Weakness
Flashback On
POV. Justin
Parei a Ranger em frente ao apartamento de Kelsey, mas na outra rua, atrás de um poste que ajudava na iluminação do ambiente. Peguei meu cigarro e o acendi, tragando a nicotina e soltando a fumaça, fazendo todo o carro — até então com os vidros fechados — ser invadido pela mesma.
Iria começar a seguir os passos de Kelsey para saber como era sua rotina, então assim entraria em ação.
Estava já relaxado, encostado no banco do motorista, quando a vi descendo as escadas, vestida maravilhosamente bem em um vestido curto e decotado preto, com sapatos altos e vermelhos, entrando na porra do Audi que eu lhe dei de presente, então saindo dali.
Abri um pouco a janela e joguei o cigarro fora, fechando o vidro novamente e girando a chave na ignição, começando a segui-la.
Passei direto por ela quando ela parou em frente a um hotel, e virei na outra rua, manobrando e deixando o carro ali. Sai do mesmo e caminhei discretamente até a entrada do hotel, vendo ela conversar com um playboyzinho boa pinta. O pior disso tudo é que não era um playboyzinho qualquer, era Jered Grey, seu ex-namorado.
Eu já havia visto várias fotos de Jered quando estava pesquisando sobre Kelsey, assim que ela entrou em minha vida, eu o reconheceria de longe.
Ele beijou sua mão e ela riu toda bobinha, qual é, que viadagem, sabia que ela preferia quando eu a pegava de jeito.
Os dois adentraram no estabelecimento, indo para a parte reservada, perto da janela do restaurante que ficava logo na entrada. Eu estava os observando.
Os dois começaram alguma conversa, e depois pude vê-la irritada, fiquei mais tranquilo depois disso. Logo depois seus pedidos foram entregues e eles pararam de conversar. Vê-los comer fez meu estômago roncar, quando fui a última vez em que eu comi? Acho que foi pela manhã antes de eu ir atrás de Kelsey e ter voltado para o meu apartamento com um "vai se foder", me fazendo cair na bebida e apagar durante a tarde inteira.
Mas esqueci da fome no exato instante em que Kelsey e Jered deram as mãos, com ela sorrindo para ele. Que porra estava acontecendo ali?
Olhei para todos os lados em busca de alguma coisa, qualquer ideia, quando avistei uma loja esportiva. Abri um sorriso sacana e fui até lá.
Acho que o carro de alguém não vai ver a luz do dia amanhã.
Flashback Off
POV. Kelsey
Acordei agarrando meu travesseiro, sentindo seu maravilhoso cheiro. Cheiro de Justin. Quando ele deitou em minha cama deixou o seu cheiro nela, me fazendo acordar durante a noite umas três vezes achando que ele estava comigo.
Depois da noite de ontem, ele foi embora sem dizer mais nada, apenas assentiu e saiu, e eu não sabia se isso era uma boa ou má coisa.
Pelo menos eu não terminei minha noite em uma delegacia fazendo boletim de ocorrência, nem pega por Jenna, que seria bem pior que enfrentar policiais, pode ter certeza.
Me espreguicei antes de me levantar, indo até o banheiro e ligando o chuveiro, tirando minha roupa e jogando-a no chão, entrando no box e enfiando minha cabeça em baixo da água.
Encostei minha testa na parede e deixei que a água caísse e molhasse meu corpo antes de pegar o shampoo para ensaboar meus cabelos. Quando terminei o banho, me enrolei no roupão e peguei uma toalha menor para enrolar os cabelos, saindo do banheiro e indo para o meu pequeno e aconchegante closet.
Peguei um Vans vermelho, um shortinho jeans curto e uma blusa preta com uma boca vermelha mostrando a língua, pegando uma bolsa de lado marrom de franja e um óculos de lente marrom para completar o look.
Quando terminei de me vestir, fui até o banheiro e liguei o secador, jogando meus cabelos de um lado para o outro até secarem. Fiz um coque frouxo e coloquei os óculos, pegando minha bolsa e saindo do quarto.
— Iria falar bom dia, mas já é boa tarde, então... boa tarde, Jenna. — me agachei e beijei sua bochecha, com Jenna rindo da minha piadinha. Ela já estava almoçando, então me sentei ao seu lado, pegando a jarra de suco e colocando um pouco em meu copo.
— E alguma novidade? — perguntou me olhando de rabo de olho, e eu sabia que ela estava se referindo ao Justin. Eu odiava ter que mentir para Jenna, mas eu simplesmente não podia dizer que ele me seguiu na noite passada, detonou o carro de Jered, quase que a polícia ficou envolvida e que ele invadiu nosso apartamento na noite anterior. Sem chances.
— Nenhuma, e que continue assim. — ela riu e pareceu mais aliviada, voltando a comer. Almoçamos em silêncio e quando terminei ajudei Jenna com a louça.
Fui para sala para pegar meu celular pra ligar parar Caitlin, já que no dia anterior não tive a oportunidade, quando vi uma movimentação estranha na casa que ficava de frente para o meu pequeno apartamento de três andares.
Fui até a janela e vi um caminhão enorme de mudança, parece que tinhamos vizinhos novos. Essa era a maior casa do bairro, e desde que cheguei aqui estava à venda. Voltei minha atenção para o celular, quando algo chamou novamente a minha atenção.
Uma Lamborghini branca estacionou em frente à casa, quase deixei meu celular cair ao ver o dono da mesma. Justin caminhou para a frente da casa e pegou as chaves nas mãos do possível proprietário do imóvel. Isso não estava acontecendo.
Saí do apartamento batendo a porta com força, sem responder Jenna, que perguntou se estava tudo bem. Desci as escadas o mais rápido que conseguia e fui batendo o pé na direção de Justin, que agora estava sozinho com sua Lambo olhando para a enorme casa.
— O que faz aqui? — disse irritada, com Justin olhando pra mim e sorrindo, aquele típico sorriso lindo e filho da puta.
— Gostou da minha nova residência? — ele abriu os braços, exibindo a casa, ela era a mais bonita do bairro, mas mesmo assim não era do estilo de Justin, tudo ali era familiar, e tudo de Justin era chique e extravagante.
— Não combina com você, a casa, a vizinhança, nada disso.
— Eu gostei. — deu de ombros e olhou ao redor, vendo algumas adolescentes olharem para ele sorrindo, como se nunca tivessem visto um homem bonito antes, talvez não como seu vizinho. — E elas gostaram também, e aí, gatinhas? — mexeu com as garotas, que começaram a rir e entraram em suas casas.
Revirei os olhos e o encarei.
— Sei porque está fazendo isso.
— Sabe? E porquê? — ele sorriu com divertimento, se aproximando de mim e ficando cara a cara, deixando meu corpo rígido.
— Por minha causa. — ele começou a gargalhar, mas a gargalhar mesmo. — Do que está rindo, idiota?
— Você não está com essa bola toda, gatinha. — deu um leve soquinho em meu queixo e saiu rindo, me deixando com cara de idiota.
Como é que é?
Justin entrou na sua nova casa, com vários homens entrando e saindo com móveis novos. Voltei batendo o pé, irritada, com Jenna apenas me encarando, sem dizer nada, com certeza ela já tinha visto tudo pela janela. Peguei meu celular e disquei o número de Caitlin, indo para o meu quarto e fechando a porta.
— Fala, raio de sol.
— Nem vem com essa, quem mandou dar o meu endereço para Justin?
— Até que demorou para me ligar, ele está pegando muito no seu pé?
— Você ainda pergunta? Chegou aqui ontem com cara de cachorrinho sem dono achando que eu iria o perdoar, detonou o carro do Jered, invadiu meu apartamento no meio da noite, e ainda por cima hoje acordo o vendo chegar com sua maravilhosa Lamborghini e estacionar em frente da sua nova casa, que por sinal fica em frente da minha. — eu gritava todas as palavras rápido, com toda a raiva que eu estava.
— Espera aí, você esteve com Jered? Jered Grey? Seu ex?
— Porra Caitlin, será que dá para concentrar no meu problema? Por que deu meu endereço para Justin?
— Eu não dei, Ryan que contou a ele que havia voltado para LA e o restante ele se virou sozinho. Ele é um mafioso, Kelsey, ele iria te encontrar sem nem precisar fazer esforço por isso.
— Ótimo. — me sentei em minha cama. — Ele vai fazer da minha vida um inferno.
— E por que não o perdoou?
— Você ainda pergunta o porquê?
— Olha, vou pegar um voo e ir para LA logo pela manhã, precisamos conversar, tem uma coisa que não sabe, e você pode ficar brava, mas é necessário saber, isso pode ajudar a perdoá-lo.
— Você me deixou preocupada agora. — ela riu.
— Não fique, só confie em mim. Justin não é o melhor de todos, mas eu vi de perto o quanto sofreu com a sua ausência, ele realmente está falando a verdade.
Fiquei em silêncio, sem saber o que responder. Eu queria acreditar e acho que parte de mim também acreditava.
— Está falando de mais, Beadles, já deveria estar a caminho. — ela riu. Caitlin sabia que quando eu não sabia o que responder, sempre mudava de assunto.
— LA que me aguarde, estou voltando.
Passei o restante da tarde com Jenna, assistindo a qualquer filme, era bom passar um tempo em casa e esquecer um pouco dos problemas lá fora, e Jenna sempre sabia como fazer eu me esquecer de tudo ao meu redor.
Senti meu celular vibrando e o peguei, vendo Abby escrito na tela.
— Oi, amiga chata.
— Nem vem com essa, sou a pessoa mais legal desse planeta e vamos tomar um café no Starbucks.
— Estou terminando um filme com Jenna, te encontro lá em uma hora.
— Okay, bom filme. — finalizei a ligação.
— Esqueci de avisar, amanhã Caitlin chega. — falei, jogando o celular no sofá e voltando a prestar atenção no final do filme.
— Caitlin, Abby, essas meninas vão me deixar louca. — demos risadas e voltamos a terminar de ver o nosso filme.
Peguei as chaves do Audi, minha bolsa e meu celular e desci as escadas do apartamento, entrando no carro e dando uma conferida na casa de Justin. Nem sinal dele, ótimo.
Girei a chave na ignição e saí cantando pneu, estava torcendo para que ele não me visse. Cheguei por volta das dezoito horas, estacionando o Audi em frente e entrando no estabelecimento.
Os cachos ruivos de Abby eram o destaque do local, impossível não identifica-la.
— Cheguei. — me sentei na cadeira em frente a ela. — Já pediu?
— Não, estava esperando você.
— Caitlin vai vir amanhã.
— Sério? Mentira? — ela disse, animada, Caitlin e Abby se deram bem logo de cara, talvez pelo fato de serem entusiasmadas e escandalosas de mais. — Vai ser divertido.
— Com certeza. — disse rindo, lembrando da minha conversa com Jenna. Aguentar Caitlin e Abby não era pra qualquer um.
Fizemos o nosso pedido de café, com uns deliciosos croissants de queijo e presunto.
Conversamos sobre diversas coisas e lamentamos o fato de que amanhã já seria segunda, e voltaríamos ao trabalho. Decidi falar sobre tudo, menos Justin, quanto mais evitasse falar sobre ele com Abby, melhor.
Tudo que envolvia Justin, envolvia o seu mundo, o mundo da máfia, eu preferia deixar Abby de fora disso.
Quando terminamos, nos despedimos e cada uma seguiu seu rumo. Resolvi pegar um atalho, uma rua ampla e curta, apenas com árvores ao redor. De repente dois faróis apareceram logo atrás de mim. Olhei pelo retrovisor o grande carro se aproximando, então arregalei meus olhos e pisei fundo no acelerador quando notei que o carro não parava de acelerar, ele vinha com tudo para cima do meu Audi.
Virei na esquerda, com ele virando logo, colado com o meu carro. Minhas pernas já estavam bambas, e minhas mãos suavam frio enquanto eu apertava com força o volante.
Isso iria dar merda.
O carro avançou, passando por mim, me fazendo cruzar o cenho.
Que diabos ele iria fazer?
Antes que minha pergunta pudesse ser respondida, uma Lambo branca passou pela minha direita, fazendo eu dar um leve pulo de susto, com ela avançando com tudo e virando o carro, tampando a passagem, deixando o carro preto misterioso do outro lado, fazendo eu frear com tudo bruscamente, antes que meu Audi batesse na Lambo.
Justin saiu de dentro da mesma apontando sua arma para o automóvel, enquanto ele atirava contra o mesmo. O dono do carro manobrou e saiu bruscamente, se afastando de Justin.
Quando o carro sumiu no final da rua, saí do Audi, indo em sua direção.
— O que foi aquilo? — Justin continuava olhando para a direção em que o carro havia desaparecido. — Justin? — peguei seu rosto e o virei pra mim, fazendo que seus olhos caramelados encarassem os meus.
— Eu não sei, mas seja lá quem for, sabe que você me conhece. — Justin afastou minhas mãos de seu rosto, segurando-as e me puxando para o seu carro. — Vamos, precisamos sair daqui.
— Hey, espera. — puxei minha mão. — Não pode mandar em mim, muito menos no que eu devo ou não fazer.
— Você precisa estar segura, então precisa estar comigo.
— Eu vou com o meu Audi, até porque ele não pode ficar aqui. — Justin trincou o maxilar e foi em direção ao meu Audi, cruzei o cenho e arregalei os meus olhos ao ver ele apontando sua arma para os pneus do Audi.
— NÃO! — POW, POW, POW, POW. Justin atirou em todos os pneus, me deixando com os olhos arregalados e espantada.
— Como vai dirigir seu Audi agora? — abriu um sorriso sacana. — Agora vamos. — falou, indo em direção ao seu carro e entrando no mesmo.
— Você... Você... Você atirou nos pneus. — gaguejei, com Justin apertando a buzina da Lambo e me mandando entrar.
— Não mesmo, me recuso, você atirou nos pneus do meu carro, eu não vou com você. — ele revirou os olhos e saiu da Lambo, vindo em minha direção.
— Por favor, Kelsey, colabora comigo, vamos pra casa.
— Já disse que não.
— E como vai embora? No meio do nada? — olhei ao redor e tudo era deserto, ele tinha razão, mesmo assim daria um jeito.
— Tem umas casas logo aqui perto, vou andando até chegar lá, não vou morrer por isso. — me virei e comecei a andar.
— E ser estuprada no caminho e possivelmente morta, muito inteligente a sua escolha. — continuei andando, ignorando o que havia dito, mesmo estando morrendo de medo por dentro.
Continuei a andar, sem olhar para trás, eu já sabia que estava um pouco longe do meu carro e de Justin, mas então dei uma olhadinha para trás, vendo Justin do outro lado da rua andando pelo acostamento, igual eu estava fazendo, em silêncio.
Fiquei irritada e aumentei os passos, o ouvindo aumentar os seus também. Parei bruscamente e atravessei a rua, indo em sua direção.
— Será que pode parar? Se eu estivesse aqui sozinha teria que me virar.
— Mas você não está.
— Pare de me seguir, está me irritando.
— Não estou te seguindo. — ri repugnantemente.
— Não está? E isso que está fazendo é o que?
— Isso se chama cuidar de você. — fiquei paralisada, com o vento frio soprando e me causando arrepios. Justin percebeu e se aproximou, me puxando pra perto e acariciando meus braços. — Já que quer que eu fique longe, tudo bem, respeitei seu espaço, mas vou cuidar de você, essas ruas são desertas para ir sozinha.
Minha garganta fechou, e senti uma vontade de chorar.
— O que foi? — perguntou ao perceber o meu estado.
— Eu queria odiar você, tentei de verdade, mas não posso. — então esbarrei meus lábios nos dele, fazendo ele ficar surpreso, mas feliz com o beijo repentino. Seus braços envolveram a minha cintura, me puxando pra mais perto. Minhas mãos se moveram, deslizando por seu cabelo, atraindo-o para mim. Abri minha boca e minha língua acariciou a sua, com ele me pegando pela nuca para me beijar mais profundamente, respondendo ao meu ardor.
Acariciei seus braços fortes, descendo minha unha lentamente, o arranhando, deixando minha marca. Com uma mão ele segurava minha nuca, com a outra minha cintura, me puxando para perto, prensando sua intimidade na minha. Nossas cabeças se mexiam em simetria, com nossas línguas se acariciando, com suas mãos indo para minha bunda e apertando-a com força. Muita força.
Era como se tudo fosse pouco perto da saudade que sentíamos um do outro.
Minha respiração já estava entrecortada.
— Preciso respirar. — me afastei, respirando ofegantemente. Justin estava do mesmo jeito, com seu peito subindo e descendo rapidamente, buscando pelo ar. Ele olhou pra mim e sorriu, acariciando minha bochecha com seu polegar gélido, já que fazia frio naquela noite.
— Me leve para casa. — me afastei dele e fui em direção ao seu carro. Não estava muito longe, ainda o tinha em vista, mas teria que andar tudo de novo até lá.
Justin não disse nada, apenas escutei seus passos vindo atrás de mim.
Fraqueza. Ele não tinha nenhuma, e eu? Bem, eu o amava.
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