Capítulo 6
A vida na fazenda trouxe um tipo de paz que a Fantasma não imaginava mais possível. Ela ajudava Maggie e Beth com entusiasmo, animada com as atividades simples de cuidar dos animais, colher legumes e flores. Hershel até lhe deu algumas baterias, permitindo que ela recarregasse seu aparelho auditivo, o que a fazia sentir-se ainda mais integrada.
Enquanto isso, o ambiente entre os outros não era tão tranquilo. O desaparecimento de Sophia e o estado delicado de Carl mantinham o acampamento sob uma constante tensão, mas, com Daryl frequentemente fora em busca da menina desaparecida, a Fantasma conseguia aproveitar a liberdade na fazenda sem ser constantemente vigiada ou repreendida.
Numa tarde, distraída e feliz, ela colhia flores perto da cerca, sem notar os sons ou movimentações à sua volta. Era um momento de calma, e ela se sentia parte daquele lugar, imersa na tranquilidade da natureza ao redor. Então, ouviu passos correndo e, ao olhar, viu Shane e Rick passando apressados por ela, os rostos com expressão de urgência. Ela virou-se para trás e, num instante de choque, seus olhos se fixaram na imagem de Daryl, caído no chão, coberto de lama e ferido.
— D-Daryl? — Sua voz saiu fraca, confusa.
Rick e Shane o levantaram com pressa, carregando-o de volta para a fazenda, enquanto ela ficava para trás, imobilizada pelo susto. Aquela imagem de Daryl ferido, normalmente tão resistente e duro, a deixou sem reação. Ela queria ir até ele, ajudar, mas suas pernas estavam presas ao chão. As perguntas a enchiam: como ele ficou assim? O que aconteceu? E, principalmente, se ele ficaria bem.
...
Daryl ferido era insuportável, mas para a Fantasma, isso era quase um convite. Sempre que podia, escapava para o quarto onde ele descansava e aproveitava a chance para fazer perguntas absurdas, só para ver a cara irritada dele o que ela achava ainda mais engraçado.
— E aí, como é tomar um tiro? — Ela perguntava, tentando não rir, mas acabando por soltar uma risadinha ao ver a expressão desgostosa de Daryl. E, quando ele fechava a cara mais ainda, ela não conseguia se segurar e soltava outra pergunta. — E uma flechada? É tipo um "tapa" piorado ou...?
Daryl revirava os olhos e bufava, mas por trás daquela fachada rabugenta, ela conseguia arrancar um ou outro sorriso discreto. Ele até soltava umas risadas baixas quando achava que ninguém estava por perto. Para ela, aqueles momentos eram preciosos, uma chance de ver um lado mais descontraído dele, algo que a fazia sentir-se especial.
Mas, sempre que via Carol por perto, a Fantasma recuava. A conexão entre Carol e Daryl parecia tão natural que a intimidava; ela sentia que talvez estivesse atravessando uma linha invisível. Por isso, mantinha as visitas a Daryl em horários tranquilos bem cedo, antes de todos acordarem, ou no fim da tarde, quando os outros estavam ocupados.
E, apesar das provocações e das brincadeiras, ela se importava. Ao vê-lo deitado e vulnerável, uma parte dela sempre queria ajudá-lo a passar o tempo e a distrair-se da dor.
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