XXII
Quando acordou pela manhã, decidiu permanecer na cama. Ainda estava exausta, pois tinha permanecido até de madrugada no baile por causa da sua amizade com Sky. O rei e a rainha não compareceram, deixando todos frustrados, principalmente os anfitriões. No entanto, milhares de fofocas começaram a surgir pelo salão, cada especulação mais exagerada que a outra.
Até que algumas especulações estavam próximas do que estava acontecendo no palácio, pensou.
Mas não conseguia parar de pensar em Benjamin, em como aquele reencontro havia atingido uma parte do seu coração há muito tempo adormecido. Lembrou de quando se beijaram, os lábios dele sobre o dela, a sensação boa do beijo. Porém Phoebe tinha outro compromisso, outra pessoa, aquilo tinha que ser esquecido na época.
Agora, poderia ser lembrado.
Deu um pequeno sorriso, só poderia estar louca de querer nutrir algum sentimento quando havia outra mulher na história: Francesca Bocelli. Por mais que não tenha falado muito com ela, era notável sua beleza. Estava deslumbrante naquele vestido, penteado e joias. Poderia dizer com tranquilidade que ela era a mais bonita do baile.
Achou interessante saber que não era uma completa estranha para Francesca. Benjamin tinha falado sobre ela, e pelo que pôde perceber, falou muito. Não sabia se ficava contente com aquela descoberta, ou ficava desconfiava. Tinha uma quase certeza de que ele tinha saído da Escócia magoado com ela. E tudo se confirmou quando mencionou as cartas.
Respirou fundo, precisava passear um pouco pela cidade para espairecer. Ir em lojas, comprar doces, andar um pouco pelo parque, tentar retomar algumas amizades antigas. Seria bom fazer isso, tinha absoluta certeza.
Ouviu uma pequena batida na porta, pediu para que entrasse, quem quer que fosse.
— Phoebe?
Ouviu a voz de Jasmine.
— Oh, bom dia! — vê-la depois do que Charlotte havia lhe contado era estranho. — Esperava que Bethany viesse.
— Pedi para que permanecesse ajudando na cozinha, depois ela virá ajudá-la. Pensei que não estaria acordada. — disse entrando no quarto e fechou a porta. — Chegou muito tarde do baile ontem à noite.
— Estava acordada? — ficou espantada em saber, porque Jasmine nunca dormia muito tarde.
— Estou com muitas preocupações, coisas nada fáceis de resolver. Não quero falar sobre isso, principalmente com você.
— Algum problema em falar comigo? — sentiu-se ofendida, mesmo sabendo do que se tratava.
— Desconfio que sua irmã tenha contado o ocorrido para você. — olhou para Phoebe desconfiada. — Duvido que a confusão que Margareth está fazendo naquela família não esteja voando pelos ventos, sendo assunto das principais rodas de fofocas de Londres. — fechou os olhos, apertou as mãos e respirou fundo. — Vim acordá-la para fazer seu desjejum ao lado do seu pai e seu filho, tenho certeza de que vão adorar sua companhia.
— Obrigada, minha querida. Deveria pedir para papai uma folga, ir para o campo esperar a poeira abaixar. Sim, Charlotte me contou tudo o que está acontecendo. Podem descobrir que é a mãe dela, infernizar sua vida. Não quero que isso aconteça, sabe? Acho que ninguém quer.
— Não posso deixar a casa sem mim, preciso colocar tudo em ordem.
— Eu entendo que tenha suas funções, mas...
— Fique tranquila, Phoebe. — começou abrir as cortinas, mas sua feição estava tensa. — Temo apenas por sua irmã. Como ela está?
Phoebe ponderou se deveria falar a verdade, ou preservar Jasmine de mais uma preocupação e tristeza. Com certeza se sentiria culpada por estar causando tudo aquilo. Não a julgaria de forma alguma, não era Deus, e só Ele poderia julgar sabiamente.
— Está demorando para responder. Esse silêncio confirma que Charlotte não está bem, como eu desconfiava. Também, como poderia estar? — sua risada saiu de maneira nervosa. — Como? Destruí minha menininha contando o maldito segredo. Tive medo de que George fosse ruim como o pai, quis alertá-la em que família ela poderia entrar. Fiquei aliviada quando se afastaram, agradeci até mesmo a Deus. Depois, eles se reaproximaram, casaram-se, tiveram filhos, e surgiu Margareth para estragar tudo. — colocou as mãos no rosto. — Tudo culpa minha. Não pude impedi-la.
Phoebe caminhou até Jasmine. Puxou ela para longe das janelas para ficarem de frente uma para a outra. Colocou a mão sobre seu queixo e o levantou para que a olhasse nos olhos.
— Acha mesmo que esse segredo seria oculto para sempre?
Lágrimas brotaram nos olhos da governanta da casa.
— Uma hora tudo viria à tona. Jasmine, nunca vi ninguém tão à vontade naquele mundo como sua filha estava.
— Ambiciosa.
Phoebe abraçou a mulher que há anos tinha feito o mesmo quando sua mãe havia falecido. Esperava retribuir de alguma forma, nem que fosse com um simples abraço.
— Venha, é preciso de arrumar para descer para a sala de jantar.
— Uma hora tudo vai se acalmar. — sussurrou em seu ouvido.
Sentiu Jasmine negando com a cabeça.
❀❀❀❀
Tinha decidido comprar vestidos novos pela tarde. Depois de ter feito um ótimo desjejum ao lado do seu pai e seu filho, seu humor estava bom. Tentou esquecer seus problemas e os das pessoas que estavam ao seu redor. Mas, quando fosse apropriado, teria uma conversa com o duque sobre aquele segredo polêmico. Gostaria de saber como tudo se iniciou, e com certeza ele sabia.
Chamou Bethany para acompanhá-la, sua empolgação foi tanta que deixou Phoebe ainda mais feliz em fazer aquele passeio. Daria algum presente para ela; ainda não tinha pensado o que seria, durante as visitas nas lojas encontraria algo perfeito para presenteá-la.
— Senhora, uma moça deseja vê-la. — Bethany entrou na sala com a feição triste, pois aquilo poderia acabar com os planos do passeio. Tentou controlar o riso, pois não queria ofendê-la. — Achei ela muito bonita e o sotaque estranho.
— Como ela se chama? — ficou curiosa em saber quem era aquela visita inesperada.
— Francesca Bocelli.
A boca de Phoebe formou um "o", jamais esperava a visita dela; malmente trocaram gentilezas.
— Devo dizer que é uma enorme surpresa. Ela está com mais alguém?
— Está sozinha. Devo dizer que a senhora está indisposta?
— Não, eu vou recebê-la. Quero saber o que ela quer.
— Vou chamá-la.
Bethany saiu da sala e Phoebe ficou pensando em milhares possibilidades do que poderia significar aquela visita.
A italiana entrou na sala com um belo vestido rosa com detalhes dourados. Estava usando o penteado que estava em alta na sociedade inglesa. Na verdade, estava uma perfeita inglesa se não fosse pelo sotaque que a denunciava. Talvez estivesse se preparando para ser a próxima duquesa de Gloucester.
— Sra. Harrison-Parker.
— Srta. Bocelli. Devo dizer que é uma imensa surpresa sua visita.
— Imagino que sim. — sua face estava completamente séria.
— Trago chá e biscoitos? — Bethany perguntou.
— Não será necessário, não irei demorar. — Francesca respondeu antes de Phoebe abrir a boca. — Quero apenas pedir algo.
Bethany olhou para ela com desdém e saiu da sala, deixando a porta entreaberta.
— Estou curiosa para saber qual é o pedido.
— Peço que se afaste de Benjamin.
Demorou um pouco para processar aquela informação.
Afastar-se de Benjamin? Por qual motivo?
— Desculpe, ele pediu para que viesse aqui me pedir esse afastamento?
— Ele não sabe que estou aqui. Estou apenas lutando para permanecer ao lado dele, e com sua aproximação não vai ser possível.
Ficou espantada com tamanha ousadia daquela mulher. Apenas respirou fundo e cruzou os braços.
— Se Benjamin quiser se afastar de mim, que o faça por escolha própria. Srta. Bocelli, não se envergonha dessa sua atitude?
— Não, eu não me envergonho. Estava tudo perfeito até ele reencontrá-la.
— Eu não tenho culpa...
— Tem sim! — vociferou. — É uma viúva-negra, não deixarei Ben seguir esse caminho fatídico!
Aquelas palavras atingiram Phoebe fortemente. Poderia jurar que tinha perdido o ar em algum momento, porque quando voltou a respirar, doeu. E não era algo físico, eram seus sentimentos; uma enorme mágoa.
— Por favor, saia da minha casa.
— Todos falam isso sobre a senhora: viúva-negra.
Francesca saiu da sala como uma tempestade; tão rápido quanto havia chegado.
E Phoebe começou a chorar com seus sentimentos feridos.
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