II

Agosto chegou tão rápido, que Sissi mal podia acreditar que tudo já estava preparado para viajar em destino a Bad Ischl. Não tinha um dia que sua mãe não a fizesse se lembrar da promessa de se comportar diante a corte de Viena, e ela afirmava todo dia que faria tudo o que mais quisesse. Sentia o quão a duquesa ficava aliviada em ouvir aquelas palavras, apesar de ela pensar o tempo todo em pescar no rio Traun que tanto seu pai falava e dizia ser belíssimo. Levaria seus instrumentos de pesca escondido da sua mãe, pois sentia dentro de si que toda aquela reunião para apresentação de Helene e Franz-Joseph seria bastante tediosa e chata para ela.

Luisa chegou em seu quarto com uma aparência bastante melancólica, como era de costume. Desde que sua ama foi trocada pela baronesa Luisa Wulffen, ela passou a conhecer mais as inquietações e sensibilidades daquela mulher. Nutria um enorme carinho por ela. Sissi não admitia, mas a maior causa do seu afastamento com Helene foi por causa da baronesa. Ela sempre dizia que Helene não era uma boa influência, e que não confiava no caráter dela. Mas depois daquela carta e do que sua mãe havia dito, voltou a se aproximar da irmã como antes, o que desagradou bastante Luisa.

— Não poderei ir com vocês até Bad Ischl.

— Minha mamãe comunicou-me sobre isso.

— E que opinião tem sobre isso? — ela se sentou em um poltrona em frente a janela e encarou Sissi.

— Nada posso achar. A decisão não cabe a mim. — deu de ombros.

— Pensei que desejasse minha companhia criança. — colocou as mãos sobre o colo. — Vejo que já não gosta mais de mim como antes.

Sissi foi em sua direção e sentou no chão, próxima da poltrona.

— Jamais pense isso. Tenho bastante admiração pela senhora. Chego a pensar a que seja comparada a admiração que sinto pelo papai. — depositou a cabeça no colo da baronesa. — Ensinou-me a sensibilidade da vida.

Luisa nada respondeu a Sissi, apenas acariciou seus longos cabelos que estavam soltos e despenteados.

— Meu bem, sabe que jamais desejaria teu mal, não sabe?

— Certamente que sei. Sempre foi boa comigo.

— Digo-lhe novamente, tenha cuidado com sua irmã Helene. O caráter dela pouco me agrada, sabe muito bem disso. Peço-te como uma mãe, cuidado com ela durante toda essa viagem. Algo me diz que alguma coisa vai dar errado. Raramente minha intuição falha.

— Tomarei cuidado com tudo que me alerta.

— Fico mais tranquila, minha amada Sissi. Noto que são palavras sinceras. — pegou o rosto de Sissi entre as mãos. — Seu futuro será brilhante minha menina. És tão bela quanto um diamante. Nunca abaixe a cabeça para ninguém, sempre pense antes de tomar suas decisões. Entendeu-me meu diamante?

— Sim.

Luisa deu um sorriso e abraçou Sissi.

— Sentirei sua falta.

— Ficarei lá por pouco tempo. Nem terá tempo de sentir minha falta.

— Mesmo assim. Você traz alegria para meus dias melancólicos.

— Fico feliz por isso. — ela deu um enorme sorriso.

— Bem, agora, levante-se. Vou arrumá-la como uma verdadeira princesa. Tem que chegar a Bad Ischl deslumbrante.

Sissi se levantou, Luisa apertou seu espartilho ainda mais. Ajudou Sissi a vestir seu belo vestido verde com detalhes em azul nas mangas, e seus sapatos de cetim branco. Penteou seus longos cabelos, prendendo em belas tranças, o penteado preferido de Elisabeth.

— Exuberante. Não existe outro adjetivo para lhe dar meu bem. Não existirá ninguém mais bela em Bad Ischl do que você. Tenho certeza absoluta. — ela olhou para os instrumentos de pesca em cima da cama. — Pretende realmente pescar por lá?

Sissi olhou para a cama e riu.

— Preciso que mande colocar na carruagem com nossas coisas, sem que mamãe veja. Por favor, um segredo nosso.

— Farei isso por você. — piscou para Sissi e pegou os instrumentos. — Vou levar para a carruagem imediatamente. Nos veremos quando partirem, que será em breve.

— Está bem. — Luisa pegou seus instrumentos de pesca e saiu do quarto.

Sissi aguardava as horas passarem para finalmente poder viajar. Não aguentava mais de ansiedade, queria sentir o vento entrando na carruagem. O sacolejar da estrada, animais por todos os lugares. Seu espírito sempre foi livre, era o que seu pai sempre dizia; e tudo que ele dizia para ela, acreditava.

Um empregado veio chamá-la, dizendo que todos já aguardavam por ela do lado de fora nas carruagens. Saiu do quarto correndo, descendo as escadas como se fosse fazer a coisa mais importante do mundo. A porta já estava aberta, resolveu diminuir os passos para sua mãe não ver sua falta de educação. Seu pai e seus irmãos estavam do lado de fora, enquanto sua mãe e Helene já estavam na carruagem.

— Minha Sissi! — seu pai deu um enorme sorriso. — Está tão arrumada e bonita. É mesmo você, querida?

— Ora papai, algum dia eu teria que me arrumar. — respondeu rindo ainda mais.

— Parece uma estranha. — seu irmão Ludwig disse em tom de deboche.

— Apenas cale-se, Lud. — Sissi o empurrou quando finalmente desceu todas as escadas.

— Comportem-se enquanto em estiver fora! — sua mãe gritou da carruagem.

O duque e os filhos se limitaram apenas em dar gargalhadas. Sissi abraçou cada um com força, principalmente seu pai.

— Pegou seus instrumentos de pesca? — sussurrou em seu ouvido.

— Não perderia jamais essa chance papai. — beijou sua bochecha e piscou para ele.

— Essa é minha menina. — acariciou sua bochecha.

— Vamos, não quero chegar muito tarde. — sua mãe gritou mais uma vez.

— Esperem! — Luisa gritou.

Ela veio correndo em direção de Sissi com seu belo vestido preto. Trazia em suas mãos um saco de veludo vermelho. Quando ela a alcançou, abraçou-a com força e entregou o saco vermelho, que estava pesado.

— Boa viagem. Abra quando estiver lá. Use apenas em uma ocasião especial.

— Farei como me pede. — Sissi deu um sorriso travesso.

— Pode ir.

Sissi foi até a carruagem e foi ajudada por sua mãe para entrar na carruagem. Acomoda-se no em frente a sua irmã, ao lado da maior janela. Coloca a bolsa de veludo dada por Luisa ao seu lado, vencendo sua curiosidade para não abrir ali mesmo. Mas obedeceria a baronesa, ela sabia o que dizia sempre.

A carruagem começou a andar, e pela janela ela começou a acenar para aqueles que mais amava.

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