XVIII
O jardim estava completamente arrumado e organizado para receber os diversos convidados para aquela tarde. Observava os empregados do palácio trabalhando com agilidade para deixar tudo perfeito, para que todos pudessem desfrutar de tudo sem problemas.
Era seu primeiro evento após um longo tempo de luto, seria muito bom reviver seu passado em Londres. Alguma parte sua que achava ter perdido há muito tempo, estava ansiosa com a expectativa de conhecer novas pessoas, ouvir besteiras, saber as novas fofocas. Mas, também sabia que seria questionada sobre muitas coisas das quais não iria gostar de falar.
Respirou fundo, caminhando em direção a Charlotte, que estava com um comportamento bastante estranho desde sua chegada. Sabia como sua irmã era, principalmente quando alguma coisa afetava seu estado de espírito.
— Majestade. — fez uma reverência, pois estava diante de outras pessoas. — Poderia vir comigo?
— Sim, Phoebe. — sua voz denunciou seu cansaço. — Espero que não seja nenhum problema.
— O único problema aqui é você.
Os olhos da sua irmã ficaram arregalados.
— Santo Deus, está muito notável?
— Para quem a conhece, sim.
Notou que Charlotte parou um pouco e voltou a prosseguir caminhando.
— Aconteceram muitas coisas no palácio esses dias. Coisas das quais eu não obtinha nenhum controle, mas em algum momento achei que sim. Erros de pessoas do passado refletindo de uma forma completamente desastrosa no presente.
— Do que está falando?
— A filha bastarda do rei William apareceu berrando nos portões semana passada. George não sabia, Millie também não. A rainha desconfiava, porque sua reação não foi nada parecida com o que eu esperava. — lágrimas começaram a surgir nos olhos dela. — O problema é que esse segredo foi contado para mim há alguns anos, mas como poderia contar algo assim para George? Um segredo que não me pertencia? Brigamos muito, muito mesmo. Estou tão estressada, Phoebe. Queria poder sair pelo mundo com meus filhos sem olhar para trás.
— Não se pode fugir dos problemas, Charlotte.
— Acha que não sei? A maldita coroa pesa na minha cabeça. Estou aqui nessa festa no jardim, querendo estar no meu quarto sem absolutamente ninguém me incomodando. Tudo o que eu mais desejava era minha paz novamente. Aquela maldita mulher não tem culpa do pai dela ser quem é, mas ela acabou com tudo.
— Charlotte, precisa se acalmar.
— Como? Meu marido malmente olha para mim, Millie parece que quer minha cabeça no desjejum.
— E a rainha?
— Está fingindo que nada está acontecendo.
Phoebe estava tonta com toda aquela história.
— Como soube desse segredo?
Charlotte deu uma risada sem graça.
— Jasmine é a mãe da filha bastarda. Margareth é simplesmente a filha da nossa governanta.
Não pôde evitar de colocar as mãos sobre a boca com aquela revelação. Sua mente ficou completamente atordoada, porque poderia esperar aquilo de qualquer pessoa, exceto Jasmine; a mulher que foi sua âncora quando seu mundo havia desabado e segurou sua mão em todos os momentos.
— Jasmine me contou essa história quando o rei morreu. Prometi guardar segredo, fui fiel a minha palavra. Ele não compreende de forma alguma. — mordeu os lábios. — Não compreende.
— Deixe-o refletir, minha irmã. Também não deve estar sendo fácil para ele. Papai certamente sabia dessa história.
— Sim, eu sei que para George não está sendo fácil. O rei fez um acordo com nosso pai, unindo o útil ao agradável. Nossa mãe faleceu, precisava de alguém para organizar a casa e três crianças, sendo uma recém-nascida. Ao menos, Jasmine foi uma das melhores pessoas em nossas vidas.
— E essa Margareth?
— Sinceramente? Não quero saber dela por agora. Sou capaz de matá-la.
Phoebe riu com aquela ameaça, mesmo sabendo que era uma situação séria.
— Char...
Foi interrompida por uma jovem muito bonita. Trajava um belo vestido rosa, com seu cabelo castanho-escuro preso em um penteado bastante bonito. Alguma coisa em sua aparência era semelhante, ainda não sabia identificar exatamente. Apenas ofereceu um pequeno sorriso para a recém-chegada.
— Majestade. — fez uma reverência. — Senhora.
— Desculpe-me, não me recordo da senhorita. Poderia recordar me recordar seu nome.
— Margareth Turner, senhora. — reconheceu o sorriso malicioso dela.
Olhou para a irmã imediatamente.
Para Phoebe, enxergar sua irmã caçula como uma soberana era difícil. Cuidou daquele frágil bebê quando nasceu, lidou com sua teimosia, cuidou dos pequenos ferimentos, acobertava suas fugas para cozinha com a intenção de pegar mais da sobremesa que sobrava. Nunca teve dúvidas que ela seria uma grande mulher, e nunca duvidou que seria uma ótima rainha. No entanto, perceber que Charlotte havia aprendido a mascarar sua raiva, era impressionante.
— Srta. Turner. — seu tom de voz estava absurdamente neutro. — Aparentemente, chegou muito cedo.
Margareth tirou o sorriso do rosto imediatamente.
— Não gostaria de atrasar para o meu primeiro compromisso importante, Majestade.
— Fez muito bem. Bom, preciso conversar com minha irmã, poderia se retirar?
— Não finja desconhecer quem eu sou, Charlotte.
— Srta. Turner não temos nenhuma intimidade para me chamar pelo primeiro nome. Como se preocupou tanto em não chegar atrasada, recomendo que se preocupe em como se deve tratar a realeza e a nobreza. — aproximou-se dela. — Ser irmã do rei não significa nada, o tratamento continua sendo o mesmo. — afastou-se, segurando o braço de Phoebe. — Tenha um ótimo dia, aproveite a festa.
Charlotte a arrastou para ainda mais longe.
— Percebeu como ela é petulante? Jasmine falou-me dela algumas vezes, que tinha medo das ambições de Margareth. Fiquei meio assustada, se a mãe estava dizendo aquilo, não poderia se esperar nada de bom. Porém, não podia julgá-la até conhecê-la. Não sei se consigo ir ao baile de Sky esta noite.
— Seria o mais sensato. Posso explicar para ela sua ausência, vai ser compreensivo.
— Ficarei agradecida se fizer isso por mim. — pegou sua mão. — Os convidados estão chegando, preciso entrar no castelo para fazer a entrada principal. Fingir sorrisos, fingir que tudo está bem diante de todos.
— Nada dura para sempre, essa tempestade vai passar. Lembre-se que vocês se amam, possuem dois filhos lindos, construíram tantas coisas juntos, ela não pode destruir esse elo tão forte.
— Na verdade, três filhos. — desceu a mão pela barriga. — Vai ser tia novamente.
Colocou a mão sobre a barriga dela.
— Espero que seja uma menina.
— Eu também. — sorriu verdadeiramente pela primeira vez naquele dia. — É a primeira pessoa a saber oficialmente, mesmo que todos estejam desconfiados pela falta das minhas regras. Uma coisa muito desagradável é não ter privacidade com tantas pessoas trabalhando para você.
— Majestade! — ouviu a voz da dama de companhia de Charlotte. — Finalmente a encontrei. — sorriu para ela com alegria. — Sra. Harrison, é um prazer revê-la!
— Igualmente, Kate.
— Sua Majestade está pedindo sua presença para iniciar a festa.
— Estava indo ao encontro dele agora mesmo. Minha irmã, preciso ir, o dever me chama. Divirta-se por você e por mim.
Observou sua irmã se afastando com Kate do lado, até perdê-la de vista quando entrou no palácio.
Alguns fardos eram inquebráveis, pensou.
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