Unexpected
Seu olhar me penetrava como se ele conseguisse ver o que estava dentro de mim. Todas as mentiras, palavras e mágoas. Soltei o ar que estava preso em minha garganta, sentindo todo o meu corpo tremer.
Ele sabia. Ele sabia.
Meus olhos começaram a ficar marejados com minha garganta se apertando enquanto eu tentava me controlar.Não perca a cabeça. Não chore. Tentava me acalmar e convencer a mim mesma que eu estava no controle.
Mas no fundo eu sabia que não.
— Responda, Kelsey. Onde estava e com quem estava? — Ele me penetrava com seu olhar gélido. Eu odiava quando ele me olhava dessa forma. Odiava.
Engoli em seco e finalmente consegui encontrar minha voz.
— Em uma competição de hipismo, com Jenna... — Ele continuou a me encarar, esperando por mais respostas, e eu sabia qual era a resposta que ele queria. —...e Mikael. — Acrescentei. Justin fechou seus olhos se lamentando, então balançou sua cabeça, tentando negar para si mesmo que aquilo não era real. Não estava acontecendo. Eu não havia revelado o que ele estava suspeitando, mas ele sabia que era real. Eu havia confessado.
— Porque fez isso? — Perguntou baixinho com sua cabeça arriada — Porque estava se encontrando com meu maior inimigo às escondidas? — Agora seus olhos me penetravam e neles havia mágoas. Meu coração se despedaçou em mil pedaços. Não era pra ter sido desse jeito. Ele não podia ter descoberto dessa forma.
— Como descobriu?
— Quem faz as perguntas aqui sou eu. — Respondeu rudemente. — Porque, Kelsey? Por quê? — Sustentamos o olhar por um tempo antes que eu conseguisse dizer alguma coisa.
— Eu percebi que ele merecia essa chance. Mikael não sabia da minha existência, tanto ele quanto eu merecíamos isso. — Ele permaneceu em silêncio, absorvendo as minhas palavras, tentando compreender o que eu havia acabado de dizer, tentando achar palavras para o que dizer.
— E porque fez isso escondendo na minha cara? Você achou mesmo que eu não perceberia o quanto estava afastada a semana inteira? As desculpas esfarrapadas? As conversas sussurradas com Jenna? Posso estar ocupado com as grandes mudanças que ocorreram nas ultimas semanas, mas eu sou esperto, Kelsey, não tente me passar à perna porque eu estou sempre a dois passos à frente. — Suas palavras me perfuraram, me invadindo com sua rispidez e frieza.
— E se eu tivesse contado a você os meus planos, o que você faria? — Ele desviou o olhar, olhando para o degrau da escada, sem ter coragem de me encarar. — O que você faria? Deixaria eu tentar me aproximar de Mikael? — Ele ergueu sua cabeça para encontrar os meus olhos, e isso foi tudo para eu perceber que estava certa. Ele não deixaria. — Foi justamente por isso que não disse, mas eu iria dizer hoje mesmo no nosso jantar. Eu iria lhe contar o que estava acontecendo, só não contei antes porque queria ter certeza que era isso que eu queria, que realmente queria conhecer Mikael de verdade.
— E você quer? — Sustentamos o olhar por um tempo, até que assenti, confirmando o que ele já esperava. Ele fechou seus olhos e abaixou a cabeça, se apoiando no corrimão da escada. Pude perceber que estava tentando ficar calmo, respirando várias vezes. — Ele vai botar você contra mim, Kelsey. — Disse sem ainda conseguir me olhar. Pude ver todo o medo presente em sua voz.
— Não, Justin, não vai. — Falei caminhando em sua direção. Justin percebeu meu movimento e ergueu sua cabeça, para me olhar. — Sabe por quê? Porque se ele fizer isso, eu mesma me afastarei dele. — Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso pela minha revelação. Continuei andando até ele, subindo no primeiro degrau da escada, ficando cara a cara com ele. Justin permaneceu com seu corpo imóvel encostado no corrimão, me olhando com cautela. — Estou dando essa oportunidade porque essa chance lhe foi tirada há dezenove anos, e isso é um direito dele, mas se ele fizer isso, pode ter certeza que eu serei a primeira pessoa a afastá-lo. — Pausei, umedecendo meu lábio. — Você veio primeiro, nada disso irá mudar. Eu sou fiel a você. Sempre serei fiel a você.
Ele abaixou sua cabeça, enquanto eu permaneci parada a sua frente, esperando que ele falasse alguma coisa, mas tudo que ele fez foi descer o último degrau que estávamos e ir andando em direção à saída da mansão.
— Justin! — Fui correndo em sua direção, sentindo uma aflição me consumir.
— Não! — Ele parou e me olhou, apontando um dedo para mim, indicando para eu permanecer onde eu estava. Parei no mesmo momento e ficamos nos olhando. — Eu sou muito apaixonado por você para conseguir deixa-la ir de novo. — Confessou, com uma grande mágoa na voz e seus olhos ficando marejados em lágrimas. Meu coração se apertou como se alguém estivesse o esmagando lentamente e dolorosamente, me destruindo aos poucos. — Mas não fala comigo não, ok? Não consigo olhar para você agora. — Então se virou e saiu, batendo a porta da entrada com força, me deixando sozinha e devastada.
— Kelsey? — Olhei em direção da voz e vi Caitlin descendo as escadas, me olhando cautelosamente.
— Cait! — Fui correndo em sua direção e a abracei forte, com as lágrimas me invadindo, mas me afastei ao sentir sua indiferença com o meu abraço. — O que foi? — Olhei para ela que abaixou o olhar por um momento, sem conseguir me encarar. — O que foi, Caitlin? — Ela levantou seu olhar para encontrar os meus, me fitando por um tempo que pareceu uma eternidade.
— Eu sou mesmo sua melhor amiga? — Franzi o cenho, dando um passo para trás.
— Do que você está falando? Óbvio que é.
— Não é o que parece, não depois de hoje. — Continuei olhando para ela sem entender absolutamente nada do que ela queria dizer. Ela notou o meu olhar confuso e prosseguiu. — Justin ficou desconfiado, veio conversar comigo, perguntando se eu sabia de algo, como eu não sabia de nada, falei que ele estava desconfiado atoa, nada estava acontecendo. Então ele decidiu segui-la hoje, eu fui junto para evitar qualquer problema, e você deveria me agradecer por isso, porque evitei que hoje acontecesse uma grande tragédia. — Continuei olhando para ela completamente chocada.
— Vocês me seguiram? — Falei baixinho, com meus olhos arregalados e assustados.
— Sim, seguimos, e se eu não estivesse lá, Justin teria o matado, Kelsey. Ele teria o matado. — Suas palavras caíram em peso em cima de mim. Isso tudo estava pior do que eu imaginava.
— E está brava comigo por quê?
— Porque sou sua melhor amiga e não confiou em mim para contar sobre a sua decisão, e pior, fez meu namorado mentir para a própria namorada para acobertar você. — Olhei para ela assustada, dando mais um passo para trás.
— Você está com ciúmes?
— Não é como se você e Castiel não tivessem tido um passado, não é mesmo? E ele mentiu para acobertá-la, faz tudo por você. Tudo. — Suas palavras saiam com raiva, raiva de mim. Eu não conseguia falar absolutamente nada, não conseguia acreditar nas suas palavras. Apenas passei por ela e comecei a subir as escadas, dando as costas para ela. Não conseguia acreditar que ela poderia ter ciúmes de mim e Castiel a essa altura, depois de tudo que aconteceu.
Não conseguia acreditar que achava que nossa amizade era nada para ela considerar algo tão absurdo assim.
Entrei em meu quarto e assim que fechei a porta atrás de mim, caí em lágrimas. Escorreguei minhas costas pela porta e me sentei no chão, chorando compulsivamente. Abracei minhas pernas e apoiei meu queixo em meu joelho, com as lágrimas me invadindo por completo.
Não conseguia parar de me culpar, achei que estivesse fazendo a coisa certa, mas tudo acabou dando errado. Achei que esperar para ter a certeza seria a coisa certa a se fazer, mas tudo que fiz foi deixar Justin magoado e Caitlin desconfiada.
— QUE RAIVA! — Gritei, apertando com força os meus cabelos, com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
— Kelsey? — Escutei uma batida na porta atrás de mim, reconheci ser a voz de Jenna. — Está tudo bem?
— Me deixe sozinha. — Gritei em resposta, tudo que eu queria era ficar sozinha.
— O que aconteceu? Está chorando?
— ME DEIXE SOZINHA, AGORA! — Gritei com mais força, começando a chorar novamente. Chorei com tanta força que tive que ir correndo para o banheiro vomitar. Vomitei até tirar tudo que tinha dentro de mim, enquanto continuava a chorar.
POV. Justin
Estacionei no Demon e apoiei minha cabeça no estofado da poltrona, fechando os meus olhos e suspirando. Eu sabia que ela estava certa no que disse, e também sabia que estava errada.
Se ela tivesse me contado que planejava se aproximar de Mikael, com certeza eu não deixaria e uma grande confusão iria se formar, igual a confusão que nos encontramos agora.
E também sabia que estava errada em pensar dessa forma, mesmo eu negando, eu sabia que no fundo iria ter que ceder, porque ela estava certa. Tanto ela como Mikael mereciam essa chance.
Mas eu morria de medo de perdê-la. Como fazê-la entender isso?
Saí do carro e entrei no local, com os seguranças da portaria me cumprimentando e liberando meu acesso. Como já estava anoitecendo, o local já estava sendo preparado para ser o que ele era no período à noite: Uma boate de Strip.
— Sr. Bieber, quer os dados da movimentação hoje? — Perguntou Tina que agora ocupava o lugar de Kristin.
— Quero qualquer coisa que me faça ocupar minha mente. Estarei no escritório. — Murmurei passando por ela e indo para as escadas. Quando cheguei ao escritório, fui até o bar preparar uma bebida. Fui em direção a minha mesa com um copo de vodca em mãos quando a porta do escritório foi aberta.
— Trouxe sua papelada. — Uma mulher que nunca tinha visto na vida adentrou no escritório, trazendo consigo várias pastas com papeis. — Tina me mandou trazer. — Ela fechou a porta atrás de si e veio caminhando enquanto rebolava em minha direção.
— Da próxima vez bata antes de entrar. — Peguei a papelada de sua mão e comecei a abri-las, uma por uma. — Pode ir. — Ordenei ao sentir sua presença ainda ao meu lado.
— Tem certeza? — Perguntou com a sua melhor voz de puta. Quando levantei meu olhar para olhá-la, me assustei ao ver que estava nua. Completamente nua.
Seu vestido estava caído em seus pés, com seu maravilhoso corpo todo exposto para mim. Continuei olhando para ela assustado, acho que já estava enferrujado demais para não ter esperado algo assim.
— Vista-se. — Ordenei desviando meu olhar para a papelada.
— Mas Tina disse que queria qualquer coisa para distraí-lo. — Claro. Óbvio que Tina iria interpretar isso vindo do chefe que ela tem.
— Tina interpretou errado. Vista-se e saia daqui. — Continuei com minha atenção onde estava, mas então senti sua proximidade, me fazendo olhá-la de novo.
— Tem certeza disso? — Abriu um sorriso malicioso e deslizou sua mão por cima da minha intimidade, com meu pau já duro. Com uma mulher pelada na minha frente ela não queria que ele ficasse duro?
Em um impulso rápido, ela se sentou em meu colo com suas pernas abertas, beijando o meu pescoço.
Puta que pariu.
Quando cheguei a mansão, já havia passado da meia noite. Todos estavam na sala conversando enquanto assistiam a TV, menos Kelsey. Apesar de me chamarem, continuei andando direto, indo para as escadas.
— Espera, Justin! — Olhei para trás e vi Jenna vindo em minha direção. Essa não.
— O que você quer, Jenna? — Perguntei com desdém.
— Sei que deve estar irritado com Kelsey, mas ela iria te contar tudo hoje.
— Mas passou a semana toda mentindo.
— E você sabe o porquê. — Fechei meus olhos e suspirei fundo, me controlando muito para não manda-la tomar no cu.
— A culpa agora é minha?
— Não culpa, mas você precisa também pensar um pouco nela.
— Tudo que eu faço é pensando nela. — Revidei irritado.
— Eu sei, e sou muito grata por você amá-la e sempre fazer tudo por ela, mas tem certas coisas que você a priva, e você sabe disso.
— Está tarde e bebi além do que eu devia, então não enche a porra do meu saco. — Dei as costas e continuei a subir as escadas. Tudo que eu menos queria a esse horário era receber lição de moral.
Mas o que mais me irritou é que eu sabia que estava certa. Eu sabia que a privava, mas ela sempre soube que eu era assim, sempre gostei das coisas do meu jeito, apesar de eu sempre tentar mudar para fazê-la feliz.
Eu sabia que se eu não a privasse tanto, ela não teria escondido isso de mim. Isso me faz ter raiva de mim e dela ao mesmo tempo.
Abri a porta do quarto calmamente, estranhando o quarto estar vazio. Adentrei e olhei ao redor, a cama nem estava bagunçada. Franzi o cenho e olhei em direção ao banheiro, a porta estava entre aberta. Entrei lentamente e avistei Kelsey apoiando a cabeça sobre o braço enquanto usava o vaso sanitário como apoio. Estava dormindo, dormindo profundamente.
Aproximei-me e notei que havia vomitado. Fechei a tampa do vaso e a peguei calmamente em meus baços, apoiando sua cabeça em meu peito enquanto envolvia um dos meus braços pelas suas costas e o outro nas suas pernas.
A carreguei até a cama e a deitei com cuidado para não acordá-la. Pousei lentamente o seu corpo e depois sua cabeça, cobrindo-a com o edredom. Fiquei olhando para ela e pela sua aparência parecia que ela havia chorado até pegar no sono, estava com o nariz vermelho e olheiras fundas.
Acariciei seu cabelo e me aproximei para beijá-lo. Amava o cheiro dos seus cabelos, nunca consegui distinguir exatamente o cheiro, mas era um cheiro que só ela tinha.
Suspirei derrotado depois da noite que tive hoje. Ela ficaria uma fera se soubesse.
Fui até o banheiro e fiquei horas dentro da banheira de hidromassagem. Nesse momento, tudo que eu precisava era ficar em paz com bolinhas borbulhantes massageando o meu corpo.
POV. Kelsey
Suspirei fundo antes de abrir os meus olhos, olhando ao redor em busca de Justin, mesmo sabendo que não estaria. O seu lado da cama estava desarrumado, então isso significava que havia dormido ao meu lado. Não sabia se ficava aliviada por isso ou se estava apenas interpretando tudo errado.
Sentei na cama e cocei meus olhos, bocejando, então a porta do banheiro foi escancarada, com Justin saindo com sua toalha enrolada na cintura. Ele parou por um momento quando percebeu que eu estava acordada, mas depois seguiu seu caminho até o Closet.
Continuei onde eu estava, esperando se ele falaria comigo ou se eu teria que fazer isso.
Depois de alguns minutos, ele saiu perfeitamente arrumado e justamente com a camisa que eu adorava, uma de gola V de cor azul turquesa. Ele ficava maravilhosamente lindo. Não duvidava nada que a escolheu justamente para me provocar.
Ele se sentou na beirada da cama e começou a calçar seus tênis, sem me olhar ou falar comigo.
— Vai ficar me tratando assim, com indiferença?
— Só não tenho nada pra falar. — Murmurou ainda de cabeça baixa, calçando seus pares de tênis.
— Você quer que eu peça desculpas por ter mentido essa semana? Então eu peço, porque sei que não deveria ter feito isso. Então me desculpe por mentir, mas sabe por que tomei essa decisão.
— Porque privo você, por isso teve que esconder. É, já estou sabendo. — Franzi o cenho. Do que ele estava falando?
— Não é exatamente privar, mas você acaba tornando algumas situações complicadas para mim, como essa situação de agora. Eu queria lhe contar que decidi dar uma chance a Mikael, mas eu sabia que odiaria a ideia e me proibiria disso. Estou mentindo? — Ele permaneceu em silêncio, o que já foi o suficiente. — Quem cala consente. — Revidei me levantando e indo para o banheiro. Escutei Justin xingar algo e jogar alguma coisa contra a parede, com a porta batendo com força.
Abri lentamente a porta do banheiro e vi que estava sozinha no quarto, ele já havia ido, e sabe-se lá para onde.
Voltei a fechar a porta do banheiro e liguei a banheira, precisava de um banho relaxante. Foi então que relembrei que noite passada havia vomitado, meu hálito estava pior que cheiro de esgoto.
Escovei meus dentes umas quatro vezes antes de ir tomar um maravilhoso banho de espuma.
Troquei de roupa colocando um short Jeans, uma blusa de tecido fino e leve, pois estava quente. Entrei no quarto e levei um susto ao ver Jenna com uma bandeja de café da manhã.
— Não queria assustá-la, mas imaginei que iria querer tomar seu café da manhã aqui. — Fiquei feliz por ter imaginado isso, porque realmente não queria encarar o olhar furioso de Caitlin. Estava muito magoada com ela, não conseguia acreditar que realmente passou pela sua cabeça que eu e Castiel seríamos infiéis a ela, ainda mais depois de tudo que passamos. Depois de tudo que passei para ficar com Justin, não Castiel.
— Obrigada, pensou certo. — Peguei minha escova e me sentei em frente à penteadeira, para pentear meus cabelos.
— Deixa que eu faço isso. — Jenna pegou a escova de minha mão e começou a penteá-los, com bastante cuidado. — Sempre quis fazer isso. — Ela sorriu para mim pelo espelho. Sorri para ela e então fechei meus olhos enquanto meus cabelos eram escovados. Quando ela terminou, os arrumei jogando-os de lado e indo para cama tomar meu café da manhã.
— Espero que não estava brava consigo mesma, ou comigo, ou com Mikael. — Disse ao se sentar ao meu lado.
— Não sei exatamente o que estou sentindo, só tentei fazer a coisa certa, sabe? Tentei fazer a coisa certa em dar uma chance a Mikael. Tentei fazer a coisa certa em esperar ter certeza do que eu queria antes de contar ao Justin. Tentei fazer a coisa certa em chamar Castiel para ir comigo, não Caitlin, porque sabia que Justin cairia em cima dela se soubesse que estava envolvida nisso. Mas tudo no final se virou contra mim, quando tudo que eu queria era fazer a coisa certa. — Olhei para ela frustrada.
— Eles vão perceber isso depois, espera um pouco, deixa a raiva passar.
— Só sei que quero ficar o dia fora, andando pela cidade. Sozinha. — Acrescentei quanto percebi que iria se oferecer para ir junto. — Preciso de um momento sozinha. — Ela assentiu e beijou a minha testa.
— Se é o que precisa, tudo bem. Mas qualquer coisa é só me procurar. — Sorri para ela, para tranquiliza-la. — E não se preocupe com isso — Apontou para os cacos do vaso de planta que Justin havia quebrado. — Irei limpar assim que você sair, só tome cuidado com os cacos. — E então ela se retirou do quarto, me deixando terminar meu café da manhã sozinha. Isso era o que mais gostava em Jenna, ela sempre sacava o que eu mais queria naquele momento. Se ela não tivesse trago meu café da manhã aqui, eu já teria saído da mansão nesse momento e ido tomar café da manhã em alguma cafeteria da cidade, mas ela leu os meus pensamentos sem eu precisar dizer absolutamente nada.
Como também percebeu que prefiro ficar sozinha hoje.
Terminei meu café da manha e peguei minha bolsa, saindo do quarto. Desci calmamente as escadas, sem querer chamar atenção. Escutei na cozinha uma falação dos garotos. Será que Justin também estava tomando café com eles?
Não olhei para saber, passei direto, mesmo ouvindo a voz de Nolan me chamar. Fui para garagem e avistei a vaga de Justin vazia. Então ele não estava tomando café junto com os outros. Não sabia como interpretar isso, onde ele poderia estar sem sua equipe?
Fui até o meu carro e adentrei. Assim que girei a chave, a porta de carona se abriu, com Caitlin entrando e fechando a porta. Olhei para ela sem entender o que estava fazendo, com a mesma apenas colocando seus óculos escuros e puxando o cinto de segurança.
— Coloque seu cinto. — Ordenou, mas continuei parada olhando para ela. — Sei que sou linda, mas já está ficando estranho. — Revirei os olhos.
— O que faz aqui?
— Sou sua segurança pessoal, está lembrada? Onde você vai, tenho que ir junto.
— Não nesse momento, preciso ficar sozinha.
— Estou pouco me fodendo para isso. Ou aceite minha companhia, ou os seguranças da portaria receberão ordens de não deixa-la sair. — Bufei irritada e dei a ré no carro, saindo da garagem. Andamos por um longo percurso em silêncio, porque eu realmente não fazia a menor questão de conversar com ela.
— Eu ouvi você. — Sussurrou, mantendo seu olhar na janela.
— O que? — Olhei para ela de relancei, mas voltei minha atenção para o transito.
— Ouvi você conversando com a Jenna hoje de manhã. — Arqueei uma sobrancelha para ela, que deu de ombros e balançou suas mãos. — Mas não fiz de propósito, apenas estava indo para meu quarto e vi Jenna indo até o seu quarto e fui atrás, depois fiquei ouvindo atrás da porta.
— Caitlin, isso foi de propósito. — Constatei, olhando para ela.
— Que seja, o que estou querendo dizer é que ouvi o que disse. Não o chamou por não confiar em mim, você fez isso para me proteger das acusações de Justin depois.
— E ele não aceitou isso por mim, aceitou porque sabia que eu não podia ir desprotegida, se não fosse você, teria que ser ele. Fez isso pensando em você, não em mim. — Senti que minhas palavras a afetaram em peso. Ela colocou sua mão em sua cabeça e resmungou:
— Sou uma idiota ciumenta.
— É, você é. — E então o silêncio constrangedor voltou, até que Caitlin o quebrou.
— Eu sinto muito. — Sussurrou baixinho, mas fui capaz de ouvir, mas ainda estava tão chateada que não consegui responder. Deixei seu pedido de desculpas no ar, quando começamos a passar por um túnel.
Mas notei algo estranho. Um carro preto entrou de repente na minha cola, encostando a traseira do seu carro no meu. Olhei para trás e depois para Caitlin, que já estava em alerta.
— O que foi isso? — Perguntei baixinho.
— Acelera, mas não os deixem perceber. — Ela agora estava com a arma em suas mãos e bem posicionada, olhando para o carro atrás.
— Como acelerar sem deixar que percebam? — Perguntei já em pânico.
— Apenas acelera de vagar, anda! — Fui acelerando aos pontos, sentindo minhas mãos ficarem suadas e minhas pernas tremulas.
Caitlin mantinha sua atenção no carro atrás. Dei graças a Deus pelo vidro do carro ser escuro, assim ninguém podia ver o quanto estava em pânico. Havia poucos carros no túnel, o que já estava me deixando nervosa.
Comecei a acelerar, já avistando a saída do outro lado. Siga o caminho da luz, saia daqui. Mas quando estava me aproximando, avistei algo grande vindo na minha direção, na mão contrário da pista.
— Caitlin, o que é isso? — Ela virou sua cabeça para frente, franzindo o cenho, também tentando enxergar o que era. Quando percebi o que era, pisei no freio com tudo, jogando o volante do carro pro outro lado, fazendo o carro virar 280º e ficando de lado no exato momento em que o carro que vinha na contramão batia com força, com um barulho horrível de vidros sendo estassalhados preenchendo meus ouvidos antes de tudo se tornar em nada.
POV. Justin
Abri a porta do hospital e corri para dentro. Eu sabia que alguma coisa estava muita errada depois de receber uma ligação de Christian pelo telefone de emergência. Ele só me ligava daquele número quando uma coisa muito, muito ruim tinha acabado de acontecer.
E quando ouvi através de seus soluços as palavras "Acidente... Kelsey... Caitlin", eu sabia que boa coisa não era.
Fui correndo para recepção, eu precisava saber dela.
— Kelsey Jenner — Disse quase sem folego ao chegar à recepcionista. — Preciso saber da Kelsey Jenner, ela foi trazida para cá.
— Se acalme senhor, irei dar uma olhada na lista. — Apoiei minha cabeça na bancada da recepção enquanto tentava recuperar o folego. — Chegaram duas garotas de um acidente, seria isso?
— Sim, isso mesmo, onde elas estão?
— Um parente de uma das pacientes já está preenchendo a ficha, preciso que o senhor faça o mesmo com a outra. — Ela me entregou uma ficha e uma caneta, ignorando o que eu havia acabado de perguntar.
— É surda? Onde elas estão?
— Senhor, não tenho nenhuma informação, única coisa que posso lhe dizer é que elas estão aqui, provavelmente estão passando por exames agora e é para os responsáveis aguardarem na sala de espera, logo o doutor irá atende-los. — O telefone ao seu lado começou a tocar e ela logo o atendeu, me ignorando. Vadia.
Peguei a ficha com raiva e fui para a sala de espera. Christian e Castiel já estavam lá. Christian estava preenchendo a ficha de Caitlin, enquanto era visível pelo seu rosto vermelho que havia chorado. Os soluços ao telefone não esconderam nada que ele estava completamente preocupado e descontrolado.
Ele levantou a cabeça ao me ver, e logo sua expressão se suavizou.
— Que bom que chegou. — Murmurou.
— Sabe de alguma coisa? — Me sentei ao seu lado, olhando para ele.
— Tudo que você provavelmente já sabe. — Começou, parecendo já exausto como se já tivesse repetido a história umas mil vezes. — O aparelho que implantamos no carro da Kelsey apitou em meu notebook, me avisando que havia algo de errado. Rastreei o carro pelo GPS e consegui chegar a tempo em que já estavam as colocando na ambulância, foi então que ordenei para trazê-las para cá, é o melhor hospital da região. — Eu havia mesmo reparado que estávamos no melhor hospital, mas agora tudo fazia sentido.
— Você viu Kelsey? Como ela estava? — Ele olhou para mim por um tempo e então abaixou a cabeça. — Christian, como estava Kelsey? — Ele levantou sua cabeça para encontrar os meus olhos, e eles estavam marejados. O medo começou a se tomar em pânico dentro de mim.
— O carro bateu justamente na direção dela, ela estava presa nas ferragens do carro, e... — Ele cobriu a cabeça com os braços, voltando a chorar.
— E o que, Christian? Fala logo. — Gritei desesperado, com os olhos arregalados.
— Eu não sei, eu não sei. — Ele disse em lágrimas, ainda cobrindo sua cabeça com os braços. — Ela estava com o rosto coberto de sangue. — Então ele voltou a me olhar, com seu rosto em lágrimas. — Era muito sangue. — Fechei meus olhos e soltei a respiração que nem eu sabia que estava prendendo, respirando ofegantemente. Fiquei olhando para todos os lados, vendo tudo ao redor girar, perdendo o foco, com todas as vozes ao redor se transformando em eco.
— Justin? — Vi a imagem de Castiel na minha frente, mas tudo estava ficando branco e sua voz estava longe. — Droga, apoia sua cabeça e deixe-a levantada. — Senti suas mãos colocando minha cabeça para cima enquanto apoiava minha cabeça na parede atrás de mim. Fiquei olhando para o teto, com a cabeça bem levantada, enquanto ouvia sua voz pedindo por ajuda.
Logo duas enfermeiras se aproximaram e Castiel as ajudou a me sentar em uma cadeira de rodas. Eu não queria nada disso, eu precisava ficar e saber o que estava acontecendo com Kelsey. A minha Kelsey.
— É queda de pressão, já vamos medica-lo. — Escutei uma das enfermeiras dizer. Olhei de relance para a sala em que estávamos e Castiel estava presente. Senti algo sendo injetado em minha veia e depois de uns dez minutos, comecei a recordar os sentidos. — Está se sentindo melhor? — Perguntou a enfermeira que aparentava ter a idade de minha mãe. Balancei a cabeça assentindo, enquanto suspirava. — Beba um pouco de água e pode sair quando estiver se sentindo melhor. — Ela colocou um copo de água ao meu lado e se retirou, me deixando sozinho com Castiel.
— Você deu um susto, já temos duas grandes preocupações aqui, não arranje mais uma. — Não pude deixar de sorrir. Balancei minha cabeça e então bebi um pouco da água para umedecer os lábios.
— Não foi minha intensão.
— Você tem medo de perdê-la, e depois de descobrir como ela estava, sei que foi demais para suportar.
— E como você está? — Ele abaixou a cabeça e foi só ai que percebi que também havia chorado, mas agora estava tentando se controlar.
— Minha melhor amiga e a garota que amo estão lá dentro e não sabemos de absolutamente nada. — Ele ergueu seu olhar para encontrar os meus, e eles estavam marejados. — Estou apavorado. Kelsey mudou a minha vida, e Caitlin... — Ele fechou seus olhos e um lagrima escorreu pelo seu rosto na qual enxugou rapidamente. — Não tive a oportunidade de dizer a ela como eu realmente me sinto em relação a ela, e ela precisa saber que é amada, que é amada todos os dias.
Foi então que um pânico ainda maior se formou dentro de mim. Kelsey também precisava saber disso, que apensar de tudo, eu a amo todos os dias, cada dia ainda mais.
Saímos da sala onde estávamos depois de eu me sentir melhor, e então voltamos para a sala de espera. Jenna já estava lá, completamente nervosa com a ficha de Kelsey em suas mãos.
— Você está bem? — Perguntou me abraçando, uma proximidade que estranhei e não esperava, mas mesmo assim a abracei de volta. Ela era mãe, estava precisando de qualquer abraço de mãe nesse momento. — Estou sim, não sou a maior preocupação aqui. Já vieram dar noticiais? — Ela se afastou para encontrar os meus olhos.
— Ainda nada, sempre a mesma coisa. Estão fazendo exames e precisamos esperar. — Bufei irritado e me sentei na mesma cadeira de antes, ao lado de Christian.
— Foi mal cara, não devi ter contado. Isso não quer dizer nada, temos que esperar algum médico filho da puta vir falar alguma coisa.
— Quanto tempo já estão lá dentro?
— Meia hora. — Apoiei minhas mãos em meu rosto e fechei os olhos, tentando manter a calma. Quando senti todos ao meu redor se levantarem, tirei minhas mãos do rosto e vi o doutor na entrada da sala de esperar conversando com uma enfermeira. Levantei-me rapidamente e fui até eles.
— As duas pacientes, Kelsey e Caitlin, como estão? — Interrompi a conversa do doutro com a enfermeira. Ele olhou para mim e então ordenou com um aceno de cabeça para a enfermeira se retirar, voltando sua atenção para mim.
— Você é responsável pelas duas pacientes que vieram de um acidente?
— Eu sou responsável por uma, ela é minha irmã, ele por outra. — Christian disse ficando eu meu lado.
— Sou namorado da outra, a loira, Kelsey.
— Eu sou a mãe da Kelsey, como ela está? — Jenna perguntou desesperada.
— Se acalmem, por favor. — Pediu, balançando suas mãos. — Sou o Dr. Charles, acabamos de fazer exames, mas ainda não tenho nada certo. A paciente que estava sentada no banco de carona sofreu lesões mais superficiais, está com a perna quebrada, mas vai ficar bem. — Olhei para Christian, sabíamos que estava falando de Caitlin. O alívio era visível em seu rosto.
— Já a paciente loira, a Kelsey, não temos nada comprovado ainda. Não quebrou nenhum osso, mas em compensação seu cérebro está muito machucado. — Eu e Jenna nos olhamos com o medo explícito em nosso olhar. — Tudo que posso dizer sobre ela é que iremos fazer uma cirurgia de emergência e observar como ela irá reagir, mas no momento ela e o bebê estão estáveis. — Meu corpo paralisou. Fiquei encarando o doutor com uma expressão de pânico, com os olhos arregalados. Olhei de relance para Jenna e a mesma olhava para o doutor completamente paralisada, como todos ao redor.
— Bebê? — Murmurei, ainda o encarando em choque.
— Sim. — Disse, estranhando os nossos olhares, depois riu ao notar o que estava acontecendo. — Já era de se esperar que talvez não soubesse, ela está grávida de apenas duas semanas. Meus parabéns. Prometo voltar em breve com mais noticiais e fazer de tudo por ela e o bebê. — Sorriu e se afastou.
Ficamos nós quatro ainda paralisados com a notícia.
Mas com certeza não estavam mais em choque do que eu.
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