ATO 2 - CENA 3
Cenário: Praça da cidade
Maria do Rosário e sua mãe estão sentadas em um banco discutindo.
MARIA DO ROSÁRIO - Ai, mamãe. Será que eu realmente devo me casar com o Gabriel?
LUCIANA - Mas é claro que deve! Por que tá falando isso, menina?! (Fala com irritação na voz)
MARIA DO ROSÁRIO - Uai, o Padre morreu, ele não anda ligando muito pra mim ultimamente e Laurinha me disse que ele foi visto saindo da casa da Madame Celeste.
LUCIANA - Deixe de besteira, seu noivo nunca te trairia.(fala com um tom mais amigável, porém bem fingido) Olha como você é bonita!
MARIA DO ROSÁRIO - Mas e o Padre? Isso deve ter sido um presságio.
LUCIANA - Que isso, minha filha? Claro que não. O Padre João não foi a primeira pessoa que morreu de mal de chagas aqui em São Sebastião da Cascata.
MARIA DO ROSÁRIO - Sei não, mãe...
LUCIANA - Escuta aqui menina (fala irritando-se com a filha) você quer continuar vendendo doces pra sobreviver? Quer continuar a vender verduras? Eu não quero continuar nessa vida! E se você pensar em dizer não no casamento, eu faço questão de te deixar na porta do convento.
MARIA DO ROSÁRIO - Tá bom, mamãe.
(Teresa e Cecília entram eufóricas sem serem percebidas)
LUCIANA - Não fale mais nisso. (Luciana se levanta) Eu estou certa, e se não estiver, que eu seja atropelada.
Ao se virar para sair, Luciana tromba nas senhoras e caem ela e Teresa no chão.
LUCIANA - Não olham por onde and...(Para de gritar ao ver quem esbarrou nela) Teresa, minha sogrinha querida, como vai?
Luciana ajuda a sogra a levantar.
TERESA - Ia bem até você me jogar no chão. Não é atoa que seus doces não são bons. Deve deixar todas as frutas caírem no chão e amassarem. Nem o diabo amassa o pão tão bem quanto você amassou meu pé.
Bernardo entra em cena.
CECÍLIA - Não fale nele. Vai que ele aparece e leva esse padre também. Não podemos deixar o diabo vencer.
BERNARDO - Como assim? (Fala Bernardo que acaba de chegar) Eu estava indo agora para Sete Lagoas para notificar a morte do Padre. Como já tem um novo?
TERESA - Padre João era muito querido nessas redondezas, a notícia deve ter se espalhado e mandaram um novo.
CECÍLIA - Sim, acabamos de ver o Padre na padaria. Ele é jovem, e parece ser bem forte. As chagas não vão pegar ele. O diabo nunca vencerá(grita eufórica).
TERESA - Minha netinha. Agora você poderá se casar.
CECÍLIA - Venha minha amiga. Vamos espalhar a notícia. (As senhoras saem pelo lado do palco)
BERNARDO - Eu vou na igreja, o padre deve estar indo para lá.
LUCIANA - Eu vou pra casa do Jurandir avisar que o casamento pode começar a ser preparado.
Os dois saem de cena e deixam Maria do Rosário sozinha. Leonardo chega.
LEONARDO - Olá, Rosa. (Fala com jeito bem educado e voz de bobo apaixonado)
MARIA DO ROSÁRIO - Oi, Leo. Como vai?
LEONARDO - Vou bem. Mas posso ficar melhó ainda.
MARIA DO ROSÁRIO - Como assim?
Leo se ajoelha.
LEONARDO - Desde o dia que eu vi ocê pela primeira vez, eu senti algo diferente. Eu sabia que nóis tinha que ficar junto. Ocê é uma mulher encantadora, e merece alguém muito melhó que o Gabriel. Sei que eu num tenho o dinheiro dele. Mas tenho um coração apaixonado pelo ocê, e que sempre vai te amar. Por favor, fica comigo.
MARIA DO ROSÁRIO - Ai, Leo. Se eu falar que não gosto de você, vou é tá mentindo. Eu não amo o Gabriel, eu também sinto o mesmo que você.
LEONARDO - Então, vem comigo.
MARIA DO ROSÁRIO - Não posso. Minha mãe precisa de mim para ajudar com os doces. E ela nunca vai permitir que eu me case com um capataz. Não sei o que fazer.
LEONARDO - Eu vou vê se penso em alguma coisa. Mas até lá, não se esquece. Eu te amo.
MARIA DO ROSÁRIO - Eu também te amo, mas agora vai. Antes que alguém veja.
LEONARDO - Eu vou. Até mais. (Sai saltitando de alegria)
Fim do segundo ato
Fecham-se as cortinas
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