A Jessica não deu ouvidos ao pai e ficou admirando o cenário. As luzes estavam amarradas nas arvores. Havia um pequeno palco no fundo. Ninguém estava cantando ainda, a brisa era úmida combinando com a noite estrelada do local. Clarissa resolveu subir ao palco.

- Eu vim agradecer a todos estão aqui. Não esperávamos que estivesse tão lotado como hoje.

As pessoas bateram palmas. Clarissa sorriu.

- Vou chamar meu marido Ricardo Vega para falar.

Ricardo subiu e abraçou a esposa.

- Primeiramente, devo dizer que minha esposa e eu somos os donos deste local, mas nós queríamos melhorar esse local para crianças como uma colônia, porém as arrecadações são poucas e não conseguimos realizar esse sonho.

Jessica estava mexendo no celular.

- Cadê ele? - Jessica resmungou

- Ele quem? - mãe dela perguntou

- Nada. - Jessica respondeu rápido e voltou olhar ao palco

- Queremos agradecer quem fez isso lotar. - continuou Ricardo - Thomas pode subir.

Houve alguns vaias de adultos e pulos de garotas.

- Você não me enganou. - disse Marli atrás de Jessica

Jessica se virou rapidamente. Marli carregava uma camera.

- Quando eu menti pra você? - Jessica disse rindo

As duas se abraçaram.

- Esse menino ridículo. Foi por causa dele que você me trouxe? Devia estar estudando Jessica - o pai de Jessica reclamou

Marli e Jessica reviram os olhos.  Carlos e Lígia apareceram logo depois.

- Ele já cantou? - Lígia perguntou animada

- Com tantas vaias? Nem pensar. - Marli disse

Thomas bateu no microfone para todos ficarem quietos.

- Eu sei que muitos pais  que estão aqui não gostam de mim.

- Ainda bem que ele sabe. - disse o pai da Jessica

- Gostaria dizer que eu quero redimir com todos, principalmente ao meu pai. - ele olhou para lado do palco - Pai me desculpe. - o pai dele estava quase chorando - Essa musica dedico a você: - Ricardo entregou o violão para Thomas e o cantor começou a tocar - Eu estou acordado até tarde no telefone E eu estou sozinho com o tom de discagem Por favor alguém chame meu herói invisível Estou esperando nesse mundo escuro e cheio de holofotes... - todos ficaram quietos - Desculpe por ter te esquecido Desculpe meu herói invisível A vida as vezes faz-nos perder Agora eu sei que ainda tenho você Desculpe por ter te esquecido Desculpe meu herói invisível Eu acabei falhando com você...

- Ele canta bem. - disse Lígia

- Concordo plenamente. - disse a mãe de Jessica

- E gato também. - Lígia disse

As meninas riram.

Todos aplaudiram e Thomas foi até o pai e o abraçou.

- Você estava certa sobre ele. - o empresário falou no ouvido de Jessica

Jessica apenas olhou para ele com sorriso sarcástico.

- A proposito, meu nome é Karl. - ele estendeu a mão - E você deve ser a Jessica.

Os pais olharam para ele desconfiados.

- Quem é senhor? - perguntou mãe dela de forma educada

- Sou empresário de Thomas, sua filha me ligou falando que valeria a pena voltar com a carreira dele.

- Pode levar o garoto. Não quero um cantorzinho perto da minha filha. - disse o pai dela

- Luís! - mãe dela repreendeu

- Que foi? Nossa filha precisa se preocupar com futuro dela.

- Que tal apreciarmos a musica. - disse Jessica

Clarissa cantou uma musica "lugar comum - João Donato": Beira do mar, lugar comum 

Começo do caminhar
Pra beira de outro lugar
Beira do mar, todo mar é um
Começo do caminhar
Pra dentro do fundo azul
A água bateu, o vento soprou
O fogo do sol,
O sal do senhor
Tudo isso vem, tudo isso vai
Pro mesmo lugar
De onde tudo sai

Depois que a musica acabou, Thomas conversou com o empresário. Jessica apenas observava tentando ler os lábios, mas os pais de Thomas já estavam animados.

- Sabia que é feio espiar conversas dos outros? - disse Carlos

Jessica deu um pulo e Carlos riu.

- Não começa Carlos.

- Começar o que? - ele deu de ombros

- Ai minha amiga, está se arrependendo? - Lígia apareceu

- Não. - ela coçou a cabeça - Mas é que... - ela deu uma pausa - Foi tão rápido.

- Você sabe que não precisa ser assim? - Lígia toda compreensiva pegou as mãos de Jessica

- Talvez fosse o certo. Não vou atrapalhar o sonho dele.

- Isso é um grande sacrifício. - Carlos tocou no ombro de Jessica

- Ainda bem que tenho vocês dois comigo sempre. - Jessica disse

Carlos abraça as duas, como abraço de urso. Eles caem na risada.

- Ei garota dos livros. - Jessica se virou

Thomas se aproximou deles. Jessica e Thomas ficaram parados olhando um para outro. Lígia segurou a risada mordendo os lábios.

- Carlos, você quer comprar para mim algo?

Thomas e Jessica olhando para ela confusos.

- Claro. Vou comprar um refrigerante. - Carlos aperta o nariz dela

- Tchau para vocês dois. - Lígia diz

Thomas olha para Jessica.

- Quem é essa garota?

- Só minha amiga louca. - Jessica sacode a cabeça

- Preciso falar com você.

- Claro.