J

𝓙á eram 16h00, quando Bruno e Mário passaram pela porta automática do edifício envidraçado, adentrando o saguão nobre. Quando seus olhares se elevaram para o quadro de ocupação dos andares, acima do balcão do recepcionista, havia uma informação não existente antes, justamente no espaço destinado ao nono andar: "Aluga-se".

— Isso não estava aí, Mário, eu juro. — E dirigindo-se ao recepcionista: — Por favor, sabe me informar sobre a Editora Ravacini?

— Sou novo aqui, comecei hoje. Qual o andar?

— Fica no nono andar.

O rapaz consultou uma lista e logo em seguida afirmou:

— O nono andar encontra-se para alugar. Aliás — voltou-se para o quadro às suas costas —, exatamente como informado ali.

Bruno estava perplexo:

— Mas como, se eu estive aqui ontem e havia uma editora inteira nele?

O rapaz deu de ombros:

— Sinto muito, mas é a informação que tenho. Como lhe disse antes, iniciei no trabalho hoje, não tenho como saber se havia ou não a tal editora.

Um segurança logo se aproximou:

— Algum problema, Roberto?

— Não, Júlio, nada não. Só esse senhor que diz que esteve aqui ontem, numa editora do nono andar, mas aqui na lista consta que o andar está para alugar. E o quadro na parede confirma. Sabe informar?

O segurança olhou Bruno, desconfiado:

— Qual o nome da editora?

— Ravacini. Editora Ravacini.

Júlio não pensou muito para responder:

— Que eu saiba, nunca houve essa editora aqui. Bem, estive de licença médica por dois meses, estou retornando hoje.

Bruno empertigou-se:

— Mas será possível que todos só iniciaram no trabalho hoje? — E percebendo que o tom fora excessivo, contemporizou: — Há alguém que possa nos informar sobre a editora?

O recepcionista disse:

— Informados, os senhores já estão. Não há essa editora no edifício, não nesse endereço. Será que não erraram de prédio?

Mário olhou para Bruno, parecendo considerar a possibilidade, recebendo em troca uma anedota irônica:

— Tal qual a piada do sujeito que foi interpelado pelo ascensorista: "Qual andar, senhor"? e ele respondeu: "Qualquer um, já errei o prédio mesmo"! Mário, pelo amor de Deus. — E dirigiu-se ao segurança: — Seu nome mesmo...

— Júlio.

— Júlio, por gentileza, existe uma administração no edifício? Um gerente, algo assim?

— Não, não há. A administração não fica aqui.

— E são apenas vocês dois trabalhando na recepção?

— Nesse turno, sim.

— Estamos bem arrumados... Diga-me, você faria o favor de nos levar ao nono andar?

Júlio mostrou-se firme:

— Sem autorização, não. Espero que entendam.

Mário adiantou-se a Bruno:

— Claro que entendemos e a solução é simples: se o andar está para alugar, vamos até a imobiliária.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top