ATO 4 - CENA 2
Cenário: Igreja de São Sebastião
Pedro está conversando com Herculano. Bernardo entra escondido para ouvir a conversa.
PEDRO - Até tentei entrar na UFMG, mas não passei na prova. Então fiz o curso de panificação e confeitaria. Aí eu vim pra cá, já que ouvi dizer que não tinha padaria aqui, e que quem quisesse pão, bolo, e esses trem, que aprendesse. E minha padaria deu muito certo.
HERCULANO - Que bom. E não é atoa que não aparece outro padeiro além de você. Quem fosse competir, com você com certeza ia fracassar. Seus sonhos são divinos. Entendeu o trocadilho? (Fala rindo).
PEDRO - Ai, Herculano. Continua o mesmo de sempre. Suas piadas parecem que não melhoraram.
HERCULANO - Cala a boca, elas são ótimas. Mas me diz uma coisa. Aquele seu amigo, o capataz, ele tá a fim da Maria do Rosário, né?
PEDRO - Tá sim. Pera... como cê tá sabendo?
HERCULANO - Ele veio se confessar e me disse.
PEDRO - Você não pode contar as coisas que as pessoas te falam!
HERCULANO - E por que não? Eu nem sou padre de verdade. E outra, ele pode tomar ela do Gabriel. Sujeitinho metido ele, hein? Sabia que o Gabriel trai a noiva com uma puta chamada Briana?
PEDRO - Só não te xingo por ter me dito uma confissão porque até eu já sei. Vi eles juntos outra noite.
HERCULANO - Onde?
PEDRO - Na casa de Madame Celeste.
HERCULANO - Você foi lá?!
PEDRO - Vai me criticar por acaso? E eu fui lá pra fazer uma entrega de pão de ló. Se você não tivesse que manter a pose de Padre santo, cê ia ter ido lá no seu primeiro dia aqui. Eu te conheço, Herculano.
HERCULANO - Pior que cê não tá mentido.
Gabriel e Leonardo entram carregando Patrício todo machucado.
HERCULANO - O que aconteceu? Porque estão entrando assim na casa de Deus?
LEONARDO - O cavalo derrubou ele e depois pulô em cima.
GABRIEL - Sempre que alguém se machucava, o Padre João benzia antes de mandar pro hospital em Sete Lagoas.
HERCULANO - Pode deixar vou benzer. (Se posiciona na frente de Patrício). Te benzo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Pronto pode levar.
PATRÍCIO - Cacete, Padre! Me benze direito. Tô todo quebrado.
HERCULANO - Cala a boca, o padre aqui sou eu e eu sei o que eu to fazendo. Agora pode ir.
Gabriel e Leonardo saem com Patrício nos braços.
PEDRO - Muito educado você, hein Padre? Hahaha. Bem... vou indo. Tenho que olhar com a Maria do Rosário como ela vai querer o bolo de casamento.
HERCULANO - Espero que não tenha casamento. Eu sugeri que o Leonardo roubasse a noiva. Tô torcendo pra ele fazer isso.
PEDRO -Até logo, Herculano.
HERCULANO - Até, meu filho.
Pedro sai de cena. Bernardo sai de seu esconderijo.
BERNARDO - Herculano? Então você não é padre. Eu sabia!
HERCULANO - Onde cê tava? Cê ouviu?
BERNARDO - Eu ouvi tudo. E se você não quiser que eu conte pra todo mundo que você é um farsante, vai ter que me pagar.
HERCULANO - Pagar? Quanto?
BERNARDO - Metade do dízimo. Todo mês.
HERCULANO - O quê? (Fala espantado)
BERNARDO -Tá surdo?
HERCULANO - Pra quê isso tudo?
BERNARDO - Pra gastar na casa de Madame Celeste. As meninas adoram a companhia de um macho de verdade com elas. Agora se vira pra arrumar meu dinheiro. Pede o Pedro ou pega do dízimo se for preciso. Mas é melhor me pagar.
Bernardo sai de cena.
HERCULANO - E essa agora? Como vou pagar ele? Ai, meu deus. Que erro eu cometi. Acho que vou ir me confessar com o Padre. Espera... esqueci o padre sou eu. Aff... que vontade de dar o troco e fazer a pose de machão dele cair... acho que tive uma ideia.
Sai emburrado e resmungando.
Fim de cena.
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