Capítulo XXXI
Dimitri juntamente com seu pai, sua madrasta e sua irmã Tatiana, observaram o trem partir de São Petersburgo em direção a Moscou com os irmãos Marshall; acenaram até perdê-los de vista. Sentiria falta de Elizabeth, mas se acostumaria com sua ausência com ajuda dos seus irmãos e do tempo.
Guardas começaram a andar na frente, logo após seu pai deu o braço para sua madrasta, andando em direção ao automóvel que os aguardava para levá-los novamente para o palácio. Provavelmente demorariam algumas horas para chegar, pois uma grande nevasca tinha começado novamente, dificultando a passagem de qualquer veículo pelas estradas.
Sua madrasta entrou no primeiro veículo com seu pai, ele com Tatiana seguiram para o segundo. A ajudou entrar no carro para depois entrar. Sentou-se aliviado no banco desabotoando os botões do seu terno que tanto o incomodava. Algumas pessoas acenam em direção deles, e ele retribuiu juntamente a sua irmã.
— Sempre adoráveis. — comentou Tatiana.
— Fico feliz por isso.
— Será que vamos demorar para chegarmos em Peterhof?
— Muito provável.
— Andou afastado de nós. — virou-se em sua direção.
— Certamente, costumo ficar mais tempo com nosso pai ultimamente. É necessário eu estar perto dele para aprender as coisas que um dia terei que governar.
— Está gostando?
— Não. — riu. — É um pouco chato. Um fardo, melhor dizendo
— Gostaria de ser uma czarina.
— Realmente, deveria ser. Assim, eu estaria livre disso tudo.
Tatiana apenas assentiu com a cabeça.
— Sinto que as coisas estão melhorando no palácio.
— Sinto o mesmo.
— Teremos um baile em breve. — disse entusiasmada.
— Não estou sabendo de nada a respeito.
— Em honra a nossa irmã.
— Deus, como ela pode aparecer em um baile diante da corte russa sem saber praticamente nada?
— Falei a mesma coisa com Ivana, ela ainda não está pronta. Fofocas, intrigas, perguntas maliciosas, — Tatiana encostou a cabeça no vidro do carro. — Ainda tem as quadrilhas e as valsas.
— Deveriam ter providenciado professores para ela.
— Oh, estão procurando bons professores para Anastásia. Conheço apenas o de dança.
— Não me diga...
— Sim, é o Sr. Efimovitch.
— Por Deus, ele é terrível!
— Eu sei! — sua irmã começou a rir. — Mas convenhamos que ele é o melhor de toda Rússia.
— Quando ele começará?
— Hoje.
— Hoje? — perguntou assustado.
— Pelo que eu conheço dele, Anastásia já está sendo submetida ao seu mau humor. Coitada, vai levar muitas reguadas nas costas.
— Quem providenciou os professores?
— Nossa amada madrasta. — Tatiana deu um sorriso irônico. — A dama dela contou para a minha que me contou.
— Que grande fofoca!
— Eu diria que são apenas informações. — cruzou os braços. — Ela vai aprender inglês, francês, italiano, e estudar mais um pouco de russo.
— Nossos antigos professores também?
— Menos o de inglês.
— Como ela conseguiu todos os contatos deles?
— Irina, ela sempre sabe tudo.
— Tenho certo medo dela. — estremeceu.
— Eu tinha quando eu era pequena.
— Então ainda tem.
Tatiana empurrou Dimitri e deferiu-lhe um tapa no braço com força.
— Idiota.
Dimitri beijou seu rosto e sua mão.
— Linda.
— Diga-me, vai se casar com Elizabeth?
— Deveria?
— Ora, não sei dos seus sentimentos.
— Se ela aceitar, eu quero me casar com ela.
Era a primeira vez que assumia para alguém que desejava se casar com Elizabeth. Sentia que ela era a pessoa certa para ele. Desejava passar todos os dias da sua vida ao seu lado, mas precisava saber se ela também desejava aquilo. Dimitri tinha conhecimento de que a maioria dos casamentos não eram realizados por amor, razões políticas eram bem mais importantes do que sentimentos, porém, seu pai não o obrigaria a se casar com alguém que não desejasse, para sua sorte. Só não sabia se o pai de Elizabeth compartilhava do mesmo pensamento que o czar.
— O que faz pensar que ela não iria querer você?
— Ela é apaixonada por outro alguém.
— Será fácil esquecer esse outro alguém com você, irmãozinho. Tenho certeza que é melhor do que esse idiota por quem ela se apaixonou.
— Ele é bem idiota mesmo.
— Sempre soube.
— Desde quando é vidente? — a olhou com desconfiança.
Tatiana encostou no ombro do irmão.
— Desde que isso seja sua felicidade.
Dimitri beijou o topo da sua cabeça.
— Anseio por sua felicidade também.
— Oh, eu sei que sim.
∑
Os dias passaram como um vendaval para Anastásia. Suas aulas estavam cada dia mais extensas, principalmente as aulas de dança com o Sr. . Ele era extremamente ignorante e nunca tolerava erros, a fazia repetir os mesmos passos diversas vezes. Seus sapatos ficavam gastos rapidamente, fazendo com que eles visitassem o sapateiro imperial constantemente.
— Vamos Srta. Bulganova, eu sei que pode bem mais do que isso.
Anastásia revirou os olhos frustrada. Era a décima vez que ela dançava aquela valsa com ele, mas nunca se satisfazia. Havia treinado sozinha em seu quarto diversas vezes, ficando sem dormir diversas noites, portanto, nada adiantou.
— Estou tentando!
— Não está, senhorita.
— Venho treinando todas as noites para agradar ao senhor, mas nunca é o suficiente.
Ele se afastou dela e pediu para o violinista e pianista para de tocar.
— Ouça-me Alteza, não está dançando para mim, está dançando para toda Rússia. O baile em sua honra será no início de abril, está mais próximo do que nunca. Todos estão criando expectativas sobre a grã-duquesa perdida. Estou tentando dar o meu melhor para a senhorita.
Anastásia olhou para aquele homem que tanto detestava. Dentro dela cresceu certa admiração e respeito. Ele realmente queria seu bem, seus olhos diziam isso.
— Vamos recomeçar.
— Com prazer, Vossa Alteza.
Os músicos voltaram a tocar a mesma música de antes. A valsa se tornou mais fácil de executar, os passos fluíram melhor. Anastásia sentiu que estava melhor naquilo que tanto tinha exercitado pela noite. Conseguiu dar um sorriso, porém, viu o olhar reprovador do seu professor.
— Nunca cante vitória antes do tempo.
— Certamente. — o czar falou.
Eles pararam de dançar, assim como os músicos pararam de tocar para fazer uma reverência. Ele estava com sua farda e um rosto muito cansado. Fazia alguns dias que não via seu pai, estava completamente ocupado em reuniões com diversos ministros. Uma alegria incendiou seu coração ao revê-lo.
— Como ela está indo Sr. Efimovitch?
— Sua Alteza está melhorando aos poucos, Majestade.
— Fico satisfeito com isso.
— Compartilho da mesma satisfação, Vossa Majestade.
— Ótimo. — colocou os braços para trás. — Preciso levá-la para ver algo comigo. Desculpe-me, mas terei que interromper sua aula com Anastásia.
— Fique à vontade para fazer qualquer coisa, Majestade.
O czar pegou a mão de Anastásia e a conduziu para fora do salão de dança.
— Ele continua muito rigoroso?
— Sim. — Anastásia riu.
— Melhor assim. E os outros professores?
— Parecidos em comportamento.
— Está conseguindo assimilar tudo?
— Sim, requer muitos estudos e atenção. Sinto-me satisfeita com meus avanços.
— Seus professores a elogiaram para mim, menos Efimovitch, impressionante. — esboçou um sorriso. — Ele realmente não muda.
— Para onde o senhor está me levando?
— Meu gabinete.
Andaram muito até chegar no gabinete do czar.
Quando chegaram em frente a porta, os guardas abriram para eles entrarem. O lugar estava com as cortinas abertas, mostrando uma parte do jardim. Sua mesa estava perfeitamente organizada; um charuto estava aceso no cinzeiro e uma grande caixa de veludo estava perto dela.
— Chegou hoje um presente que há muito tempo eu quero lhe dar.
Ela se aproximou mais da mesa, enquanto ele abria a grande caixa de veludo verde musgo.
— Espero que goste.
Seu pai tirou uma coroa cravejada de diamantes com grandes esmeraldas em cada ponta. Era tão magnifica e pomposa, que parecia mais uma pintura do que uma joia real. Anastásia estava boquiaberta, não conseguia dizer nada.
— Vejo que está impressionada. — colocou a coroa em sua cabeça. — Se estiver apertada, diga-me para eu mandar novamente ao joalheiro. Ele pode ajustar corretamente em sua cabeça.
— Não. — conseguiu dizer. — Está perfeita.
— Espero vê-la no baile com ela.
— Verá. Ela é tão...
— Bonita?
— Linda! — disse com empolgação. — Jamais sonhei ter uma coroa dessas um dia.
— Bem, agora é uma realidade.
— Obrigada, pai.
O czar beijou a testa da filha com carinho.
— Não me agradeça, é merecedora disso e muito mais.
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