022|Uma ajuda do universo.

|RAVIER|

Quando chegamos em Oblivinat, fomos direto pro treinamento.
Não vou negar que ver o estado de Rosalinda mexeu comigo, mas não vou demostra nada.

Não entendo esse desespero todo, não deu mudamos de plano simples assim.

Ficamos nos treinos sem dizer uma palavra a não ser o necessário por horas e logo fomos pros dormitórios.

Não queria ir, mas talvez eu consiga voltar no pesadelo que tive.

Desde que ganhei minhas memórias novamente, tenho sonhos e pesadelos, o último foi o dia do ataque. Talvez se eu dormir, consiga descobrir quem foi o responsável por toda essa confusão.

Sinto que estou perto o suficiente, se eu me esforçar um pouco eu talvez ache o culpado e se ele não morreu no dia, eu o mato com todo o meu ser.

Após o banho eu decido dormir, não quero conversar com ninguém. Já não gostava e isso não mudou com as memórias, esse é meu jeito e não vou mudar.

|CARTER|

Depois de tudo que o mentor disse, ele ainda tem coragem de dizer que eu preciso ficar aqui, permanecer longe.

Não! Eu me recuso a ficar longe.

Após todos terem ido dormir, me levanto, pego tudo que vou precisar e ando em passos lentos até a biblioteca e pego o livro específico.

Minha equipe não sabe da verdade, não posso contar e nem mesmo a minha namorada eu posso, regras, essas malditas regras me irritam.

Preciso suportar a dor, o luto, o sofrimento tudo sozinho e no fim sorri como se eu não estivesse quebrado por dentro.

Folheei algumas páginas e achei a que eu precisava.

__espero que eu ainda lembre usar isso.__digo pra mim mesmo lendo o Feitiço.

__argarante, mabus, notaru, ningua, mirtari. Abra as passagens das dimensões e me leve.

Logo senti meu corpo ser sugado e tudo doeu.

Não esperava menos, um príncipe que não tem 100% dos poderes mágicos e vive como um Guerreiro de armadura.
É claro que não saberia outro feitiço pra atravessar dimensões.

Assim que chego onde preciso, noto estar em uma floresta, ao leste vi uma luz verde e senti meu corpo ficar leve.

Levei o chip a nuca e ativei deixando meu traje surgir, respirei fundo tentando ignorar as dores e forcei um sorriso mesmo que ninguém visse.

__voltei!__sussurrei pra mim mesmo.

|ROSALINDA|

A intenção dos meninos foi linda, mas a culpa de tudo foi minha, preciso resolver eu mesma.

Quando fugi pra Galbari, as meninas me deram todo apoio, a diretora disse que talvez tenha sido a melhor opção.

Mas quando todos dormiram eu saí de Galbari usando o apetrecho teleporte da Tekani.

Logo estava no lago Merclay, andei até onde fizemos a convergência e me sentei no chão ainda transformada.

Preciso conseguir aumentar minha aura pra resolver isso.

Fecho os olhos e me concentro, sigo todas as instruções do diretor.
A primeira parte eu consegui, supri a minha aura, agora preciso elevar ela, e novamente a dor me atinge e me sinto fraca.

Tentei isso umas 5 vezes e já estava no meu limite, mas não vou desisti.

Quando me preparava pra tentar novamente, escuto passos e fico em alerta. Foi assim da última vez com Agaran.

__vendaval de folhas.__lanço um feitiço em direção ao som, mas uma chama e um dragão de fogo aparece e rebate.

__Felicia, é você?__Pergunto ainda em alerta.

__não.__uma voz masculina surge e logo um soldado de traje de armadura vermelho e capacete aparece.__sou apenas eu.__ele pontua colocando a espada na cintura.

Estava em alerta, ele não parecia um guerreiro de Oblivinat, e seus trajes nunca vi em nenhum lugar de Magic ou nos arredores.

__não sou um inimigo. Vim ajudar.__ele diz se aproximando em passos lentos.

__eu não sei quem você é.__digo recuando um pouco.

__isso não importa. Eu sei quem você é, e de onde vem. Sei sobre suas memórias e seus irmãos. Sou um amigo Rosalinda.

Fico surpresa e deixo um pouco o medo de lado.

__tire o traje.

__não posso. não pertenço a essa dimensão e talvez qualquer coisa ao redor possa me matar. Mas se te deixará tranquila, pode ficar com minha espada e se você achar que sou uma ameaça, me prenda ou me mande embora.__ele diz tirando a espada e me entregando.

Êxito no começo mas aceito. Volto ao círculo onde fiz com os meninos no começo e me sento com a espada ao meu lado.

__não consegue elevar a aura em dobro?__ele pergunta e fico surpresa e o olho.

__disse que sei tudo sobre você e sua família.__ele diz erguendo um pouco os ombros e andando até o meu lado e se sentando.

__posso te ajudar com isso. Aceita?__ele pergunta olhando pra mim.

Queria ver seus olhos, seus traços, e não o metal e tecido de uma armadura e capacete.

Concordo com a cabeça e olho pra baixo.

__Ótimo! Feche os olhos e respire fundo.__ele diz atrás de mim de pé.

__raizes.__sussurro e algumas raízes envolvem o pé dele o prendendo no chão.

Ele pareceu surpreso e logo escuto uma risada.

__boa garota! Sempre com um pé atrás. Um dia você confiará em mim.__ele diz com as mãos no meu ombro.__agora faça o que eu disse. Pense no momento mais lindo de sua vida. Sendo com sua família do passado, ou os pais que te criaram, ou até mesmo os estudos com as plantas. Só precisa pensar, libere sua aura, e quando você notar, sua aura irá dobrar sozinha.

Concordo e faço o que ele disse. Sinto as mãos dele saírem dos meus ombros.

|CARTER|

Não a julgo por ficar com o pé atrás comigo. Mas se eu pudesse dizer quem sou, tudo seria diferente, tudo seria mais fácil. Mas na vida nada é fácil, eu não escolhi meu destino, mas fui o único a suportar o fardo. E como meu pai e meu avô confiaram em mim, não irei falhar.

Ao dizer o que ela tinha que fazer, ela conseguiu o primeiro instante, aumentar a aura dela e a aura dela é tão linda, tão aconchegante.

Quando estava quase pra completar a aura dela, vi ai a minha chance, mas algo a incomodou e uma pressão sombria ocupou o local e quando falaria algo fui arremessado contra uma árvore.

Meu ar sumiu e fechei forte os olhos tentando me orientar.

Já vi essa pressão antes, há muitos anos atrás, mas como isso é possível?! Só estamos nos dois aqui, eu e...não, não pode ser isso.

Mas talvez explicaria muita coisa em todos esses anos.

Minha espada está ao lado dela, quando a aura negra saiu dela, a mesma caiu deitada e me levantei correndo até ela.

Tinha sangue em todo seu rosto, ela estava desacordada e abracei sua cabeça fechando forte meus olhos.

|ROSALINDA|

Meus olhos pesaram e um despertador ressoava no cômodo, forcei os olhos e quando os abri a claridade incômoda logo me deixou.

Estou em Galbari? Mas como?!

Me sentei vendo que usava as mesmas roupas, mas estava no meu quarto.

O cavaleiro! Será que imaginei demais ou ele realmente esteve comigo?

A porta foi aberta e antes de qualquer coisa ser dita corri pra fora do quarto ignorando os chamados e tudo.

Atravessei o enorme jardim e logo passei pelos portões, corri ignorando o medo de um problema, medo de reencontrar Agaran, medo de tudo.

Afastava as folhas e galhos com a mão e quando cheguei perto do lago Merclay olhei ao redor e nada, não tinha ninguém.

__SE EU NÃO ESTIVER LOUCA, APAREÇA POR FAVOR!__nada.__GAROTO, POR FAVOR!

Nada. Será que treinei demais e imaginei coisas?! Será que fui tão no automático que nem percebi que dormi com a mesma roupa.

Foi quando minhas dúvidas foram sanadas, as raízes que o prendi estavam a minha frente. Corri e elas tinham sido rompidas, olhei uma árvore meio danificada, e flashes correm em minha mente.

Eu estava no teste e quando minha mente vagou em dores, eu as senti novamente do mesmo modo e quando dei por mim deixei sair um terço.

Perdi o controle por segundos e logo tudo ficou breu.

Mas se ele esteve mesmo aqui, onde ele foi parar?!

Será que se eu tentar novamente ele aparece?

Me sentei no chão, cruzei as pernas e segui todas as instruções do diretor e logo as do misterioso de armadura.

Quando meu corpo aqueceu senti que estava indo no caminho certo e logo senti mãos em meu ombro, estremeci pelo toque.

__devia descansar.__era ele!

__precisava saber que não enlouqueci.

__sou real o suficiente Rosalinda.__seu toque ficou mais firme.__estarei sempre aqui!

Senti verdade em suas palavras.

Quem é esse ser tão misterioso que chegou com o coração tão puro?!

Anjos existem, ou os demônios ainda sabem como enganar?

Senti meu corpo tremer e não quero isso de novo.

__não pense em coisas ruins, deixe somente coisas boas e nada mais.__ele pediu e concordei.

Respirei fundo e relaxei cada músculo tensionado meu.

Eu estava sentindo minha aura quase completa, agora seria a parte mais difícil, dobrar a mesma, era sempre nessa que eu falho.

E depois de ontem, eu já não sei mais.

Tudo parecia parar e apenas o bem e a alegria existir, eu via meus responsáveis em poucos momentos bons comigo e via meus pais biológicos, via meus irmãos e pessoas felizes.

__Rosalinda, volte.__escuto a você do guerreiro de armadura.

Abro os olhos e o olho, ele estava sentado no chão atrás de mim.

__mas eu...

__você conseguiu, sem notar e sentir, você dobrou a sua aura.__ele diz me interrompendo.

Fico surpresa e ele passa a mão sobre meu rosto em um gesto de carinho. Não sei explicar, acho que já senti esse toque, mas não consigo lembrar.

Por que não consigo?

__obrigada...mas como você se chama?__pergunto confusa.

__não poderia estar aqui, meu mentor não permitiu, mas senti que precisavam da minha ajuda. Não posso dizer agora quem sou, mas juro que eu nunca iria querer seu mal ou dos seus irmãos. Se preciso morro por vocês.__ele diz e fico surpresa.

Quem é ele?

__algum dia você, poderá me dizer?__pergunto triste.

__claro! Algum dia tudo será mais fácil.__ele diz e me abraça forte e apenas retribuo.__mais por enquanto, pode me chamar de cavaleiro vermelho.

Concordo com a cabeça e saio do abraço.

Ele coloca a mão no peito e sente algo, vejo ele tirar por debaixo do traje um cordão. Era com uma fina corda preta trançada e uma pedra esculpida.

Ele segura forte e leva em direção ao capacete e suspira. Ele segura minha mão e coloca, quando olho vejo na pedra pequena, alguns desenhos de 7 folhas pequenas.

__fique sempre com isso. Cuide dele pra mim, ela é muito importante pra mim. Um dia pegarei ela de volta, ok?

Olho ele e por algum motivo eu estava com os olhos marejados. Coloco o cordão no pescoço e seguro a pedra forte.

__eu cuidarei muito bem do seu cordão.__digo sorrindo.

Olho sua espada ao meu lado, ele deixou ali como ontem, passo o dedo na empunhadura e finas e lindas raízes a rodearam.

__espero que goste, isso é um agradecimento.__digo enquanto ele pega a espada.

Com o capacete não posso ver suas expressões, mas espero que ele tenha gostado.

__ficou lindo, obrigado Rosalinda.__ele diz guardando a espada na cintura novamente. Solto seus pés e nos levantamos, foi quando ouvimos um barulho e olhamos pra cima.

__um dragão!__digo junto com o cavaleiro vermelho.

Está aí meus Pandinhas.

O Carter não tirou o traje, não pelo fato da atmosfera e sim pra que Rosalinda, não o visse e as memórias guardadas ativassem.

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