XXI
Depois daquele encontro interrompido por Francesca, desejou apenas ir para sua casa descansar e colocar sua cabeça em ordem. Suas emoções estavam agitadas, passando milhares de pensamentos do que tinha acontecido em tão pouco tempo. Porque ele tinha noção que ainda amava Phoebe, mas não sabia o quão a presença dela ainda o afetava.
Não quis falar com Francesca sobre aquele assunto no baile, pediu para adiar qualquer conversa com aquele teor por hora. O que Benjamin menos precisava naquele momento era dar alguma explicação. Apenas a conduziu de volta para o salão para que voltasse a se divertir como deveria ser feito. Por sorte, alguém pediu para dançar com ela, deixando-o livre para procurar sua mãe.
A condessa estava sentada com algumas senhoras conversando alegremente. Quando se aproximou, cumprimentou todas elas, algumas ficaram até mesmo ruborizadas; aquilo fez ele sorrir por um momento.
— Peço licença senhoras, preciso conversar em particular com minha mãe.
Andaram até um lugar mais reservado do lugar, quando a condessa tocou em seu braço.
— Algum problema, Benjamin? Quando apareceu diante de nós, pude jurar que tinha visto a morte.
— Não vi a morte, mas sim o passado.
— Do que está falando? — a mulher estava confusa.
— Phoebe, mamãe.
A condessa fez uma expressão surpresa, depois ficou triste.
— Ela contou tudo, querido?
— Sim. — sua voz saiu trêmula.
— Por isso está assim?
— Também. Preciso ir para casa, a senhora se importaria?
— Não, entendo sua partida.
— Apenas fique com Francesca, não vou acabar com a noite dela.
— O que uma mãe não faz pelo filho? — respondeu com desdém.
Beijou a mão da mãe e saiu do salão para buscar a carruagem.
Por instinto e vontade, procurou por Phoebe desesperadamente enquanto se dirigia para fora do palacete, mas não achava seu rosto em lugar nenhum. Parecia que tinha sumido de forma misteriosa, para sua tristeza. Queria vê-la mais uma vez naquela noite.
Sem sucesso em sua procura, apenas pediu para um dos empregados buscar sua carruagem para que pudesse ir embora. Por sorte, o trânsito da entrada principal estava tranquilo por causa do horário, a maioria dos convidados haviam chegado.
Quando sua carruagem chegou, ficou tão feliz, que quase cantou alguma música.
Durante o percurso para sua casa, aquele silêncio fez com que seus pensamentos ficassem bastante barulhentos. Estava em uma situação que ainda era desconhecida, um pouco perigosa, principalmente para o seu coração. Não podia negar que quando soube da viuvez dela, seu coração acelerou em um ritmo desenfreado, como se dissesse: ela está livre, não a deixe a escapar. No entanto, quando ela mencionou as mortes dos filhos, aquela sensação morreu um pouco.
Ainda amava Phoebe, estava mais nítido do que os sacolejos da carruagem. Mas como poderia conquistar uma mulher tão machucada pela vida? O que ela pensaria dele? Provavelmente que era um insensível que tinha acabado de chegar de viagem e queria se aproveitar da situação.
— Não! — falou alto consigo mesmo.
Ela certamente não pensaria algo assim dele. Houve um beijo e uma declaração no passado, seus sentimentos não eram desconhecidos. Porém, quando Francesca apareceu, sua expressão mudou completamente. Claramente a presença da cantora lírica deixou claro que não era apenas uma amiga. E sim, também teria que conversar com Francesca.
Francesca não era uma mulher tola, com certeza notou alguma coisa naquele jardim. Seus olhos estavam com um brilho diferente quando Benjamin pediu para que não perguntasse nada, a forma como acatou o pedido sem contestar, o que não era da sua natureza.
Mesmo que não fosse apaixonado por ela, a respeitava, gostava muito dela, e sempre tinha sido muito sincero sobre seus sentimentos. A entrada dela em sua vida tinha sido em um momento relativamente bom, e quando se envolveram, o fez se sentir vivo. Sempre seria grato por tudo que tiveram juntos. Não seria fácil ter essa conversa com Francesca.
Não faria nada precipitado, deixaria passar alguns dias para saber se não era confusão do seu coração apaixonado. Precisava usar a razão em suas decisões, pois seria desastroso não calcular os possíveis resultados das suas ações.
Olhou pela janela da carruagem para se situar onde estava; não muito longe do seu destino.
Respirou um pouco aliviado, sua cabeça estava começando a doer, era um sinal que seus pensamentos estavam realmente agitados.
Nada poderia fazer, apenas controlaria eles um pouco para dormir em paz. Se conseguisse isso, nada mais importava.
Benjamin desejava apenas uma ótima noite de sono, porque nos próximos dias tudo seria agitado.
❀❀❀❀
Devido ao cansaço da sua viagem, Benjamin dormiu rápido. Não sonhou com nada, dormiu absolutamente em paz. Provavelmente tinha dormido muito, pois tinha uma bandeja com seu desjejum em cima de uma mesinha. Como tinha um sono muito pesado, não escutou ninguém chamando por ele.
Espreguiçou-se, bocejando logo em seguida, fechou os olhos por um instante e se sentou na beirada da cama.
Decerto o chá se encontrava frio, mas não incomodaria seu mordomo por besteira, beberia daquela forma mesmo. Serviu sua xícara com chá, bebericando, saboreando cada gole como gostava de fazer todas as manhãs. Imediatamente seu apetite apareceu, o que fez com que devorasse os ovos com fervor.
Ouviu uma batida na porta, provavelmente era seu mordomo. Sem hesitar, pediu para que entrasse.
— Vejo que acordou muito tarde.
Benjamin não esperava por ela. Engoliu em seco, levantando-se da cama.
Francesca estava com o rosto neutro.
— Eu estava muito cansado.
— Fez muito bem em dormir. Acredita que eu não tive muito sucesso?
— Acredito.
— O pior é saber que não dormi bem porque meus pensamentos estavam me atormentando, Benjamin.
— Eu não queria ter essa conversa agora. — respondeu sério.
— Nem eu, acredite. A última pessoa do mundo que queria essa conversa, era eu. Por favor, não negue uma resposta sincera para mim.
— Nunca menti sobre nada, Fran.
Francesca ponderou sobre sua resposta e caminhou até uma janela que estava com a cortina fechada. Colocou a mão sobre o peito, como se estivesse tomando coragem para fazer a pergunta, que ele desconfiava do que seria.
— Qual foi a sensação ao reencontrá-la?
Demorou alguns minutos para respondê-la.
Saberia descrever em detalhes como foi rever aquela mulher, poderia comparar o momento com uma obra renascentista.
— Fascinante, assombroso e divino.
Pôde perceber a tristeza ganhando forma no rosto de Francesca.
— Achei que nunca veria um homem olhar tão devotamente para uma mulher. Dentro de mim, achava que todo seu amor por Phoebe era apenas um capricho porque não conseguiu tê-la, mas eu estava completamente enganada. Qualquer um que assistisse aquela cena entre vocês, diriam que estavam completamente apaixonados.
— Não posso afirmar os sentimentos dela por mim, Francesca. Lembre-se que apenas os meus sentimentos foram ditos claramente. Estávamos apenas conversando sobre coisas que aconteceram em minha ausência. Mentiria em dizer que não a amo, que meu coração quase entrou em colapso, porém, é apenas eu.
— Por um momento pensei em deixar minha carreira e seguir minha vida ao seu lado. — Benjamin ficou boquiaberto. — Eu menti para você quando disse que não estava apaixonada. Estou completamente apaixonada desde quando dançamos pela primeira vez naquela noite, e me tratou como uma mulher deve ser tratada. Todas as noites em que ficamos juntos, sentindo seu corpo, eu me sentia sortuda. E, quando me dizia que apenas gostava de mim, mas que seu grande amor era ela, um pedaço dentro de mim morria. Não quero que sinta pena, nada disso, eu só... Precisava dizer isso. — sua voz estava embargada. — Prezo por sua felicidade acima de tudo, e se Phoebe for sua felicidade, terei que aceitar, mas não sem lutar.
— Por que nunca me disse isso antes?
— Porque eu precisava me proteger dessa paixão. Uma vez me disseram que cantoras não deveriam se apaixonar. Tola como sou, caí no erro de me apaixonar por alguém que nunca foi e nem será meu. — aproximou-se dele, beijou seus lábios. — Você foi uma das melhores coisas que apareceu em minha vida, Benjamin. Simplesmente não posso deixá-lo escapar assim das minhas mãos.
— O que está querendo dizer?
— Verá.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top