Don't Look Now
— Você está bem? — Justin perguntou depois de estacionar o carro em frente à mansão.
— Estou, eu só...
— Não esperava por isso. — Completou. Assenti e permaneci olhando para as minhas mãos.
— Sei que esperava que pudesse ter um pai de verdade, mas pela história que Jenna havia lhe contado, você sabia que podia esperar por tudo, não é?
— Eu sei, mas eu estou com mais raiva ainda, porque ela simplesmente não me contou? — Agora eu olhava para ele, indignada. — Não precisava ter visto isso.
— Talvez ela tenha achado que essa era a melhor forma.
— Está a defendendo agora? — Cruzei o cenho.
— Óbvio que não, só que convenhamos... Você é um pouco cabeça dura, talvez ela achasse que assim você veria tudo com os próprios olhos e encerraria logo isso.
— Pois achou errado, agora ela vai ter muito mais o que explicar.
— O que vai fazer?
— Agora? Comer e descansar, depois vou pedir para ela vir até mim. E o Demon? Como está tudo por lá?
— Completamente destruído, Mikael vai pagar.
— Sinto um início de uma grande guerra entre vocês, não estou gostando disso.
— Eu estou amando. — Em seu olhar havia ganância, não só por querer o império de Mikael, mais por querer vê-lo morto.
— Justin? — Ele me olhou e então passei minha mão pela sua nuca e o trouxe para mim. Beijei seus lábios cuidadosamente. — Guerras tem grandes destruições, não posso perdê-lo ou qualquer um de vocês.
— Vai dar certo, não se preocupe.
— O que vai dar certo? — Cruzei o cenho. — Vocês já estão planejando algo?
— Desde cedo. — Ele suspirou e encostou sua testa na minha. — Quando isso acontecer devo mantê-la afastada, vai ser muito perigoso. — Ele agora me encarava. — Vai ser algo muito grande, você precisa estar afastada.
— Mas como assim? O quão grande você quer dizer?
— Do tipo destruir muito do seu império, invadir sua área, atacar fogo com fogo e só parar quando um de nós estivermos mortos. — Eu fiquei paralisada sem reação. Justin me deu um selinho rápido e se afastou, saindo do carro. Continuei paralisada sem ter qualquer reação.
Balançava minha perna na cama enquanto eu esperava por Caitlin. Sei que isso poderia não funcionar, mas eu tinha que tentar. Ter Justin Bieber e Mikael Bakerville em uma guerra não era uma boa coisa.
Nada boa na verdade.
— Cheguei. O que é tão urgente? — Caitlin adentrou e eu dei um pulo da cama indo em sua direção.
— Precisamos impedi-lo.
— Impedir quem? Do que está falando?
— Justin, ele quer entrar em uma guerra com Mikael.
— Já não era sem tempo... — Caitlin cantarolou entediada.
— Você concorda com isso? — Perguntei incrédula.
— Óbvio que não quero meus amigos mortos, mas estamos nessa guerrinha há muito tempo com Mikael, não acha que já era hora de darmos um basta nisso?
— Ou ele dar um basta em todos nós? E se ele conseguir matar todos vocês? Ou destruir tudo que construíram?
— E se destruirmos tudo que é dele junto com ele? Temos que tentar Kelsey. Sei que fica com medo de Justin morrer, mas você já sabia onde estava se metendo.
— Não acredito que estou ouvindo isso. — Ri repugnantemente. — Vocês sempre me pareceram tão espertos, e agora estão agindo com impulsividade.
— Impulsividade? Olha quanto tempo estamos nessa e quanto tempo com Mikael destruindo o que é nosso? Você chegou agora, Kelsey, não sabe de nada. — Olhei para ela com raiva.
— Ótimo, então se matem, mas não vou derramar uma lágrima se quer por vocês. — Saí do quarto batendo o pé, fechando a porta com força.
POV. Justin
— Kelsey está puta com você. — Caitlin disse assim que adentrou no escritório.
— Qual a novidade? Ela está sempre puta com algo. — Continuei a olhar toda a papelada em minha mesa, todos os nossos esquemas estavam sendo preparados. Mikael em breve iria descobrir como era realmente saber atacar.
— Mas dessa vez realmente está furiosa. — Levantei meu olhar para encontrar os dela.
— O quão furiosa? — Perguntei com cautelosidade. Caitlin sorriu maliciosamente.
— Está preocupado de ela estar muito irritada e não liberar hoje à noite?
— Óbvio, fiquei muito tempo sem ela e ontem não foi o suficiente.
— Conseguiram se pegar naquela confusão de ontem? — Deu risada e se jogou na poltrona em minha frente.
— Nos pegamos antes da confusão, Mikael é um estraga prazer de todas as formas.
— Então sinto muito, do jeito que ela está irritada com toda essa situação, sua Kelsey não irá liberar hoje. — Ela se levantou e foi em direção a porta.
— E onde ela está agora? — Perguntei. Caitlin se virou para mim e deu um meio sorriso.
— Todos nós sabemos para quem ela corre quando precisa de conforto. — Então se distanciou, abrindo a porta e a fechando logo depois de sair.
Senti meu sangue esquentar.
Porque ela sempre tinha que correr atrás de Castiel? Porque tudo ela tinha que ir pedir apoio a ele? Porque ela tinha essa necessidade de estar com ele?
Se eu sou a pessoa com quem ela quer estar, porque ainda insiste em ir atrás de Castiel?
Levantei da minha poltrona e saí do escritório, subindo as escadas e indo para o meu quarto.
POV. Kelsey
Hoje o restaurante estava movimentado como sempre ficava. Passei pela cozinha para ter acesso a "casa" de Castiel e Zeke e dei graças a Deus por ninguém mais fazer perguntas sobre a minha presença ali, todos já estavam acostumados em me ver.
Desci as escadas e encontrei Zeke colocando seu avental preto que havia uma plaquinha com seu nome. Quando ele notou a minha presença, abriu um sorriso e passou as mãos pelo avental, para limpá-lo.
— Kelsey, que bom vê-la, está bem? — Ele se aproximou e me abraçou.
— Estou, obrigada, vim conversar...
— Com Castiel, eu sei. — Ele riu e eu o acompanhei.
— É a Kelsey? — Ouvi Castiel gritar e então percebi que sua voz vinha do banheiro improvisado. Minhas bochechas enrubesceram.
— Sim, vai atendê-la? — Olhei para Zeke arqueando minha sobrancelha e cruzando meus braços, com um sorriso divertido no rosto.
— Não sei não, estou tão ocupado. — Revirei os olhos e dei risada. Eles estavam brincando comigo e falando como se eu não estivesse ali ouvindo.
— Bom, então eu vou indo... — Balbuciei, entrando na brincadeira.
— Nada disso, fique onde está magrela. — Castiel gritou do chuveiro fazendo Zeke gargalhar.
— Fique a vontade Kelsey, pode pegar qualquer coisa na cozinha, eu preciso subir. Bom ver você. — Ele se aproximou e beijou minha bochecha, subindo a escada logo depois.
Fui até a cozinha e peguei um pouco de água esvaziando o copo rapidamente e o colocando de volta no lugar, depois voltei para a sala e me sentei em uma poltrona.
Logo Castiel abriu a grande cortina que dividia o quarto do banheiro com apenas uma bermuda e esfregando seus cabelos negros em sua toalha.
— Quem é vivo sempre aparece. — Cantarolou vindo até a mim, mas não me abraçou ou me beijou, apenas se jogou na poltrona de frente para mim.
Ficamos nos encarando por um longo tempo, até que começamos a falar juntos.
— Olha... Desculpa... pode falar. — Nos dois rimos e depois ficamos sérios de novo, e voltamos a nos encarar.
— Eu só queria dizer que realmente não deveria ter aparecido lá, sei que Justin não vai com a minha cara, foi uma atitude imprudente. — Castiel tomou a iniciativa.
— Não, eu que tenho que me desculpar pela forma como o tratei. Não queria ter sido grossa ou qualquer coisa assim, só queria que fosse logo embora, eu sabia que se Justin visse você a coisa não iria ficar boa, como não ficou.
— Eu sei, eu entendo você.
— Mas ficou chateado e eu entendo você por isso. Tudo que você fez foi se preocupar comigo e tudo que eu fiz foi dizer adeus. Desculpa-me por isso. — Ele abriu um meio sorriso e se levantou, vindo até mim. Eu me levantei e então nos abraçamos. Minhas mãos estavam em suas costas gélidas e um pouco molhadas, enquanto minha cabeça estava apoiada em seu peito, com suas mãos acariciando as minhas costas.
Não estava me sentindo envergonhada por estar naquele momento com ele sem camisa, muito pelo contrário.
Só Justin tinha esse poder sobre cada parte do meu corpo, de me deixar louca até por vê-lo sem camisa.
Meu sentimento por Castiel realmente era diferente do sentimento pelo Justin.
Pelo Justin era chama, desejo, ardente, algo intenso...
Por Castiel era sanidade, conforto, receptividade, tranquilidade...
Algo muito oposto do outro.
— Não vou mais tomar o seu tempo, sei que precisa ir trabalhar, mas obrigada por me ouvir.
— Não vai embora antes de me contar o que aconteceu. — Voltamos a nos sentar e os próximos minutos foram contando sobre toda a história desagradável com Jenna e o Demon.
Adentrei na mansão e pude ouvir que os garotos estavam na piscina. Hoje o dia estava bonito comparado ao dia anterior. Resolvi ir para o meu quarto — o mesmo de Justin já que desde toda a descoberta eu havia voltado para o seu quarto.
Abri a porta e o encontrei sentado em sua cama de frente para a porta. Ele estava de cabeça baixa e então subiu seu olhar para encontrar os meus. Meu coração se apertou. Da ultima vez que encontrei Justin assim foi quando ele me perguntou sobre Castiel e eu havia mentido, e no final eu o perdi.
Não podia deixar isso acontecer de novo.
— Não vou perguntar onde estava porque eu já tenho as minhas suspeitas.
— O que quer saber? — Adentrei no quarto e fechei a porta, mas permaneci de pé.
— Por quê? — Ele olhou para mim e eu não consegui decifrar o que havia em seus olhos. Uma pontada de tristeza? Decepção? Angustia? Dúvidas? Medo? Ou talvez um pouco de tudo?
— Porque o que?
— Porque sempre tem que ir até Castiel? Eu não sou o suficiente? Não sou completo para você? — Meu coração se apertou. Essa era sua preocupação?
— Justin... — Aproximei-me dele e agachei em sua frente, então passei minha mão pelos seus cabelos os jogando para trás e deixando seus olhos bem visíveis para ele me encarar olho no olho. — Isso não tem nada a ver com você. Você é mais do que completo para mim, não dá para acreditar que um homem como você tenha inseguranças desse tipo.
— Eu não sabia que eu tinha, na verdade. — Ele bufou frustrado. Parecia exausto e derrotado. — Só em pensar que o fato de você sempre ir atrás dele é porque não sou o suficiente para você, isso me deixa louco... eu... — Ele fechou os olhos e suspirou pesadamente.
— Justin, olha para mim. — Subi sua cabeça para ele me encarar. — Eu sou louca por você, só por você, sempre fui e sempre serei. Eu fui entregue a você, lembra? — Ele abriu um meio sorriso. — Eu acho que sempre corro até Castiel quando tudo dá errado porque preciso de conselhos, opiniões diferentes, e ele é tipo... Tipo um irmão. Do mesmo jeito que Caitlin recorre a Christian, eu tenho essa necessidade de recorrer a Castiel, mas nada na maldade. Sempre fui verdadeiramente, intensamente e completamente sua. — Ele me puxou pela nuca encontrando os meus lábios com desejo. Correspondi aos seus beijos com o mesmo ardor, envolvendo meus braços ao redor do seu pescoço e me sentando em seu colo. Suas mãos seguravam meu rosto enquanto seu dedo polegar acariciava as minhas bochechas, do jeito que ele adorava fazer.
— Eu te amo, Kells, eu te amo tanto. — Ele sussurrou entre o beijo fazendo-me afastar dele para encontrar os seus olhos. Neles havia amor e ternura, fazendo um sorriso enorme aparecer em meu rosto, borboletas rodopiarem em meu estomago e meu coração acelerar. Ele dizia isso tão, mais tão pouco que quando dizia parecia que eu podia ouvir anjos tocando em uma orquestra celestial.
— Eu também te amo, com todo o meu coração. — Então voltei a esbarar meus lábios nos dele, um beijo forte, quente, entorpecente, um choque de línguas e dentes, com leves mordiscadas entre o beijo... eu estava pronta para jogá-lo com tudo na cama, mas então...
— Kelsey! — Caitlin adentrou. — Opa, casal, desculpe, mas Kelsey precisa vir comigo. — Olhei para Caitlin irritada lembrando-me da nossa conversa mais cedo, e então lembrei que também estava puta com Justin.
— Ei, eu to puta com você. — Levantei-me do seu colo e olhei para ele irritada. — Com vocês dois na verdade. Quer dizer, com todo mundo que for participar desse plano suicida.
— Kelsey... — Justin começou, mas Caitlin o interrompeu.
— É sério, Kelsey, você precisa vir.
— Espero que seja mesmo importante. — Resmunguei passando por ela.
— Eu também. — Justin resmungou atrás de mim e mesmo sem ver o seu rosto eu sabia que estava fuzilando Caitlin com raiva. Justin nos acompanhou até o Hall de entrada onde Jenna aguardava.
— O que faz aqui?
— Sei que ainda precisa de um tempo para processar tudo, mas tem coisas que ainda precisar saber. — Ela me olhava angustiada e com súplica, quase fazendo meu coração amolecer. Eu disse quase.
— É bom saber de tudo logo, Kelsey. — Justin sussurrou em meu ouvido. — Vou estar com você. — Sua expressão e seu olhar me passaram confiança e conforto. Sorri para ele e voltei a olhar para Jenna.
— Tudo bem, vamos conversar no escritório do Justin, teremos mais privacidade. — Falei já indo em direção ao escritório.
— Porque é ela que manda e decide quem pode ou não entrar no meu escritório. — Justin balbuciou atrás de mim, ironizando. Sorri ao ouvi-lo, mas continuei indo em direção as grandes portas de madeira.
Jenna entrou por ultimo e fechou a porta, nos encarando apreensiva logo depois. Não me dei ao trabalho de deixa-la confortável ou oferecer para que se sentasse. Queria que isso fosse breve e rápido.
— Fale logo e rápido.
— Tudo bem, bom, deixe-me ver por onde eu começo... — Ela pensou rapidamente e logo voltou a olhar para mim, pronta para falar. — Creio que já deve saber o destino que seu pai teve.
— Sim, e quero saber o porquê.
— Seu pai não era envolvido com coisas boas, um dos motivos de não ter aceitado essa gravidez foi por esse motivo. Ter filhos não fazia parte dos seus planos. — Olhei de relance pra Justin que ficou de cabeça baixa, sem ser capaz de me olhar nos olhos. Eu sabia que isso havia o tocado em alguma ferida no seu interior. Será que Justin teria a capacidade de me abandonar grávida por causa do seu império? — Mas ele não foi bem sucedido no final, pagando pelos seus erros.
— E o que tão de importante tinha para me dizer?
— Kelsey... — Ela sorriu com ternura. — Sei que escondi por tempo demais, esperei tempo demais, mas fiz tudo isso por amar você e por querer protegê-la. — Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e logo eu estava do mesmo jeito que ela, em lágrimas. — Mas você tem uma família, Kelsey, uma família que estava esperando por esse momento. — Cruzei o cenho e limpei uma lágrima que resolveu cair, então olhei para Justin rapidamente e depois voltei a encará-la.
— Do que está falando?
— Eu tenho uma irmã e ela tem uma filha. Você não tem apenas uma mãe, tem uma tia e uma prima também. — Olhei para Justin espantada e ele estava tão surpreso quanto a mim. Passei todo esse tempo achando que eu só tinha a minha mãe, desejando ter tido pelo menos uma tia, ou uma irmã, ou até mesmo uma prima, e agora eu descubro que tenho uma mãe de volta, uma tia e uma prima. Uma prima.
Um ponto de felicidade nasceu dentro de mim, mas logo me recompus.
— E isso era a notícia importante? Você parecia mais nervosa.
— Não, tem mais. Kelsey, não precisa fazer isso por mim, mas sua tia é sua família e foi ela que me deu todo o apoio e estrutura para eu vir atrás de você.
— Fala logo, o que você quer que eu faça?
— Sei que você tem meios de conseguir isso, por isso estou recorrendo a você. — Ela suspirou angustiada. — Sua tia tem câncer e precisa urgentemente de grana para o tratamento. O preço é altíssimo e sua prima está sozinha tentando dar conta de tudo. Sei que não as conhece ainda e está com raiva de mim, mas elas são a sua família também. — Agora ela estava chorando, se transbordando em lágrimas. — Ela precisa da sua ajuda, Kelsey... — Então desviou o seu olhar de mim e olhou para Justin que a encarava. — Precisa da ajuda de vocês.
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