Capítulo 1

- Detetive Parker! - escutei alguém se aproximar de minha mesa. Era o Capitão Hoffman.

- Sim Capitão. - respondi. Ele joga uma pasta em minha mesa.

- Para variar e para começar o dia bem. Era o caso do detetive Turner, mas como sabe, ele está afastado, então... - ele deu umas batidas na pasta - se divirta.

- Algum resumo? - pego a pasta e passo a abri-la.

- Uma vítima! Uma testemunha e um cenário. Faça seu trabalho. Ache o assassino! - e se retirou.

Começo a analisar as fotos tiradas. É mais difícil quando realmente não vi o cenário. Mas por laudos já concluídos, a vítima recebeu cincos tiros, não resistindo, faleceu antes do socorro chegar. Isso aconteceu em um beco, perto de um restaurante. A testemunha é Jullian Clarke, funcionário do restaurante. Segundo ele, estava fechando o estabelecimento quando escutou uma discussão e se aproximou. Mas, apenas viu alguém correndo e dá poucos detalhes sobre essa pessoa. Ele se aproximou da vítima mas era tarde demais. Por mais que a testemunha já tivesse sido interrogada, eu precisava tirar minhas próprias conclusões.

- Olá - minha parceira e grande amiga Alyssa Carter chegou se sentando em minha mesa ao lado.

- Senta não, precisamos ir interrogar alguém - falei e já senti seu olhar furioso em mim.

- Já te falei que interrogar pessoas de manhã é péssima ideia não é? Elas estão com sono, nós estamos com sono...

- Você está - a interrompi - Já bebi alguns cafés.

- Você por acaso dorme Bela? - ela questionou zombando de mim enquanto me seguia.

Mesmo contra sua vontade, fomos a casa da testemunha.

- É aqui! - falei quando paramos em frente - seu nome é Jullian Clarke.

- Mas ele já foi interrogado pelo Turner, por que quer interroga-lo de novo?

- Não confio no trabalho dos homens. - desci do carro. Precisava de mais informações do que Turner conseguiu. Alyssa resmungou algo dentro do carro e em seguida me acompanhou.

Ao bater na porta, em alguns segundos, atende uma senhora de cabelos grisalhos, com um sorriso em seu rosto.

- Posso ajudá-las? - essa senhora simpática nos perguntou.

- Sou detetive Parker e esta é a detetive Carter...

- Quem é vovó? - escutamos uma voz masculina gritar. E logo, se juntou a sua avó.

- São detetives - a senhora disse, ao que parece seu neto.

- Jullian Clarke? - Alyssa perguntou.

- Eu já respondi tudo ao outro detetive. Não tenho mais nada para falar - ele se esquivou e a senhora no meio, não entendia muito o que acontecia.

- Ele está afastado por alguns problemas de saúde e preciso apenas confirmar algumas coisas. - expliquei a ele tentando convencê-lo a ajudar.

- Vovó, entre - ele disse a senhora, que se retirou - Como já disse, eu já falei o que tinha pra falar. Não vi o rosto de quem cometeu o crime. Cheguei e o rapaz já estava morto e vi apenas uma cicatriz no pescoço daquele que vi correndo. - ele exclamou. Era certo que ele não queria falar muito sobre - É apenas isso. Gostaria que me deixassem em paz - e então fechou a porta sem nos dar a oportunidade de falar mais nada.

- O rapaz está assustado e você apenas piorou - Alyssa falava enquanto caminhávamos para o carro.

- Mas, para o Turner ele disse que a cicatriz era na mão. Uma grande cicatriz na mão e que ele estava de capuz. Ele não conseguiria ver uma cicatriz no pescoço sem ver o rosto, se ele estava de capuz - encarei Alyssa - ele está escondendo algo!

- Bela! Pessoas ficam assustadas, se confundem - ela afirmava.

- Ele não parece assustado pra mim. - entramos no carro e o assunto se encerrou.

Chegando a delagacia, passei a pesquisar mais sobre a vítima. Parentes, amigos, lugares que frequentava. Descobri que ele tinha uma namorada, e que ela não foi interrogada. Peguei minha jaqueta de couro que estava no encosto da cadeira e as chaves do carro.

- A onde vai? - Alyssa perguntou.

- A vítima tinha uma namorada e ela não foi interrogada. - respondi.

- E a parceira não é chamada? - ela me encarou esperando explicações.

- Você acredita que eu assusto as pessoas - disse a ela.

- Sim, por isso preciso ir junto - ela se levantou.

Quando Alyssa decidi algo, nada a convence do contrário. Por fim, fomos até o endereço. Um moça alta, de belo corpo, loira, nos atende.

- Posso ajudar? - ela pergunta confusa.

- Sou detetive Parker e essa é a detetive Carter. Precisamos te fazer algumas perguntas, sobre...

- Paul. - ela interrompeu - entrem.

- Quando foi a última vez que o viu? - passei a perguntar sem contornar.

- No mesmo dia que aconteceu. Almoçamos juntos aquele dia - ela falava com tranquilidade, o que para mim era estranho. Namoradas que perdem um amor, costumam entrar em desespero nessas situações. Ela não demonstravam muita emoção. E fazia apenas um mês que o perdeu.

- Ele tinha algum inimigo? A quanto tempo namoravam?

- Fazia um ano e uns dois meses. Ele era um bom rapaz, nunca se envolveu em brigas, em desentendimentos. Eu não faço ideia de por que fizeram isso com ele. - ela olhou pra baixo, com suas mãos inquietas.

- Ele tinha algum conhecido, amigo, que tinha alguma cicatriz na mão? Ou no pescoço? - a vi ficar pensativa.

- Sim. O Noah. O vi poucas vezes, mas lembro dele por sua cicatriz no pescoço. Por causa dela, o apelidaram de Fera.

- Paul, tinha muito contato com ele?

- Não. Muito não.... - ela passou a gaguejar - Eram ... conhecidos.

- Sabe onde este Noah, mora? Ou trabalha?

- Quando Paul me apresentou ele, foi em armazém abandonado em que ele estava morando - ela pegou um papel onde passou a escrever - em este endereço - e me entregou.

- O que foram fazer lá? Onde ele morava?

- Parker, já é o suficiente. - Alyssa me interrompe.

- Tudo bem. Suas informações foram de grande ajuda.

- Tudo que quero, é que achem o culpado - ela disse nos acompanhando até a porta.

- Não parece muito que se importava com ele - soltei o que estava entalado em minha garganta.

- Parker, vamos! - Alyssa me puxou - Tchau. Obrigada. - ela disse a moça e então fomos para o carro.

- Precisamos conversar com esse Noah - disse a Alyssa balançando o papel em minha mão.

- Bela, você está obcecada hoje. Não estou conseguindo te acompanhar. Olhe o jeito que falou com a garota - ela esbravejou.

- Ela está escondendo algo. Ela teria emoções se realmente amasse o seu namorado.

- Você está ficando paranóica! Precisa dormir.

- Não. Não preciso. Tem muita coisa nesse caso. - a encarei. Queria saber mais. Era esse meu trabalho.

- Você não vai sossegar hoje não é?

- Não. - respondi sabendo que tinha vencido.

- Ok. Vamos ver a fera - ela falou debochando enquanto ligava o carro.

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