XXVIII
Nunca tinha relutado tanto em dizer um adeus. Por mais que soubesse que seria breve, e se encontrariam em Londres, estava sendo um pouco doloroso deixá-la. Talvez pela sensação de já tê-la perdida uma vez, não queria arriscar novamente. Era engraçado o que um sentimento era capaz de fazer com as pessoas. E não podia negar que era completamente dominado por sentimentos, mesmo que em alguns momentos isso o atrapalhasse de maneira clara.
Tinha combinando com Phoebe para marcarem um jantar entre as famílias, para poderem se conhecer melhor. Tinha visto aquilo como uma grande oportunidade para conhecer seu sogro, duque de Cambridge, conhecido por sua bondade e lealdade. Ficava entusiasmado só em pensar.
Mas, no entanto, sua maior preocupação era ganhar a confiança do pequeno Robert. Ele tinha sido muito simpático com ele, porém, não sabia se permaneceria daquela forma quando descobrisse que havia algo a mais com a mãe dele. Phoebe tinha mencionado que ele tinha sido muito tranquilo em relação ao John, que o maior trauma na verdade era o pai. Aquilo fez Benjamin estremecer, porque era uma criança com péssimas lembranças do pai.
Iria pedi-la em casamento brevemente, então seria uma figura paterna na vida dele. Tinha medo de errar, assim como seu pai tinha errado tantas vezes no passado; o conde não era o melhor exemplo em sua vida, infelizmente. Ainda assim, não era como o Frederick.
Phoebe acordou cedo para acompanhá-lo até a carruagem, ainda estava bastante sonolenta e bocejava.
— Não precisava acordar tão cedo para me acompanhar. — pegou sua mão gentilmente.
— O que posso fazer se resolveu partir junto com o nascer do sol? E não é nenhum sacrifício acordar um pouco mais cedo. — deu um pequeno sorriso. — Precisa se encontrar com a Srta. Bocelli antes dela partir.
— Exatamente, minha querida. Entende mesmo que preciso vê-la?
— Sim, por favor, não se preocupe.
A puxou pela cintura.
— Sentirei sua falta.
— Também sentirei sua falta. — encostou o rosto no peito dele. — Mas estou tranquila, porque logo nos veremos novamente.
— É o que me tranquiliza também. Bom, agora tenho que partir.
Passou a mão pelo seu rosto devagar, sentindo aquela pele macia. Beijou lentamente sua boca, explorando cada centímetro dela.
— Até breve, Phoebe.
— Boa viagem, querido.
Depositou um pequeno beijo em sua testa.
Entrou na carruagem e o cocheiro iniciou a viagem.
Ficou olhando pela janela da carruagem a figura dela ficando pequena cada vez que ia avançando em direção a Londres.
Gostaria de ter a habilidade da sua mãe em dormir rapidamente com o sacolejo da carruagem, mas era sempre difícil, porque costumava ficar enjoado. Por isso odiava viajar em carruagens, e sempre estava andando a cavalo.
Começou a pensar em como seria seu encontro com Francesca. Ainda não sabia como seria revê-la depois daquela confusão, mas faria de tudo para que o encontro fosse completamente em paz. Não a culparia mais por suas atitudes, compreendeu que tinha sido algo feito através do impulso. Conhecia ela, sabia que não era uma má pessoa. Por isso precisava daquela conversa.
Por algum milagre, seus olhos começaram a ficar pesados e bocejou.
— Acho que vou tirar um breve cochilo.
Fechou os olhos e adormeceu.
❀❀❀❀
Chegou no hotel em que Francesca estava hospedada pela tarde. Tinha pedido para entregarem um recado para ela, comunicando sua visita, no qual aceitou e disse que seria muito bem-vindo para tomar um chá da tarde. Sua mãe era completamente contra essa visita, preferia que as coisas continuassem como estavam. Mas não concordava com aquilo.
Benjamin aprendeu que as relações não poderiam ser quebradas sem ao menos uma conversa definitiva, para não criar laços incompletos.
Dirigiu-se até o recepcionista.
— Boa tarde, senhor. Como posso ajudá-lo?
— Boa tarde, a Srta. Francesca Bocelli espera por mim.
O homem pareceu reconhecê-lo, fazendo uma pequena mesura.
— Vossa Graça, ela o espera em uma das nossas salas privativas. Posso acompanhá-lo?
— Sim, por favor.
O White&Black era uma nova construção na cidade, diziam muito bem daquele novo hotel, devido ao seu luxo e modernidade. Enquanto caminhava ao lado do recepcionista, observou as belas paredes brancas com detalhes em preto. Poucas pessoas caminhavam por aquele lugar, parecia ser algo mais discreto do resto do hotel. Deveria ser essa a razão dela ter marcado o encontro naquele lugar.
— Chegamos, senhor. — disse parando em frente a uma porta.
— Obrigado.
Ele assentiu e saiu de volta para a recepção.
Benjamin bateu na porta e entrou.
Francesca estava escrevendo alguma coisa no papel, quando olhou para ele. Deu um imenso sorriso, deixando a pena de lado e andando em sua direção. Estava bela em um vestido azul, usando o colar que havia dado de presente em seu aniversário.
— Benjamin, estou feliz que tenha vindo me procurar.
Deu um abraço rápido nele.
— Eu disse que a ajudaria até partir para Itália.
Sua expressão ficou triste quando mencionou aquilo.
— Sei que pretendia comprar minha passagem, mas adiantei todos os processos. Achei um navio que irá partir amanhã bem cedo. Não quero mais ser um estorvo para você.
— Não era assim que eu planejava sua estadia aqui em Londres.
— Muito menos eu. — suspirou. — Venha, vamos nos sentar. O chá foi trazido faz pouco tempo, espero que goste da comida. Particularmente, achei ótima.
— Tenho certeza de que irei gostar também.
Sentaram-se um de frente para o outro. Um carrinho com o chá e os sanduíches e biscoitos estava próximo, pegou um pequeno biscoito para comer.
— Como foi com ela?
Olhou para Francesca, enquanto terminava de engolir o biscoito.
— Pedi perdão pelo ocorrido, ela está bem.
— Estava terminando de escrever essa carta para que pudesse entregar para Phoebe. — indicou o papel que ele tinha visto assim que chegou naquela sala. — Como ela não está aqui em Londres, não poderei fazer isso pessoalmente.
— Phoebe ficará feliz em receber essa carta, tenho certeza.
— Fico mais tranquila em pensar que eu possa ter o perdão dela. Ainda não entendo como pude ter sido tão cruel em minhas palavras, santo Deus. Fatalidades da vida dela que joguei como se fosse sua culpa. — apoiou a cabeça na mão. — Acho que mamãe me mataria.
Ele deu uma risada, a Sra. Bocelli era terrível.
— Acho que pode omitir esse detalhe dela.
— Com certeza farei isso.
Mexeu seus dedos em cima da mesa.
— E você? Vai me perdoar.
— Não tenho que perdoá-la. Apenas fiquei chateado e decepcionado com a situação, porque tínhamos conversado e deixado tudo claro. Entendo perfeitamente sua posição diante de tudo, mas não foi justificável sua atitude. Fico aliviado que tenha reconhecido seu erro.
— Minha consciência fez muitas torturas, acredite.
Pegou sua mão e deu um pequeno beijo.
— Não se torture mais, será melhor assim.
— Quando dará o anel da sua avó para ela?
— Em breve.
— Ouça, estimo sua felicidade ao lado dela. Não estou sendo falsa em minhas palavras. — deu uma pequena risada. — Óbvio que eu queria ser a escolhida, mas já me conformei que é ela. Sempre será Phoebe Harrison no seu coração.
— Obrigado, Fran. Podemos desfrutar de um ótimo chá e conversamos sobre diversas coisas.
— Absolutamente. Chá puro?
— Sim.
— Pelo menos esse costume inglês eu gostei.
E começaram rir.
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