Capítulo 5
A Fantasma estava quieta, observando o grupo retornar após a busca por Sofia. A expressão vazia e os olhares desolados de todos já diziam tudo, e ela logo percebeu a verdade que ninguém conseguia colocar em palavras. Sofia não estava mais entre eles. Carol estava despedaçada, e as pessoas ao redor se aproximavam dela, tentando dar apoio. A Fantasma, no entanto, não conseguiu se juntar a eles. Sentiu-se sem lugar ali, como se sua própria tristeza não pudesse se expressar de maneira que o grupo compreendesse.
Em silêncio, afastou-se, voltando aos carros abandonados. Mexendo e remexendo nos porta-luvas, esticando o olhar para debaixo dos bancos e nos porta-malas, ela procurava baterias. Sabia que precisava manter seu aparelho auditivo funcionando se quisesse sobreviver e, talvez, um pouco de trabalho manual ajudasse a esquecer, ao menos por um momento, a perda e o peso daquele dia.
Quando finalmente encontrou uma pequena reserva de baterias, se sentiu um pouco mais tranquila. Ao retornar para o acampamento improvisado, notou que havia um burburinho de agitação – Carl, Lori e Rick haviam sumido. Sua ausência, junto com as buscas por Sofia, deixou o grupo ainda mais fragmentado.
Mais uma vez, ela foi deixada de lado enquanto o grupo decidiu o que fazer. No fim, ficou com Dale, Carol, Andrea e Daryl, todos eles carregando o peso da dor e da incerteza. A Fantasma não se importava muito de ficar com eles, mas a sensação de ser deixada de fora, não apenas pela falta de comunicação, mas pela sua própria condição de outsider, parecia crescer a cada momento.
Ela lançou um olhar para Daryl, que também estava claramente abatido pela perda de Sofia, e percebeu que, de certa forma, ele também parecia estar sozinho, carregando o luto à sua maneira, como ela.
...
Naquela noite, o luto pairava sobre o acampamento como uma névoa pesada. Carol chorava silenciosamente, mas para quem estava por perto, era impossível não ouvir o soluço abafado e as respirações curtas da dor. A Fantasma, porém, não percebia esses sons, perdida em sua própria vigília noturna, observando ao redor para proteger o grupo.
Dale, vendo a angústia de Carol e tentando aliviar a tensão, murmurou baixinho para Daryl e Andrea:
— É nesses momentos que eu queria ser surdo, como ela.
Andrea e Daryl deram um sorriso discreto, o humor quebrando o peso do momento por um instante.
Quando finalmente chegaram à fazenda, a Fantasma ficou impressionada com o lugar. A paisagem, tão verde e aberta, parecia um sonho em meio ao mundo apocalíptico que conhecia. No entanto, os arranjos de sono logo trouxeram a realidade de volta: alguém teria que dividir a barraca com ela, e as opções eram Carol ou Daryl.
Ela observou Daryl de relance e, sem pensar muito, se aproximou com um pequeno sorriso e um maço de cigarro nas mãos. A Fantasma não fumava, mas sabia que Daryl poderia aceitar a oferta, e talvez ele entendesse o pedido silencioso.
Daryl pegou o cigarro, olhou para ela e assentiu, abrindo um espaço no canto da barraca para que ela se acomodasse. E assim, naquela noite estranha e cheia de perdas, ela se deitou ao lado dele, encontrando um pequeno senso de segurança. Ambos eram solitários, mesmo entre o grupo, mas ali, no silêncio compartilhado, talvez houvesse algum consolo.
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