Capítulo 7
Ela precisava de mais baterias, não sabia o que estava acontecendo mais esse aparelho estava roubando todo a energia, e sinceramente tinha que ir atras da audição porque realmente do jeito que as coisas iam ela precisava ouvir.
Precisando de mais baterias e percebendo que ninguém do grupo estava disposto a fazer uma nova incursão na cidade, a Fantasma tomou uma decisão impulsiva e resolveu ir sozinha. A cidade era perigosa, mas ela precisava manter sua audição funcionando. Ela saiu sem dizer muito, planejando voltar logo.
Quando finalmente retornou à fazenda, exausta e com alguns arranhões, notou algo estranho. Sua barraca, que costumava ficar próxima à de Daryl, não estava mais lá. Confusa, olhou ao redor e logo entendeu o que havia acontecido: Daryl havia mudado a própria barraca para uma área mais afastada. Sofia havia sido encontrada, e agora ele parecia ter decidido se isolar ainda mais.
Determinada a entender o que estava acontecendo, ela foi atrás dele. Mas Daryl não estava de bom humor. Ele a recebeu com uma explosão de palavras ríspidas, o rosto duro e irritado.
— Onde diabos você estava? — ele quase rosnou, a voz carregada de raiva. — Sabe o trabalho que deu a gente ficar te protegendo? E você sai sozinha?! Isso não é um jogo!
Ela tentou se explicar, mostrar o pequeno pacote de baterias que havia conseguido, mas Daryl não queria ouvir. Ele a mandou embora, de forma dura, fria.
- olha aqui eu não preciso ficar de vigia de mais um estorvo, quero que va embora e me deixe em paz, consegue fazer isso? - As palavras dele a atingiram como facadas, e ela só conseguiu assentir com a cabeça, tentando segurar as lágrimas que começaram a surgir.
De volta ao trailer de Dale, ela se encolheu, sentindo o peso das palavras de Daryl. Tentou não chorar, mas a decepção e a dor se acumularam de um jeito que ela não conseguiu segurar.
- A não fique assim, de tempo a ele, o jeito que encontramos a menina mexeu com todos. – A fantasmas o ignoro. – Bom de qualquer forma se quiser me falar como foi sua aventura, estarei aqui para ouvir. - Dale, vendo seu estado, tentou consolar como podia, oferecendo uma escuta tranquila e sem julgamentos.
Duas semanas tinham passado desde esse problema com Daryl.
A Fantasma manteve-se longe de Daryl, evitando até mesmo olhar na direção dele. Aquela troca fria e ríspida havia deixado um peso entre os dois, e ela, agora, se sentia mais isolada do que nunca. O grupo também não estava em seu melhor momento; todos estavam visivelmente tensos, e parecia que cada pequena interação apenas ressaltava as rachaduras que cresciam entre eles.
Observando de longe, a Fantasma notou que Daryl e Carol tinham se aproximado mais. Todos diziam que era apenas uma amizade, mas ela via algo a mais, e isso incomodava. Daryl parecia genuinamente à vontade com Carol, um lado dele que ela raramente via quando estavam juntos. Esse sentimento a corroía, mesmo que ela tentasse ignorá-lo, e sua amizade crescente com Beth se tornou seu refúgio nesse tempo difícil.
Mais quando Dale morreu, Hershel decidiu abrigar todos dentro da casa, e a Fantasma se viu sem um espaço para si, caminhando pela casa, perdida, à procura de um lugar para dormir. Assim que estava prestes a se contentar com o chão, sentiu um puxão em seu braço. Daryl, que estava escondido atrás do sofá, a chamou.
Ela o olhou, surpresa, sem saber ao certo o que ele queria, até ele abrir um espaço ao seu lado.
— Pensei que não queria minha companhia... — murmurou ela, tentando esconder a incerteza.
Daryl fez uma careta e deu de ombros.
— Ou dorme aqui, ou fique com a grávida. Você decide — resmungou, irritado, como se estivesse sendo forçado a lhe dar aquela opção.
Ela esboçou um sorriso suave, deitando-se ao lado dele com uma certa timidez. Mesmo que estivessem tão próximos, a sensação de paz que ela sentiu foi inexplicável.
...
Naquela noite, a Fantasma dormiu profundamente ao lado de um Daryl vigilante, que se mantinha atento a qualquer som ou movimento, protegendo-a sem que ela soubesse. A tranquilidade dela, deitada ali, era algo que ele observava com uma mistura de fascínio e irritação. Para alguém que vivia em um mundo cheio de perigos, ela parecia estranhamente à vontade.
A única questão era que ela simplesmente não acordava cedo. Enquanto o restante do grupo já estava em movimento ao amanhecer, ela permanecia mergulhada no sono, alheia à rotina agitada da manhã. Por dias, ele tentou acordá-la com algumas palavras ou cutucões, mas nada parecia funcionar. Até que, num acesso de impaciência, ele resolveu puxá-la pelo pé, arrastando-a suavemente até ela despertar, confusa, de olhos semicerrados e cabelos completamente bagunçados. Ela piscava, tentando entender o que estava acontecendo, enquanto ele já bufava, quase impaciente.
A cena se repetiu várias manhãs, e ele já se acostumara a rir do jeito atrapalhado com que ela se levantava, parecendo perdida e desajeitada. E, embora ele resmungasse sobre o quanto ela era lenta, ela apenas dava de ombros, sem se incomodar com o temperamento explosivo dele. Talvez fosse esse contraste entre eles a calma dela e a pressa dele que fazia tudo parecer natural, quase como se fosse uma rotina de longa data.
A Fantasma parecia viver no próprio ritmo, um ritmo que destoava completamente da rotina de sobrevivência que todos na fazenda tentavam seguir. Dormindo no chão ao lado de Daryl, ela permanecia alheia às reclamações das outras mulheres, que achavam incomum alguém se dar ao luxo de dormir até tarde em um mundo onde cada dia era uma luta. Ela apenas sorria com um toque de infantilidade para Hershel e os homens, sem se deixar afetar pelas críticas.
Daryl reclamava, resmungava sobre sua falta de disciplina e a necessidade de acordar cedo, mas ela simplesmente o ignorava, indo dormir cedo e com um sorriso no rosto depois de uma boa refeição. Apesar de seu jeito desligado, ela trabalhava com disposição e sempre estava disposta a ajudar naquilo que pedissem, contanto que, no final, pudesse se sentar e saborear um prato generoso.
Para ela, o prazer nas pequenas coisas era um alívio em meio ao caos. E Daryl, mesmo entre resmungos, parecia se acostumar — e, de certo modo, até gostar — da maneira descomplicada e tranquila com que ela enfrentava as dificuldades, como se o mundo em ruínas ao redor deles não pudesse apagar completamente o prazer que ela encontrava nas coisas simples, como uma boa noite de sono ou um prato de comida.
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