesse ido — comentei ao pegar meu uniforme no armário.

— Não estou com pressa hoje — contou voltando a deitar na cama com os braços atrás da cabeça. — Quero aproveitar esse dia ao máximo para me lembrar com exatidão de tudo o que estamos passando.

Escutá-lo falar daquela maneira me fez rir, aliviando a tensão de meu corpo.

— Então quer dizer que você está todo sentimental hoje? — Quis saber ao ajeitar a farda em frente ao espelho.

— Não, meu caro — começou a dizer ao me olhar de canto —, hoje é oficialmente o primeiro dia de nossas vidas. Nós estamos finalmente indo para o palácio! — exclamou ao se sentar rapidamente na beirada da cama. — Hoje é um grande dia e nada vai mudar isso.

— Ok — ressoei sem parar de sorrir, contagiado com a empolgação dele.

— Eu estava pensando — Alex prosseguiu enquanto fechava sua mala —, quem você acha que vai ser o primeiro a ir embora?

Aquela pergunta me pegou de surpresa, me fazendo parar do outro lado do quarto. Tinha tantas coisas em minha cabeça, aquela preocupação excessiva de magoar minha mãe quando chegássemos, que não tinha me importado com isso.

Agora, tudo havia mudado drasticamente. Não era mais não alcançar nossos sonhos, e sim tê-los despedaçados diante de nós quando estávamos prestes a torná-lo realidade. A partir desse ponto não teria mais volta e quem não desse seu melhor não seria simplesmente mandado de volta para a base no intuito de continuar o treinamento básico para entrar no exército. Quando saíssemos por aquela porta, o jogo mudaria e os eliminados não teriam uma segunda chance, sendo desligados por completo dessa vida.

— Não parei para pensar nisso ainda — contei ao pegar o porta-retratos sobre meu criado-mudo e o guardar em minha mochila. — E você? — rebati a pergunta, olhando-o de relance.

— Criei algumas teorias — explicou se virando para mim. — E sabendo quem são os que partirão conosco hoje diria que Kiera é a mais fraca. Então, aposto nela.

Ele voltou a focar em suas coisas sobre a cama com o olhar determinado.

— Contanto que não seja nenhum de nós dois, para mim já está de bom tamanho.

No horário marcado, embarcamos nos carros que nos levaria até a estação de trem. Desse modo, cruzaríamos o Condado de Láseia, onde o complexo de treinamento estava situado, rumo a capital Meroz, que tinha o condado de mesmo nome. Quando o carro se pôs em movimento, meu coração acelerou e o frio se intensificou dentro de mim, meus olhos se fecharam esperando que a sensação de mal-estar passasse como um passe de mágica. E ouvir os suspiros de Hermione ao meu lado só piorou aquela situação embaraçosa em que minha garganta secou e o enjoo me atormentava a cada pequena curva que fazíamos.

A imagem de minha mãe crescia em minha mente a cada segundo que se passava, me atormentando por ter me colocado nessa situação, quando tudo poderia ter se resolvido facilmente se tivesse contado a ela que apesar de suas ressalvas, nada me faria desistir de seguir os mesmos passos de meu pai.

Me recostei no banco encarando o espaço vazio a minha frente sem poder enxergar através da janela que nos separava do motorista, deixando para trás qualquer vestígio de minhas preocupações, pois a partir de agora não poderia deixar que nada me atrapalhasse ou me impedisse de entrar nessa equipe.

Os altos portões dourados em frente ao palácio foram abertos prontamente com a nossa chegada, dando-nos passagem para o mundo repleto de esplendor que envolvia a realeza e a separava do restante das pessoas.

Hermione abaixou a janela inundando o carro com uma brisa gelada, mostrando que o outono estava chegando. Seus cabelos castanho-claro e ondulados esvoaçaram conforme se inclinou ficando mais perto da janela para admirar a paisagem repleta de grandes árvores, arbustos floridos e longos gramados ao longo do caminho de cascalho.

Aos poucos, o palácio emergiu a nossa frente, impondo sua grandeza esculpida em pedra salpicada, contrastando com a delicadeza dos vitrais que compunham as janelas das torres. E conforme as estatuetas se incorporavam ao jardim e o verde diminuía nos apresentando o fim daquele caminho, uma escada em meio um muro baixo fazia a divisão entre o jardim e a entrada da frente.

Assim que os três carros pararam diante da escada, Jerald Larson nos esperava com sua expressão dura e postura impecável. James quebrou a sensação de insegurança por se prontificar a ser o primeiro a desembarcar, circulando o carro para pegar sua mala no porta-mala.

— Bem vindos à capital — ele nos saudou, olhando-nos atentamente. — Apenas dez de vocês conseguiram chegar a essa fase eliminatória e apenas cinco terão o prazer de ficarem com a vaga tão desejada — nos lembrou rapidamente. — Agora vocês estão prestes a conhecer de perto a família real e é exatamente aqui que tudo se torna tão sério quanto parece. Há certas regras que deverão ser cumpridas à risca caso pretendam ficar aqui até o final.

Fechei os olhos rapidamente com o frio que subiu por minha espinha, travando o maxilar para me manter imóvel ao escutá-lo, sem que minha mente fugisse para longe dali.

— E a primeira dela a ser lembrada é que vocês não são amigos da família real. Vocês estão aqui para servi-los e protegê-los, e qualquer coisa além disso é inadmissível. Mesmo sendo sombras deles, não devem ser vistos por eles como algo a mais, muito menos falar desnecessariamente. E se eles lhes perguntarem algo, respondam e sejam gentis, qualquer tipo de interação além dessa deve ser evitada — Larson nos olhou mais uma vez antes de prosseguir. — O terceiro andar é proibido quando não estiverem na guarda noturna e apesar de haver caminhos mais curtos para se transitar, somente a escadaria e os corredores de serviço devem ser usados. Dito isso, começaremos agora um tour, onde conhecerão seus aposentos e mais tarde teremos o primeiro exercício de reconhecimento.

Dando-nos as costas ele nos guiou até a entrada do palácio onde se encontravam dois guardas, um de cada lado da porta que acenaram brevemente quando Larson passou por eles, desaparecendo do lado de dentro. Aquele lugar permanecia o mesmo de anos atrás, com cada enfeite no mesmo lugar, mesmo papel de parede com filamentos dourados e cortinas marrons com desenhos florais e tapete vermelho na escada central que se bifurcava no topo. Em silêncio o seguimos pela esquerda atravessando uma estreita porta escondida atrás de uma das cortinas, chegando ao corredor de serviço mencionado anteriormente. Meu estômago se contorceu com a mera ideia de me deparar com minha mãe a qualquer instante.

Descemos a longa escada no final do corredor até o subsolo pouco iluminado, devido as poucas janelas distribuídas que mal captavam a luz do lado de fora. Eu estive naquele lugar vezes demais para me atentar para onde estamos indo, vendo alguns rostos conhecidos passarem apressadamente sem nos dar importância.

Aquele lugar era um outro mundo comparado ao que acontecia no andar de cima. Larson apresentou a cozinha principal, com padaria e refeitório naquele mesmo corredor, antes de descermos mais um lance de escadas, indicando nosso dormitório com portas duplas no final do corredor. Contrário ao que tínhamos na base, aquilo era um grande espaço com cinco camas distribuídas de cada lado, com mesas de cabeceira entre elas e um baú aos pés, onde deixamos nossas coisas conforme a indicação de nomes em seu tampo.

Dali, fomos guiados de volta para o segundo patamar ainda no subsolo onde se situava a academia, sala de descanso dos funcionários e enfermaria. Terminando a área de vivencia, passamos ao centro do palácio que circularíamos com frequência, incluindo o escritório do rei, sala de jantar, de estar, a biblioteca e piscina coberta que poderíamos ou não usar para treinos, parando aos pés da pequena escada que levava aos aposentos reais no terceiro andar.

A cada corredor que dobrávamos, respirava aliviado por não tê-la visto e todo o desconforto se dissolvia na frente de todos. Esperava ansiosamente o fim daquele dia para me esgueirar até seu quarto e explicar o que estava fazendo ali.

Ao nos aproximarmos da sala de música, o corredor foi inundado por uma doce melodia tocada no piano. Larson fez sinal para pararmos antes de chegarmos perto da porta e a melodia desapareceu instantes depois de adentrá-la. Não demorou muito e Alex me lançou um olhar divertido, sabendo tanto quanto eu quem estava ali.

Com outro sinal, Larson nos chamou para dentro da sala e nos juntamos em um canto mantendo uma enorme distância do piano. Mallorie levantou com delicadeza nos observando com curiosidade, com seus grandes olhos verde-escuros, como se tentasse enxergar nosso interior. Sua pele brilhava contra o feixe de luz que adentrava pela janela ao seu lado e seus cabelos castanho-escuros, quase pretos, estavam presos em uma trança lateral caindo sobre o ombro em contraste com o vestido amarelo que usava.

Quase em uníssono fizemos uma breve mesura e engoli em seco me arriscando a dar um curto passo para trás, escondendo-me por trás de Elliot a fim de passar despercebido.

— A Princesa Mallorie queria vê-los em primeira mão antes que as atividades começassem oficialmente para que fossem apresentados formalmente — Larson explicou calmamente, ficando entre nós.

— Como vocês cuidarão de mim nos dias que seguirem até a formação oficial de minha guarda, nada mais justo — ela comentou com um sorriso. — Devo lembrá-los que cada um de vocês será avaliado individualmente mesmo nos treinamentos coletivos, dessa forma cabe a você se destacar e mostrar que merece uma vaga. Nós não toleraremos nem um tipo de rixa, afinal vocês formarão uma equipe ao final e essa equipe deverá falar a mesma língua e ter os mesmos princípios.

Seu sorriso se alargou e ela entrelaçou os dedos sobre o piano, ainda nos observando e esperando algum tipo de reação adversa as suas palavras.

— E James, devo dizer que é uma verdadeira surpresa te ver aqui.

Os olhos se viraram em surpresa automaticamente para James com aquela menção tão íntima a ele. Assim tive certeza de que fiz a coisa certa ao me manter escondido.

— Posso garantir que meu pai não tem nada a ver com isso, alteza — James se adiantou em dizer com uma curta mesura.

— Claro. Tenho certeza de que o Chefe do Parlamento deve ter coisas muito mais importantes para se preocupar no momento — a princesa declarou antes de voltar a nos fitar. — Quero desejar a todos uma boa sorte nessa seleção e pedir que se esforcem ao máximo para garantir a permanência até o fim. Lembrem-se que não estamos tratando de um jogo aqui, e sim da minha segurança e por consequência de minha vida, portanto estejam atento e preparados para o que há de vir.

— Muito obrigada, alteza — Larson declarou a nossa frente —, tenho certeza de que não se esquecerão disso. Se me permitir gostaria de levá-los um pequeno exercício nos jardins.

— Como quiser — ela nos liberou voltando a se sentar, desaparecendo atrás do piano. — Ah, e lembre-se, eu estarei de olho — apressou-se em dizer antes de começarmos a nos virar para sair dali.

Estava quase a salvo, com um dos pés no corredor quando ela voltou a falar e chamar nossa atenção, um pouco apressada e apreensiva.

— Logan? — ela chamou e fechei os olhos sem acreditar que fui pego — Logan Kauffman, é você?

Apertei meus olhos com força, me arrependendo amargamente do que viria a seguir ao me virar para ela e relaxar os ombros e o semblante, vendo-a vir em nossa direção. Os que continuavam parados a minha frente, saíram rapidamente me dando mais espaço do que desejava para o momento. Meu rosto queimava e meu coração batia acelerado dentro do peito em desespero, torcendo para que ela não falasse nada que me incriminasse.

— Eu não posso acreditar que você está realmente aqui! — Mallorie exclamou parecendo mais feliz do que achei que ficaria ao me ver ali. — Sua mãe ficará tão feliz em te ver. Ela estava comentando esses dias mesmo que só te veria quando terminasse o semestre.

— Será uma surpresa e tanto — arrisquei a dizer arqueando as sobrancelhas.

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