Capítulo 27

- As pessoas não são confiáveis Bela! - Miriella dizia para mim enquanto estávamos em uma cafeteria próxima a nossa casa.

- Por que diz isso Mi? - perguntei em seguida. Estava ansiosa, estava para entrar na universidade e nem tinha se quer decidido o que gostaria de me tornar.

- Por que sim. É só um aviso. Não confie nas pessoas! - ela insistia.

- Está começando a me assustar - respondi com uma leve risada em seguida, pensando que era só mais uma de suas esquisitices.

- Bela! Muita coisa pode acontecer, é um bom conselho apenas - ela passou a dizer - mas deixe para lá.

- Você confia em Noah, não confia Mi? - resolvi questionar.

- Confio, desconfiando! - ela respondeu e logo em seguida seu telefone tocou e nosso assunto morreu. Depois de alguns segundos no telefone, me pediu licença e se retirou.

Foi nossa última conversa.

A última conversa que tive com Miriella, não saia de minha cabeça enquanto estava em aquele barracão. Será que ela falava dela mesma? Será que desde aquele momento ela me alertava que não era confiável? Que nem mesmo Noah era confiável? Tudo que eu sabia, tudo que era concreto para mim durante esses anos, foram por água abaixo.

Agora estava presa, nas mãos de um colega e de minha própria irmã e como tudo indicava, nas mãos de quem sempre confiei, Noah.

- Está na hora de parar de ser durona - Miriella passou a dizer, aparecendo em minha frente logo em seguida com um copo de água e um prato de comida em mãos - já faz um dia que está sem comer, não irá aguentar muito tempo desse jeito.

- E isso importa? - perguntei, sabendo que ela tinha razão. Já estava fraca, com sede, fome e a tontura já me consumia completamente, não demoraria muito para desmaiar.

- Bela, por mais que as coisas sejam complicadas, não desejo sua morte. Ande, coma e beba! - ela colocou o prato em meu colo e abriu as algemas que prendiam minhas mãos atrás da cadeira. Senti um alívio imediato por aquele instante. Ela sabia que não conseguiria fazer nada, fraca como estava.

- Não consigo entender você - respondi pegando os talheres em seguida e aceitando a comida e a água. Logo que terminei, Miriella prendeu minhas mãos novamente.

- Ela comeu? - Turner perguntou ao entrar e Miriella confirmou - ótimo. Agora podemos entrar em um acordo!

- Não farei acordo algum com você! - respondi imediatamente.

- Veremos Bela! - ele passou a dizer - decidimos que você ainda é necessária para nós. Sendo assim, precisaremos de alguns, serviços seu. Então, você voltará amanhã para seu posto, porém, a nossa ordem!

Ao escutá-lo não contive a risada. Era ridículo o que acabara de ouvir.

- O que te faz acreditar que vou aceitar isso? - questionei e vi em seu semblante que ele não estava para brincadeira.

Ele tinha uma carta na manga, e minha intuição não estava errada. Logo escuto abrirem a porta e então meu coração acelera. Turner estava com meu pai em suas mãos. Passei a me perguntar se era isso que ligava minha irmã a Turner. Meu pai estava com ferimentos em seus braços e um olho roxo, era insuportável ver aquilo.

- Acredito que assim, respondo sua pergunta detetive Parker! - Turner respondeu em seguida.

- Me desculpa filha - meu pai diz com a pouca voz que lhe resta. E isso é a gota d'água para eu ceder a lágrimas.

Meu coração estava apertado vendo meu pai em aquela situação. Em seguida olho para minha irmã, tentando entender se era isso que a prendia as garras de Turner, e ao vê-la segurando as lágrimas, me confirmaram o que suspeitava. Eu só não conseguia ainda entender o motivo de estar envolvida em tudo isso. Esperava isso de um criminoso sedento de vingança, mas jamais de um colega. E nada, explicava a suposta morte de minha irmã.

- Temos um acordo agora Parker? - Turner quebrou meus pensamentos me trazendo de volta a aquele instante.

- Sim - solto me arrependendo de cada letra. Mas, ainda assim, era minha única chance de conseguir reverter tudo.

- Ótimo. Porém, vamos deixar bem claro. Por qualquer, qualquer passo dado sem nossa permissão Parker, seu pai pagará. Entendido? - ele disse com seu olhar fixo em mim.

- Sim Turner! - respondi em seguida.

- Perfeito! - ele passou a dizer - leve ele daqui - concluiu dizendo para um de seus capangas e então vi levarem meu pai dali.

Estava de mãos atadas, tudo que desejava, era conseguir pensar em um bom plano para me livrar disso tudo. Sempre lidei com sequestros, com ameaças de outros. Mas estar como vítima, era pior do que imaginava. Precisava pensar com a razão, mas meu coração não conseguia se aquietar!

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