Capítulo Quartoze: Loucuras de amor


Anos mais tarde. Uma linda catedral da Grande Manchester estava pronta para uma cerimônia de casamento, estando decorada tanto por dentro quanto por fora, e os convidados já estavam apostos em seus lugares. Dentre eles, estavam John e Alice, que eram os prestigiados por um dos anfitriões daquele evento.

– Você está suando de nervoso ou é impressão minha, Ryan? – perguntou Alice, observando o seu rosto.

Ryan olhou de lado para a irmã, havendo um tempo para pensar.

– Se eu disser que é por causa do meu terno, você não acreditaria.

– Prefiro acreditar no que o meu irmão diz – disse ela, sendo humorada. Alice percebeu que seu companheiro estava muito calado. – John?

– Sim, Alice – sorriu de repente.

– Você está meio aéreo... Já está pensando em uma cerimônia dessas para quando casarmos?

– Quase isso.

Um elegante carro surgia no horizonte. Quem estava em frente da catedral, já começaram a fazer um corredor, contornando um tapete vermelho, para dar passagem da calçada à porta. Esse carro estacionou conforme o esperado. O motorista saiu do veículo e abriu a porta traseira lentamente. Aos poucos, a noiva saía do carro, e todos a olhavam com uma imensa expectativa de vê-la por completo. Então, a noiva que todos queriam ver pronta era a Nathaly, toda produzida para um dia que todas as mulheres desejam ter.

Nathaly passava pelo tapete enquanto olhava para os lados, distribuindo sorrisos. Seu pai e Juliana a esperavam ansiosos na porta.

– Ual, Nathaly. Você está muito, mas muito bonita – elogiou Juliana, toda entusiasmada.

– Obrigada – agradeceu.

– Filha...

Nathaly olhou para o pai, erguendo suas sobrancelhas sob um sorriso de lábio.

– Estou orgulhoso de você. Seja feliz nessa nova etapa em sua vida.

As portas se abriram. E todos se levantaram. Nathaly, de braços dados ao pai, entrava rumo ao altar. Ryan, esperando, recebeu sua futura esposa das mãos do seu futuro sogro, que desceu e tomou assento entre Clara e Juliana na primeira fileira. Após a primeira parte da cerimônia, as pessoas sentaram-se, e o padre iniciou a parte mais importante do casamento: o selar da união. Em uma das fileiras, John não parava de balançar suas pernas. Alice sentia aquela tremulação ao seu lado, chegando a olhá-lo com um desconforto. Mas não disse nada, preferindo prestar a atenção na cerimônia.

Depois de toda aquela roteirização, o padre chegou ao momento-chave para o matrimônio:

– Agora, se houver alguém que se opõe a este matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre – disse o padre.

– Eu! – gritou John, ao levantar-se do banco.

Todos olharam para ele. Alice não sabia onde colocar sua cabeça.

– Sou eu quem deveria estar aí. – Ele olhou para Nathaly. – Porque eu amo você, Nathaly.

Nathaly arregalou os olhos e olhou temerosamente para Ryan. O que John falara deixou Ryan visivelmente tenso diante daquela vergonha e silêncio gerados no ambiente, e não sabia o que fazer; apenas fechou os olhos. De repente, ele os abriu e se via em seu quarto com o rosto pingando de suor. Com tudo, levantou-se e olhou o relógio na parede, que marcava dez e meia da noite. Toda aquela cena de casamento era apena um sonho.

Ryan se encontrava andando pelas ruas do bairro naquela noite fria. Ele chegou a uma casa e começou a bater na porta insistentemente. Mas ninguém o atendia.

– Eu esperava tudo... – Uma sombra de uma pessoa aparecera atrás dele. – Menos a sua visita.

Ryan virou-se e viu Diana saindo do escuro. Ele havia retornado à casa dos Harrisons para se encontrar com ela. Entretanto, Diana não entrou com ele na casa, levando-o a outro lugar.

– Não é muito comum uma pessoa viver em uma nova casa que seja abandonada – comentou Ryan, observando toda a área interna da casa.

– Se você não tivesse envolvido a polícia daquela vez, não me forçaria a achar um lugar neutro. Aliás, não vivo direto aqui... É provisório.

A jovem o conduziu até uma mesa e puxou uma cadeira para ele, tudo de forma bem provocante no exagero da gentileza.

– Como sabe que fui eu quem chamou a polícia?

– Intuição?

Ela começou a dar algumas risadas com a pergunta e com a sua própria resposta. Depois, deu às costas a ele para trocar suas vestimentas em um passe de mágica, indo de cima para baixo. O vestido que ela usava deu lugar a vestimentas semelhantes às roupas de gladiadores gregos, mas na versão personalizada por ela: botas até a altura dos joelhos, saia, com um cinto dourado, e camisa decotada, todos de cor vermelha com outros detalhes em dourado; e braceletes colocados nos antebraços. A transformação a deixava uma mulher mais madura. Vendo aquilo, Ryan escorou bem no encosto da cadeira e até engoliu seco sua saliva.

– Como adquiriu toda essa dádiva?

– Não é bem a palavra que define os meus dons...

– E por quê?

– Só os tenho por causa da morte de meus pais. Eles cultuavam o amor, e eram devotos a Eros, o deus grego do amor. Eu também fazia parte e servia a essa força; até que, um dia, me rebelei por causa de uma decepção sentimental, e roubei dos meus pais o que tinha sido cedido a eles e, em determinado tempo, seria uma herança para mim, matando-os para receber o ápice do dom do amor e satisfazer-me. Isso quebrou o acordo... Por causa disso, tenho esses poderes... E é isso.

Diana começou a encarar Ryan com o seu olhar, pois percebia alguma curiosidade da parte dele, o que deduzia que ele estivesse achando que haveria mais coisas que não foram contados por ela. O garoto deu uma murchada com aquele olhar sexy que, ao mesmo tempo, o intimidava.

– Vamos direto ao assunto, Ryan. – Diana sentou-se do outro lado da mesa com todo charme. – O que quer de mim?

– Preciso que você faça com que a Nathaly se apaixone por mim.

– Você veio à pessoa certa. Mas as coisas não são assim. Há um preço antes.

– Qual é o seu preço? Eu dou um jeito e...

– Não se trata de valores, Ryan – interrompeu-o. – Se trata de destinos.

– O que quer dizer com isso?

Diana apoiou-se na mesa para fazer o seu rosto chegar mais perto do rosto de Ryan, e olhá-lo nos olhos.

– Antes de satisfazer o seu desejo, é preciso que você elimine John, o pretendente da sua irmãzinha.

Ryan na mesma hora ficou assustado em sua feição, engoliu mais uma vez aquela saliva seca e baixou a cabeça. Diana ainda levantou sua cabeça e deu aquele seu sorriso sedutor ao olhar para ele. Um verdadeiro sacrifício exigido para realizar o aflorado desejo.

Amanheceu. Nathaly estava se aprontando em frente ao espelho de seu quarto para já ficar arrumada para tomar seu café e ir à escola. Após isso, arrumou cuidadosamente sua cama. Quando ia abrir a porta para descer à cozinha, ela ouviu um barulho agudo provocado por uma pancada vindo da varanda. Calmamente, ela foi até a varanda, olhou para um lado e outro, e não viu ninguém que estivesse na rua, mais precisamente em frente à sua casa. Voltando para dentro, pisou em cima de algo, e viu que era uma pequena pedra – era certo que aquela pedra fora lançada em direção ao seu quarto. – Mas ela relevou e seguiu em frente, descendo à cozinha. Lá, Nathaly encontrou seus pais na mesa. Além das coisas que estavam sobre ela, havia um buquê de flores ao lado de suas frutas. As flores daquele buquê eram bem cuidadas e bonitas.

– Bom dia, meus pais – sorriu.

– Bom dia, filha – respondeu Clara.

– E esse buquê? – apontou. – Já sei! Meu pai lhe presenteou, não é mesmo mãe?

– Na verdade, filha, essas flores foram para outra mulher da casa...

Nathaly olhou para o pai toda risonha, chegando a ficar vermelha.

– Elas são lindas, pai. – Ela cruzou seus braços, com extrema satisfação de filha. – Obrigada.

Steven levantou-se da cadeira e ficou de frente com a filha.

– Eu achei que você soubesse quem seria o remetente. – Ele entregou um papel cartão a ela, que estava anexado ao buquê. – E essa pessoa parece ser bem romântica.

Fazendo uma verdadeira cara de desinformada, Nathaly começou a ler o cartãozinho. Mas nada de encontrar o nome do tal remetente, olhando de lado para tentar pensar em alguma possibilidade que não vinha claramente à sua mente.

– Eu não tenho ideia de quem seja essa pessoa.

Clara virou-se na cadeira, apoiando o seu braço no encosto.

– Isso mostra que alguém a acha especial, filha. Muito especial... – comentou a mãe, sorrindo.

Nathaly olhou para aquelas flores se sentindo perdida por não saber quem teria enviada-as. E ela não queria estipular que fosse alguém de sua escola. Sua cara de desacreditada mostrava isso.

No caminho à escola, uma cena rara acontecia. John, Alice e Ryan iam juntos para lá – normalmente, Alice e John sempre iam primeiro, enquanto Ryan, na maioria das vezes, sempre ia acompanhado de amigos, e ainda chegava à escola um pouco em cima da hora. – Dentre eles, Ryan era quem menos se interagia com o jovem casal. Os três pararam para atravessar a rua.

– O que há com você, maninho? – estranhou Alice – Achando estranho por não estar enturmado com os seus amigos?

– É, cara. O que você tem? Está mudo – disse John.

– Estou apenas preocupado... – Ele olhou para eles, mostrando-se triste. – Estou preocupado com essa situação do nosso pai, Alice.

– Ele vai sair dessa, Ryan – garantiu o otimista John, colocando sua mão no ombro dele.

Quando eles iam atravessar, John de repente se desequilibrou de forma estranha, caindo sozinho no meio da rua. Naquele momento, um carro vinha em uma velocidade que o próprio motorista não conseguiria frear a tempo. Sentado, John apenas virou o seu rosto e levantou à média altura os seus braços com um gesto de parar. Alice soltou um grito agudo, clamando o nome do namorado. Mas o veículo acabou sendo desviado para a contramão com uma derrapagem, indo em direção a uma barraca de frutas. O motorista, prevendo o impacto, se jogou do carro; os dois comerciantes que haviam na barraca conseguiram escapar no momento da batida.

– John! – Alice correu para acudi-lo. – Graças a Deus que está bem.

Muitas pessoas se aglomeraram por ali. Ryan, que ainda estava imóvel do local da travessia, resolveu ajudar sua irmã a levantar John, todo assustado e sem jeito. O motorista levantou-se da calçada e, olhando o seu veículo, achou estranho um dos pneus dianteiro um pouco corroído, levando sua mão à cabeça. Da rua vizinha, em meio à multidão formada, Nathaly observava de longe com um olhar espantado. Na verdade, ela acabou usando sorrateiramente a sua visão de calor para desviar o carro e salvar o seu amigo, sob um intenso risco de alguém descobri-la ou provocar um acidente ainda maior com algum cálculo errado. Por causa disso, Alice, John e Ryan chegaram à escola atrasados.

Durante o intervalo do colégio, Nathaly caminhava pelo pátio com Juliana, trocando assuntos entre elas.

– Se fosse eu no lugar do John, eu acho que eu morreria só pelo susto – disse Juliana. – Por sorte, o motorista pôde desviar o carro a tempo.

– É... – Nathaly fez uma cara concordando em partes com o final dos comentários da amiga.

– Mas então... E sobre aquele buquê que você recebeu hoje? Já sabe quem poderia ser a pessoa que lhe deu? – perguntou Juliana, com um sorriso e dando algumas pequenas batidas com o seu cotovelo no braço de Nathaly.

– Eu não tenho ideia... Mas deve ser o meu pai brincando comigo, dizendo que foi outra pessoa. Nada mais – sorriu, olhando para ela.

No banheiro masculino, Ryan lavava o seu rosto a cada vez que olhava para o espelho. Ele não parecia muito confortável, e sim agitado. Em uma dessas sequências que pareciam não acabar mais, ele avistou Diana no espelho, trajada com aquela roupa de gladiadora grega. Rapidamente, ele se virou.

– Nervoso, Ryan? – perguntou Diana, em um tom provocante.

– Como entrou aqui? – estranhou.

– Ué. Esqueceu que eu tenho poderes? Aliás, sempre visito esse lugar para matar a saudade. Principalmente, quando novos pombinhos surgem nesse lugar...

Ela se aproximou do garoto, sem muita pressa em seu andar. Para ela, o tempo parecia não ser muita coisa. Ao contrário para Ryan.

– Mas algo está me incomodando: o surgimento de mais um casal nesse colégio – disse ela, mansamente. Depois, ficou séria. – O tempo está correndo, Ryan.

– Estou tentando fazer o possível...

– Mandando flores para Nathaly? Você está despistando a si mesmo, garoto. Não a mim.

Diana fez surgir uma pequena caixa retangular em suas mãos, e a entregou a ele.

– O que há aqui dentro? – perguntou-lhe temerosamente, sentindo certo peso da caixa.

– Lembre-se: é tudo ou não. A realização do seu desejo está em suas mãos – sorriu de lado.

Quando Ryan baixou a cabeça e a ergueu novamente, ele não a viu mais em sua frente. Tornando a olhar a caixa dada, resolveu abri-la bem devagar, com receio do que poderia vir. O que ele viu dentro dela o impressionou a ponto de fechar a caixa rapidamente e olhar para frente.

Visivelmente tenso, ele apareceu andando de cabeça baixa no pátio, pensativo. Não prestando atenção ao que vinha em sua frente, era certo que poderia se esbarrar em alguma pessoa em pleno auge do intervalo.

– Opa! – disse Juliana, ao ser esbarrada – Ryan?

Ele levantou a cabeça, e viu que Juliana estava acompanhada de Nathaly.

– Eu posso falar um pouco com a Nathaly? – perguntou, pedindo permissão à amiga enquanto vidrava os seus olhos em Nathaly.

– Com licença.

Sem questionar ou fazer algo parecido, Juliana olhou para os dois e se retirou mansamente, deixando-os em particular ali.

– Aconteceu alguma coisa, Ryan? – perguntou, dando a devida atenção a ele. Ryan suspirou antes de pronunciar as primeiras palavras daquela conversa.

– Eu não sei o que acontece comigo, mas preciso que você fique comigo, Nathaly.

Ele pegou em uma das mãos dela, com uma gentileza que não fazia parte das características destacáveis de sua pessoa – o que o amor não faz com alguém? Acaba por ser mais do que ela mesma dentro das suas peculiaridades. – Nathaly olhou desconfiada para ele.

– Então, foi você quem me enviou aquele buquê. E ainda jogou uma pedra em minha varanda...

– Exato. Mas tive medo de entregá-lo pessoalmente – confessou. – Dê uma chance para mim, Nathaly. Por favor, não deixe que eu venha cometer uma loucura por sua causa. Vamos trilhar por outro caminho.

Nathaly não sabia responder o que acabara de ouvir, por haver uma verdadeira confusão em sua mente, misturando medo com o racional e emocional, além de lidar com a desconfiança originada pelo visível desespero do jovem. Então, ela largou a mão dele lentamente.

– Eu acho que essa atitude deve ser a sua resposta. – Ele respirou bem fundo. – Eu te amo, Nathaly.

Ryan saiu de sua presença. Sem muita ação, Nathaly o olhava tomando distância dela. Virando em um corredor, Ryan foi novamente surpreendido:

– Eu já lhe disse que não há outro caminho para a sua realização sentimental – repreendeu-o Diana.

– Eu aposto que é você quem está nos separando! E quer que eu vingue de Alice por você.

– Prove! – disse ela, nervosa com a ignorância. Logo, deu um leve sorriso. – O destino precisa ser traçado nos mínimos detalhes, meu amigo. Senão, tudo coopera para a lama.

Diana chegou ao pé do ouvido dele, hesitando em alguns instantes.

– Faça o que deve ser feito. Ou se não, perdê-la-á para sempre, cabeça oca.

Depois, ela deu uma leve empurrada com sua mão na testa de Ryan, e sumiu ali mesmo. Já não bastava a pressionada dela, e ele se deparou com os outros alunos o olhando estranho.

– Falando sozinho, cara? – perguntou um.

– E esse olhar para cima? – questionou o outro.

Ryan passou entre eles sem dizer uma palavra. Ele estava vivendo literalmente sob uma conspiração sobrenatural.

Na hora da saída, ele apareceu entre Alice e John. Nathaly e Juliana estavam por ali a alguns metros deles. Nathaly os viu, e parou instantaneamente a conversa que estava tendo com sua amiga.

– Ei, Ryan... O que sucede agora? – perguntou John.

– Você pode vir comigo? – disse o garoto, devolvendo-o com outra pergunta.

John olhou para ele meio esquisito devido à forma como ele fora abordado. Alice apenas prestava a atenção à conversa.

– Eu posso – aceitou.

– Vamos, então.

– Espera aí. E eu? – manifestou-se Alice.

– É uma conversa de homens, Alice – disse o irmão.

Os dois saíram, deixando Alice por ali. Ela ficou cismada sobre o que o seu irmão iria tratar com o seu namorado. Em paralelo, Nathaly ouvira concentradamente toda a conversa com a sua super audição animal.

– Olá, Nathaly. Terra chamando – disse Juliana, balançando sua mão na frente dos olhos da amiga.

– Ah! Desculpa... Já volto.

Juliana achou muito estranha a mudança inesperada de comportamento dela. Nathaly foi em direção à solitária Alice.

– Sabe onde eles estão indo? – perguntou Nathaly, aparecendo ao lado de Alice.

Com os braços cruzados, a jovem olhou para ela e baixou a cabeça.

– Não sei como soube, mas eu não sei lhe responder... Nathaly.

O modo como Alice a recepcionou ainda permanecia diferente desde quando elas tiveram aquela conversa no hotel em Southampton, naquele dia que ela estava literalmente para baixo por causa da atual situação do pai no hospital.

– O que está pegando? – disse Juliana.

Juliana surgiu entre elas, como uma verdadeira curiosa, para tentar entender o estranho. Nathaly e Alice se olharam e depois olharam para ela.

John e Ryan chegaram ao terreno baldio com muita pouca movimentação. Na verdade, estavam apenas eles.

– Por que devemos conversar nesse lugar? – questionou John, olhando para aqueles montantes de materiais largados em volta e alguns matos.

Enquanto ele andava pelo lugar, Ryan, de costas para ele, tirou aquela caixa dada por Diana da mochila, e a abriu.

– Não viemos para conversar. Viemos para decidir.

Ryan apontou um revólver em direção ao seu alvo. John, quando o avistou fazendo aquilo, não esboçou reação a não ser levantar suas mãos à meia altura.

– O que é isso, Ryan? – John também recordou do que havia acontecido com ele mais cedo e fez sua ligação com aquela atitude. – Então, foi você quem tentou fazer com que eu fosse atropelado... Por quê?

– Você não vai ficar com a Nathaly. Ela é minha!

– Ela e eu não temos nada, Ryan. Quem o fez pensar isso? Sua irmã?

– Não. Foi a minha própria intuição.

– Abaixe essa arma, por favor. Não sabe o que está fazendo.

– Sei, sim. E é preciso. – Ele armou o revólver. – Adeus, John.

Ryan estava decidido, embora lágrimas descessem sutilmente de seu rosto pensando na irmã. Então, ele disparou contra John. Por sua vez, a vítima permaneceu parada, enfrentando o perigo. Nathaly chegou naquele momento, a poucos metros deles. Aderindo-se de um instinto felino, ela correu contra o tempo da bala e pulou em cima de John, tirando-o da rota do projétil. Os dois ficaram no chão; Ryan, bastante assustado, baixou a arma e a soltou. E Alice e Juliana chegaram ao local, e foram para perto dele.

John levantou e deu a mão para que Nathaly também pudesse se levantar.

– Você salvou a minha vida – disse John, olhando bem nos olhos dela, não acreditando que escapara da morte.

De repente, duas flechas inflamáveis atingiram o solo, uma perto de John e a outra perto dos outros três jovens, criando contornos que formava dois corações de fogo. Imediatamente, aqueles desenhos tronaram-se em um verdadeiro paredão, com o subir das chamas. Como Nathaly estava perto de John, aquela parede de chamas os separou. O calor produzido pela chama fez Nathaly sentir uma fraqueza, encurvando-se com a mão no estômago, e rapidamente tomou distância do fogo.

– Diana... – deduziu Nathaly.

– Olá, Naty – respondeu logo em seguida, aparecendo alguns metros atrás dela. Nathaly se virou. – Eu já havia dito que você não era à prova do fogo da paixão...

– O que você vai fazer com eles?

– Acabar logo com o sofrimento do apaixonado Ryan, que falhou no nosso acordo, e com os intrometidos da história.

– Eu não a deixarei fazer isso!

– Diga-me como. – Ela abriu os braços. – Nesse lugar não há água para apagar as chamas. E você não pode fazer nada.

Diana fez um gesto que fez as dimensões dos corações de fogo se afunilarem, para desespero das pessoas que estavam nelas. Ela começou a rir com aquilo. Se sentindo provocada, Nathaly partiu para cima. Mas Diana desapareceu diante dela. Em um verdadeiro golpe de vista, Nathaly virou-se justamente para o lado em que Diana havia se teletransportada para pegá-la de surpresa, e deu um gancho que a levou ao chão, fazendo-a desmaiar.

– Velho truque – ironizou Nathaly.

Com o desmaio, o fogo que já estava quase tocando seus amigos começou a abaixar. E desapareceu.

– Sinistro – comentou Juliana, após ver a morte de perto.

Todos olharam para a Nathaly ao lado de Diana caída ao chão. Por sua vez, Diana desapareceu, mesmo estando desmaiada.

John correu para abraçar Alice, para comemorar suas salvações, e depois deram um abraço coletivo em Ryan; Juliana, neutra ali por perto, apenas sorria por dentro e dava uma olhada para Nathaly, que também estava desfrutando daquela comemoração com o seu sempre jeito de ser: tímida. Alice olhou lentamente para trás e foi até Nathaly com suas mãos para trás, e parou diante dela. Pela primeira vez, Alice olhou bem nos olhos verdes de Nathaly enquanto ela a olhava quieta.

– Você retribuiu o que John tinha feito por você naquele tribunal – disse Alice, referindo-se à chantagem que Nathaly sofrera com aquele revoltado Benjamin Holmes.

– Como sabe que eu livrei John? Você... Você apenas chegou me ver no chão com ele...

Alice apontou discretamente para o seu irmão, que estava conversando com John. Nathaly acompanhou aquele apontamento e viu Ryan a olhando no mesmo instante, dando um tímido sorriso por causa da tamanha situação provocada, mas parecia reafirmar a informação de sua irmã, dizendo que ele haveria contado. Nathaly tornou suas atenções à Alice.

– Eu nunca me imaginei dizendo isso a você, mas você foi um anjo que salvou o meu namorado. Obrigada.

Proferindo aquelas palavras, Alice foi para junto de John e Ryan. Juliana se aproximou de Nathaly, que estava pensando nas palavras de Alice. E ali ficou com ela.

John e os irmãos Taylor chegaram a casa deles. Alice, sendo a primeira a abrir a porta, logo viu uma folha escrita sobre a mesa de centro da sala, e foi pegá-la. Era a letra de sua mãe, dizendo para irem ao hospital assim que chegassem. Todos começaram a pensar que o Sr. Taylor saíra do coma, e foram direto para lá.

Sentados no sofá da recepção, Ryan e John esperavam Alice voltar do quarto, já que a mãe estava lá, havendo duas pessoas em um só quarto.

– Isso precisa ficar apenas entre nós três, John. Estou muito arrependido pelo o que eu ia fazendo com você.

– Para as coisas não se agravarem na sua família, vamos deixar para lá – relevou John, pensando na atual situação da família de sua namorada. – Mas eu ainda não entendi por que Diana o aconselhou a me matar.

Ryan chegou mais para perto.

– Acredite se quiser, mas ela disse que havia um destino. E você teria que ser morto para ela fazer com que Nathaly se apaixonasse por mim.

– Havia um destino em jogo? – riu educadamente – Olha, eu acho que ela quis brincar com esse destino. Às vezes, somos nós quem faz um pouco de nosso destino através das atitudes tomadas. Mas atitudes pensadas.

– Concordo, John. Mas acho que o destino pode nos surpreender...

John olhou para Ryan por causa daquela última frase pensando rapidamente, pois Alice retornou à recepção. Os dois se levantaram.

– Felizmente, o nosso pai acordou, Ryan... – disse Alice, sorrindo parcialmente enquanto olhava para eles.

– E está tudo bem com ele, maninha? – perguntou, percebendo que algo estava sendo escondido por detrás daquele sorriso.

– Depois que ele acordou, foi constatado que ele está... paraplégico – revelou.

Os meninos ficaram surpresos. Em seus olhares era visto isso.

– E o único jeito para que ele faça um tratamento e receber os devidos cuidados é se mudando para Liverpool. Nós precisamos deixar Manchester, Ryan.

Então, ficou um silêncio no ar. Uma notícia inesperada para todos, apesar de o Sr. Taylor está totalmente consciente.

Nathaly e seus pais estavam na cozinha conversando sobre o que aconteceu durante o dia:

– Diana estava se aproveitando dos sentimentos de Ryan... Que garota mais danada a ponto de fazer os outros cometerem loucuras por uma pessoa, não? – disse Steven.

– Ela é muito perigosa, pai.

– E você disse certo, querido. Nathaly, desde daquele dia que ele lhe convidou para ser par daquela festa da escola, notei que ele gosta de você – comentou Clara. – Eu acho que você deveria dar uma chance para ele.

– Eu não sei... Mas eu sinto apenas como um amigo. – Ela ficou pensando ali por alguns instantes, e lembrou-se de algo. – E o buquê que ele deu? Onde está?

– Espero que você não se incomode com as flores estando em seu quarto – torceu a mãe.

Nathaly entrou em seu quarto, e viu as flores do buquê em um vaso com um pouco de água sobre a cômoda. Lentamente, ela se aproximou delas. Depois começou a admirá-las e tocá-las. Com sua presença tão próxima, parecia que as flores estavam gostando daquelas carícias.

No final do dia, Juliana estava pronta vestida de seu pijama para escrever sobre o seu dia no diário antes de dormir. Ela foi àquela gaveta de seu guarda-roupa para buscá-lo. Quando a abriu, encontrou apenas o lápis debaixo das peças de roupa. O principal elemento para relatar o dia havia sumido.

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