Baby on board?
O tempo havia mudado drasticamente de céu azul e ensolarado para céu cinzento e com nuvens carregadas, prestes a trazer uma grande tempestade. Estava olhando pela janela do escritório de Justin toda a mudança do tempo com meus braços cruzados enquanto eu observava Jenna se distanciar e saindo pelo grande portão da mansão.
Todo esse tempo achando que eu estava sozinha e de repente descubro ter uma mãe, uma tia e uma prima. Pela primeira vez na minha vida eu tinha uma família de verdade. Não pude conter uma pequena chama de felicidade que invadiu o meu peito. Mas ao mesmo tempo eram muitas situações novas para lidar.
Eu e Jenna não estávamos vivendo nosso melhor momento, mas minha tia não podia esperar. Ela precisava de ajuda e mesmo não a conhecendo, eu não seria tão insensível ao ponto de negar ajuda.
Escutei a porta do escritório se abrindo e olhei para trás vendo Justin entrar, ele trazia consigo um copo d'água.
— Beba isso. — Ele estendeu o copo em minha direção e eu o peguei, dando alguns goles e então encarando os seus olhos. — O que vai fazer?
— O que acha que vou fazer? Óbvio que vou ajudar. — Ele riu levemente. — O que foi?
— Sabia que diria isso. — Ele se aproximou passando suas mãos pelos meus braços, os acariciando, me fazendo fechar os olhos ao sentir o toque quente de sua pele contra a minha, então ele beijou minha testa de leve e se afastou para encontrar os meus olhos. — Não importa o quanto esteja irritada com as pessoas, se elas precisarem da sua ajuda você vai ajudá-las sem pensar duas vezes.
— Talvez isso seja um defeito.
— Ou talvez seja uma qualidade. — Ele afastou meu cabelo do pescoço e depositou um beijo. Meu corpo enrijeceu. Engoli em seco e olhei para ele.
— Peça para Christian organizar o jatinho para amanhã de manhã, vou enviar uma mensagem para Jenna avisando.
— Não acha que está muito mandona? Primeiro manda Jenna vir para o escritório junto com você sem nem pedir minha autorização, agora isso. — Ele tinha um sorriso brincalhão no rosto. Aproximei-me do seu ouvido e sussurrei levemente.
— As mulheres sempre acabam dominando o território. — E então dei uma mordiscada em sua orelha, fazendo-o trincar o maxilar.
— Você está provocando...
— Provocar às vezes é bom. — Sorri maliciosamente e me afastei, indo em direção à porta. Precisava organizar algumas roupas e mandar uma mensagem para Jenna.
— Coloca uma lingerie bem sexy, logo estou subindo.
— Nada disso, irei arrumar nossas malas e depois iremos dormir, viagem amanhã cedo, e se você se esqueceu... — Parei com a mão na maçaneta, e então olhei para ele. — Ainda estou furiosa com você e essa será a minha vingança. Espero você no quarto. — Sorri e abri a porta, fechando-a atrás de mim.
POV. Justin
Peguei o copo d'água com gelo que Kelsey havia deixado de lado e virei goela abaixo para ver se o gelo chegasse até lá embaixo e ajudasse aliviar. Quando Kelsey cismava em se vingar ela fazia em grande estilo, pegando bem no ponto fraco.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Christian vir até o escritório, o mesmo apareceu minutos depois.
— Quando chama assim é porque tem alguma bomba.
— Não tanto. Jenna esteve aqui agora pouco.
— E o que aconteceu? — Ele se sentou em uma poltrona de frente para mim. — Espera ai, está bebendo água? — Disse ao notar o copo em minha mão.
— Não posso beber água?
— Uma pessoa normal bebe água, pessoas como você bebem Whisky até para matar a cede.
Dei risada.
— É uma longa história. — Coloquei o copo em cima da mesa e voltei a me escorar na poltrona. — Kelsey pediu um jatinho para amanhã de manhã cedo, organize isso para mim. Ainda não sei o destino, mas já deixe tudo certo para qualquer canto do mundo.
— Kelsey? — Cruzou o cenho e depois começou a rir. — Virou pau mandado?
— Se você não quer que eu estoure sua cabeça, vá logo fazer o que mandei. — Ele riu de novo, mas começou a se levantar.
— Como quiser, patrão. — E então saiu do escritório.
POV. Kelsey
Justin estacionou perto de outras SUV's pretas. Já estávamos no aeroporto prontos para irmos fazer o Check-in... E encontrar Jenna.
Segurava firme a mão de Justin enquanto caminhávamos por entre as pessoas. Alguns seguranças disfarçados caminhavam ao redor, eu podia reconhecer alguns.
Justin estava com casaco com o capuz cobrindo seu cabelo e óculos escuros. Eu extava com uma calça jeans clara, uma blusa branca rasgada que deixava uma parte da minha barriga de fora, saltos de 15cm de cor bege e cabelos soltos ondulados com um óculos de lente marrom.
Olhei para o lado reparando pela primeira vez nas pessoas, elas nos olhavam, olhavam para ao casal bem vestido e misterioso andando pelo aeroporto. Mas não eram esses olhares que chamaram mais atenção. Alguns homens olhavam descaradamente para a minha barriga, bunda e para as minhas grandes pernas esbeltas.
Justin soltou sua mão da minha e passou seu braço pela minha cintura, me deixando colada com ele. Isso porque ele havia notado os olhos em cima de mim.
— Poderia ter usado uma calça menos justa, e uma blusa menos curta, e uma rasteirinha, de salto chama mais atenção que o normal. — Balbuciou apenas para eu ouvir.
— E você poderia parar de querer controlar o que eu uso, se estou assim é para você, não para eles. — Ele olhou para mim com seus óculos escuros e sorriu levemente, se aproximando e dando um selinho rápido. Jenna já estava fazendo seu Check-in quando nos aproximamos.
— Bom dia. — Ela sorriu para nós dois, mas manteve seus olhos em mim.
— Bom dia. — Disse ríspida. — Vamos fazer logo isso. — Tomei a frente para fazer o Check-in com Justin fazendo o dele logo depois. Assim que terminamos fomos conduzidos para o portão que nos levaria ao seu jatinho. O grande jato com Bieber em ouro estava a nossa espera — Grande e extravagante como sempre.
Caitlin havia ficado puta porque queria vir, mas eu não queria mais gente envolvida nisso tudo.
— Bom dia, sou Josh, serei o piloto de vocês.
— Bom dia. — Todos responderam a ele.
— Qual o nosso destino? — Eu e Justin olhamos para Jenna, aguardando ela responder. Até agora não sabia onde minha família morava.
Minha família. Isso soava estranho.
Será que um dia isso iria se tornar algo comum?
— Laguna Beach, Califórnia. — Olhei para ela incrédula, mas a mesma não foi capaz de me encarar nos olhos, apenas passou a frente e subiu as escadas do jatinho. Olhei para Justin e ele deu de ombros, apertando minha mão e tentando me deixar calma.
Notei que o piloto não havia entendido o que estava acontecendo, mas tentou disfarçar sua curiosidade.
Quer dizer que minha família também vivia na Califórnia e Jenna resolveu aparecer só agora?
A cada dia eu conseguia ficar com mais raiva dessa situação.
Subi as escadas e Justin veio logo atrás de mim. Sentei-me afastada de Jenna e a mesma já esperava por isso, ela sabia que logo teria mais coisas para se explicar a respeito disso tudo.
— Vocês vão ter que tentar se resolver, Kelsey. — Justin disse sussurrando assim que se sentou ao meu lado.
Olhei para Jenna que olhava pela janela, ela estava segurando suas mãos com força, eu sabia que ela tinha medo de avião, mas também sabia que não era só por isso, ela estava tensa e com medo do que poderia acontecer nos próximos dias.
Acabei percebendo que todo esse tempo com Jenna eu nunca descobri exatamente quem ela era. Jenna sempre dava poucas informações ao seu respeito, e hoje em dia isso faz o total sentido.
O jatinho começou a andar e logo já estávamos sobrevoando pelo Canadá.
Quando o jatinho aterrissou, um pânico dentro de mim se formou. Iria conhecer o que — supostamente —, restou da minha família. Tia e prima.
Não sabia o que esperar ou o que encontrar. Toda essa angustia era uma mistura de tudo um pouco. Medo, ansiedade, felicidade, tudo misturado.
Jenna se levantou e encontrou o meu olhar e pela primeira vez eu pude notar a semelhança. Os cabelos claros, os pequenos detalhes do rosto, a boca, e até a expressão.
Tínhamos a mesma expressão naquele momento.
Ela também estava com medo, angustiada, ansiosa e feliz, feliz por poder rever sua família.
— Vamos pegar um taxi quando sairmos do aeroporto. Taxis passam por perto de onde elas moram? — Justin perguntou a Jenna.
— Na rua principal sim, mas iremos andar só um pouco, é que a casa fica mais afastada e na beira da praia. — Praia. Havia sentido falta do calor da Califórnia. Até poderia ser o mesmo sol que aquece todo o canto do planeta, mas ainda assim o calor conseguia ser diferente.
Descemos do jatinho e pegamos um taxi onde Jenna instruiu o caminho. Era um pouco afastado de onde eu costumava morar, mas a casa de Scar ficava mais perto das praias.
Depois de quase uma hora e meia, descemos na estradinha que nos levaria para a casa da minha tia. Alguns seguranças de Justin viajaram em um avião separado, mas poucos vieram nos acompanhando até a casa da irmã de Jenna.
Eles carregavam as malas enquanto caminhávamos em silencio apreciando a vista. As ondas do mar com água cristalina batiam na areia formando aquela grande espuma e então voltava.
O vento soprava forte fazendo com que os nossos cabelos balançassem violentamente.
Logo avistamos uma casa de aparência familiar. Era toda de madeira e aconchegante, com uma varandinha na frente e de dois andares. As cores azuis e brancas se destacavam no meio de toda aquela areia clara.
Olhei para Justin e ele apertou minha mão, me passando tranquilidade.
Nos aproximamos da casa e Jenna olhou para mim antes de bater na porta. Depois das três batidas e um pouco de espera, ouvimos alguns passos se aproximando até que a porta foi aberta. Uma mulher que aparentava ter quarenta e poucos anos nos fitou com seus olhos azuis.
Era a irmã de Jenna.
— Ai meu Deus, Jenna. — Ela se aproximou de Jenna praticamente em lágrimas e a duas se abraçaram forte. — Senti tanto a sua falta. — Mesmo não podendo ver o rosto de Jenna, eu sabia que ela estava tão emocionada quanto sua irmã.
— Eu também, minha irmã, eu também. — As duas se abraçaram por mais um tempo até que ela abriu seus olhos e nos fitou, cruzando o cenho logo depois.
— Quem são? — Jenna olhou para nós e depois voltou a olhar para ela. Não demorou muito até ela se tocar e arregalar os seus olhos, abrindo sua boca em surpresa.
— É o que estou pensando? — Ela olhou cautelosamente para Jenna, em busca de resposta.
— Sim. Essa é Kelsey, minha... — Ela travou e olhou rapidamente para mim antes de prosseguir. — Minha filha. — Engoli em seco ao ouvir a pronuncia, acho que ainda não estava pronta para ouvir ela se referindo a mim dessa forma.
— Olá, Kelsey, sou sua tia Bethany, mas pode me chamar de Beth.
— É um prazer, Beth. — Sorri tentando não parecer desconfortável, logo seus olhos passaram de mim para Justin. — Esse é meu namorado, Justin Bieber. — A expressão do seu rosto se tornou em espanto e então engoliu em seco, sorrindo disfarçadamente logo depois. Com certeza Jenna havia comentado sobre ela com o que Justin trabalhava.
— Seja bem-vindo, Sr.Bieber.
— Obrigado! — Justin continuou sério e com seus óculos escuros.
— Bom... — Ela sorriu sem graça e passou suas mãos em sua calça jeans para limpar o suor. — Vamos entrar, não fiquem ai fora. — Ela deu espaço para passarmos e assim fizemos, com os seguranças vindo logo depois com as nossas malas. — E eles, quem são? — Perguntou olhando para aqueles brutamontes.
— São meus seguranças, vão ficar lá fora fazendo escolta, mais tarde outros virão para cobri-los.
— Ôh, tudo bem. — Ela pareceu visivelmente desconfortável com a ideia de ter um mafioso em baixo do seu teto, mas tentou disfarçar essa parte. Assim que os rapazes saíram, ela rapidamente fechou a porta.
— Mãe, você... — Uma garota de longos fios loiros parou de falar ao ver a sala com pessoas diferentes. — Quem são... — Ela começou a pronunciar olhando para mim e Justin, mas sorriu assim que viu Jenna. — Jenna! Ai meu Deus. — Ela correu em sua direção e a abraçou forte. No fundo eu senti algo diferente sobre isso, algo que não compreendia o que era. — Não acredito que viu o meu recado, foi tão difícil tentar te ligar e mesmo assim caiu na secretária eletrônica.
— Me desculpe, mas tudo tem estado uma loucura ultimamente.
— Espera ai, Jenna está aqui porque você ligou a ela? — Beth quis saber — olhando para até então minha prima —, aborrecida.
— Ela precisava saber, mãe. — Eu estava certa, ela era a minha prima. Seu corpo perfeitamente desenhado e os fios loiros não enganavam a genética.
— Jenna já tem seus problemas. — Ela olhou rapidamente para mim e voltou a encarar a filha. Minha prima voltou a olhar para mim então, entendendo quem eu realmente era. Ela me observou dos pés a cabeça, me deixando um pouco desconfortável com seu olhar intruso, mas então fixou seus olhos castanhos claros nos meus.
— Você é a Kelsey, não é? — Olhei para Justin e o mesmo assentiu, me dizendo com um simples gesto e com um simples olhar que tudo ficaria bem.
— Sim. — Ela abriu um meio sorriso e deu um passo para frente, mas se conteve, permanecendo no mesmo lugar.
— Sou Megan, mas pode me chamar de Meg. Somos primas. — Ela abriu um sorriso tão entusiasmado que eu não pude me conter. Abri um sorriso tão grande quanto o dela. Isso me fez pensar se ela também era tão sozinha quanto eu sempre fui, vivendo apenas com uma mãe que nem era a minha mãe de verdade no final das contas.
Mas então seus olhos pousaram nos de Justin.
— E ele? — Quis saber.
— Esse é meu namorado, Justin Bieber, ex-patrão de Jenna. — A garota deu um passo atrás, depois sorriu falsamente.
— Ôh sim, seja bem-vindo.
— Obrigado! — Justin continuou frio, eu sabia que ele também não estava engolindo muitas coisas a respeito de Jenna.
— Vocês realmente me pegaram desprevenida, não reparem na bagunça da casa. — Suplicou Beth, sendo gentil.
— Desculpe não ter avisado, decidimos tudo ontem, eu precisava vir o quanto antes. Você parece bem, como está se sentindo? — Jenna perguntou apreensiva, mas ela estava certa, Beth estava com uma aparência ótima, não parecia ter uma grave doença.
— Acordei bem disposta, eu estou bem, é sério.
— Ontem ela quase desmaiou, não, não está. O tratamento mais barato não é tão bom assim, fora à medicação.
— É por isso que estamos aqui. — Falei chamada a atenção de todos para mim. Olhei para Justin e ele também me olhava, ainda segurando minha mão com força. — Viemos ajudar no que precisarem.
— Como assim? — Beth olhou desconfiada para Jenna e então depois pareceu cair em si quando arregalou seus olhos. — Você pediu a eles para pagarem as minhas despesas? Como fez isso sem me consultar?
— Você não está na melhor posição de escolher, Any. — Não pude deixar de reparar na forma carinhosa que Jenna se referiu a irmã. Aposto que era assim que ela a chamava durante toda a sua vida. — Você sempre foi orgulhosa, mas você está com câncer, isso é um assunto sério.
— Eu não me importo em ajudá-la, Beth. — Avisei, fazendo-a olhar para mim. Megan me olhava com seus olhos brilhando, como se eu fosse uma estrela famosa.
— E dinheiro não é o problema, não se preocupe com isso. — Informou Justin, dando de ombros, e ele tinha total razão. Falta de dinheiro era um problema que Justin não enfrentava nunca.
— A questão não é essa, meu Deus, é a primeira vez que estou vendo o rostinho da minha sobrinha e ela já chega aqui para me fazer favores? — Abri um sorriso verdadeiro e senti meus olhos se aquecerem. Lágrimas estavam se formando, mas tentei me controlar. Pela primeira vez em um ano eu estava me sentindo amada e acolhida por um parente.
— Sei que é a primeira vez que estamos nos conhecendo, e estou muito feliz por isso. — Ela se emocionou, mas abriu um sorriso, tentando conter as lágrimas. Meg já estava chorando ao seu lado, segurando a mão da mãe enquanto olhava para mim com admiração. — Mas se aceitei vir com Jenna mesmo não a conhecendo, é porque realmente quero ajudar e não preciso de nada em troca. Si que faria o mesmo por mim.
Ela deixou uma lágrima escapar e a limpou, sorrindo para mim de novo.
— Você é exatamente o que Jenna havia me contado. — Olhei para Jenna e ela abaixou seu olhar com suas bochechas se enrubescendo. É estranho saber que por trás ela contava detalhes sobre mim. — Você é genuína. Muito obrigada, Kelsey.
— Obrigada por ajudar a minha mãe. — Megan disse se levantando e vindo até a mim, ela estava aos prantos. Eu a abracei da mesma forma que recebi seu abraço: Apertado e carinhoso.
— Se eu puder ajudar vou sempre ajudar. — Disse sentindo as lágrimas começarem a me desmoronar. Megan estava tão frágil e triste, aposto que essa notícia tirou um peso que ela carregava sozinha nas costas. Olhei para Justin e ele sorriu para mim, sorri de volta para ele e continuem abraçando-a.
Enquanto Justin atendia um telefonema de Christian, Jenna e Beth conversavam na sala, eu e Megan estávamos arrumando a mesa do almoço. Depois que ela estendeu a toalha em cima da mesa, eu fui colocando os pratos enquanto ela colocava os copos, todos perfeitamente enfileirados em frente aos pratos.
Depois fui pegando os talheres enquanto ela colocava as variedades de comidas sobre a mesa.
— Estou contente que isso tudo finalmente acabou. — Ela quebrou o silêncio. Olhei para ela enquanto continuava a por os talheres. Garfos e facas.
— Sim, sua mãe terá o melhor atendimento e todos os medicamentos necessários.
— Não, não me referia a isso. — Terminei de colocar os últimos talheres e a encarei com o cenho franzido.
— Então é sobre o que?
— Você e Jenna. — Fez-se um silêncio antes de prosseguir. — Estamos a um ano vendo toda essa correria da sua vida. Fico feliz em saber que finalmente você já sabe de tudo, que já sabe de nós. — Ela parou também de fazer o que estava fazendo e ficou me encarando. — Somos sua família, Kelsey, não se esqueça disso.
— Obrigada! — Sorri para ela e a mesma correspondeu. — E seu pai? Não o vi ainda e Jenna não o citou.
— Meu pai era pescador, morreu há quatro anos.
— Sinto muito.
— Tudo bem, já passou, não é mesmo? — Ela deu um meio sorriso, mas ele era triste, igual estava o brilho dos seus olhos.
Agora eu entendo perfeitamente o porquê de ter desabado mais cedo quando eu disse que a ajudaria. Ela já havia perdido o pai, seria doloroso demais também perder a mãe.
— Você puxou igual a nossa família, cabelos loiros e mesma cor da pele, mas os olhos são escuros. — Reparei.
— Isso foi do meu pai. — Ela deu risada, sua risada me fez rir junto. Gostava da risada dela. — Não dei tanta sorte assim, não é? — Brincou enquanto demos mais risadas.
— Você é linda, Meg, tem um corpo de dar inveja, cabelos lindos, nem precisa se preocupar com olhos azuis.
— Mas o seu corpo é tão lindo quanto, você parece uma supermodelo, quem me dera eu fosse tão alta assim.
— Acho que ambas somos sortudas.
— Do que estão falando? — Justin adentrou na cozinha de surpresa, eu e Megan nos olhamos e começamos a rir. — O que foi? — Justin cruzou o cenho, confuso. Não seria muito interessante ele descobrir que estávamos discutindo sobre etnia.
— Nada, Justin. — Dei mais risadas. — Acho que já está tudo pronto. — Falei olhando para a mesa posta.
— Vou lá chamá-las. — Megan se distanciou indo para a sala. Justin se aproximou lentamente como um felino e envolveu seu braço em minha cintura.
— Está feliz, não está? Faz tempo que não vejo seus olhos brilharem desse jeito. — Ele beijou minha bochecha com ternura e depois voltou a me examinar.
— Acho que não vai ser tão ruim e estranho ter uma família. — Disse por fim antes de Jenna e Beth entrarem na cozinha acompanhadas por Megan.
Enquanto Justin tomava banho, eu observava a praia pela varanda do quarto. O céu estava azul, as ondas estavam agitadas e o vento soprava forte. Estava um dia perfeitamente agradável.
Duas batidas na porta me despertaram.
— Posso entrar? — Fiquei na dúvida se era Beth ou Megan, suas vozes eram parecidas.
— Claro, entre. — Seus olhos azuis me fitaram assim que ela entrou. Seu cabelo curto levemente ondulado estava atrás da orelha enquanto ela se movimentava com delicadeza ao entrar no quarto. — Oi Beth, posso ajudá-la em algo?
— Jenna disse que ficariam aqui só até amanhã por causa do trabalho do Justin, então fiquei com medo de não termos tempo amanhã.
— Tempo para que?
Ela olhou para baixo e só então notei uma caixinha em sua mão. Ela era de porcelana e havia um lacinho rosa em cima.
— O que é isso? — Cruzei o cenho ao olhar para o objeto.
— Se tem dúvidas sobre perdoar Jenna pelo tempo que ela fez você sofrer, veja isso e pense a respeito do tempo que você a fez sofrer. — E então colocou a caixinha de tamanho médio em minhas mãos, depositando um beijo carinhoso em minha testa antes de sair.
Fiquei olhando para o objeto e então me sentei na cama, abrindo a caixa logo depois. Havia uma blusa de bebê cor de rosa, um potinho com um umbigo dentro — possivelmente o meu —, e uma foto, uma foto de Jenna sorridente com uma barriga enorme.
Meu coração se apertou.
— O que é isso? — Justin disse saindo do banheiro. Dei um leve pulo de susto e suspirei me recompondo.
— Beth me entregou isso enquanto estava no banho. — Justin se sentou ao meu lado e olhou tudo atentamente. — O que você acha?
— Acho que quando for o momento certo de perdoá-la, você vai saber. — Então se aproximou e beijou minha testa.
— É... Talvez tenha razão.
— Deixa isso de lado, vamos descansar um pouco, o dia mal começou e já foi cansativo.
— Com certeza, muita informação pra uma cabeça só. — Ele riu e me deu um selinho, se afastando para pegar sua cueca na mala. Entrei no banheiro simples e aconchegante para relaxar em um banho.
Todo o banheiro era de azulejos brancos e azuis, tudo com uma combinação com o mar. Liguei o chuveiro na água gelada e tomei um banho relaxante, me enrolando na toalha e indo para o quarto.
Justin já estava dormindo, deveria estar morto. Tantas coisas aconteceram nesses últimos dias que o cansaço estava ao dobro, fora essa viagem inesperada.
Coloquei um baby-doll e me deitei ao seu lado, me aconchegando em seu peito. O mesmo nem se moveu.
Acordei repentinamente e olhei ao redor. Estranhei o ambiente de primeira, mas logo depois reconheci onde estava. Olhei para a varanda e o vento entrava agressivamente pelo quarto, com o céu já formando tons mais escuros avisando que já estava anoitecendo.
Mas não era isso que me fez acordar, meu estomago estava revirando. Levantei-me da cama e fui para o banheiro, fechando a porta logo atrás de mim. Olhei-me no espelho enquanto abria a torneira para molhar meu rosto. Os golpes de água fria no rosto não ajudaram, só ajudou a piorar o calafrio sobre o meu corpo.
Fechei a torneira e corri para o vaso, colocando todo o almoço na privada. Respirei fundo antes de me levantar e dar descarga. Lavei minha boca e escovei os meus dentes, suspirando fundo várias vezes para me recompor.
Fiquei me encarando no espelho e então reparei no biquíni que eu havia deixado ali caso precisasse, estávamos em uma região com muitas praias, e havia uma logo em frente de casa. Então voltei a olhar para o vaso sanitário onde eu acabara de "batizá-lo", e depois olhei para meu reflexo no espelho, assustada.
Eu trouxe meu biquíni porque minha menstruação havia atrasado e eu poderia ir à praia caso pudesse.
Porque não havia me liguei nisso antes?
— Ai meu Deus. — Abri a porta do banheiro rapidamente para pegar meu celular no quarto, precisava ligar para Caitlin, mas os olhos de Justin abertos e atentos me fitaram, fazendo-me parar imediatamente assustada.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou com o cenho franzido, desconfiado. Minha mente ficava me dizendo em minha cabeça várias e várias vezes repetidamente: Puta merda, Puta merda, Puta merda.
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